Todo poder a Milei? Com voto de Minerva e repressão a manifestantes, Senado da Argentina aprova pacote ultraliberal
O projeto concede amplos poderes ao Executivo, dando prerrogativas de interferência ao presidente, mas foi desidratado na Casa

Dentro do Senado da Argentina, a votação era apertada. Foram 36 votos contra e 36 a favor do projeto chamado Ley de Bases proposto pelo presidente do país, Javier Milei, para desregulamentar a economia local. Veja como está o país após seis meses da gestão libertária.
Quem deu o voto de Minerva — isto é, o decisivo para a aprovação do pacote — foi a presidente da Casa e vice-presidente, Victora Villarruel. O projeto, também conhecido como Ley Ómnibus, havia sido aprovado pela Câmara do país antes de ir para aprovação dos senadores.
Em linhas gerais, a proposta visa declarar uma “emergência pública em matéria administrativa, econômica, financeira e de energia” por um ano.
Mais do que isso, o projeto buscava conceder amplos poderes ao Executivo de interferir nos demais poderes e outras instâncias legais — dando ao presidente prerrogativas de intromissão em diversas áreas.
Contudo, o texto foi bastante desidratado na sua passagem pelo Senado e ainda precisa ser apreciado pela Câmara mais uma vez antes de ir para sanção presidencial.
Mesmo a previsão de “poderes totais” do presidente foi retirada de última hora, como a chance de dissolver organizações ligadas à cultura ou excluir entidades do poder de intervenção presidencial. Ou seja, novas mudanças podem acontecer no meio do caminho.
Leia Também
Se do lado de dentro do Senado os debates foram acalorados, do lado de fora do Congresso, manifestantes e policiais foram às vias de fato. Como tem sido costume, movimentos de trabalhadores contrários às medidas ultraliberais de Milei.
- Javier Milei pode dar um “empurrãozinho” em ação brasileira? Veja como uma promessa de campanha do presidente argentino é capaz de impulsionar os resultados de uma empresa listada na B3

A Ley de Bases da Argentina: o que ficou de fora
O texto passou por uma série de alterações e terminou com pouco mais de 200 artigos, sendo que cerca de 112 deles relativos a medidas fiscais. Entre os destaques que ficaram de fora, a proposta de reforma do imposto de renda foi retirada do projeto original.
Ela previa a reversão de um ajuste feito pela gestão anterior, que reduzia a faixa de rendimento máximo não tributável para ARS 1,8 milhão (aproximadamente R$ 10,5 mil nas cotações atuais) para trabalhadores solteiros e ARS 2,2 milhões (R$ 12,8 mil) para os casados.
Em outras palavras, cerca de 800 mil trabalhadores voltariam a pagar imposto de renda, com as cobranças variando de 5% a 35% da renda, caso a proposta tivesse sido aprovada.
Argentina e as privatizações
Também foi retirado o artigo que poderia permitir ao poder executivo elevar a arrecadação em até 2% do PIB, por meio de eliminação ou modificação de isenções de despesas e benefícios fiscais.
A proposta foi apoiada pela oposição, porém senadores das províncias mais industriais foram contra devido ao regime de promoção da indústria nacional, que garantia incentivo a essas atividades.
Já no campo das privatizações, ficaram de fora os planos de desestatizar a Aerolíneas Argentinas e a Radio y Televisión Argentina, bem como o artigo que visava privatizar ou conceder o Correo Argentino à iniciativa privada.
E o que ficou dentro
Do outro lado, empresas como a Nucleoeléctrica Argentina Sociedad Anónima (NASA) e a Yacimientos Carboniferous Rio Turbio (YCRT) poderão incorporar capital privado, mas com ações majoritárias do Estado.
Essa foi a mesma proposta feita para o Banco Nacíon em uma das muitas rodadas da Ley de Bases no Congresso. As demais empresas listadas na proposta seguem com a possibilidade de serem privatizadas.
Regularização de fortunas na Argentina
Além disso, um dos artigos aprovados por unanimidade no Senado foi aquele que dizia respeito à regularização de fortunas não declaradas, isentando de impostos valores de até US$ 100 mil. Haverá uma alíquota progressiva, começando em 5% já em 2024 e que vai a 15% em março de 2025.
Também recebeu todos os 72 votos a favor dos senadores uma iniciativa que permitirá pagar obrigações fiscais e previdenciárias vencidas a partir de 31 de março de 2024. Porém, o pagamento desses benefícios deve acontecer em até 84 vezes com diversos benefícios — como perdão de multas, entre outros.
Outro artigo modificado em consenso com o Poder Executivo foi o que aumentou os royalties minerários de 3% para 5%. Este aumento só se aplicará aos projetos que não iniciaram a fase de exploração antes da entrada em vigor do regulamento.
¿Dónde está, Milei?
O presidente da República da Argentina está em uma viagem internacional e deve participar das reuniões do G7, o grupo das sete maiores economias do mundo.
Porém, em suas redes sociais, Milei compartilhou uma mensagem em que comemora a aprovação da Ley de Bases.
"Pela primeira vez na história, contra todas as probabilidades, uma lei de reformas inspirada na Escola Austríaca de Economia está sendo executada. Os postulados de Mises, Hayek, Rothbard e Kirzner estão começando a se tornar realidade graças ao esforço, tenacidade, inteligência e convicção do Presidente Milei”, escreve a postagem.
