Balanço do Pão de Açúcar (PCAR3) vem melhor que o esperado e mostra que turnaround está funcionando; e agora, a oferta de ações sai?
Prejuízo no quarto trimestre veio abaixo das projeções dos analistas, e margens surpreenderam positivamente; mas endividamento ainda preocupa

Com alto endividamento, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) empreendeu uma reestruturação – turnaround, no jargão do mercado – que parece já estar rendendo frutos.
Na noite de ontem (21), a rede varejista reportou seu balanço do quarto trimestre de 2023, que ainda apresentou prejuízo, mas bem inferior às estimativas dos analistas.
Os destaques positivos, por sua vez, foram o crescimento das vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês), da receita bruta e sobretudo das margens bruta e Ebitda ajustado.
Os resultados do Pão de Açúcar (PCAR3) foram bem recebidos por analistas e inicialmente também pelo mercado – as ações chegaram a subir quase 1% no início do pregão.
Mas depois, os papéis PCAR3 viraram para queda, e às 12h10 recuavam 3,51%, para R$ 4,12, devolvendo os ganhos da véspera. Acompanhe nossa cobertura completa de mercados.
Agora, a expectativa dos investidores se volta para a possibilidade de uma oferta de ações (follow on) de R$ 1 bilhão engatilhada pela empresa, que tem o potencial de derrubar sua alavancagem, um dos pontos que mais preocupam o mercado e os analistas em relação à companhia.
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Segundo apuração recente do jornal Valor Econômico, a oferta seria lançada logo após a divulgação do balanço, mas até agora não houve anúncio neste sentido.
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Foco no Brasil e nas bandeiras Pão de Açúcar
O ano passado no GPA foi marcado pela finalização do agora extinto modelo de hipermercados e pela venda da sua participação na rede colombiana Éxito (após cisão da empresa) e na multinacional europeia Cnova, tornando o Pão de Açúcar novamente uma companhia 100% focada no mercado brasileiro.
Os resultados do GPA no quarto trimestre de 2023 foram puxados pelo seu segmento premium (a bandeira Pão de Açúcar) e pelas lojas de proximidade (Pão de Açúcar Minuto).
As vendas totais atingiram R$ 5,6 bilhões no 4T23, alta de 6,3% na comparação anual, impulsionadas pelo aumento de 19,3% do formato de proximidade.
Das 61 lojas inauguradas em 2023, 56 eram de proximidade. No quarto trimestre, foram 12 lojas abertas, sendo 11 de proximidade. Segundo a varejista, a maturação das novas unidades deste modelo se mostrou acelerada, com uma média de sete meses.
As vendas mesmas lojas (unidades em funcionamento há mais de um ano) subiram 4,3% no 4T23 ante o mesmo período do ano anterior, suportadas por crescimento do volume diante do cenário de deflação em categorias relevantes, diz a empresa.
Os maiores crescimentos nesta métrica se deram justamente nos segmentos de proximidade (alta de 5,6% no 4T23, ante o 4T22) e na bandeira Pão de Açúcar (alta de 4,2% na mesma base de comparação), que representou 46,2% das vendas da companhia no trimestre.
O e-commerce também foi destaque, com a migração de 100% dos pedidos para separação e entrega realizadas diretamente pelas lojas, integrando as vendas digitais às operações físicas. A receita do segmento cresceu 20% no quarto trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior.
A varejista terminou o trimestre, assim, com um avanço de 0,3 ponto percentual na sua participação de mercado (market share), marcando o quinto trimestre consecutivo de evolução.
Os destaques financeiros do balanço do GPA
De acordo com a companhia, o foco de 2023 foi em rentabilidade, com a redução de despesas e de quebra.
Com isso, o Pão de Açúcar atingiu um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 404 milhões no 4T23, alta de 38,8% ante o mesmo período do ano anterior. Em 2023, o Ebitda ajustado somou R$ 1,3 bilhão, alta de 13,9%.
