Após alta do IOF, contas em dólar ainda valem mais a pena que cartões pré-pagos e cartões de crédito? Fizemos as contas
Comparamos cotações de contas como Wise, Nomad, Avenue e as contas globais de bancos com a compra de papel-moeda, cartões pré-pagos e cartões de crédito internacionais

As mudanças no Imposto sobre Transações Financeiras (IOF) anunciadas pelo governo Lula na última quinta-feira (22) incluíram o aumento do imposto sobre o câmbio para a compra de moeda estrangeira em espécie, por meio de contas digitais globais e cartões pré-pagos, além do pagamento via cartão de crédito internacional.
Anteriormente, a compra de moeda estrangeira em espécie ou por meio de contas digitais internacionais — contas em dólar ou multimoedas como Wise, Nomad, Avenue e contas globais de bancos —, tinham uma alíquota de IOF mais “camarada”, de apenas 1,1%.
Enquanto isso, cartões pré-pagos e de crédito ficavam sujeitos a uma alíquota de 3,38%, que vinha caindo 1 ponto percentual por ano, com o objetivo de ser, eventualmente, zerada.
- VEJA TAMBÉM: Vale investir nas ações do Nubank (ROXO34) após o 1º trimestre de 2025? Analistas do BTG dão o veredito em relatório gratuito
A partir da mudança anunciada pelo Ministério da Fazenda, a alíquota do IOF para todas essas transações de câmbio foi igualada em 3,50%, deixando a conversão para moedas estrangeiras mais cara em todas as modalidades.
A queda anual na alíquota do IOF para cartões de crédito e pré-pagos também foi suspensa.
Porém, o que essa mudança também fez foi tirar boa parte da atratividade das contas globais, que se mostravam como a alternativa mais vantajosa para levar dinheiro para o exterior e uma das mais interessantes para se fazer pagamentos internacionais.
Leia Também
Afinal, elas combinavam a segurança e a praticidade dos meios de pagamento eletrônicos (caso dos cartões de crédito e pré-pagos) com o IOF mais baixo da compra de papel-moeda.
Diferença entre contas em dólar e cartões pré-pagos caiu pela metade
Em uma simulação feita pelo Seu Dinheiro em 2022, mostramos, por meio que as contas em dólar podiam reduzir o custo do câmbio em até 8%, quando comparadas com cartões pré-pagos.
Agora, essa diferença caiu pela metade, para apenas cerca de 4%, quando comparada a cotação mais barata obtida em uma conta em dólar e a cotação média dos cartões pré-pagos na cidade de São Paulo (onde, com a alta demanda e a concorrência das casas de câmbio, os preços para o comprador tendem a ser melhores).
A diferença se mantém porque o IOF mais em conta não era a única diferença de custo das contas em moeda estrangeira em relação aos meios de pagamento tradicionais.
Elas também se diferenciam por utilizar a cotação comercial das moedas, e não a cotação turismo, utilizada na compra de papel-moeda e cartões pré-pagos.
Além disso, seus spreads ou taxas cobradas costumam ser menores que os spreads das casas de câmbio ou mesmo os dos cartões de crédito. Aliás, de 2022 para cá também vimos muitas contas em moeda estrangeira reduzirem seus spreads, com o aumento da concorrência nesse segmento de mercado.
Seja como for, é possível afirmar que, mesmo com o aumento do IOF para 3,50% e a instituição da sua paridade para todas as operações de câmbio, as contas em moeda estrangeira ainda conseguem manter sua vantagem em relação à compra de dinheiro em espécie e cartões pré-pago, ao menos por enquanto.
Na tabela a seguir, simulamos as duas formas tradicionais de compra de dólar, levando em conta a média da cidade de São Paulo, e também o valor efetivo total (VET) praticado para a moeda americana nas principais contas em dólar do mercado hoje. As cotações do dólar comercial e do dólar turismo servem para referência.
Em todos os casos foi considerado o novo IOF, de 3,50%.
Tipo de cotação | Custo de US$ 1 | Quanto eu terei se converter R$ 500? |
---|---|---|
Dólar comercial | R$ 5,646 | US$ 88,59 |
Dólar turismo | R$ 5,688 | US$ 87,90 |
Compra de papel-moeda (São Paulo) | R$ 6,02 | US$ 83,06 |
Cartão pré-pago (São Paulo) | R$ 6,12 | US$ 81,70 |
BTG* | R$ 5,87 | US$ 85,18 |
Revolut* | R$ 5,88 | US$ 85,03 |
Wise* | R$ 5,89 | US$ 84,89 |
Nubank (Wise)* | R$ 5,89 | US$ 84,89 |
Inter* | R$ 5,90 | US$ 84,75 |
Nomad* | R$ 5,97 | US$ 83,75 |
XP* | R$ 5,98 | US$ 83,61 |
Avenue Banking* | R$ 6,00 | US$ 83,33 |
Fontes: UOL Economia (cotações de dólar comercial e turismo), melhorcâmbio.com (cotações de compra de papel-moeda e cartão pré-pago em São Paulo com base no dólar turismo), bancos e fintechs (cotações próprias). Simulação realizada na tarde de 27 de maio de 2025.
