🔴 OURO DISPARA 55% EM 2025: AINDA DÁ PARA INVESTIR? – SAIBA COMO SE EXPOR AO METAL

Ricardo Gozzi

É jornalista e escritor. Passou quase 20 anos na editoria internacional da Agência Estado antes de se aventurar por outras paragens. Escreveu junto com Sócrates o livro 'Democracia Corintiana: a utopia em jogo'. Também é coautor da biografia de Kid Vinil.

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Trump é a maior fonte de imprevisibilidade geopolítica e econômica da atualidade — e quem diz isso pode surpreender

Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, falou com exclusividade ao Seu Dinheiro sobre a imposição, por Donald Trump, da sobretaxa de 50% às exportações brasileiras para os EUA

Ricardo Gozzi
11 de julho de 2025
7:02 - atualizado às 5:58
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central - Imagem: Divulgação

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é a principal fonte de imprevisibilidade geopolítica e econômica do mundo atual.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Essa declaração poderia ter saído da boca de uma extensa fila de personalidades rotuladas como “radicais”, mas não.

Quem afirma é o ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Loyola.

Em entrevista exclusiva concedida ao Seu Dinheiro no dia seguinte à imposição, por Trump, de uma sobretaxa de 50% às exportações brasileiras para os EUA, o economista diz que ainda é cedo demais para saber se o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC vai precisar elevar a Selic, atualmente em 15% ao ano.

O que já se pode afirmar, segundo ele, é que o Copom terá que manter a taxa básica de juros em níveis bastante restritivos por mais tempo do que se supunha.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“As chances de que os juros caiam mais rápido diminuíram.”

Leia Também

De ex-BC para BC

O fato é que o Copom mantém a porta aberta para agir.

Nesse sentido, Loyola vê o atual presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, empenhado em cumprir seu mandato de levar a inflação rumo à meta sem ceder a eventuais pressões em contrário.

“Galípolo faz um trabalho correto, profissional, bem feito, dentro das possibilidades que tem e transmite as mensagens que precisa transmitir.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na situação atual, o que preocupa o ex-banqueiro central é a percepção de risco em relação ao Brasil.

“Ter um contencioso com os Estados Unidos não é uma coisa boa. Pode afetar investimentos. Já não é bom para um país como o Canadá ou para a União Europeia, então imagine para o Brasil, que é um primo pobre”, afirma Loyola.

“Então, temo que ocorra no médio prazo um câmbio mais desvalorizado do que poderia estar, levando a uma pressão adicional sobre os preços que poderia ser evitada.”

Os acontecimentos dos últimos dias também levaram Loyola a fazer, embora de maneira involuntária, uma espécie de "reconstituição de um tiro no pé", que começou com a declaração de guerra comercial contra o mundo por parte de Trump até chegar às tarifas punitivas contra o Brasil.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os principais pontos da entrevista você confere a seguir.

O imprevisível Donald Trump

Gustavo Loyola acredita ter bons motivos para rotular Trump como a maior fonte de imprevisibilidade global da atualidade.

Não é só pelo comportamento errático de Trump, o que já seria suficiente para embasar a opinião.

Aos 72 anos, o ex-banqueiro central diz raramente ter percebido um momento tão imprevisível quanto o atual. E Loyola passou por praticamente toda a Guerra Fria, pela Crise dos Mísseis, pelo crash do petróleo, pelo fim do padrão-ouro e pela queda do Muro de Berlim. Isso sem contar hiperinflação, ditadura e redemocratização no Brasil.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para o economista, o problema maior está no fato de Trump estar à frente de um país com o tamanho e a importância dos EUA no mundo contemporâneo.

“A gente tem Trump, desde seu primeiro mandato, minando toda a estrutura multilateral criada no pós-guerra”, afirma Loyola, que também é diretor-presidente da consultoria Tendências.