A receita bruta cresceu 6,3% na comparação anual, atingindo R$ 5,6 bilhões no quarto tri, enquanto a receita líquida teve alta de 7,3%, para R$ 5,3 bilhões na mesma base de comparação. No ano, o crescimento em ambas as linhas ficou pouco acima de 11%, para R$ 20,6 bi e R$ 19,3 bi, respectivamente.
A margem bruta no trimestre foi de 25,7%, alta de 3,1 pontos percentuais em relação ao 4T22 e de 0,6 ponto percentual ante o trimestre anterior. Já a margem Ebitda ajustado foi de 7,7%, aumento de 1,8 ponto percentual na base anual e 0,7 ponto percentual na base trimestral.
A geração de caixa operacional no ano ficou em R$ 907 milhões, uma melhora de R$ 1,4 bilhão em relação a 2022, quando houve queima de caixa de R$ 532 milhões.
Já o resultado líquido no trimestre (considerando apenas as operações continuadas) foi um prejuízo de R$ 87 milhões, 67,9% menor do que o resultado negativo do quarto trimestre de 2022. No ano, o Pão de Açúcar teve um lucro líquido de R$ 85 milhões, revertendo a perda de R$ 863 milhões de 2022.
O que dizem os analistas
Para a Genial Investimentos, o balanço do GPA mostra que, sem dúvida, 2023 foi o ano em que a empresa "virou a chave".
"Frente a um turnaround com uma primorosa execução (e ainda em andamento), o GPA deixa para trás a história do 'patinho feio' e assume a posição de cisne negro, ganhando destaque em meio a tantos outros 'cisnes brancos'", escrevem os analistas Iago Souza, Nina Mirazon e Vinicius Esteves.
As vendas brutas vieram melhores as estimativas da Genial, assim como o prejuízo líquido (50% abaixo do esperado pela corretora), o Ebitda ajustado e as margens bruta e Ebitda ajustado – consideradas pelos analistas "a cereja do bolo" deste resultado trimestral.
A corretora destacou ainda o desempenho das vendas mesmas lojas, as maiores do setor, embora abaixo das suas estimativas. "Contudo, vale pontuar que o indicador mostra uma tendência de desaceleração na visão sequencial, o que deve ser monitorado pelo mercado ao longo do 1º semestre de 2024", diz o relatório.
A Genial mantém recomendação de compra para os papéis PCAR3, consideradas ações com alto risco, mas alto potencial de retorno. O preço-alvo em 12 meses é R$ 5,50, potencial de alta de 29% em relação ao fechamento de ontem.
Já o BTG Pactual não se mostrou tão entusiasmado quanto a Genial, mas ainda assim teve boa avaliação dos resultados do Pão de Açúcar. Também foram destaques no relatório do banco o crescimento de vendas mesmas lojas e os ganhos de margem acima do esperado, mas a receita bruta veio 2% abaixo das suas estimativas.
O Ebitda ajustado veio em linha com as estimativas, e o prejuízo líquido também veio menor que o esperado. A geração de fluxo de caixa livre após Capex (investimentos) – totalizando R$ 981 milhões – foi considerada "decente".
Endividamento ainda chama atenção, mas mostra evolução
O endividamento do Pão de Açúcar permanece elevado, mas mostra evolução. No quarto trimestre, a dívida líquida caiu R$ 700 milhões, reduzindo em 0,8 vez a alavancagem em relação ao trimestre anterior. A empresa destacou ainda que o caixa de R$ 3 bilhões corresponde a 3,1 vezes a dívida de curto prazo.
"Como esperado, os resultados do GPA mostraram uma tendência de melhoria nas suas operações brasileiras, enquanto o processo de desalavancagem permanece em destaque", escrevem os analistas Luiz Guanais, Pedro Lima e Gabriel Disselli, do BTG.
O banco, que tem recomendação neutra para as ações PCAR3, frisa que a companhia terminou o quarto trimestre de 2023 com alavancagem financeira de 5,0 vezes a relação dívida líquida/Ebitda, podendo cair para 3,9 vezes caso a margem Ebitda de 2024 atinja o guidance (8% a 9%).
Os analistas do BTG esperam, porém, que uma melhora gradual de margens e os recentes desinvestimentos de fato reduzam este endividamento.
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