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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Onde investir no 2º semestre

A renda fixa que fez o investidor sorrir no 1º semestre e deve continuar atrativa em 2019

Recomendações do Seu Dinheiro para a renda fixa privada em 2019 estão se saindo bem, mas emissões ainda deixam a desejar; saiba onde estão as oportunidades nessa classe de ativos no segundo semestre, para além do Tesouro Direto

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
6 de julho de 2019
5:11 - atualizado às 9:29
Renda fixa e Tesouro Direto - guia Onde Investir no segundo semestre de 2019
Emissões de CRI, CRA e debêntures só devem ter retomada mais forte após aprovação da reforma da Previdência. Imagem: Ilustração POMB/Seu Dinheiro

Não foi só quem seguiu as recomendações para o Tesouro Direto do guia Onde Investir em 2019 do Seu Dinheiro que se deu bem no primeiro semestre.

Quem conseguiu seguir as orientações para outras aplicações de renda fixa também não se saiu mal.

Eu disse “conseguiu” porque a demanda pelos títulos de renda fixa indicados foi alta, mas a disponibilidade nem tanto.

Onde investir no segundo semestre de 2019

Esta matéria faz parte de uma série de reportagens sobre onde investir no segundo semestre de 2019, com as perspectivas para os diferentes ativos. São eles:

A grande aposta dos especialistas para este ano na renda fixa privada havia sido os títulos de dívida utilizados para financiar empresas, projetos de infraestrutura, agronegócio e do mercado imobiliário, apostando numa retomada da atividade econômica.

Dos investimentos mais acessíveis à pessoa física, a categoria inclui as debêntures, títulos de renda fixa emitidos por empresas, que podem ou não ser isentos de IR; os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), títulos de renda fixa isentos de IR para a pessoa física que encerram créditos imobiliários e do agronegócio, respectivamente; e os fundos de investimento que investem nesses papéis.

Só que a retomada em si ainda não ocorreu. Tanto que o volume de emissões desses títulos de janeiro a maio caiu em relação ao mesmo período do ano passado.

Foram emitidos R$ 52,7 bilhões em debêntures, 12% a menos que os R$ 59,8 bilhões no mesmo período de 2018. As emissões de CRI foram de R$ 2,4 bilhões, 4% menos do que os R$ 2,5 bilhões nos cinco primeiros meses do ano passado.

Só as emissões de CRA subiram, passando de R$ 1,9 bilhão para R$ 5,1 bilhões na comparação anual, um salto de 174%, mas sobre uma base relativamente pequena.

“O ano começou com uma expectativa alta, mas as empresas estão segurando as emissões”, me disse Daniel Linger, estrategista-chefe da RB Investimentos, plataforma de investimentos da RB Capital.

Assim como os títulos públicos, crédito privado também se saiu bem com queda dos juros

Mas isso não significa que esses papéis se saíram mal no primeiro semestre, pelo contrário. Houve inclusive mais investidor e fundo querendo comprá-los do que papel disponível.

Debêntures, CRI e CRA costumam ser prefixados ou atrelados à inflação, estando sujeitos à mesma lógica de preços dos títulos públicos que remuneram de forma semelhante. Assim, beneficiam-se de cenários de juros baixos ou em queda.

Por serem emitidos por instituições privadas, esses títulos têm mais risco de calote que o governo federal, pagando taxas mais altas que os títulos públicos prefixados e indexados à inflação de mesmo prazo.

Esses papéis servem, portanto, como alternativa mais rentável que a renda fixa conservadora, para os investidores dispostos a correr um pouco mais de risco.

Ou seja, com a queda dos juros futuros no semestre - acima do esperado inicialmente pelo mercado, por sinal - as taxas desses títulos também caíram, valorizando-os.

“O crédito privado vem aos poucos ganhando tração. Há uma demanda muito forte. Todo mundo quer ir atrás de um prêmio para compensar a Selic baixa. Mas a oferta ainda não cresceu. As taxas dos títulos caíram, e quem tinha investido neles no início do ano se deu bem”, diz Marcelo Guterman, especialista de investimentos da Western Asset.