A anatomia de um tiro no pé

No início de fevereiro, ainda nos primeiros dias do atual mandato de Trump, o ex-secretário do Tesouro norte-americano Larry Summers qualificou a postura do atual presidente dos EUA como a de alguém que ameaça dar um tiro no próprio pé.

Isso por causa da lógica econômica manifestada pelo atual inquilino da Casa Branca.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Segundo Summers, mais cedo ou mais tarde, a sanha tarifária de Trump tende a resultar em preços mais altos para os consumidores e em insumos mais caros para os produtores norte-americanos.

Mesmo nesse contexto de guerra comercial contra tudo e contra todos, a taxação imposta ao Brasil é inusitada em mais de um sentido.

“Não é só pela falta de justificativa econômica. Historicamente, o Brasil mantém déficits comerciais com os Estados Unidos. Mas é um tiro no pé da própria economia norte-americana. Hoje você tem uma grande integração das cadeias produtivas. Essa tarifa de 50% vai atingir de fato muitos segmentos da economia brasileira, mas também terá efeitos negativos nos Estados Unidos.”

Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A motivação política de Trump

Para além de ter aplicado ao Brasil as mais altas taxas da atual rodada da guerra comercial, o que mais chamou a atenção — e desencadeou críticas — foi a justificativa de Trump.

As contestáveis queixas comerciais norte-americanas ficaram em segundo plano diante da dimensão explicitamente política das tarifas.

Em carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump exige o fim dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Como se não houvesse separação de poderes no Brasil.

“A gente pode discutir o que pesou mais sobre essas razões políticas. Se foi a questão do Brics e ele escolheu o Brasil para ser o exemplo”, diz Loyola.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No entanto, Trump não menciona o Brics na carta — embora tenha feito, nos últimos dias, ameaças a quem se aliar ao bloco.

O que Loyola considera mais inusitado é a menção a Bolsonaro.

“Bolsonaro está sendo julgado dentro dos parâmetros constitucionais do Brasil. A gente pode até não concordar com as decisões do Supremo [Tribunal Federal], mas ele age dentro da legalidade.”

O que dá outro peso ao comentário de Loyola é uma espécie de distanciamento dos principais atores políticos do momento.

O economista não é identificado nem com Lula nem com Bolsonaro, mas com os pais do Plano Real.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ele foi presidente do Banco Central sob Itamar Franco, de novembro de 1992 a março de 1993, e sob Fernando Henrique Cardoso, de junho de 1995 a agosto de 1997.

Loyola também chama a atenção para o fato de Donald Trump atacar a democracia brasileira ao mesmo tempo em que os EUA mantêm relações cordiais com diversos países que não respeitam a lei. “Alguns dos quais chegam a assassinar seus inimigos políticos”, afirma.

O economista não cita nominalmente nenhum desses países, mas uma passada de olho por qualquer lista resumida ou ampliada de aliados dos EUA basta para ver que nem tudo rescende a democracia e liberdade.

Trump, anticabo eleitoral?

Outro tiro no pé derivado dessa situação pode estar no potencial impacto eleitoral das tarifas sobre o Brasil.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se a intenção da Casa Branca era demonstrar apoio a Bolsonaro, o impacto inicial aponta na direção oposta.

A atitude de Trump dá motivo para petistas acusarem bolsonaristas de irem contra os interesses do Brasil.

“É um prato cheio para o governo Lula usar isso contra ele”, afirma.

Ainda falta mais de um ano para as eleições presidenciais de 2026, mas uma eventual permanência das tarifas nos níveis anunciados por Trump pode ser usada pelo governo para reverter a queda de popularidade e enfraquecer a oposição.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Não custa lembrar que, há apenas alguns meses, a ameaça de Trump de anexar o Canadá reverteu o cenário eleitoral na última hora e impediu uma vitória conservadora antes dada como certa.

Um crime...

Embora aliados de Bolsonaro tenham se apressado em acusar Lula, Loyola considera que não se pode culpar o Brasil pelo que está acontecendo.

