Após passar o dia em queda firme, Ibovespa se recupera na reta final e fecha em leve alta
O surto de coronavírus trouxe enorme cautela aos investidores no início do diae levou o Ibovespa às mínimas do ano. Mas, no fim da sessão, o voto de confiança dado pela OMS à China animou os mercados e fez o índice virar ao campo positivo
Touros e ursos entraram numa briga nesta quinta-feira (30). O tema, é claro, era o coronavírus — e, durante boa parte da sessão, parecia que a ala pessimista ganharia de lavada. O Ibovespa, afinal, chegou a cair mais de 2% no pior momento do dia e o dólar à vista tocou as máximas históricas.
Só que, pouco antes das 17h00, uma notícia deu ânimo aos touros e provocou uma reviravolta na sessão. A Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmou que o surto de coronavírus é uma emergência global — uma informação que, teoricamente, justificaria toda a cautela vista até então.
Só que, na prática o efeito foi o contrário: a ala otimista do mercado começou a se mexer, aproveitando os níveis mais baixos da bolsa. Pouco a pouco, o Ibovespa foi ganhando força e recuperando o terreno perdido.
Assim, após passar quase todo o pregão no campo negativo, o Ibovespa fechou em leve alta de 0,12%, aos 115.528,04 pontos — e isso após chegar a cair 2,22%, aos 112.825,49 pontos, e atingir uma nova mínima intradiária em 2020.
O mercado de câmbio não teve a mesma sorte, já que suas negociações terminam às 17h. Assim, sem ter muito tempo para reagir ao noticiário, o dólar à vista fechou em forte alta de 0,90%, a R$ 4,2574 — o maior nível de encerramento desde 27 de novembro (R$ 4,2586).
As duas etapas do pregão desta quinta-feira no Ibovespa ficam bastante claras no gráfico do índice: os ursos dominaram as negociações durante quase toda a sessão, mas os touros reagiram intensamente na última hora:
Leia Também
Terra dos ursos
No início do dia, o salto nos casos do coronavírus no mundo inspirava enorme cautela aos investidores. A sessão asiática teve perdas expressivas, que se estenderam às praças da Europa e dos Estados Unidos. E, nesse cenário, o Ibovespa era presa fácil para os ursos.
Até o começo da noite de ontem, o balanço do coronavírus dava conta de 133 mortos e cerca de seis mil pessoas infectadas. No entanto, o saldo aumentou bastante desde então — os números mais atualizados já mostram 170 mortes e mais de oito mil contaminados no mundo.
"O mercado teme que a China não esteja contanto a verdade, teme que a realidade seja mais grave do que a revelada", me disse um operador no início do dia, pedindo para não ser identificado. "Há o receio de que o vírus poderá impactar a economia mundial".
Com esse panorama em mente, o Ibovespa mergulhou em direção aos 112 mil pontos, um nível que não era visto desde 18 de dezembro do ano passado — o dólar à vista, por sua vez, se aproximou da máxima nominal histórica, de 26 de novembro de 2019 (R$ 4,2772).
A cautela em relação à doença também foi sentida no mercado de commodities. O petróleo Brent caiu 2,68% e o WTI terminou em baixa de 2,23% — as negociações de minério de ferro continuam paralisadas, em função do feriado do Ano Novo Lunar na China.
O destino do Ibovespa e das bolsas globais parecia selado. Só que, aí, a OMS veio a público falar sobre sua avaliação a respeito do coronavírus — e o jogo virou nos mercados acionários.
Fúria dos touros
A OMS decretou que o surto de coronavírus é emergência global de saúde pública , elevando o seu nível de preocupação em relação à doença, reconhecendo que, embora a situação seja mais grave na China, há motivos para preocupação no resto do mundo — ao todo, 18 outros países já têm casos confirmados.
No entanto, a instituição também elogiou os esforços do governo chinês para conter a disseminação da doença e não transmitiu qualquer instrução para evitar viagens ao país asiático.
"O comitê acredita que ainda é possível interromper a disseminação do vírus, desde que os países adotem medidas firmes para detectar a doença em seus estágios iniciais, isolem e tratem os casos, rastreiem os contatos e promovam medidas sociais apropriadas ao risco", disse a OMS, em relatório.
A declaração foi suficiente para trazer alívio às preocupações. E, no caso dos mercados, a menor preocupação despertou os touros, que andavam sumidos na sessão.
Rapidamente, as bolsas que ainda estavam abertas começaram a ganhar força. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Dow Jones (+0,43%), o S&P 500 (+0,31%) e o Nasdaq (+0,26%) viraram e fecharam em alta, após ficarem o dia todo no campo negativo.
Afinal, o sinal de confiança mostrado pela OMS em relação à China diminuiu a desconfiança quanto a postura de Pequim. E, assim, o Ibovespa conseguiu terminar o pregão com leve ganhos, mesmo após um início de dia tão negativo.
