Primeiro Diário de Bordo de 2024: a ‘ressaca’ de início de ano
Edição de 10/01/2024 do Diário de Bordo
O ano de 2024 começou a todo vapor para os mercados financeiros. Depois de uma arrancada nos últimos meses de 2023, a ressaca recaiu sobre o humor dos investidores nos primeiros dias de janeiro. Nada que um bom “engov” não resolva: na segunda-feira (8), as Bolsas globais voltaram a subir com força e praticamente zeraram as perdas da semana anterior.
A acomodação frente ao bom desempenho dos últimos dois meses deve ser lida como natural e não representa riscos à continuidade das altas do mercado. Nos pregões recentes, o que ficou perceptível foi o avanço dos juros dos títulos de dez anos da economia americana, suportados parcialmente pelo leilão do tesouro americano, que acontece amanhã (10), e, também, pelo sentimento quanto à situação no Oriente Médio, envolvendo as rotas de navio que passam pelo Canal de Suez.
O problema logístico causado pelos ataques dos rebeldes Houthis empurraram os preços do frete para cima e suscitaram a hipótese momentânea de um possível aumento na inflação. O impacto recairia mais fortemente sobre a Europa (sempre ela), dado que o canal é uma rota bastante representativa na balança comercial do continente.

Gráfico 1 — Freightos Baltic Index (FBX): Global Container Freight Index. Fonte: Freightos.
De fato, pode-se perceber um avanço substancial dos preços do frete de contêineres. Em questão de dias, eles avançaram 88% e atingiram a marca média global de US$ 2.519 por contêiner. De acordo com o Freightos, o frete para transportar um contêiner da China para o norte da Europa subiu impressionantes 176% e atingiu a marca dos US$ 4.506.
Leia Também
A preocupação dos investidores novamente recaiu sobre os efeitos dessa dinâmica sobre a economia. Ao que tudo indica, eles deveriam ser passageiros, já que os Houthis não têm recursos e nem inteligência bélica suficiente para manter o front ativo contra as embarcações de guerra que chegaram por lá. Mas, momentaneamente, pode causar soluços inflacionários capazes de inibir a celeridade da implementação do processo de afrouxamento monetário.
Pelo menos essa é a narrativa. Do meu ponto de vista, eu apostaria que a desaceleração das economias globais já em curso seria suficiente para segurar os preços para baixo. Por outro lado, caso esse problema logístico se prolongue por mais tempo, poderemos ver alguma deterioração nos balanços das companhias mais dependentes do fluxo de comércio global.
Por ora, não vejo riscos ao nosso cenário base. O processo deflacionário em curso provocará o Bull Steepening na curva de juros americana e provocará a corrida para os ativos de risco. As nossas previsões, descritas no Outlook 2024 (colocar o link para o site da Empiricus Gestão), seguem firmes e fortes. Separar o ruído da informação, nestes momentos, é algo crucial.

Gráfico 2 — Diferencial da curva de juros americana: 10y vs 2y. Fonte: Koyfin.
A dinâmica do mercado nos primeiros dias de janeiro
Depois de uma primeira semana atribulada, as Bolsas globais respiraram. Até o fechamento desta newsletter, por volta das 16h de hoje, o índice S&P 500 marcava uma desvalorização de 0,31% no mês de janeiro. Aqui no Brasil, o Ibovespa devolvia uma parte maior dos ganhos de 2023 — cai -1,93% —, machucado pelo efeito mais duro nos preços das commodities, em especial no minério de ferro.
O anúncio do corte dos preços de venda do barril de petróleo feito pela Arábia Saudita também pegou muitos no contrapé. A leitura de primeira ordem é de que a demanda pela commodity energética não tem se recuperado conforme o esperado, e, para que os estoques não fiquem abarrotados, os árabes decidiram que o melhor é mexer nos preços.
De fato, a estrutura a termo dos preços de petróleo tem apresentado um leve “contango”, processo no qual os preços do vencimento dos contratos derivativos de curto prazo são mais baixos do que os vencimentos de contratos mais distantes. Em outras palavras, isso significa que a demanda iminente dos compradores dos barris não é grande o suficiente para empurrar os preços para cima.
A falta de apetite pelo petróleo também pode ser vista do lado do mercado financeiro. O “short-interest (SI)” dos principais ETFs ligados à commodity estão extremamente elevados. O XOP, por exemplo, cuja carteira é composta pelas empresas de exploração americanas, está com um índice SI de 47,5%. O USO, cuja carteira replica os contratos futuros do WTI, está com um SI de 29,8%, ante números mais próximos dos 10% em dezembro.
Por aqui, a Petrobras até segurou as pontas e suas ações avançam cerca de 2,63%. Mas fica um ponto de atenção para o curto prazo — ainda reitero minha previsão para o ano para as ações da empresa, feita no Outlook 2024. Já as ações da Vale recuaram com mais força e acabaram por segurar o ânimo dos investidores locais.