“Por mais críticas que se possa fazer ao governo brasileiro, a gente não pode tirar de perspectiva o absurdo que Trump está fazendo”, diz ele.

O ex-presidente do BC faz então mais uma observação cujo peso varia de acordo com o mensageiro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Não se pode minimizar o trabalho de lesa-pátria executado por bolsonaristas radicados nos Estados Unidos. Está muito claro, amplamente registrado na imprensa, que bolsonaristas, mais precisamente nas figuras de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, estavam fazendo lobby em Washington para criar entraves ao Brasil”, afirma Loyola.

Fonte: Dicionário Priberam.

... e uma falha diplomática do Brasil

De qualquer modo, o economista identifica uma falha na atuação do Itamaraty.

Crítico da política externa “ativa e altiva” implementada sob Lula, Loyola diz que no caso atual, a diplomacia brasileira foi muito passiva.

“A gente não usou o poder de lobby que poderia ter", disse ele.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

"Claro que não é um poder muito grande, mas há grandes empresas americanas que compram do Brasil e poderiam nos apoiar. Ao menos a gente não viu um reflexo desse trabalho do Itamaraty. Talvez o governo brasileiro tenha subestimado o que Trump poderia fazer.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
AO INFINITO E ALÉM!

Como é o foguete que o Brasil vai lançar em dezembro (se não atrasar de novo)

26 de novembro de 2025 - 16:39

Primeira operação comercial no país vai levar ao espaço satélites brasileiros e tecnologias inéditas desenvolvidas por universidades e startups

O VEREDICTO DA AUTARQUIA

Liquidação do Banco Master não traz risco sistêmico, avalia Comitê de Estabilidade Financeira do BC

26 de novembro de 2025 - 15:01

A instituição do banqueiro Daniel Vorcaro cresceu emitindo certificados com remunerações muito acima da média do mercado e vinha enfrentando dificuldades nos últimos meses

COMO FICA AGORA

Imposto de Renda: o que muda a partir de 2026 para quem ganha até R$ 5 mil e para a alta renda, a partir de R$ 50 mil por mês

26 de novembro de 2025 - 13:37

Além da isenção para as faixas mais baixas, há uma taxa de até 10% para quem recebe acima de R$ 50 mil por mês

NOVO ENDINHERADO NA ÁREA

A cidade brasileira que é a capital nacional do arroz, tem a maior figueira do mundo — e é o lar do mais novo milionário da Mega-Sena

26 de novembro de 2025 - 12:33

Cidade gaúcha une tradição agrícola, patrimônio histórico e curiosidades únicas — e agora entra no mapa das grandes premiações da Mega-Sena

APÓS A PRISÃO

Defesa de Vorcaro diz que venda do Banco Master e viagem a Dubai foram comunicadas ao BC

26 de novembro de 2025 - 10:34

O banqueiro foi preso na semana anterior devido à Operação Compliance Zero da Polícia Federal, que investiga um esquema de emissão de títulos de crédito falsos

REGRAS PARA PREVINIR

A proposta do FGC para impedir um novo caso ‘Banco Master’ sem precisar aumentar o colchão do fundo

26 de novembro de 2025 - 10:06

Com maior resgate da história do FGC, o caso Banco Master acelera discussões sobre mudanças nas regras do fundo e transparência na venda de CDBs

NIS FINAL 8

Pagamentos do Bolsa Família e Gás do Povo chegam a beneficiários com NIS final 8 nesta quarta (26)

26 de novembro de 2025 - 8:27

O pagamento do benefício ocorre entre os dias 14 e 28 deste mês e segue ordem definida pelo último número do NIS

QUANTO VAI SUBIR?