Por exemplo, o Índice de Debêntures Anbima IPCA (IDA-IPCA), índice que acompanha o desempenho de uma cesta de debêntures com remuneração indexada à inflação, teve alta de 9,36% no primeiro semestre, o que correspondeu a cerca de 300% do CDI no período, cerca de 1,5% ao mês.

Considerando apenas o IDA das debêntures de infraestrutura - aquelas que são isentas de IR para a pessoa física -, a valorização ficou em 9,87% em 2019.

Quanto aos CRI, uma forma de ter uma noção do desempenho desses papéis é acompanhando na bolsa a valorização das cotas dos fundos imobiliários que investem exclusivamente em papéis de renda fixa que financiam o mercado imobiliário, como os próprios CRI. Saiba mais sobre os diferentes tipos de fundos imobiliários.

Alguns fundos de papel, como são apelidados, tiveram altas superiores a 20% no semestre, como o Banestes Recebíveis Imobiliários (BCRI11, alta de 30,30%), Kinea High Yield CRI (KNHY11, alta de 27,40%) e Fator Verità (VRTA11, alta de 30,24%).

O investimento em debêntures, CRI e CRA é mais acessível, para a pessoa física, por meio dos fundos de crédito privado, os fundos de debêntures incentivadas (que investem em debêntures de infraestrutura e são isentos de IR) e os fundos imobiliários de papel, cujos rendimentos também são isentos, apesar de o ganho com a valorização da cota não ser.

Confira a lista completa dos melhores investimentos do primeiro semestre de 2019.

Onde investir na renda fixa privada

Apesar de o volume de emissões ter sido relativamente baixo no primeiro semestre, os especialistas com quem eu conversei continuam construtivos para o investimento em debêntures, CRI e CRA para o segundo semestre.

O mercado espera uma continuidade no movimento de queda nos juros, o que pode valorizar ainda mais os papéis prefixados e atrelados à inflação, além de deixar a renda fixa atrelada à Selic e ao CDI cada vez menos atrativa.

As rentabilidades dos títulos públicos prefixados e atrelados à inflação também já estão bem comprimidas, o que leva os investidores a buscarem retornos maiores no crédito privado.

O problema é que a retomada da economia e das emissões só deve ocorrer mesmo com a aprovação da reforma da Previdência. Pode ser que já ocorra no segundo semestre, mas não deve ser logo.

Para Daniel Linger, da RB Investimentos, as grandes beneficiadas deverão ser as debêntures incentivadas.

“O governo tem uma pauta grande de infraestrutura e privatizações, com projetos de saneamento e transmissão de energia, como usinas de energia eólica”, diz.

Ele acredita que é importante ter alguma coisa de crédito privado na carteira para aumentar a sua rentabilidade, aproveitando também os incentivos tributários de certas aplicações dessa categoria.

Para os investidores pessoas físicas mais abastados, que podem ser classificados como qualificados ou profissionais, Linger recomenda o investimento direto em debêntures, CRI e CRA. Veja quem pode ser considerado investidor qualificado e profissional no Brasil.

Hoje, um investidor pessoa física já consegue vender, no mercado secundário, um título de crédito privado de longo prazo antes do vencimento, para realizar ganhos com a valorização do papel.

Mas para os investidores de menor porte, a recomendação são os fundos de crédito privado, os fundos de debêntures incentivadas e, para investir em CRI, os fundos imobiliários de papel, negociados em bolsa.

A vantagem de investir por meio de fundos é que o gestor consegue pulverizar bastante o risco de crédito, além de poder fazer gestão ativa da carteira, aproveitando as oportunidades de mercado. Ele tem acesso a estratégias que a pessoa física, sozinha, pode não conseguir fazer.