Do lado da renda fixa, as curvas de juros seguiram a dinâmica lá de fora e aguardam a virada da liquidez para voltarem a ganhar fôlego. Os indicadores de inflação que devem sair nos próximos dias podem dar o tom mais positivo necessários para a redução da ansiedade dos investidores.
Também preciso fazer menção à excelente arrancada dos preços das criptomoedas. O bitcoin rompeu a marca dos US$ 47 mil, impulsionado pelo fluxo de capital e expectativas associadas à aprovação dos ETFs à vista por parte da SEC. Continuamos com uma visão bastante construtiva para o mundo cripto, dado os avanços recentes da regulação. Amanhã (10), será um dia importante para o seu futuro.
Os primeiros ajustes de 2024 nos fundos
Sobre as carteiras dos fundos de renda variável, fizemos alguns ajustes ao longo dessa primeira semana com o intuito de aproveitar o momento mais áspero. Vamos à eles:
1. Empiricus Tech Select FIA:
Reduzimos marginalmente ASML, AMD em 1 ponto percentual |
Reduzimos as posições em AAPL, AMZN e MSFT em 3 pontos percentuais |
Reduzimos a posição em Meta em 2 pontos percentuais |
Aumentamos a posição em AbbVie, Vertex em 1 ponto percentual |
Aumentamos a posição em Netflix em 0,5 ponto percentual |
Aumentamos a posição em SalesForce em 3 pontos percentuais |
Aumentamos a posição de caixa para 10% |
2. Empiricus MoneyBets BDR Nível I FIA
Zeramos as posições nas Big Techs Apple e Meta, e no ETF MSOS |
Reduzimos a posição em Intuitive Surgical em 2 pontos percentuais |
Reduzimos a posição em Crowdstrike em 3 pontos percentuais |
Aumentamos a posição em Stryker, Elastic e no iShares Healthcare ETF em 1 ponto percentual |
Montamos uma nova posição em Instacart com 4% |
Aumentamos o caixa do fundo para 20% |
3. Empiricus Money Rider Dinâmico
Reduzimos Crowdstrike em 4 pontos percentuais |
Reduzimos Mercado Livre em 4 pontos percentuais |
Reduzimos Nike, Microsoft e Autozone em 2 pontos percentuais |
Aumentamos marginalmente as posições de Constellation Software e First Citizens BancShares, em 0,4 p.p. e 0,3 p.p |
Aumentamos a posição em Booking Holdings em 2 pontos percentuais |
Montamos uma nova posição em SalesForce com 5% |
O caixa do fundo está em 16% |
4. Empiricus Deep Value Brasil FIA
Reduzimos a posição de Eletrobras em 6 pontos percentuais |
Aumentamos a posição de Caixa Seguridade em 4 pontos percentuais |
Aumentamos a posição em Yduqs em 5 pontos percentuais |
O caixa do fundo está em 7% |
Enfim, o ano que se inicia será auspicioso. Em breve, mais exatamente na sexta-feira (12), a temporada de resultados lá fora se iniciará e poderemos ter uma visão mais clara nos números das companhias e do apetite dos investidores. Vamos ficar de olho. Que 2024 seja um ano bastante próspero a todos!
Forte abraço,
João Piccioni
PS 1. Na segunda-feira (9), fizemos a Live de Rentabilidades do mês de Dezembro. Comentamos sobre o cenário e passamos pelos resultados de todos os fundos da casa. Se você ainda não assistiu, aqui vai o link – aproveite para fazer a inscrição no novo canal do YouTube da Empiricus Gestão.
PS 2. Na semana passada, lançamos o Outlook 2024. Nele traçamos oito previsões para o ano e delineamos nosso cenário base para as carteiras. Se você ainda não acessou, siga este link
PS 3. Relançamos o site da Empiricus Gestão. Não deixe de visitar! Segue o link
PS 4. A partir desta semana, o tradicional canal do Telegram Ideias Antifrágeis também estará acessível no WhatsApp. Se você quiser ficar por dentro dos insights pré-mercado de Felipe Miranda no aplicativo de mensagens mais utilizado do Brasil, clique aqui para entrar no canal.
Com processo de fusão em andamento, acionistas da Cobasi compram ações da Petz (PETZ3) e papéis engatam alta
Enquanto a fusão entre a Petz e Cobasi aguarda avanços, a família Nassar e a Kinea compraram 5,8% das ações PETZ3
Debandada na AgroGalaxy (AGXY3): CEO e mais 5 conselheiros deixam a empresa em meio a queda acumulada de 68% nas ações e prejuízos nos resultados em 2024
Companhia do varejo de insumos agrícolas elegeu Eron Martins como presidente-executivo após renúncia de Axel Jorge Labourt
Rodolfo Amstalden: Qual é a exata distância entre 25 e 50 bps?
