Risco político e cautela global derrubam o Ibovespa na semana e levam o dólar para mais perto dos R$ 6,00
O clima de maior aversão ao risco no exterior e no Brasil fez o Ibovespa acumular perdas de mais de 3% na semana e renovou as pressões sobre o dólar à vista

Um estado quase permanente de apreensão tomou conta dos mercados nesta semana, tanto no Brasil quanto no exterior. Coronavírus, economia vacilante, atrito político... não foram poucos os fatores de estresse para os investidores. E, nesse cenário, não é surpreendente ver que o Ibovespa e o dólar à vista sofreram com uma pressão intensa nos últimos dias.
O principal índice da bolsa brasileira, por exemplo caiu em quatro das últimas cinco sessões — hoje, fechou em baixa de 1,84%, aos 77.556,62 pontos. Com isso, o Ibovespa acumulou perdas de 3,37% na semana e voltou ao menor nível desde 24 de abril.
No câmbio, a situação também não foi muito diferente: o dólar à vista subiu em quatro dos últimos cinco dias, saltando mais 1,69% desde segunda-feira — hoje, o avanço foi de 0,34%, a R$ 5,8390.
- A edição desta sexta-feira do podcast Touros e Ursos já está no ar! Eu e a Julia Wiltgen comentamos sobre os principais assuntos que movimentaram os mercados na semana, com destaque para a escalada do dólar rumo aos R$ 6,00:
Os últimos dias não foram ruins apenas para os ativos domésticos: lá fora, as bolsas também acumularam perdas. Nos EUA, o Dow Jones caiu 2,65% na semana, o S&P 500 recuou 2,25% e o Nasdaq teve baixa de 117%; na Europa, o tom foi igualmente negativo nas principais praças acionárias.
Tudo isso porque, no exterior, começou a ganhar vulto um fantasma que não estava no radar dos investidores: o risco de uma 'segunda onda' do coronavírus na Ásia — o que, se concretizado, tende a minar a confiança do mercado quanto a uma retomada rápida das economias no ocidente.
Além disso, uma nova onda de atritos entre EUA e China — o governo americano tenta usar uma suposta conduta equivocada dos chineses na detenção do vírus como argumento para descumprir os acordos comerciais firmados no ano passado — aumentou ainda mais a cautela dos agentes financeiros.
Leia Também
E tudo isso, é claro, com um cenário ainda muito preocupante em relação à pandemia: segundo a universidade americana Johns Hopkins, mais de 4,5 milhões de pessoas já foram infectadas pela Covid-19, com cerca de 306 mil mortos no mundo.
No front econômico, as notícias ruins também se acumularam nos últimos dias: os dados mais recentes da atividade na Europa e nos Estados Unidos mostram um cenário de retração intensa — e, caso a reabertura se mostre inviável num futuro próximo, os números tendem a piorar ainda mais.
Tanto é que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, disse nessa semana que o pior da recessão no país ainda está por vir — uma previsão sombria de uma das principais autoridades econômicas do mundo.
E, para completar o quadro de aversão ao risco, Powell disse não ver a adoção de juros negativos como uma política monetária adequada para os EUA — jogando um balde de água fria no mercado, que já começava a ver essa hipótese com bons olhos.
Ou seja: a semana foi quase que inteiramente dominada por fatores de risco no exterior — e, aqui dentro, o panorama não foi muito diferente.
Riscos em Brasília
No front doméstico, o cenário político continuou dominando as atenções dos investidores — e, sendo fonte de preocupação durante quase toda a semana.
Não é novidade para ninguém que as relações entre governo e Congresso estão estremecidas e que, nesse ambiente, o ajuste fiscal e a continuidade das pautas econômicas corre risco. Assim, os mercados passaram a semana de olho em Brasília, reagindo imediatamente a qualquer ruído ou boato vindo da capital federal.
E a semana foi marcada por muita especulação e pouca novidade concreta: os investidores seguem aguardando um parecer final a respeito da questão do reajuste do salário dos servidores, conforme determinado pela PEC de auxílio financeiro emergencial aos Estados e municípios.