Repare que mesmo no caso das contas com maior spread, a cotação ainda é mais vantajosa do que a da compra de papel-moeda ou cartão pré-pago.
Além disso, a maior parte das contas analisadas oferece uma cotação parecida para o dólar americano, ao redor de R$ 5,90 na tarde de ontem. É o caso de BTG, Revolut, Inter e da popular Wise, que além da conta própria tem uma parceria com o Nubank para oferecer sua conta em dólar e euro dentro do app do Nu.
- SAIBA MAIS: Onde investir para buscar ‘combo’ de dividendos + valorização? Estes 11 ativos (ações, FIIs e FI-Infras) podem gerar renda passiva atrativa
E na comparação com o cartão de crédito?
Transações com cartão de crédito agora também passaram a ser tributadas em 3,50%, mas o câmbio utilizado nas conversões não é tão transparente quanto o das demais operações abordadas nesta matéria.
No entanto, as bandeiras costumam usar a cotação de venda do dólar PTAX (calculada pelo Banco Central a partir das transações feitas no mercado) do dia da compra, e pode ainda haver um spread em cima dessa cotação.
Se considerarmos a cotação do dólar PTAX de venda de ontem (R$ 5,6539), sem qualquer spread e um IOF de 3,50%, chegamos a um valor efetivo total de cerca de R$ 5,85, mais vantajoso que o das contas em dólar.
Mas se houver um spread de apenas 1%, já chegamos a um valor efetivo total de R$ 5,91, que já se torna desvantajoso frente a algumas contas em dólar disponíveis no mercado.
O cartão de crédito do Nubank, por exemplo, cobra 4% de spread no câmbio em compras internacionais, segundo informações disponíveis no app do Nu. Isso eleva o valor efetivo total para R$ 6,09, perdendo a vantagem ante as contas globais.
A MasterCard disponibiliza uma calculadora de conversões entre moedas em compras internacionais nos cartões de crédito com a sua bandeira, na qual é possível considerar o spread bancário.
Sem qualquer spread, a conversão de uma compra feita em dólares para reais na tarde de ontem resultava numa cotação de R$ 5,68, um pouco superior ao dólar PTAX de venda. Com spread zero e um IOF de 3,50%, o valor efetivo total ficaria em R$ 5,88, já similar a boa parte das contas globais analisadas.
Se considerado o spread de 4%, o valor sobe para altíssimos R$ 6,11, quase se igualando à cotação dos cartões pré-pagos na simulação.
Ou seja, a cotação do cartão de crédito tende a ser igual ou maior que aquela praticada na maior parte das contas globais disponíveis hoje, com o IOF em 3,50%.
- VEJA MAIS: Duas ações para “apimentar” a carteira que podem “surfar” o fim das altas da Selic
Mas nem tudo é câmbio…
Na hora de escolher um meio de pagamento para comprar no exterior e levar recursos em viagem, no entanto, o custo do câmbio não é o único fator a ser considerado.
Embora os meios eletrônicos sejam mais práticos e seguros, numa viagem, ter algum dinheiro em espécie trocado costuma ser importante, embora cada vez mais transações, mesmo as de menor valor, já possam hoje ser feitas eletronicamente.
Contas globais, por sua vez, são acessíveis e podem ser usadas para compras online no exterior mesmo por quem não consegue um bom cartão de crédito internacional sem anuidade e com um bom limite.
Além disso, tanto as contas globais quanto os cartões pré-pagos permitem ao usuário ir poupando aos poucos para a viagem já na moeda estrangeira do destino, travando o custo do câmbio de antemão, o que possibilita um melhor planejamento.
Mas se ao usar cartões de crédito no exterior você fica mais sujeito às flutuações do câmbio, sem muita ideia de quanto suas compras vão custar, a utilização desse meio de pagamento em compras lá fora ainda rende pontos e milhas.
Também há a questão da variedade de moedas: cartões pré-pagos costumam ser multimoedas, enquanto a maioria das contas globais só oferece o dólar americano. Ao serem utilizadas para gastos em outra moeda, há dupla conversão, o que pode sair bastante caro.
Já os menores de idade não podem usar cartão de crédito próprio nem abrir contas globais, mas podem ter cartões pré-pagos.
Bolsas se animam com decisão de tribunal americano que barrou tarifas de Trump; governo já recorreu
Tribunal de Comércio Internacional suspendeu tarifas fixa de 10%, taxas elevadas e recíprocas e as relacionadas ao fentanil. Tarifas relacionadas a alumínio, aço e automóveis foram mantidas
Haddad está com os dias contados para discutir alternativas ao aumento do IOF — mas não há nenhuma proposta concreta até agora
O líder do governo no Congresso afirmou que o governo tem 10 dias para dialogar sobre alternativas ao decreto que elevou as alíquotas do IOF
Prevenir é melhor que remediar: Ibovespa repercute decisão judicial contra tarifaço, PIB dos EUA e desemprego no Brasil
Um tribunal norte-americano suspendeu o tarifaço de Donald Trump contra o resto do mundo; decisão anima as bolsas
Lisboa ou Porto: qual cidade portuguesa tem mais a sua cara?
