SPFW mira na internacionalização da moda nacional: ‘o mundo quer o Brasil de novo’, diz produtor
Paulo Borges, idealizador do evento, conta spoilers, desafios da moda brasileira e o que esperar da SPFW60: ‘Cumprimos uma missão’
Na próxima semana, entre os dias 13 e 20, a São Paulo Fashion Week chega à sua 60ª edição como vitrine criativa da moda brasileira e engrenagem estratégica da economia e do mercado global de consumo. Mais que isso: trata-se um dos cinco maiores eventos do setor no mundo e a única semana de moda no Hemisfério Sul a manter-se ininterrupta, impulsionando investimentos, cadeias produtivas e debates sobre sustentabilidade, diversidade e inovação.
Para Paulo Borges, o multifacetado e eloquente idealizador do evento, é o efeito de um patrocínio contínuo, pensando em décadas e não em anos. Embora não se trate de uma feira de negócios, o que dificulta, portanto, a mensuração exata do alcance financeiro, Paulo estima que a SPFW edição gere um impacto econômico de cerca de R$ 1,5 bilhão. Resultado, sobretudo, de um ecossistema que envolve sempre mais de 10 mil profissionais (trabalhando direto e indiretamente) e que, nesta SPFW60, recebeu R$ 5 milhões em investimentos.
“Dizia que a gente precisaria de 30 anos para fazer isso ficar sólido, para ter uma reputação, para ter uma história. Se a gente conseguisse fazer tudo, a gente precisaria de 30 anos. Então, falar de 30 anos agora é como dizer: ‘Cumprimos uma missão, a nossa missão proposta lá atrás está cumprida’”.
Cumprida, mas longe do fim. Na marca dos 30 anos, a SPFW ilustra como a moda nacional consolidou-se como ativo econômico capaz de gerar negócios e exportar talento à indústria criativa. E que ganha nova edição em locais icônicos da capital paulista, como o Pavilhão das Culturas Brasileiras e os shoppings Iguatemi e JK Iguatemi. Ao Seu Dinheiro, Paulo abre detalhes e bastidores da emblemática SPFW60.

SPFW60: bastidores e spoilers
Se os 30 anos representam a consolidação de um projeto que parecia improvável no Brasil, também são o ponto de partida para novos desafios. Entre eles, Paulo reforça a intenção de reposicionar a moda brasileira sob o holofote global. “O mundo quer o Brasil novamente”, afirma Borges.
“Delegações da Itália e da França já confirmaram presença no evento”. Em paralelo, o produtor esteve recentemente em Moscou, Rússia, para convidar players globais do setor à marcar presença na especial próxima SPFW.
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A edição do próximo mês de outubro, aliás, também terá quatro exposições. Uma, ele revela, será sobre bioeconomia, que reunirá startups e institutos para apresentar matérias-primas sustentáveis.
“Estamos reunindo matérias-primas sustentáveis ou de baixíssimo impacto, inovadoras. Vamos mostrar de onde vêm, de que planta ou mineral, por exemplo, com vídeos, microscópios e a criação de looks pelos designers do SPFW a partir dessas matérias-primas.”
Segundo Borges, o objetivo é mostrar que, embora a moda nunca seja 100% sustentável, é possível avançar com inovação e escala: “A moda tem que andar, ela tem que ter escala e você vai construindo escala”.
Na rua e na vitrine
A SPFW60 ainda expandirá a conexão com a cidade, com desfiles em espaços icônicos de São Paulo, como o Minhocão e a Rua Augusta. “Queremos que as pessoas conheçam os territórios criativos da cidade”, diz o criador do SPFW.
Tem também, já em curso, o projeto Vitrines SPFW30ANOS+Ritz, que acontece na fachada do restaurante Ritz, localizado na Alameda Franca, nos Jardins. A ação teve início em 30 de julho de 2025 e está programada para continuar até novembro deste ano, com atualizações semanais às quartas-feiras.
Cada atualização apresenta dois looks históricos de estilistas ou marcas que marcaram a trajetória do SPFW, acompanhados de vídeos dos respectivos desfiles. De acordo com Borges, é um sucesso na comunidade, gerando expectativa para os próximos looks e estilistas.
Line-up: o que volta, o que estreia
Sobre o line-up, Borges destaca a volta de marcas que haviam se afastado: “Tem várias marcas que estão voltando para o line-up, que tinham se afastado por várias questões, cada um por uma questão própria”, reforçando, portanto, a diversidade e o prestígio conquistado pelo evento ao longo das últimas três décadas. O evento celebra o retorno de nomes consagrados ao calendário oficial, como Amir Slama, Flávia Aranha e Ronaldo Fraga, por exemplo.
A programação contará com 38 desfiles, incluindo duas estreias que prometem movimentar o circuito: Uó, nova proposta assinada por Marcelo Sommer, e Chapéus Davi Ramos, que apresenta sua primeira coleção de roupas.
A edição especial de outubro ainda se destaca, inclusive, pela presença de projetos especiais que ampliam o diálogo entre moda, impacto social e inovação. Iniciativas como o Sou de Algodão, que promove o uso consciente do algodão brasileiro, o Cria Costura, voltado à capacitação de novos talentos da periferia, e o Mercado Livre Moda, que conecta criadores independentes a plataformas de e-commerce, reforçam o compromisso do evento com a diversidade, a inclusão produtiva e a valorização da cadeia criativa nacional.
Abrindo a programação da 60ª edição da São Paulo Fashion Week, os estilistas João Pimenta e Gloria Coelho desfilam suas coleções no dia 13 de outubro, marcando o início da celebração dos 30 anos do evento.
Conhecido por seu olhar provocador sobre a moda masculina, João Pimenta apresenta uma nova proposta que mescla alfaiataria com referências urbanas e de gênero fluido. Já Gloria Coelho retorna com sua estética futurista e minimalista, explorando tecnologia, espiritualidade e formas arquitetônicas em peças que desafiam o tempo e a lógica.

