E o Ibovespa, quem diria, voltou aos 100 mil pontos. O que isso significa?
Depois de mais de quatro meses, o Ibovespa finalmente reconquistou o patamar dos três dígitos. Algumas boas notícias da economia doméstica ajudam a explicar o otimismo na semana, mas há mais fatores que influenciaram esse movimento

Pois é, Ibovespa a 100 mil pontos. Eu não achei que voltaria a escrever isso em 2020, muito menos já em julho. Mas eis que o mundo real atropelou as projeções — e a realidade mostra que, nesta sexta-feira (10), o Ibovespa fechou aos 100.031,83 pontos, em alta de 0,88%.
Antes de debatermos o racional por trás dessa recuperação impressionante, vamos a algumas estatísticas: o Ibovespa não terminava um pregão acima dos 100 mil pontos desde 5 de março. Ou seja: o índice precisou de 97 sessões para retornar ao nível dos três dígitos.
Somente nesta semana, o Ibovespa acumulou ganhos de 3,38%; desde o começo de junho, o salto é de 5,23%. No ano, o principal índice acionário do Brasil ainda cai 13,50%, mas, convenhamos: para quem rondava os 60 mil pontos em março, é uma perda quase suave,
- O podcast Touros e Ursos desta sexta-feira já está no ar! Eu e o Vinícius Pinheiro falamos sobre o Ibovespa a 100 mil pontos e os mais recentes dados da economia doméstica:
2020 tem sido um ano atípico, para dizer o mínimo: a pandemia de coronavírus virou o mundo de cabeça para baixo e colocou boa parte do globo em isolamento, causando uma paralisação forçada na economia global — o que, naturalmente, causou um colapso nos mercados financeiros.
Só que, de uns meses para cá — especialmente a partir da segunda metade de maio — temos visto uma recuperação das bolsas globais e uma certa estabilização no mercado de commodities. E tudo isso mesmo sem que a Covid-19 tenha deixado de existir.
Infelizmente, a doença continua se espalhando pelo mundo e deixando vítimas: segundo a universidade americana Johns Hopkins, mais de 12 milhões de pessoas já foram contaminadas no mundo, com cerca de 550 mil mortos. No Brasil, o total de óbitos causados pelo vírus já se aproxima da marca de 70 mil.
Leia Também
E, eu não sei quanto a vocês, mas, de março para cá, pouca coisa mudou na minha vida, em termos práticos: eu continuo trabalhando de casa, colocando os pés na rua apenas quando estritamente necessário. As projeções para a economia global em 2020 seguem péssimas e uma eventual nova rodada de quarentena no mundo ainda não está descartada.
Então, a grande pergunta é: o que se passa nos mercados? Por que tivemos toda essa recuperação, se, em termos práticos, pouco mudou? O que explica o salto de mais de 50% do Ibovespa em relação às mínimas do ano, em março?

Não há uma resposta fácil para essa questão. Há o pano de fundo da injeção de recursos por parte dos bancos centrais e governos, de modo a tentar reaquecer a combalida economia global — e, a partir dessa enxurrada de dinheiro que tomou conta dos mercados, é possível encontrar inúmeros outros fatores de influência.
No contexto doméstico, há quem diga que o cenário político, hoje, está menos turbulento do que há dois ou três meses, o que ajuda a reduzir a volatilidade na bolsa; no lado externo, a recuperação dos mercados globais, aliada aos avanços no desenvolvimento de tratamentos contra a Covid-19, também enchem os investidores de coragem.
E, nesta semana, tivemos alguns elementos novos — e positivos — por aqui: uma certa tendência de recuperação (ou, pelo menos, de não-piora) dos indicadores econômicos locais.
Mudando a tendência?
Nos últimos dias, foram divulgados dados mais atualizados a respeito do nível de atividade no Brasil: indústria e varejo surpreenderam positivamente, enquanto o setor de serviços... nem tanto.
Indo aos números: a produção industrial avançou 7% em maio em relação a abril, enquanto as vendas no varejo saltaram 13,9% na mesma base. É claro que essa recuperação intensa ocorre após dois meses de forte retração, mas, para o mercado, o dado em si é o menos importante — o que realmente é comemorado é a potencial mudança de rota.