No caso dos FII de papel, Linger lembra que, apesar de a cota oscilar na bolsa, seu desempenho tem forte correlação com a renda fixa. E que o risco dos ativos da sua carteira é risco de crédito.

Dan Kawa, CIO da gestora de fortunas TAG Investimentos ressalta que, no primeiro semestre, a maior demanda foi por papéis de crédito privado de baixo risco de calote, que hoje já não estão com taxas atrativas. “Temos evitado gestores de fundos de menor porte e mais concentrados nesses títulos”, disse.

Para o segundo semestre, Kawa acredita que as melhores oportunidades estarão entre os títulos de crédito considerados high yield, com mais risco e maiores taxas de retorno.

“É um Brasil que está estimulando o mercado de capitais, substituindo os bancos públicos.”

Para esse tipo de investimento, Kawa recomenda a aplicação via fundos de crédito e de debêntures incentivadas. “O investidor precisa escolher um bom gestor”, completa.

Balanço do 1º semestre: quem apostou na queda dos juros acertou na mosca

Ilustração sobre melhores investimentos na renda fixa em 2019

Já faz algum tempo que a renda fixa conservadora - aqueles ativos que pagam a variação da Selic ou do CDI - só tem servido mesmo para o investimento da reserva de emergência.

Desde março de 2018, a taxa básica de juros tem ficado estacionada em 6,50% ao ano, em um cenário de inflação baixa e controlada e crescimento pífio.

As oportunidades de ganhar um dinheiro a mais, naquela parte da carteira disponível para tal, têm estado nos ativos de risco.

No lado da renda fixa, as estrelas têm sido os títulos prefixados e atrelados à inflação, que se valorizam quando a perspectiva é de quedas adicionais nos juros; no lado da renda variável, brilham ativos como as ações e os imóveis, beneficiados em cenários de juros baixos, quando eles têm mais facilidade de retornar acima da renda fixa conservadora.

Esses ativos foram os mais rentáveis de 2018, quando os juros futuros recuaram com a eleição de um governo mais liberal na economia e a perspectiva de reformas importantes para reequilibrar as contas públicas e retomar do crescimento.

No primeiro semestre de 2019, vimos uma continuação desse movimento. Embora o mercado achasse pouco provável haver cortes adicionais na Selic no fim do ano passado, quem apostou em ativos que se beneficiam da queda dos juros mirou no que viu e acertou no que não viu.

Ladeira abaixo

No final do ano passado, o mercado tinha lá suas dúvidas se ainda haveria espaço para os juros caírem mais. Segundo o último Boletim Focus de 2018, esperava-se a manutenção da Selic em 6,50% ao ano até o fim de 2019.

Os agentes econômicos achavam que poderia até mesmo haver uma leve alta dos juros com uma eventual retomada do crescimento após a aprovação da reforma da Previdência, dada como praticamente certa.

Para o fim de 2020, a projeção consolidada no Focus era de uma Selic em 8,00%, resultado de uma retomada mais robusta da economia aliada a uma meta de inflação menor - para o ano que vem, o centro da meta cai para 4,0% ao ano; hoje, é de 4,25%.

A grande incógnita, na época, era justamente a reforma da Previdência. A perspectiva era de que sim, nosso crescimento continuaria mixuruca e nossa inflação permaneceria sob controle pelo menos até que ela fosse aprovada.

Mas ainda não havia sequer uma proposta, nem se sabia se o novo governo teria um real poder de articulação para passar um projeto robusto dentro de um prazo razoável.

Somava-se a isso um cenário externo bastante desafiador. De um lado, uma guerra comercial entre Estados Unidos e China e o temor de desaceleração no crescimento mundial; do outro, a economia americana dava sinais de crescimento robusto, o que poderia levar o Federal Reserve a aumentar os juros por lá.

Na virada do ano, por sinal, o mercado esperava duas altas de juros nos EUA em 2019, o que poderia valorizar o dólar e dificultar quedas adicionais na Selic, mesmo com a nossa economia patinando.

