Não é hora de acabar com o clubinho fechado dos investidores qualificados?
Não é de hoje que veículos de comunicação, as próprias redes sociais e novos modelos de negócio forçam as torres de marfim do universo financeiro, dando acesso a produtos e ideias até então encastelados
Em 13 de janeiro de 1898, o renomado escritor francês Émile Zola rompeu as fronteiras da literatura ao publicar um artigo, na primeira página do jornal L’Aurore, em que denunciava injustiças na vida política e social de seu país.
A carta aberta ao presidente francês, intitulada “J’accuse!” (“Eu acuso!”, em francês), inflamou o debate público sobre o chamado “Dreyfus affair”, um escândalo político em torno de um oficial de origem judaica, condenado à prisão perpétua por espionagem, sem provas suficientes para tal.
Zola ficou conhecido como um dos primeiros homens de letras a denunciar abusos de poder cometidos por autoridades. Seu texto é considerado um marco na história do jornalismo. Por causa do artigo, o escritor foi julgado, condenado e precisou se exilar na Inglaterra.
Não só a literatura tem suas torres de marfim – no universo da economia elas se espalham. E é raro quem ouse jogar suas tranças.
Do lado de cá, também temos nossas torres, inclusive (ou principalmente) quando há dinheiro envolvido.
Jargões excludentes
Nos próprios jornais, juntamente com o nascimento das editorias de economia na década de 70, brotaram os jargões excludentes. Conta-se que os repórteres do ramo usavam pastas de couro, o que dava a eles um ar de superioridade em relação ao restante da equipe.
Leia Também
Não é de hoje que veículos de comunicação, as próprias redes sociais e novos modelos de negócio forçam as torres de marfim do universo financeiro, dando acesso a produtos e ideias até então encastelados. Vejo ainda, entretanto, um descasamento entre a teoria e a realidade nas leis que regem esse ambiente.
Quem está no chão de fábrica vê os efeitos deletérios ao portfólio do pequeno e médio investidor de tal afastamento. Na teoria, alguém de lá de cima cuida da segurança de quem está embaixo. Na prática, parece que lhes faltam binóculos.
Não há hoje, ao meu ver, regra mais encastelada do que a de investidores qualificados, ou seja, a que restringe a quem tem mais de 1 milhão de reais em aplicações financeiras vários produtos financeiros. Listo abaixo somente três das inúmeras distorções causadas hoje por tais regras:
Concentração regional: somente um investidor qualificado pode ter acesso no Brasil a um fundo que aplica 100 por cento dos recursos no exterior ou a um BDR – recibo de ação de empresa estrangeira negociado na Bolsa local. Tal regra restringe, na prática, somente aos milionários a tão recomendável diversificação internacional dos investimentos.
Investir em um fundo DI de taxa 5 por cento ao ano qualquer brasileiro pode; acessar o produto da Pimco, uma das maiores referências internacionais em gestão de renda fixa, só o milionário.
Ou: comprar ação de uma small cap do país em que empreender é quase uma aventura, qualquer um pode; já os BDRs do Google estão vetados ao investidor de varejo.
Exclusão: à medida que crescem e se internacionalizam, as próprias gestoras brasileiras têm interesse em aumentar a parcela investida no exterior. Aconteceu, por exemplo, neste ano, com a SPX.
A reconhecida gestora de multimercados brasileira percebeu que entregaria melhor retorno ajustado ao risco se alterasse o regulamento: queria poder investir mais de 20 por cento fora do país. Resultado: o fundo ficou automaticamente restrito a investidores qualificados.
Acessar um multimercado acomodado em LFTs que cobra 2 por cento ao ano para entregar menos do que o CDI, pode (os bancos estão cheios deles). E o produto que, ao mesmo custo, entrega 157 por cento do CDI desde sua criação com a melhor relação risco/retorno da indústria? Esse está proibido de chegar ao varejo.
Concentração em ativos: para a infelicidade dos investidores de pequeno porte, a regra dos qualificados acaba de chegar à previdência. As regras mais recentes permitem também aos gestores do segmento diferenciarem produtos. Se o fundo é para qualificados, por exemplo, pode chegar a 100 por cento em ações. Já se é para o varejo, o máximo permitido na renda variável é 70 por cento.
Fora o incentivo à concentração na renda fixa na parcela do patrimônio mais de longo prazo (que já supera os 90 por cento), vejo distorções como o nascimento de fundos com 70 por cento alocados em Bolsa que cobram taxa de performance sobre o CDI. Mais uma vez, quem perde é o pequeno investidor.
Poderia ir muito além, passando pelos fundos que buscam retorno absoluto, pelos que são listados em Bolsa... mas talvez a mensagem já esteja clara.
Enquanto, na Torre de Marfim, os doutos se orgulham de proteger o investidor, aqui no chão ele é uma vítima.
A mesma regulação que faz vistas grossas a taxas de administração abusivas em nome das leis de mercado controla com mãos de ferro tentativas de dar acesso a produtos sofisticados – ou mesmo de se comunicar com o investidor sem papas na língua.
A alternativa?
Simples: punição de abusos do lado da oferta e orientação financeira do lado da demanda. Ou: prenda os ladrões em vez de murar a minha casa.
Mercados
Dito isso, vamos às vacas frias. Ou quentes. A última semana de novembro pavimentou o caminho para um fim de ano mais positivo, sob uma trégua da guerra comercial entre os EUA e a China (ou pelo menos o que pareceu ser isso), um banco central americano mais bondoso e os países exportadores segurando a oferta para conter a queda de preços do petróleo.
São pelo menos três presentes que nos ajudam a acreditar em um rali de fim de ano na Bolsa local – na sexta-feira, o Ibovespa chegou a ultrapassar os 90 mil pontos. Os mercados americanos já abriram dando o tom positivo.
