Operar nas altas ou nas quedas é indiferente desde que esteja do lado certo
A maioria dos traders brasileiros só sabe ganhar dinheiro nos mercados quando eles estão em alta; no mercado americano, ser urso é uma atitude mais comum

A maioria dos traders brasileiros só sabe ganhar dinheiro nos mercados quando eles estão em alta. Parece que o pessoal fica meio perdido se as cotações caem. Na Bolsa de valores nota-se isso de modo mais preponderante. Quando sobe, a turma fica feliz e se dá bem. Nas quedas, os operadores e investidores se desnorteiam.
No mercado americano, ser urso é uma atitude mais comum. Muita gente aposta na baixa. Mas isso já foi considerado uma atitude impatriótica. Eu falo a respeito desse sentimento em meu livro “1929”, cujos direitos de publicação agora pertencem à Inversa.
Para mim, sempre foi indiferente operar nas altas ou nas quedas, desde que eu estivesse posicionado do lado certo.
Uma coisa que observei durante minhas quase quatro décadas de trader profissional é que os bull markets costumam ser mais demorados. Já oscrashes, que são os ataques mais mortais dos ursos, podem acontecer em questão de horas, ou até mesmo de minutos.
Trabalhar short
A maneira mais fácil, e menos arriscada, de se trabalhar short é fazê-lo por um breve período de tempo, de preferência dentro de um mesmo pregão. Nos últimos dias de negociação do Ibovespa futuro na BM&F, por exemplo, quase sempre quem vendeu na abertura teve oportunidade de ganhar pelo menos mil pontos ao longo da sessão.
Minhas primeiras posições vendidas foram feitas ainda na década de 1950, quando eu trabalhava como operador de câmbio. Se havia uma demanda muito grande por dólares, sem um fundamento real para isso, eu os vendia sem tê-los, para repor no dia seguinte. Quase sempre dava certo.
Leia Também
Quando fui estudar mercado de capitais na New York University, em meados dos anos 1960, aprendi muito sobre vendas a descoberto. Foi nessa época que descobri que a prática era usual por lá.
De volta ao Brasil, agora operando como floor trader na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, ganhei muito dinheiro vendido. Comprava à vista e vendia à termo. Tratava-se de um negócio infalível no bull market de ações que durou de 1969 a 1971.
A estratégia era mais do que simples
Com uma inflação mensal de aproximadamente 1,5%, as taxas de juros giravam em torno de 2%. Portanto, na pior das hipóteses, os financiadores dos termos ganhavam 0,5% ao mês. Só que os contratos podiam ser liquidados antecipadamente pelos compradores.
Nesses casos, como o valor de venda permanecia fixo, e o prazo caía, o vendedor não raro recebia taxas de 8% a 10% (ao mês, não se esqueçam).
Houve até alguns episódios em que o cara comprava a termo, digamos, Brahma ou Vale do Rio Doce, e liquidava a operação dois ou três dias depois, pagando aquele preço futuro acordado. Para o vendedor, isso significava uma renda de mais de 100% ao ano.
Rachei de ganhar dinheiro dessa maneira. Como expliquei acima, sem correr risco algum, pois jamais ficava descoberto.
"shortear"
Pena que a época em que se amarrava cachorro com linguiça não durou muito tempo.
Mesmo antes de haver puts ou negociação de índices futuros de Bolsa no Rio ou São Paulo, surgiram novas maneiras de se “shortear”.
Uma delas era vender ações e não entregar. Apostando numa queda forte, o vendedor pagava uma multa diária pelo atraso na liquidação. Se o ritmo do tombo do papel era maior do que o percentual da multa, embolsava a diferença.
O prazo máximo permitido pela Bolsa para atraso de uma liquidação era de 7 dias. Por isso essas vendas a descoberto eram chamadas de Seu Sete da Lira, referência a um personagem de Umbanda muito citado no programa do Chacrinha na TV Tupi.
Outra maneira de se ficar short era alugando ações de alguém que as possuísse como patrimônio. Os papéis eram vendidos no pregão na expectativa de um tombo rápido.