Bem, se os juros brasileiros não caíssem, também não subiriam. Além disso, já havia algumas vozes no mercado que acreditavam que mais algum cortezinho na Selic era possível, na tentativa de reanimar nossa combalida economia.

Pelo sim, pelo não, a recomendação do guia do Seu Dinheiro sobre Onde Investir em 2019 foi de manutenção da estratégia: posicionar-se em ativos capazes de ganhar com o cenário de Selic baixa, inflação controlada e eventuais novos cortes de juros.

Quem seguiu a indicação acertou na mosca. De lá para cá, a possibilidade de novos cortes nos juros passou de um palpite de poucos para uma possibilidade bem real, derrubando os juros futuros e as previsões para a Selic em 2019 e 2020.

De acordo com o último boletim Focus de junho, o mercado espera uma Selic de 5,50% para o fim de 2019 e 6,00% em 2020. Mas há quem acredite em uma queda ainda maior. O Itaú Unibanco, por exemplo, projeta uma Selic em 5% neste e no próximo ano, segundo relatório divulgado em junho.

O que mudou

Uma série de fatores contribuiu para que a queda de juros passasse de uma vaga esperança a uma possibilidade real.

A dificuldade de a economia brasileira reagir e as constantes revisões para baixo das perspectivas para o nosso crescimento neste ano já vinham fazendo os juros futuros negociados na bolsa recuarem ao longo do semestre.

Esses derivativos materializam as expectativas do mercado para a taxa de juros em datas futuras e servem de parâmetro para as as remunerações dos títulos de renda fixa.

A queda das taxas indicava que os investidores já antecipavam que o BC cedo ou tarde teria que cortar a Selic para estimular a atividade econômica, mesmo sem indicação de que o Federal Reserve (Fed) poderia cortar os juros americanos em breve.

Mas em junho, os juros futuros deram uma boa recuada depois que o Fed e o Banco Central Europeu sinalizaram estar prontos para cortar juros para enfrentar o cenário de desaceleração econômica mundial que se desenha à frente.

Ao longo do semestre, a guerra comercial entre EUA e China só piorou, e os dois países ainda não estão próximos a um acordo.

Na zona do euro, os dados econômicos continuaram mostrando estagnação da economia, e a China deu sinais de enfraquecimento. Mesmo nos EUA, os indicadores de atividade têm sido conflitantes, enquanto a inflação permanece baixa.

Essa expectativa de queda de juros lá fora derrubou ainda mais os juros futuros por aqui e contribuiu para a queda do dólar, valorizando os ativos de risco.

Os contratos de DI com vencimento para janeiro de 2020, por exemplo, caíram 8,69% no primeiro semestre, sendo que apenas em junho o recuo foi de 4,62%. Já os contratos para janeiro de 2025 recuaram 21,34% no ano, sendo 12,05% apenas em junho.

As razões para os possíveis cortes de juros são desanimadoras. Já se fala em recessão mundial. Mas para o investidor não resta muito a fazer a não ser proteger seu patrimônio e garantir sua liquidez, de um lado, e buscar ativos que tenham chance de render mais que a renda fixa conservadora, de outro.

No caso dos investidores estrangeiros, abrem-se oportunidades em economias emergentes propensas a uma recuperação, como é o caso do Brasil.

Por aqui, os agentes econômicos permanecem em compasso de espera pela aprovação da reforma da Previdência. Apesar de ter agradado aos mercados, a reforma vem enfrentando um caminho tortuoso dentro de um governo com problemas de articulação política e envolvido em um punhado de confusões e escândalos causadores de ruído nos mercados.

O Banco Central do Brasil ainda não sinalizou com clareza a possibilidade de um novo corte de juros, ressaltando a importância da aprovação da reforma da Previdência, mas sem exatamente condicionar uma coisa à outra.

A reforma pode não ser a salvação da lavoura, mas é o primeiro passo essencial para a nossa recuperação. Mas, como já vimos, o mercado já precifica essas reduções adicionais.

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