Bolsonaro vem sinalizando, desde a semana passada, que irá vetar esse ponto do projeto, considerando o forte impacto fiscal que a medida traria às contas do governo — e, assim, dando uma demonstração de apoio ao ministro da Economia, Paulo Guedes.
Mas, obviamente, um veto ao reajuste salarial dos servidores é uma medida impopular — e, assim, o tema se arrastou ao longo da semana, sem uma conclusão até agora.
Também esteve em pauta toda a turbulência gerada pelo vídeo da reunião ministerial do último dia 22 — ocasião em que o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, disse ter sido pressionado por Bolsonaro para promover trocas na Polícia Federal.
Embora o conteúdo do vídeo ainda não tenha sido divulgado na íntegra, relatos na imprensa deram conta de que o teor seria 'bombástico', tanto para o presidente quanto para outros ministros — o que criou toda uma nova camada de cautela às operações.
Por fim, a crise política ganhou um novo desdobramento nesta sexta-feira, com a saída de Nelson Teich do ministério da Saúde — ele ficou menos de um mês no cargo. É a segunda troca no comando da pasta desde o início da pandemia de coronavírus.
Teich e Bolsonaro vinham se desentendendo quanto às diretrizes para o combate ao vírus — temas como o isolamento vertical e o uso de hidroxicloroquina estavam entre os pontos de atrito entre os dois. A saída do ministro, assim, cria mais um capítulo nas turbulências políticas — e acaba gerando mais incerteza nos mercados.
Até onde vai o dólar?
Por mais que o dólar tenha fechado a semana com uma alta acumulada, a moeda americana ao menos terminou longe das máximas: na quinta-feira, a divisa chegou a bater os R$ 5,97.
Além de todos os pontos de estresse doméstico e internacional, também há fatores técnicos pressionando o dólar: com o Fed sinalizando que não vai mais cortar juros — e com o Copom dando a entender que poderá reduzir a Selic em mais 0,75 ponto na reunião de junho —, o diferencial entre as taxas dos EUA e do Brasil vai cair ainda mais.
Em linhas gerais, quanto menor é esse diferencial, menor é a atratividade do mercado brasileiro para os investidores que buscam apenas a rentabilidade fácil dos juros. É um capital de caráter mais especulativo, mas, ainda assim, a não entrada desses recursos diminui a quantidade de dólares disponíveis no mercado doméstico.
Ou seja: temos um ambiente de demanda crescente por dólares, dados os riscos presentes no horizonte, mas temos uma oferta menor porque esses recursos não entram mais no país — um cenário que pressiona a cotação da moeda.
Lula finalmente diz se vai retaliar os EUA; mercado reage de imediato
Em entrevista exclusiva para a Reuters no dia em que as tarifas contra o Brasil entrararam em vigor, o petista revela qual é o foco do governo neste momento
Ibovespa sobe mais de 1% e dólar cai a R$ 5,4632; Apple é a estrela de Nova York
No mercado de câmbio, o dólar à vista foi na contramão da bolsa, operando em queda; entenda também o que mexeu com a moeda norte-americana aqui e lá fora
Onde Investir em agosto: Suzano (SUZB3), Petrobras (PETR4) e mais opções em ações, dividendos, FIIs e criptomoedas
Em novo episódio da série, analistas da Empiricus Research compartilham recomendações após a montanha-russa de julho no cenário econômico nacional e internacional
Por que a ação da Pague Menos (PGMN3) cai na bolsa mesmo com o balanço mais forte que o esperado
Apesar dos resultados acima das expectativas, as ações PGMN3 recuam nesta sessão. Entenda o que está por trás do movimento
Hedge TOP FOFII 3 (HFOF11) anuncia recompra de cotas; confira os detalhes da operação que começa em breve
Com o anúncio, a recompra de cotas do fundo imobiliário será realizada ainda neste mês
URPR11 reduz dividendos mais uma vez e cotas apanham na bolsa; entenda o que está acontecendo com o FII