História, gastronomia e vinho: qual o estilo, onde ficar e o roteiro de um dia perfeito entre os contrastes de Lisboa e a tradição do Porto
É só até esta sexta (30)! Este guia rápido ajuda quem deixou para declarar o imposto de renda 2025 na última hora
Veja como agilizar o preenchimento da declaração para não perder o prazo e acabar pagando multa
Entenda a resolução do BC que estremeceu as provisões dos bancos e custou ao Banco do Brasil (BBAS3) quase R$ 1 bilhão no resultado do 1T25
Espelhada em padrões internacionais, a resolução 4.966 requer dos bancos uma abordagem mais preventiva e proativa contra calotes. Saiba como isso afetou os resultados dos bancões e derrubou as ações do Banco do Brasil na B3
Quina rouba a cena e faz o mais novo milionário do Brasil; Lotofácil tem 3 ganhadores
Ganhador da Quina efetuou aposta premiada em casa lotérica estabelecida na cidade de São Paulo; Mega-Sena corre hoje valendo R$ 11 milhões na faixa principal
Rodolfo Amstalden: A parábola dos talentos financeiros é uma anomalia de volatilidade
As anomalias de volatilidade não são necessariamente comuns e nem eternas, pois o mercado é (quase) eficiente; mas existem em janelas temporais relevantes, e podem fazer você ganhar uma boa grana
Do risco elevado ao calote de fato: Azul (AZUL4) recebe classificação D das agências de rating após pedido de recuperação judicial
Fitch e S&P Global já haviam rebaixado notas de crédito da companhia para CCC- recentemente, indicando nível elevado de calote
Nvidia reporta balanço acima do esperado e ações saltam no after market, mas bloqueio de seus chips para China afeta guidance
Lucro por ação e receita bateram as estimativas, mas resultados trimestrais já viram impacto de bloqueio das exportações de chips para o Gigante Asiático
Citi vê dois gatilhos para as ações da Petrobras (PETR4), mas tem recomendação neutra — e motivos têm a ver com dividendos
Banco americano iniciou cobertura das ações preferenciais deixando a Petrobras em banho-maria, diante das incertezas em relação ao preço do petróleo e mais investimentos à frente
Centre Pompidou, museu francês fechado até 2030, abre nova unidade em… Foz do Iguaçu; entenda
O espaço é um dos clássicos da cena artística de Paris e tem um acervo extenso de arte moderna e contemporânea
De São Paulo a Xangai em um clique: China abre seu mercado de ações para o Brasil em uma parceria rara de ETFs recíprocos
Primeiros fundos lançados na B3 para investir direto em ações chinesas são da Bradesco Asset e já estão sendo negociados
De olho em expansão internacional, Havaianas se une à top model Gigi Hadid em colaboração exclusiva
Coleção com quatro modelos foi anunciada nesta quarta-feira (28) e integra parte da estratégia da Alpargatas (ALPA4) de levar as Havaianas mundo afora
Após entrar com pedido de recuperação judicial, Azul (AZUL4) será excluída do Ibovespa e demais índices da B3; entenda
A companhia aérea formalizou nesta quarta-feira (28) um pedido de proteção contra seus credores nos Estados Unidos — o temido Chapter 11
Visa lança cartão para público ultrarrico, com direito a experiências que o dinheiro não compra; entenda quem pode ser cliente
Com a barra bem alta, público potencial do programa de fidelidade é de apenas 200 mil pessoas no país e requer convite de bancos para entrar no “clube de mimos”
Na dúvida, fica como está: ata do Fed indica preocupação com as possíveis consequências das tarifas de Trump
A decisão pela manutenção das taxas de juros passou pelo dilema entre derrubar a atividade econômica e o risco de aumento de inflação pelas tarifas
O ciclo de alta acabou? Bitcoin (BTC) recua para US$ 107 mil, e mercado de criptomoedas entra em modo de correção
Bitcoin recua após alta de quase 50% em menos de dois meses, altcoins desabam e mercado entra em correção — mas analistas ainda veem espaço para valorização
Se não houver tag along na oferta de Tanure pela Braskem (BRKM5), “Lei das S.A. deixou de nos servir”, diz presidente da Amec
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Fábio Coelho explica os motivos pelos quais a proposta do empresário Nelson Tanure pelo controle da Braskem deveria acionar o tag along — e as consequências se o mecanismo for “driblado”
Após reunião com banqueiros, Fazenda diz que vai estudar alternativas ao IOF
Ministro da Fazenda e secretário-executivo estiveram com os presidentes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e dos quatro maiores bancos privados do país