Revertido o trade, o dono os recebia de volta.
Evolução do mercado
Com a evolução do mercado de ações no Brasil, vender a descoberto tornou-se uma prática regulamentada (até então era uma coisa meio pirata). Surgiram os índices futuros e os puts, além da possibilidade de se vender calls.
Apesar desses avanços, sinto que os investidores, mesmo os profissionais, se sentem muito mais à vontade apostando na alta do que na baixa.
Tentando mudar um pouco esse comportamento, esclareço, tal como diz o título desta newsletter: “O touro é forte; o urso, rápido!”
No episódio da divulgação da conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista no palácio do Jaburu, aquela do “ Tem de manter isso aí, viu”, a Bolsa paulista caiu 8,8%. Naquele dia foi sepultada a possibilidade de aprovação no Congresso da Reforma da Previdência.
Talvez o short mais famoso de todos os tempos tenha sido o de George Soros em 16 de setembro de 1992, quando o bilionário (a partir desse dia, bem entendido) húngaro, naturalizado americano, vendeu a libra esterlina a descoberto faturando um bilhão de dólares em questão de horas.
O que não se sabe é se Soros tinha conhecimento de que a libra iria cair ou se ela caiu porque ele vendeu.
Highs históricos
Para que o caro leitor se conscientize de que mercado em alta ou mercado em baixa não faz a menor diferença quando se trata de ganhar dinheiro, cito alguns highs históricos das diversas Bolsas. Desconsidero a inflação em dólares no período, o que não foi pouca coisa e que torna esses highs mais significativos.
A máxima da soja ocorreu em 13 de agosto de 2012, quando o bushel foi cotado a US$ 16,71 na CBoT em Chicago. Agora está a US$ 9,10.
A libra-peso de açúcar atingiu US$ 0,5497 em 4 de setembro de 1974 na CSCE em Nova York. Na última sexta-feira, fechou a US$ 0.1287
Também na CSCE, o café foi negociado a US$ 3,3450 por libra-peso em 11 de abril de 1977. De lá para cá, caiu para US$ 1.0410.
Este ano, a máxima do Dow Jones foi de 26.951.81, a maior de todos os tempos. Desde então o índice perdeu 9,69%, que é mais ou menos o que os ursos que venderam o S&P500 (não existem negócios do Dow Jones) nas máximas.
Trata-se de uma perda de tempo esperar que os mercados subam para se ganhar dinheiro. Há sempre uma oportunidade dando sopa nas bolsas. Seja com força, como os touros. Seja numa patada rápida, como os ursos.
Último credor da Gol (GOLL4) aceita acordo e recuperação judicial nos EUA se aproxima do fim
Companhia aérea afirma que conseguirá uma redução significativa de seu endividamento com o plano que será apresentado
Bradesco (BBDC4) salta 15% na B3 com balanço mais forte que o esperado, mas CEO não vê “surpresas arrebatadoras” daqui para frente. Vale a pena comprar as ações do banco?
Além da surpresa com rentabilidade e lucro, o principal destaque positivo do balanço veio da margem líquida — em especial, o resultado com clientes. É hora de colocar BBDC4 na carteira?
Não há escapatória: Ibovespa reage a balanços e Super Quarta enquanto espera detalhes de acordo propalado por Trump
Investidores reagem positivamente a anúncio feito por Trump de que vai anunciar hoje o primeiro acordo no âmbito de sua guerra comercial
Itaú Unibanco (ITUB4) será capaz de manter o fôlego no 1T25 ou os resultados fortes começarão a fraquejar? O que esperar do balanço do bancão
O resultado do maior banco privado do país está marcado para sair nesta quinta-feira (8), após o fechamento dos mercados; confira as expectativas dos analistas
Mesmo com apetite ao risco menor, Bradesco (BBDC4) supera expectativas e vê lucro crescer quase 40% no 1T25, a R$ 5,9 bilhões
Além do aumento na lucratividade, o banco também apresentou avanços na rentabilidade, com inadimplência e provisões contidas; veja os destaques
Conselho de administração da Mobly (MBLY3) recomenda que acionistas não aceitem OPA dos fundadores da Tok&Stok
Conselheiros dizem que oferta não atende aos melhores interesses da companhia; apesar de queda da ação no ano, ela ainda é negociada a um preço superior ao ofertado, o que de fato não justifica a adesão do acionista individual à OPA
Balanço fraco da RD Saúde (RADL3) derruba ações e aumenta pressão sobre rede de farmácias. Vale a pena comprar na queda?