Ainda não é possível cravar que o Brasil seguirá a tendência vista na Europa e nos EUA, que começam a ensaiar uma recuperação econômica após meses desastrosos. Mas, ao menos, é possível ver que os dados de atividade pararam de deteriorar, o que indica que o pior momento da pandemia — ao menos, em termos econômicos — ficou para trás.
A euforia só não foi maior porque o setor de serviços não mostrou o mesmo vigor dos outros segmentos: caiu 0,9% em maio ante abril, ficando abaixo das expectativas dos analistas. Um certo balde de água fria, mas que também pode ser entendido como um início de interrupção na tendência negativa.
É claro: o grande fator de influência para os mercados globais é a injeção de liquidez pelo BCs, já que, com dinheiro sobrando nos mercados, fica muito mais fácil assumir riscos e montar posições — ainda mais num cenário de juros estruturalmente baixos no mundo, o que praticamente obriga os investidores a partir para a bolsa.
Dito isso, é necessário um gatilho para estimular o movimento comprador — e, nesta semana, boas notícias no front do desenvolvimento de tratamentos para o coronavírus, aliadas a esse viés mais saudável da economia doméstica, serviram como fagulha para dar força às negociações e levar o Ibovespa de volta aos 100 mil pontos.
Dólar hesitante
Toda essa animação, contudo, não se reflete no mercado de câmbio: o dólar à vista continuou mostrando um comportamento relativamente comportado, sem grandes pressões ou alívios — a moeda americana está 'encaixotada' entre os R$ 5,30 e os R$ 5,40 desde o começo do mês.
Nesta sexta, o dólar à vista caiu 0,31%, a R$ 5,3218 — na semana, acumulou leve alta de 0,05% e, no mês, cai 2,10%. Desde o começo de 2020, contudo, a divisa ainda tem um salto de 32,65%.

É uma típica estratégia de proteção por parte do mercado em momentos de indecisão: por um lado, ninguém quer ficar de fora do rali nas bolsas; por outro, ainda há muitos fatores de risco no horizonte e não parece ser uma boa ideia ficar totalmente exposto.
Assim, ao mesmo tempo em que aumentam a alocação nos mercados acionários, os investidores também correm para a proteção do dólar: se tudo der certo e as bolsas dispararem, os ganhos estão garantidos; se tudo der errado e um novo colapso ocorrer, a tendência é de valorização da moeda americana — o que neutralizaria parte das perdas com as ações.
Afinal, a liquidez quase infinita serve como 'colchão' para o mercado, mas não apaga as incertezas ligadas ao coronavírus, à política brasileira, às eleições americanas e às tensões geopolíticas entre EUA e China, apenas para citar alguns potenciais fatores de turbulência desta segunda metade de 2020.
E, por mais que os 100 mil pontos sejam uma marca simbólica importante, mais importante ainda é não correr o risco de perder tudo — então, na dúvida, é sempre melhor ter dólares no bolso.
Bolsa ainda está barata, mas nem tanto — e gringos se animam sem pôr a ‘mão no fogo’: a visão dos gestores sobre o mercado brasileiro
Pesquisa da Empiricus mostra que o otimismo dos gestores com a bolsa brasileira segue firme, mas perdeu força — e o investidor estrangeiro ainda não vem em peso
Bitcoin (BTC) recupera os US$ 114 mil após ‘flash crash’ do mercado com Donald Trump. O que mexe com as criptomoedas hoje?
A maior criptomoeda do mundo voltou a subir nesta manhã, impulsionando a performance de outros ativos digitais; entenda a movimentação
Bolsa fecha terceira semana no vermelho, com perdas de 2,44%; veja os papéis que mais caíram e os que mais subiram
Para Bruna Sene, analista de renda variável na Rico, “a tão esperada correção do Ibovespa chegou” após uma sequência de recordes históricos
Dólar avança mais de 3% na semana e volta ao patamar de R$ 5,50, em meio a aversão ao risco
A preocupação com uma escalada populista do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o real apresentar de longe o pior desempenho entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities
Dólar destoa do movimento externo, sobe mais de 2% e fecha em R$ 5,50; entenda o que está por trás
Na máxima do dia, divisa chegou a encostar nos R$ 5,52, mas se desvalorizou ante outras moedas fortes
FII RBVA11 avança na diversificação e troca Santander por nova locatária; entenda a movimentação
O FII nasceu como um fundo imobiliário 100% de agências bancárias, mas vem focando na sua nova meta de diversificação
O mercado de ações dos EUA vive uma bolha especulativa? CEO do banco JP Morgan diz que sim
Jamie Dimon afirma que muitas pessoas perderão dinheiro investindo no setor de inteligência artificial
O que fez a Ambipar (AMBP3) saltar mais de 30% hoje — e por que você não deveria se animar tanto com isso
As ações AMBP3 protagonizam a lista de maiores altas da B3 desde o início do pregão, mas o motivo não é tão inspirador assim
Ação do Assaí (ASAI3) ainda está barata mesmo após pernada em 2025? BB-BI revela se é hora de comprar
Os analistas do banco decidiram elevar o preço-alvo das ações ASAI3 para R$ 14 por ação; saiba o que fazer com os papéis
O que esperar dos mercados em 2026: juros, eleições e outros pilares vão mexer com o bolso do investidor nos próximos meses, aponta economista-chefe da Lifetime
Enquanto o cenário global se estabiliza em ritmo lento, o país surge como refúgio — mas só se esses dois fatores não saírem do trilho
Tempestade à vista para a Bolsa e o dólar: entenda o risco eleitoral que o mercado ignora
Os meses finais do ano devem marcar uma virada no tempo nos mercados, segundo Ricardo Campos, CEO e CIO da Reach Capital
FII BMLC11 leva calote da Ambipar (AMBP3) — e investidores vão sentir os impactos no bolso; cotas caem na B3
A Ambipar enfrenta uma onda de desconfiança no mercado, e a crise atinge em cheio os dividendos do FII
Ouro ultrapassa o nível de US$ 4 mil pela primeira vez por causa de incertezas no cenário global; o metal vai conseguir subir mais?
Shutdown nos EUA e crise na França levam ouro a bater recorde histórico de preço
Fundos de ações e multimercados entregam 21% de retorno no ano, mas investidores ficam nos 11% da renda fixa, diz Anbima
Mesmo com rentabilidade inferior, segurança da renda fixa mantém investidores estagnados, com saídas ainda bilionárias das estratégias de risco
MXRF11 mira captação recorde com nova emissão de até R$ 1,25 bilhão
Com uma base de 1,32 milhão de cotistas e patrimônio líquido de mais de R$ 4 bilhões, o FII mira sua maior emissão
O que foi tão ruim na prévia operacional da MRV (MRVE3) para as ações estarem desabando?
Com repasses travados na Caixa e lançamentos fracos, MRV&Co (MRVE3) decepciona no terceiro trimestre
Ouro fecha em alta e se aproxima da marca de US$ 4 mil, mas precisa de novos gatilhos para chegar lá, dizem analistas
Valor do metal bate recorde de preço durante negociações do dia por causa de incertezas políticas e econômicas
Fundo imobiliário favorito dos analistas em outubro já valorizou mais de 9% neste ano — mas ainda dá tempo de surfar a alta
A XP Investimentos, uma das corretoras que indicaram o fundo em outubro, projeta uma valorização de mais 9% neste mês em relação ao preço de fechamento do último pregão de setembro
Ibovespa fica entre dois mundos, enquanto RD Saúde (RADL3) brilha e Magalu (MGLU3) amarga o pior desempenho da semana
O principal índice de ações da B3 encerrou a semana em baixa de 0,86%, aos 144.201 pontos. Após um setembro de fortes valorizações, o início de outubro mostrou um tom mais negativo
Verde coloca o ‘pézinho’ em ações brasileiras — mas liga alerta sobre a situação do país
Em carta divulgada na sexta-feira (3), a gestora mostrou a retomada marginal de apostas na bolsa local, mas soou o alarme para o impacto da nova isenção de IR e para a postura mais dura do BC