Vencer desafios e superar mitos
A trajetória do SPFW foi construída em meio a desafios de autoestima e mitos que cercavam a moda nacional. Criada em 1995 pelo produtor natural de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, a semana precisou superar um próprio senso de inferioridade sobre a moda nacional.
“No começo, ninguém acreditava no potencial criativo local. Era consenso que moda boa vinha apenas de fora”, lembra Borges.
O evento ajudou a quebrar essa lógica. Ano após ano, projetou estilistas brasileiros no cenário internacional e ampliando o espaço da moda na imprensa, dos antigos cadernos femininos e colunas sociais às editorias de negócios e cultura.
Essa virada se apoiou em pilares cada vez mais estratégicos para investidores: diversidade e sustentabilidade. Desde 2020, por exemplo, Borges exige que metade do casting dos desfiles seja formado por modelos afrodescendentes e indígenas. Isso não só alterou a fotografia de moda, como abriu espaço para novos perfis de consumo e representatividade, explica.
Lá atrás, em 2006, a SPFW também tomou para si a responsabilidade pioneira de alcançar a marca carbono zero, aliás, compensando emissões com reflorestamento na Mata Atlântica. “Fizemos isso de forma espontânea, sem usar como pauta promocional. O compromisso era verdadeiro”, reforça Borges.

Projetos pessoais
As produções personalíssimas de Borges, claro, dialogam com mais de 30 anos dedicados à moda. Por diversas vezes, elas se entrelaçam também à gênese da SPFW, como o documentário sobre sua vida e obra e a continuidade da escrita de um livro autobiográfico.
Paulo Borges – Muito Além da Moda é desenvolvido em parceria com a produtora Popcon e será exibido pelo canal E! ainda em 2025. A série contará com três episódios de uma hora cada. “O primeiro episódio do documentário vai falar de 1983 até 2001, e os capítulos seguintes acompanham o restante da minha história até hoje”, explica.
Sobre o livro, ele escreve desde que seu filho Henrique tinha cinco anos. “É um livro da minha vida mesmo, com histórias pessoais, familiares e profissionais. Diferente do documentário, o livro não tem limite de tempo, permite viajar nas memórias e emoções”, detalha.

Cultura da moda: imperfeita e interminável
A cultura da moda é, como Borges gosta de ressaltar, um processo interminável. “E imperfeita, ainda bem”, comenta, lembrando que são justamente nas imperfeições que residem os estímulos à criatividade e à inovação.
De acordo com Paulo, o Brasil vive hoje um momento singular nesse universo: “Eu acho que hoje as pessoas entenderam que a moda vive de protagonismos e de momentos que são diversos e em transformação. Tanto que muitas marcas novas têm surgido e têm crescido muito rapidamente. Isso é efeito do que a gente construiu como cultura para fazer uma semana de moda nova”, explica.
Para o criador da SPFW, os próximos anos prometem ser favoráveis não apenas para a moda brasileira, mas para o país como um todo. A diversidade, a inovação e a criatividade consolidam o Brasil como protagonista em um cenário global em constante transformação.
Moda como economia e comportamento
A SPFW, de acordo com Borges, não é apenas uma vitrine de roupas. É uma plataforma de cultura e economia. “Moda é design, marca, narrativa, qualidade de produto, comportamento. É um setor que emprega 75% de mulheres e é uma das três maiores indústrias do país. É relevante para economia e sociedade”, afirma.
O impacto da SPFW se estende a múltiplos setores: das tecelagens à mídia, da educação ao turismo. “Quando os jornalistas internacionais começaram a vir a São Paulo Fashion Week, tivemos que reeducá-los sobre o Brasil real, que é muito mais que samba, caipirinha e carnaval. São Paulo é a capital econômica do país, é onde a moda se desenvolve com inovação, experimentação e cultura”, afirma.
A SPFW inclusive transformou a educação na moda: “Quando começamos, havia apenas duas faculdades de moda no Brasil. Hoje são mais de 200. Criamos carreiras, profissões e ecossistemas inteiros”, diz Borges. Modelos como Gisele Bündchen, por exemplo, que se formaram na SPFW, tornaram-se referência global e continuam a se conectar com o evento. “Todo mundo aprende junto, erra junto, muda junto. A moda é humana, é sobre pessoas”, afirma.
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