Quanto vai ser o salário mínimo de 2026 e o que ainda falta para ele entrar em vigor

26 de novembro de 2025 - 7:13

O novo piso salarial nacional para 2026 já foi proposto, mas ainda aguarda aprovação; saiba o que ainda falta

LOTERIAS

Mega-Sena paga prêmio de quase R$ 15 milhões na ‘capital nacional do arroz’; bola dividida deixa Lotofácil em segundo plano

26 de novembro de 2025 - 6:32

Enquanto a Mega-Sena saiu para uma aposta simples, a Lotofácil premiou um total de 11 apostadores; as demais loterias da Caixa acumularam ontem (25).

PERSPECTIVAS MACRO

2026 sem alívio: projeções do Itaú indicam juros altos, inflação resistente e dólar quase parado

26 de novembro de 2025 - 6:01

Cenário deve repetir 2025, apesar de R$ 200 bilhões em impulsos fiscais que turbinam o PIB, mas mantêm pressão nos preços

ENERGIA DEMAIS?

Um problema para o sistema elétrico? Por que a Aneel quer cortar o excedente de energia renovável

25 de novembro de 2025 - 16:11

Agência aprova plano emergencial para evitar instabilidade elétrica em a excesso de energia solar e eólica

RECORDE

Uma vaca de R$ 54 milhões? Entenda o que faz Donna valer mais que um avião a jato

25 de novembro de 2025 - 13:52

Entenda como Donna FIV CIAV alcançou R$ 54 milhões e por que matrizes Nelore se tornaram os ativos mais disputados da pecuária de elite

FOLLOW THE MONEY

Foi vítima de golpe no Pix? Nova regra do Banco Central aumenta suas chances de reembolso; entenda como funciona

25 de novembro de 2025 - 10:37

Nova regra do Banco Central reforça o MED, acelera o processo de contestação e aumenta a recuperação de valores após fraudes

NA MIRA DA PF

BRB no centro da crise do Master: B3 exige explicações sobre possíveis operações irregulares, e banco responde

25 de novembro de 2025 - 10:26

Em março, o banco estatal de Brasília havia anunciado a compra do Master, mas a operação foi vetada pelo Banco Central

MP 1.304

Nova lei do setor elétrico é sancionada, com 10 vetos do governo: veja o que muda agora

25 de novembro de 2025 - 9:50

Governo vetou mudança na forma de averiguar o preço de referência do petróleo, pois a redefinição da base de cálculo “contraria o interesse público”

UM CONTO DE NATAL

Um conto de Black Friday: como uma data que antes era restrita aos Estados Unidos transformou o varejo brasileiro 

25 de novembro de 2025 - 9:45

Data que nasceu no varejo norte-americano ganhou força no Brasil e moldou uma nova lógica de promoções, competição e transparência de preços.

EM MANUTENÇÃO

Lotofácil tem 24 ganhadores, mas só 3 vão receber o dinheiro todo; Timemania pode pagar (bem) mais que a Mega-Sena hoje

25 de novembro de 2025 - 7:10

Seis bilhetes cravaram as dezenas válidas pela Lotofácil 3545, sendo três apostas simples e três bolões; todas as demais loterias sorteadas ontem acumularam

ATRASOU? O QUE FAZER?

13º salário atrasou? Saiba o que fazer se o empregador não realizar o pagamento da primeira parcela até sexta-feira (28)

25 de novembro de 2025 - 6:39

O prazo limite da primeira parcela do 13° é até a próxima sexta-feira (28), veja o que fazer caso o empregador atrase o pagamento

DESTAQUES DO JORNALISMO

Seu Dinheiro figura no Prêmio +Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças 2025

24 de novembro de 2025 - 19:02

Site contou com três jornalistas na primeira seleção que escolhe os 50 mais admirados do país

POLÍTICA MONETÁRIA

“O Banco Central não se emociona”, diz Galípolo; juro vai se manter restritivo até que inflação chegue à meta de 3%

24 de novembro de 2025 - 16:58

Em evento da Febraban, o presidente do BC destacou o papel técnico da autarquia para controlar a inflação, sem influência da “questão midiática”

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar