A Petrobras (PETR4) desabou mais uma vez: surge uma barganha na bolsa com dividendos bilionários?
Nas últimas várias trocas no comando da Petrobras, não tivemos grandes mudanças no dia a dia da companhia, o que inclusive permitiu ótimos pagamentos de dividendos nos últimos anos, mesmo com CEOs distintos — será que agora também vai ser assim?

A Petrobras (PETR4) foi o assunto da semana, após a troca de seu comando. Mas depois da queda de -10% das ações, e eu sei o que você está querendo saber: "será que chegou a hora de comprar PETR4?"
Já virou rotina. Praticamente uma vez por ano o governo federal troca o CEO da Petrobras, quase sempre por discordar da gestão.
O que mudou desta vez, foi o motivo. Se na grande maioria das vezes as trocas aconteciam por causa do descontentamento com o preço dos combustíveis, desta vez Jean Paul Prates foi demitido por estar investindo "pouco".
Antes de continuar, vale a pena mostrar quão "pouco" a Petrobras tem investido.
Empresa | Ticker | Capex (UDM*) |
Petrobras | PETR4 | R$ 62 bilhões |
Vale | VALE3 | R$ 30 bilhões |
Suzano | SUZB3 | R$ 18 bilhões |
Equatorial | EQTL3 | R$ 10 bilhões |
Raízen | RAIZ4 | R$ 10 bilhões |
Vivo | VIVT3 | R$ 9 bilhões |
JBS | JBSS3 | R$ 7 bilhões |
Como você pode perceber, a Petrobras não tem investido pouco, longe disso. A questão é que o governo quer ver a companhia mais atuante em outras áreas além da Exploração e Produção (E&P) de petróleo.
Desde que o atual governo assumiu, ouvimos falar de estudos da Petrobras sobre energia eólica em alto mar, possibilidade de investimentos da indústria naval, fertilizantes, etc.
Leia Também
17 X 0 na bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje, com disputa entre Israel e Irã no radar
Sexta-feira, 13: Israel ataca Irã e, no Brasil, mercado digere o pacote do governo federal
Mas nada efetivamente saiu do papel, o que segundo rumores deixou Lula descontente e acarretou na demissão de Prates.
Por que isso afeta os dividendos?
O grande medo do mercado é que, daqui para frente, os dividendos sejam afetados. Mas por que isso aconteceria?
Calcular os dividendos da Petrobras é simples: pegue tudo o que foi gerado de caixa operacional, subtraia os investimentos (Capex), multiplique o resultado por 0,45 e pronto, chegamos aos dividendos. Parece complicado mas não é, e a própria Petrobras faz quase toda a conta para você.
Por exemplo, com base no resultado do 1T24 ela anunciou cerca de R$ 14,5 bilhões de dividendos (guarde esse número).
Logo na primeira tabela do release, encontramos o fluxo de caixa operacional de R$ 46,5 bilhões, que depois dos investimentos de R$ 14 bilhões resultam em um fluxo de caixa livre (FCL) de R$ 32,4 bilhões, que petroleira também calcula para você.
Seu único trabalho é multiplicar o FCL por 0,45, e assim chegamos aos R$ 14,5 bilhões, exatamente o valor destinado para os dividendos.
Agora, imagine que, ao invés de investir R$ 14 bilhões, a Petrobras investisse R$ 20 bilhões. Voltando à nossa conta, os dividendos cairiam para R$ 12 bilhões (18% menos dividendos).
Se o investimento subisse para R$ 30 bilhões, o dividendo seria de R$ 7,5 bilhões. Poderíamos continuar o exercício, mas acho que já deu para entender que quanto mais a companhia investir, menos sobra para os dividendos.
- Leia também: Bolsa barata não basta: enquanto os astros locais não se alinham, esses ativos são indispensáveis para a sua carteira
E a Magda com isso?
Aqui existe um outro ponto que vale a pena mencionar. Se todo o investimento extra fosse feito em ativos realmente rentáveis, como o pré-sal e a margem equatorial, o mercado não veria grandes problemas.
A questão é que investimentos na indústria naval, usinas eólicas, fertilizantes, etc, não só não têm bons retornos como estão fora do círculo de competência da companhia, e tendem a trazer retornos ruins.
Ou seja, a Petrobras não só estaria deixando de distribuir dividendos, como investiria em algo que não vai ajudar a aumentar os dividendos lá na frente, e isso é uma das piores decisões financeiras que uma companhia pode tomar.
O ponto chave nessa discussão é, que segundo os rumores, a nova CEO, Magda Chambriard, compartilha das mesmas opiniões do governo sobre as necessidades de investir em outras áreas, especialmente a naval.
E com essa informação dá para entender porque o mercado ficou tão pessimista: provavelmente estamos diante de uma queda dos dividendos, que pode ser relevante a depender da pressão do governo e da criatividade da nova gestão em encontrar oportunidades.
MAGDA CHAMBRIARD VAI VIRAR PETROBRAS (PETR4) DE PONTA CABEÇA?
Petrobras: vale a pena assumir o risco agora?