O fundo imobiliário havia anunciado a redução de pagamentos de proventos ainda em março para garantir o andamento de obras importantes
Tarifas de Trump, Selic, renúncia no Fed e o polêmico dado de emprego: confira tudo o que mexeu com a bolsa na semana
Os últimos dias ainda contaram com dados de produção da Petrobras e com os resultados financeiros da Vale referentes ao segundo trimestre
As maiores altas e quedas do Ibovespa em julho: imbróglios de participação acionária e declarações polêmicas ditam o desempenho das ações
Não houve avanços ou recuos na bolsa brasileira puxados por setores específicos, em um mês cheio de reviravoltas na cena econômica
Marcopolo (POMO4) pisa no acelerador e surpreende com resultados fortes no segundo trimestre; ações disparam mais de 6% na bolsa
Empresa de ônibus foca em produtos de alto valor e vê lucros crescerem entre abril e junho; ação é top pick para um banco
Sob pressão das tarifas de Trump, bolsas em Nova York caem mais de 1%; Ibovespa recua 0,48% e dólar baixa a R$ 5,5456
Depois de passar a manhã fora do ar por problemas técnicos da B3, o principal índice da bolsa brasileira voltou a operar no início da tarde seguindo a tendência internacional
Sai São Martinho (SMTO3), entra Cury (CURY3): se primeira prévia se confirmar, Ibovespa entra em setembro com 3 ações a menos
As duas mudanças da primeira prévia da carteira de ações do Ibovespa já eram esperadas por analistas; entenda as alterações
Quem são os novos sócios que compraram a fatia na Usiminas (USIM5) que a CSN (CSNA3) vendeu?
Ontem, a CSN anunciou a venda de cerca de 4,99% das ações que detinha na concorrente Usiminas para a Globe Investimentos; saiba quem supostamente está por trás da empresa
Ibovespa amarga pior desempenho de julho, enquanto Bitcoin (BTC) volta com tudo para o topo — veja o ranking completo
Julho foi um mês difícil para os investimentos de modo geral. Entre ativos de risco e precificação da renda fixa, quase todos perderam — quase, porque o Bitcoin está longe de seguir a tendência
Bradesco (BBDC4) volta a surpreender positivamente no 2T25, mas nem isso faz BBDC4 deslanchar na bolsa. Por que isso acontece?
A avaliação dos analistas para o balanço foi positiva, embora o banco tenha registrado pressões em algumas linhas de resultado. Veja o que diz o mercado
Ibovespa desaba depois da euforia com as isenções para a tarifa de 50% de Trump; Embraer (EMBR3) segue voando alto
O principal índice de ações da bolsa brasileira fechou o dia em queda de 0,69%, aos 133.071,05 pontos. O dólar à vista avançou 0,21%, aos R$ 5,6008
Em recuperação surpreendente, Ibovespa vira o jogo e sobe; Embraer (EMBR3) dispara mais de 10% e dólar avança a R$ 5,5892
Decreto publicado pela Casa Branca sobre as tarifas aos produtos brasileiros mudou os rumos das negociações desta quarta-feira (30); lá fora, decisão do Fed pesou no humor dos investidores
Os bastidores da polêmica decisão da CVM no caso Ambipar — e que pode se repetir com o Banco Master
Após saída de presidente, diretoria da CVM decidiu que o controlador da Ambipar não precisará realizar uma oferta pública de aquisição (OPA) das ações; entenda o caso
GGR Covepi (GGRC11) mira em mais um ativo — e imóvel tem locatário de peso
O FII quer adicionar um galpão logístico que possui localização estratégica, em importante eixo que conecta Curitiba (PR) a São Paulo (SP)
Investidor gringo perde o apetite por bancos brasileiros, segundo o Itaú BBA — mas Banco do Brasil (BBAS3) e Nubank (ROXO34) ainda estão no cardápio; entenda os motivos
Segundo o banco, investidores globais estão mais cautelosos na bolsa brasileira, mas ainda veem potencial se cenário macroeconômico ajudar
Varejistas dão fôlego aos FIIs de galpões e segmento tem o melhor segundo trimestre em mais de dez anos; saiba o que esperar agora
Segundo o BTG Pactual, o setor ultrapassou a faixa de R$ 30 por metro quadrado pela primeira vez desde o início da série histórica, iniciada em 2013