As novas tarifas de Trump: entenda os anúncios de hoje com 14 países na mira e sobretaxas de até 40%
Documentos detalham alíquotas específicas, justificativas econômicas e até margem para negociações bilaterais
Trump dispara, mercados balançam: presidente anuncia tarifas de 25% ao Japão e à Coreia do Sul
Anúncio por rede social, ameaças a parceiros estratégicos e críticas do Brics esquentam os ânimos às vésperas de uma virada no comércio global
Venda do TikTok nos EUA volta ao radar, com direito a versão exclusiva para norte-americanos, diz agência
Trump já prorrogou três vezes o prazo para que a chinesa ByteDance venda as operações da plataforma de vídeos curtos no país
EUA têm medo dos Brics? A ameaça de Trump a quem se aliar ao bloco
Neste fim de semana, o Rio de Janeiro foi sede da cúpula dos Brics, que mandou um recado para o presidente norte-americano
Trump vai enviar carta para 12 países com proposta de ‘pegar ou largar’ as tarifas impostas, mas presidente não revela se o Brasil está na lista
Tarifas foram suspensas até o dia 9 de julho para dar mais tempo às negociações e acordos
Nem republicano, nem democrata: Elon Musk anuncia a criação de um partido próprio nos Estados Unidos
O anúncio foi feito via X (ex-Twitter); na ocasião, o bilionário também aproveitou para fazer uma crítica para os dois partidos que dominam o cenário político dos EUA
Opep+ contraria o mercado e anuncia aumento significativo da produção de petróleo para agosto
Analistas esperavam que o volume de produção da commodity continuasse na casa dos 411 mil bdp (barris por dia)
Onde investir no 2º semestre: Com Trump no poder e dólar na berlinda, especialistas apontam onde investir no exterior, com opções nos EUA e na Europa
O painel sobre onde investir no exterior contou com as participações de Andressa Durão, economista do ASA, Matheus Spiess, estrategista da Empiricus Research, e Bruno Yamashita, analista da Avenue
Trump assina controversa lei de impostos e cortes de gastos: “estamos entrando na era de ouro”
O Escritório de Orçamento do Congresso estima que o projeto de lei pode adicionar US$ 3,3 trilhões aos déficits federais nos próximos 10 anos
Como a volta do Oasis aos palcos pode levar a Ticketmaster a uma disputa judicial
Poucos dias antes do retorno dos irmãos Noel e Liam Gallagher, separados desde 2009, o órgão britânico de defesa da concorrência ameaça processar a empresa que vendeu 900 mil ingressos para os shows no Reino Unido
Cidadania portuguesa: quem tem direito e como solicitar em meio a novas propostas?
Em meio a discussões que ameaçam endurecer o acesso à nacionalidade portuguesa, especialistas detalham o cenário e adiantam o que é preciso para garantir a sua
A culpa é de Trump? Powell usa o maior evento dos BCs no mundo para dizer por que não cortou os juros ainda
O evento organizado pelo BCE reuniu os chefes dos principais bancos centrais do mundo — e todos eles têm um inimigo em comum
Agência vai na contramão de Trump e afirma que Irã pode voltar a enriquecer urânio nos próximos meses; confira a resposta de Teerã
Em meio a pronunciamentos dos governos iraniano e norte-americano neste fim de semana, o presidente francês, Emmanuel Macron, cobrou retorno do Irã à mesa de negociações
G7 blinda empresas dos EUA de impostos mínimos globais após pressão de Trump
O acordo para a tributação das companhias norte-americanas foi firmado em meio a uma decisão do governo Trump no megaprojeto de gastos
Trump tem vitória no Senado com avanço de megaprojeto de gastos, e Elon Musk solta o verbo: “Completamente insano”
Apesar da vitória, a votação não foi fácil. O projeto vem sendo criticado pela oposição e também por aliados, incluindo o CEO da Tesla
Recebendo currículos, Trump diz o que o candidato precisa ter para ser escolhido presidente do Fed
O mandato do atual chefe do banco central norte-americana acaba em maio do ano que vem e o republicano já está em busca de nomes para a sucessão
Será que deu ruim? Titãs de Wall Street passam por teste de estresse; confira se algum dos grandes bancos EUA foi reprovado
A avaliação considerou uma recessão global severa, com desemprego em 10% e queda acumulada do Produto Interno Bruto (PIB) real de 7,8%
A guerra dos EUA com a China acabou? O sinal de Trump que pode colocar fim à disputa entre as duas maiores economias do mundo
Um ponto crucial para as tarifas serem suspensas teria sido acordado nesta semana, segundo fontes da Casa Branca
A guerra acabou, decreta Trump sobre Israel e Irã — mas nem ele mesmo tem certeza disso
Presidente norte-americano deu declarações conflituosas sobre o status do conflito entre os dois inimigos no Oriente Médio, que mantêm um cessar-fogo frágil
Trump dá aval para Powell subir juros, mas impõe uma condição para isso acontecer nos EUA
O presidente do banco central norte-americano participou do segundo dia de depoimentos semestrais no Congresso; já o republicano usou os holofotes da Otan para falar da política monetária norte-americana