A puxada na bolsa brasileira foi capitaneada pelas ações do setor de commodities e que possuem relações comerciais diretas com a China — caso da Petrobras, das mineradoras e das siderúrgicas, que amargavam perdas expressivas.
Petrobras ON (PETR3), por exemplo, fechou em alta de 2,08% — os papéis PN da estatal (PETR4) subiram 0,31%. No setor de mineração e siderurgia, Vale ON (VALE3) teve ganho de 1,48%, CSN ON (CSNA3) avançou 0,37% e Gerdau PN (GGBR4) valorizou 2,98%.
De olho na agenda
Além da tensão relacionada ao coronavírus, os mercados ainda repercutiram uma agenda econômica carregada. Em primeiro plano, apareceu o avanço de 2,1% do PIB dos Estados Unidos na primeira prévia do quarto trimestre — um dado que veio em linha com as expectativas e não trouxe mais preocupação aos investidores.
Por aqui, foram digeridos os dados do IGP-M, mostrando uma desaceleração para 0,48% em janeiro — em dezembro, o indicador subiu 2,09%. E, com o alívio na pressão inflacionária, o mercado voltou a apostar num novo corte da Selic pelo Copom.
Mas, apesar da surpresa positiva com o IGP-M, as curvas de juros fecharam em alta — a pressão no dólar à vista e a tensão global se sobrepôs ao alívio inflacionário. Veja abaixo como ficaram os principais DIs nesta quinta-feira:
- Janeiro/2021: de 4,34% para 4,36%;
- Janeiro/2023: de 5,49% para 5,50%;
- Janeiro/2025: de 6,18% para 6,21%;
- Janeiro/2027: de 6,58% para 6,59%.
Até onde vai o dólar?
No mercado de câmbio, o dólar se valorizou em relação às moedas de países emergentes, como o peso mexicano, o rublo russo, o peso chileno, o rand sul-africano e o peso chileno, entre outras. Assim, o real acompanhou o contexto de cautela externa.
"Ninguém sabe até onde essa crise vai", diz Jefferson Luiz Rugik, diretor de câmbio da corretora Correparti. "O investidor é arredio ao risco: ele vê uma instabilidade dessas e corre para a segurança".
Esse é um movimento clássico dos mercados de câmbio: em momentos de turbulência, os agentes financeiros deixam suas posições em ativos mais arriscados — como as moedas de países emergentes — e correm para opções mais sólidas, como o dólar ou o iene.
Vale ressaltar, no entanto, que a divisa brasileira teve o pior desempenho do grupo, com o dólar se aproximando das máximas nominais históricas. Rugik, no entanto, ainda não aposta numa atuação do Banco Central para conter o avanço da moeda americana.
"É um problema mundial, não é um problema específico do Brasil", diz ele. "Claro que, se o dólar subir demais, o Banco Central vai ter que intervir de alguma maneira. Mas, por enquanto, eu não vejo necessidade".
O diretor da Correparti ainda lembra que, no ano passado, quando o BC promoveu leilões de dólares no mercado à vista, havia um problema de liquidez no mercado doméstico — muitas empresas estavam enviando recursos ao exterior para o pagamento de proventos.
Assim, a conjuntura atual é diferente da do ano passado, já que, desta vez, não há uma questão estrutural relacionada ao país.
Top 5
Veja abaixo as cinco maiores altas do Ibovespa nesta quinta-feira:
- Gerdau PN (GGBR4): +2,98%
- Metalúrgica Gerdau PN (GOAU4): +2,38%
- Petrobras ON (PETR3): +2,08%
- Hypera ON (HYPE3): +2,01%
- Cielo ON (CIEL3): +1,87%
Confira também as maiores baixas do índice hoje:
- Weg ON (WEGE3): -3,35%
- Braskem PNA (BRKM5): -3,20%
- Ecorodovias ON (ECOR3): -2,70%
- Eletrobras ONB (ELET6): -2,66%
- Raia Drogasil ON (RADL3): -2,56%
As 10 melhores small caps para investir ainda em 2025, segundo o BTG
Enquanto o Ibovespa disparou 32% no ano até novembro, o índice Small Caps (SMLL) saltou 35,5% no mesmo período
XP vê bolsa ir mais longe em 2026 e projeta Ibovespa aos 185 mil pontos — e cinco ações são escolhidas para navegar essa onda
Em meio à expectativa de queda da Selic e revisão de múltiplos das empresas, a corretora espera aumento do fluxo de investidores estrangeiros e locais
A fome do TRXF11 ataca novamente: FII abocanha dois shoppings em BH por mais de R$ 257 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo a gestora TRX, os imóveis estão localizados em polos consolidados da capital mineira, além de reunirem características fundamentais para o portfólio do FII
Veja para onde vai a mordida do Leão, qual a perspectiva da Kinea para 2026 e o que mais move o mercado hoje
Profissionais liberais e empresários de pequenas e médias empresas que ganham dividendos podem pagar mais IR a partir do ano que vem; confira análise completa do mercado hoje
O “ano de Troia” dos mercados: por que 2026 pode redefinir investimentos no Brasil e nos EUA
De cortes de juros a risco fiscal, passando pela eleição brasileira: Kinea Investimentos revela os fatores que podem transformar o mercado no ano que vem
Ibovespa dispara 6% em novembro e se encaminha para fechar o ano com retorno 10% maior do que a melhor renda fixa
Novos recordes de preço foram registrados no mês, com as ações brasileiras na mira dos investidores estrangeiros
Ibovespa dispara para novo recorde e tem o melhor desempenho desde agosto de 2024; dólar cai a R$ 5,3348
Petrobras, Itaú, Vale e a política monetária ditaram o ritmo dos negócios por aqui; lá fora, as bolsas subiram na volta do feriado nos EUA
Ações de Raízen (RAIZ4), Vibra (VBBR3) e Ultrapar (UGPA3) saltam no Ibovespa com megaoperação contra fraudes em combustíveis
Analistas avaliam que distribuidoras de combustíveis podem se beneficiar com o fim da informalidade no setor
Brasil dispara na frente: Morgan Stanley vê só dois emergentes com fôlego em 2026 — saiba qual outro país conquistou os analistas
Entenda por que esses dois emergentes se destacam na corrida global e onde estão as maiores oportunidades de investimentos globais em 2026
FII Pátria Log (HGLG11) abocanha cinco galpões, com inquilinos como O Boticário e Track & Field, e engorda receita mensal
Segundo o fundo, os ativos adquiridos contam com características que podem favorecer a valorização futura
Bolsa nas alturas: Ibovespa fecha acima dos 158 mil pontos em novo recorde; dólar cai a R$ 5,3346
As bolsas nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia também encerraram a sessão desta quarta-feira (26) com ganhos; confira o que mexeu com os mercados
Hora de voltar para o Ibovespa? Estas ações estão ‘baratas’ e merecem sua atenção
No Touros e Ursos desta semana, a gestora da Fator Administração de Recursos, Isabel Lemos, apontou o caminho das pedras para quem quer dar uma chance para as empresas brasileiras listadas em bolsa
Vale (VALE3) patrocina alta do Ibovespa junto com expectativa de corte na Selic; dólar cai a R$ 5,3767
Os índices de Wall Street estenderam os ganhos da véspera, com os investidores atentos às declarações de dirigentes do Fed, em busca de pistas sobre a trajetória dos juros
Ibovespa avança e Nasdaq tem o melhor desempenho diário desde maio; saiba o que mexeu com a bolsa hoje
Entre as companhias listadas no Ibovespa, as ações cíclicas puxaram o tom positivo, em meio a forte queda da curva de juros brasileira
Maiores altas e maiores quedas do Ibovespa: mesmo com tombo de mais de 7% na sexta, CVC (CVCB3) teve um dos maiores ganhos da semana
Cogna liderou as maiores altas do índice, enquanto MBRF liderou as maiores quedas; veja o ranking completo e o balanço da bolsa na semana
JBS (JBSS3), Carrefour (CRFB3), dona do BK (ZAMP3): As empresas que já deixaram a bolsa de valores brasileira neste ano, e quais podem seguir o mesmo caminho
Além das compras feitas por empresas fechadas, recompras de ações e idas para o exterior também tiraram papéis da B3 nos últimos anos
A nova empresa de US$ 1 trilhão não tem nada a ver com IA: o segredo é um “Ozempic turbinado”
Com vendas explosivas de Mounjaro e Zepbound, Eli Lilly se torna a primeira empresa de saúde a valer US$ 1 trilhão
Maior queda do Ibovespa: por que as ações da CVC (CVCB3) caem mais de 7% na B3 — e como um dado dos EUA desencadeou isso
A combinação de dólar forte, dúvida sobre o corte de juros nos EUA e avanço dos juros futuros intensifica a pressão sobre companhia no pregão
Nem retirada das tarifas salva: Ibovespa recua e volta aos 154 mil pontos nesta sexta (21), com temor sobre juros nos EUA
Índice se ajusta à baixa dos índices de ações dos EUA durante o feriado e responde também à queda do petróleo no mercado internacional; entenda o que afeta a bolsa brasileira hoje
O erro de R$ 1,1 bilhão do Grupo Mateus (GMAT3) que custou o dobro para a varejista na bolsa de valores
A correção de mais de R$ 1,1 bilhão nos estoques expôs fragilidades antigas nos controles do Grupo Mateus, derrubou o valor de mercado da companhia e reacendeu dúvidas sobre a qualidade das informações contábeis da varejista