Em mais uma Super Quarta, os bancos centrais do Brasil e dos EUA anunciam hoje o futuro das taxas básicas de juros
CSN (CSNA3) prorroga exclusividade na compra da InterCement — mas acordo depende da recuperação extrajudicial
As empresas e a controladora da InterCement chegaram a um acordo para prorrogar até 16 de outubro o direito de exclusividade para a negociação de uma potencial aquisição
Na mira de Luiz Barsi: Megainvestidor aumenta o “calibre” e atinge 10% das ações da Taurus (TASA4)
O bilionário elevou a participação na fabricante brasileira de armas, cujas ações acumulam queda de mais de 25% no ano
Dia de uma super decisão: bolsas amanhecem voláteis em meio à espera das decisões sobre juros no Brasil e EUA
Enquanto as apostas de um corte maior crescem nos Estados Unidos, por aqui o Banco Central está dividido entre manter ou elevar a Selic
Inflação vai “explodir” e Selic voltar a 13,50% se Banco Central optar por ajuste gradual, diz Felipe Guerra, da Legacy
Responsável pela gestão de R$ 20 bilhões, sócio-fundador da Legacy defende ajuste maior da Selic, mas espera alta de 0,25 ponto pelo Copom hoje
Não é a Nvidia: Amazon fecha parceria multibilionária com outra gigante para a fabricação de chips de IA
Parceria da Amazon Web Services (AWS) com esta outra big tech pode transformar um estado dos EUA em uma potência de inteligência artificial
Como a decisão de juros do Fed nos EUA pode tirar o bitcoin (BTC) da faixa do “zero a zero” após o halving — e ainda iniciar novo rali das criptomoedas
As decisões do Fed sobre os juros impactam diretamente o cenário macroeconômico, que influencia o desempenho dos ativos de risco
É o fim da Tupperware? Ação da “rainha dos potes” desaba 57% em Nova York em meio a rumores de falência
Segundo a Bloomberg, a companhia estaria se preparando para pedir falência nos Estados Unidos ainda nesta semana após acumular mais de US$ 700 milhões em dívidas
JBS (JBSS3) com fome: ações sobem após empresa divulgar novas projeções para os resultados; hora de comprar?
As ações da produtora de alimentos subiram quase 3% em reação ao novo guidance para 2024 e ficaram entre as maiores altas do Ibovespa
É hora de vender São Martinho (SMTO3)? Morgan Stanley rebaixa ação na B3 — mas não é por causa das queimadas
Os analistas ainda cortaram o preço-alvo das ações de R$ 35 para R$ 26, o que implica em uma leve desvalorização de 1,6% em relação ao último fechamento
Investidores da Microsoft em festa? Gigante da tecnologia eleva dividendos em 10% e vai abocanhar até US$ 60 bilhões em ações
A big tech declarou um provento trimestral de US$ 0,83 por ação, um aumento de 8 centavos em relação à remuneração paga aos investidores no trimestre anterior
A véspera do dia mais importante do ano: investidores se preparam para a Super Quarta dos bancos centrais
Em meio a expectativa de corte de juros nos EUA e alta no Brasil, tubarões do mercado local andam pessimistas com o Ibovespa
O que pensam os “tubarões” do mercado que estão pessimistas com a bolsa — e o que pode abrir uma nova janela de alta para o Ibovespa
Após o rali em agosto, grandes gestoras do mercado aproveitaram para mexer nas posições de seus portfólios — e o sentimento negativo com a bolsa brasileira domina novas apostas dos economistas
Demissões na Boeing vêm aí? Em crise, empresa defende corte de gastos durante greve por aumento de salário
Greve dos funcionários na Boeing exige reajuste salarial de 40%, mas pode resultar em demissões temporárias e congelamentos de vagas
Localiza (RENT3) assustou com balanço pior que o esperado no 2T24 — mas bancão está confiante com a ação e prevê alta de 20% até 2025
Goldman Sachs manteve recomendação de compra para as ações RENT3, com preço-alvo de R$ 52,60 para os próximos 12 meses
Lojas Renner (LREN3): agora vai? Ação da varejista saltou 20% no último mês e BTG vê espaço para mais
A varejista que sofreu com o protagonismo das “gigantes” asiáticas pode ter trimestres mais positivos daqui para frente; BTG cita otimização logística e sinais mais positivos no crédito
Americanas (AMER3) vai dizer adeus à bolsa? Minoritários querem exclusão definitiva da varejista do Novo Mercado — e oferta por ações na B3
Instituto que representa minoritários pediu à B3 um pedido de exclusão definitiva da Americanas do Novo Mercado e realização de OPA
‘Crise de depreciação’ do real tem dois ‘vilões’, segundo o BIS – mas a moeda brasileira não é a única a perder para o dólar
O ‘banco central dos bancos centrais’ defende que as incertezas na economia dos Estados Unidos impactaram os ativos financeiros de países emergentes nos últimos meses