De trilhão em trilhão: Ibovespa fecha em alta de mais de 2% e dólar cai à espera de pacote nos EUA
Expectativa por mais medidas de estímulo nos EUA alimentou apetite por risco nesta segunda-feira
Crise vai, crise vem, mas o remédio é o mesmo, só que numa dose maior. A principal saída encontrada pelos principais bancos centrais e governos mundo afora para conter os efeitos do coronavírus na economia são as medidas de estímulo e de garantias de liquidez aos mercados financeiros.
Diante de tanto dinheiro circulando, enquanto muitos países veem a economia encolher dois dígitos e os números de desemprego subirem a níveis assustadores, a alta dos preços dos ativos financeiros parece longe de encontrar um limite.
Hoje, a expectativa dos investidores em relação a um novo pacote de estímulos fiscais à economia dos Estados Unidos estimado em US$ 1 trilhão foi o principal estimulante do apetite por risco e responsável pela forte alta de 2,05% do Ibovespa, que fechou o dia a 104.477 pontos.
“O estímulo é a forma como os bancos centrais têm lidado com as crises dos últimos anos”, observa Pedro Galdi, analista da Mirae Asset. “Uma situação como a atual, com o mundo atravessando uma pandemia, demanda estímulos maiores ainda, colocando dinheiro barato em circulação, e os mercados financeiros beneficiam-se disto.”
A expectativa do mercado por mais estímulos do governo dos EUA foi gerada pelo próprio secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin. Ele revelou no domingo que a Casa Branca pretendia entregar hoje ao Congresso a proposta de um novo pacote fiscal.
De acordo com Mnuchin, os estímulos girariam em torno de US$ 1 trilhão. As medidas incluiriam, entre outras coisas, uma nova rodada de cheques de US$ 1.200 a cidadãos a ser paga em agosto.
A expectativa é de que democratas e republicanos cheguem a um acordo pela aprovação de mais estímulos à economia, já que os benefícios a desempregados no país, hoje em US$ 600, expiram no fim deste mês. Ainda de acordo com o secretário, o auxílio deve ser renovado, mas por um valor mais baixo.
Diante da expectativa, o Ibovespa fechou perto das máximas do dia. Uma alta e tanto para a abertura de uma semana na qual serão divulgados os dados do PIB dos EUA e da Zona do Euro, a decisão de política monetária do Fed e balanços trimestrais de gigantes como Amazon, Apple, Boeing e Facebook.
Os papéis da Usiminas (USIM5) registraram a maior alta do Ibovespa nesta segunda-feira (+6,75%), acompanhando o movimento das ações de siderurgia na esteira de novos dados sobre a recuperação da indústria chinesa.
Os indicadores da China também beneficiaram o setor de mineração, com destaque para a alta das ações da Vale (VALE 3), que subiram 4,73%.
As ações da Hypera (HYPE3) avançaram 5,84%, em reação à alta de 16,6% no lucro da companhia farmacêutica empresa no segundo trimestre de 2020 na comparação com o mesmo período de 2019.
Outro destaque positivo foi a Weg (WEGE3), cujas ações subiram 5,06% depois de a JPMorgan revisar sua recomendação de “neutra” para “overweight” — equivalente a compra.
Já as ações do Banco do Brasil (BBAS3) apagaram a queda inicial provocada pelo inesperado anúncio da renúncia do presidente da instituição, Rubem Novaes, na sexta-feira, e subiram 2,83%, acompanhando o bom desempenho do setor bancário.
Confira a seguir as 5 maiores altas e as 5 maiores quedas do Ibovespa nesta segunda-feira:
MAIORES ALTAS:
- Usiminas PNA (USIM5) +7,15%;
- Hypera ON ( HYPE3) +5,84%;
- Bradespar PN ( BRAP4 ) +5,56%;
- Itausa PN (ITSA4) +5,45%;
- CSN ON (CSNA3) +5,43%.
MAIORES QUEDAS
- Via Varejo ON (VVAR3) -3,22%;
- Lojas Renner ON (LREN3) -2,91%;
- IRB Brasil ON (IRBR3) -2,04%;
- Sul América UNT (SULA11) -2,03%;
- Gol PN(GOLL4) -1,70%.
Dólar e juros caem
O real, por sua vez, acompanhou o movimento de outras moedas emergentes valorizou-se em relação ao dólar, que fechou em queda de 0,92%, a R$ 5,1580, mantendo uma tendência de desvalorização da moeda norte-americana.
Já os juros futuros seguiram a tendência de queda em meio à expectativa de novo corte na Taxa Selic na reunião de política monetária do Banco Central marcada para agosto. Os vencimentos mais líquidos fecharam próximos de suas mínimas históricas. Confira os principais vencimentos:
- Janeiro/2021: de 1,930% para 1,948%;
- Janeiro/2022: de 2,740% para 2,822%;
- Janeiro/2023: de 3,780% para 3,853%;
- Janeiro/2025: de 5,340% para 5,380%.
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