A agenda do dia tem, nos EUA, discursos de dois diretores do banco central e as leituras do PMI/Markit e do ISM, que ajudam a entender a saúde do setor industrial. Da zona do euro também vêm dados de PMI, assim como da China, já divulgados, acima do esperado.
Do lado de cá, temos hoje dados de distribuição de veículos da Fenabrave e resultado da balança comercial de novembro.
O Ibovespa Futuro abre em alta de 2 por cento, o dólar recua 0,8 por cento contra o real e os juros futuros longos também iniciam o dia em queda.
Gás do Povo entra em operação: veja onde o botijão gratuito já está sendo liberado
Primeiras recargas do Gás do Povo começaram nesta semana em dez capitais; programa deve alcançar 50 milhões de brasileiros até 2026
É dia de pagamento: Caixa libera Bolsa Família de novembro para NIS final 9
O pagamento do benefício ocorre entre os dias 14 e 28 deste mês e segue ordem definida pelo último número do NIS
Como é o foguete que o Brasil vai lançar em dezembro (se não atrasar de novo)
Primeira operação comercial no país vai levar ao espaço satélites brasileiros e tecnologias inéditas desenvolvidas por universidades e startups
Liquidação do Banco Master não traz risco sistêmico, avalia Comitê de Estabilidade Financeira do BC
A instituição do banqueiro Daniel Vorcaro cresceu emitindo certificados com remunerações muito acima da média do mercado e vinha enfrentando dificuldades nos últimos meses
Imposto de Renda: o que muda a partir de 2026 para quem ganha até R$ 5 mil e para a alta renda, a partir de R$ 50 mil por mês
Além da isenção para as faixas mais baixas, há uma taxa de até 10% para quem recebe acima de R$ 50 mil por mês
A cidade brasileira que é a capital nacional do arroz, tem a maior figueira do mundo — e é o lar do mais novo milionário da Mega-Sena
Cidade gaúcha une tradição agrícola, patrimônio histórico e curiosidades únicas — e agora entra no mapa das grandes premiações da Mega-Sena
Defesa de Vorcaro diz que venda do Banco Master e viagem a Dubai foram comunicadas ao BC
O banqueiro foi preso na semana anterior devido à Operação Compliance Zero da Polícia Federal, que investiga um esquema de emissão de títulos de crédito falsos
A proposta do FGC para impedir um novo caso ‘Banco Master’ sem precisar aumentar o colchão do fundo
Com maior resgate da história do FGC, o caso Banco Master acelera discussões sobre mudanças nas regras do fundo e transparência na venda de CDBs
Pagamentos do Bolsa Família e Gás do Povo chegam a beneficiários com NIS final 8 nesta quarta (26)
O pagamento do benefício ocorre entre os dias 14 e 28 deste mês e segue ordem definida pelo último número do NIS
Quanto vai ser o salário mínimo de 2026 e o que ainda falta para ele entrar em vigor
O novo piso salarial nacional para 2026 já foi proposto, mas ainda aguarda aprovação; saiba o que ainda falta
Mega-Sena paga prêmio de quase R$ 15 milhões na ‘capital nacional do arroz’; bola dividida deixa Lotofácil em segundo plano
Enquanto a Mega-Sena saiu para uma aposta simples, a Lotofácil premiou um total de 11 apostadores; as demais loterias da Caixa acumularam ontem (25).
2026 sem alívio: projeções do Itaú indicam juros altos, inflação resistente e dólar quase parado
Cenário deve repetir 2025, apesar de R$ 200 bilhões em impulsos fiscais que turbinam o PIB, mas mantêm pressão nos preços
Um problema para o sistema elétrico? Por que a Aneel quer cortar o excedente de energia renovável
Agência aprova plano emergencial para evitar instabilidade elétrica em a excesso de energia solar e eólica
Uma vaca de R$ 54 milhões? Entenda o que faz Donna valer mais que um avião a jato
Entenda como Donna FIV CIAV alcançou R$ 54 milhões e por que matrizes Nelore se tornaram os ativos mais disputados da pecuária de elite
Foi vítima de golpe no Pix? Nova regra do Banco Central aumenta suas chances de reembolso; entenda como funciona
Nova regra do Banco Central reforça o MED, acelera o processo de contestação e aumenta a recuperação de valores após fraudes
BRB no centro da crise do Master: B3 exige explicações sobre possíveis operações irregulares, e banco responde
Em março, o banco estatal de Brasília havia anunciado a compra do Master, mas a operação foi vetada pelo Banco Central
Nova lei do setor elétrico é sancionada, com 10 vetos do governo: veja o que muda agora
Governo vetou mudança na forma de averiguar o preço de referência do petróleo, pois a redefinição da base de cálculo “contraria o interesse público”
Um conto de Black Friday: como uma data que antes era restrita aos Estados Unidos transformou o varejo brasileiro
Data que nasceu no varejo norte-americano ganhou força no Brasil e moldou uma nova lógica de promoções, competição e transparência de preços.
Lotofácil tem 24 ganhadores, mas só 3 vão receber o dinheiro todo; Timemania pode pagar (bem) mais que a Mega-Sena hoje
Seis bilhetes cravaram as dezenas válidas pela Lotofácil 3545, sendo três apostas simples e três bolões; todas as demais loterias sorteadas ontem acumularam
13º salário atrasou? Saiba o que fazer se o empregador não realizar o pagamento da primeira parcela até sexta-feira (28)
O prazo limite da primeira parcela do 13° é até a próxima sexta-feira (28), veja o que fazer caso o empregador atrase o pagamento