Apesar das expectativas mais baixas para o trimestre, os resultados fracos da RD Saúde decepcionaram o mercado, intensificando a pressão sobre as ações
Bola de cristal monetária: Ibovespa busca um caminho em dia de Super Quarta, negociações EUA-China e mais balanços
Investidores estão em compasso de espera não só pelas decisões de juros, mas também pelas sinalizações do Copom e do Fed
Balanço da BB Seguridade (BBSE3) desagrada e ações caem forte na B3. O que frustrou o mercado no 1T25 (e o que fazer com os papéis agora)?
Avaliação dos analistas é que o resultado do trimestre foi negativo, pressionado pela lucratividade abaixo das expectativas; veja os destaques do balanço
É recorde: Ações da Brava Energia (BRAV3) lideram altas do Ibovespa com novo salto de produção em abril. O que está por trás da performance?
A companhia informou na noite passada que atingiu um novo pico de produção em abril, com um aumento de 15% em relação ao volume visto em março
Expectativa e realidade na bolsa: Ibovespa fica a reboque de Wall Street às vésperas da Super Quarta
Investidores acompanham o andamento da temporada de balanços enquanto se preparam para as decisões de juros dos bancos centrais de Brasil e EUA
Fundo imobiliário TRXF11 anuncia a maior emissão de cotas da sua história, para captar R$ 1 bilhão
Segundo a gestora TRX Investimentos, valor pode chegar a R$ 1,25 bilhão e cerca de 85% do montante já está praticamente garantido
Espírito olímpico na bolsa: Ibovespa flerta com novos recordes em semana de Super Quarta e balanços, muitos balanços
Enquanto Fed e Copom decidem juros, temporada de balanços ganha tração com Itaú, Bradesco e Ambev entre os destaques
Petrobras (PETR3) excluída: Santander retira petroleira da sua principal carteira recomendada de ações em maio; entenda por quê
Papel foi substituído por uma empresa mais sensível a juros, do setor imobiliário; saiba qual
IRB (IRBR3) volta a integrar carteira de small caps do BTG em maio: ‘uma das nossas grandes apostas’ para 2025; veja as demais alterações
Além do retorno da resseguradora, foram acrescentadas também as ações da SLC Agrícola (SLCE3) e da Blau Farmacêutica (BLAU3) no lugar de três papéis que foram retirados
WEG (WEGE3) tem preço-alvo cortado pelo JP Morgan após queda recente; banco diz se ainda vale comprar a ‘fábrica de bilionários’
Preço-alvo para a ação da companhia no fim do ano caiu de R$ 66 para R$ 61 depois de balanço fraco no primeiro trimestre
Um mês da ‘libertação’: guerra comercial de Trump abalou mercados em abril; o que esperar desta sexta
As bolsas ao redor do mundo operam em alta nesta manhã, após a China sinalizar disposição de iniciar negociações tarifárias com os EUA
Ibovespa deu uma surra no S&P 500 — e o mês de abril pode ter sido apenas o começo
O desempenho do Ibovespa em abril pode ser um indício de que estamos diante de uma mudança estrutural nos mercados internacionais, com implicações bastante positivas para os ativos brasileiros
Esta empresa mudou de nome e ticker na B3 e começa a negociar de “roupa nova” em 2 de maio: confira quem é ela
Transformação é resultado de programa de revisão de estratégia, organização e cultura da empresa, que estreia nova marca
Ficou com ações da Eletromidia (ELMD3) após a OPA? Ainda dá tempo de vendê-las para não terminar com um ‘mico’ na mão; saiba como
Quem não vendeu suas ações ELMD3 na OPA promovida pela Globo ainda consegue se desfazer dos papéis; veja como