É verdade que nas últimas várias trocas no comando da Petrobras, nunca tivemos grandes mudanças no dia a dia da companhia, o que inclusive permitiu ótimos pagamentos de dividendos nos últimos anos, mesmo com CEOs distintos.
A diferença desta vez é que nunca vimos o governo tão interessado em gastar o caixa gerado pela companhia em outros projetos de retorno duvidoso, e neste momento não temos realmente como saber o quanto a política de investimentos e dividendos será alterada.
Por isso, apesar de ter caído 10% nesta semana por conta das mudanças, ainda vejo a Petrobras negociar por múltiplos acima de sua média histórica, com um dividend yield de aproximadamente 10% que, apesar de bom, não me parece muito convidativo dado o risco de termos uma interferências mais sérias, que joguem esse yield ainda mais para baixo.
Como diz um amigo meu, "não vale a dor de cabeça", pelo menos não por enquanto.
Se quiser conferir outras empresas que além de um ótimo dividend yield não atrapalham seu sono à noite, deixo aqui o convite para a série Vacas Leiteiras.
Um grande abraço e até a semana que vem.
Ruy
- PETR4 está cara e "não vale a dor de cabeça", afirma Ruy Hungria. Mas não existe só a Petrobras na bolsa: outras ações de qualidade estão bem descontadas e com potencial de pagar dividendos "gordos". Clique AQUI e confira 5 recomendações.
Rodolfo Amstalden: Mais uma anomalia para chamar de sua
Eu sou um stock picker por natureza, mas nem precisaremos mergulhar tanto assim no intrínseco da Bolsa para encontrar oportunidade; basta apenas escapar de tudo o que é irritantemente óbvio
Construtoras avançam com nova faixa do Minha Casa, e guerra comercial entre China e EUA esfria
Seu Dinheiro entrevistou o CEO da Direcional (DIRR3), que falou sobre os planos da empresa; e mercados globais aguardam detalhes do acordo entre as duas maiores potências
Pesou o clima: medidas que substituem alta do IOF serão apresentadas a Lula nesta terça (10); mercados repercutem IPCA e negociação EUA-China
Entre as propostas do governo figuram o fim da isenção de IR dos investimentos incentivados, a unificação das alíquotas de tributação de aplicações financeiras e a elevação do imposto sobre JCP
Felipe Miranda: Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve
O anúncio do pacote alternativo ao IOF é mais um reforço à máxima de que somos o país que não perde uma oportunidade de perder uma oportunidade. Insistimos num ajuste fiscal centrado na receita, sem anúncios de corte de gastos.
Celebrando a colheita do milho nas festas juninas e na SLC Agrícola, e o que esperar dos mercados hoje
No cenário global, investidores aguardam as negociações entre EUA e China; por aqui, estão de olho no pacote alternativo ao aumento do IOF
Azul (AZUL4) no vermelho: por que o negócio da aérea não deu samba?
A Azul executou seu plano com excelência. Alcançou 150 destinos no Brasil e opera sozinha em 80% das rotas. Conseguiu entrar em Congonhas. Chegou até a cair nas graças da Faria Lima por um tempo. Mesmo assim, não escapou da crise financeira.
A seleção com Ancelotti, e uma empresa em baixa para ficar de olho na bolsa; veja também o que esperar para os mercados hoje
Assim como a seleção brasileira, a Gerdau não passa pela sua melhor fase, mas sua ação pode trazer um bom retorno, destaca o colunista Ruy Hungria
A ação que disparou e deixa claro que mesmo empresas em mau momento podem ser ótimos investimentos
Às vezes o valuation fica tão barato que vale a pena comprar a ação mesmo que a empresa não esteja em seus melhores dias — mas é preciso critério
Apesar da Selic, Tenda celebra MCMV, e FII do mês é de tijolo. E mais: mercado aguarda juros na Europa e comentários do Fed nos EUA
Nas reportagens desta quinta, mostramos que, apesar dos juros nas alturas, construtoras disparam na bolsa, e tem fundo imobiliário de galpões como sugestão para junho
Rodolfo Amstalden: Aprofundando os casos de anomalia polimórfica
Na janela de cinco anos podemos dizer que existe uma proporcionalidade razoável entre o IFIX e o Ibovespa. Para todas as outras, o retorno ajustado ao risco oferecido pelo IFIX se mostra vantajoso
Vanessa Rangel e Frank Sinatra embalam a ação do mês; veja também o que embala os mercados hoje
Guerra comercial de Trump, dados dos EUA e expectativa em relação ao IOF no Brasil estão na mira dos investidores nesta quarta-feira
O Brasil precisa seguir as ‘recomendações médicas’: o diagnóstico da Moody’s e o que esperar dos mercados hoje
Tarifas de Trump seguem no radar internacional; no cenário local, mercado aguarda negociações de Haddad com líderes do Congresso sobre alternativas ao IOF
Crônica de uma ruína anunciada: a Moody’s apenas confirmou o que já era evidente
Três reformas estruturais se impõem como inevitáveis — e cada dia de atraso só agrava o diagnóstico
Tony Volpon: O “Taco Trade” salva o mercado
A percepção, de que a reação de Trump a qualquer mexida no mercado o leva a recuar, é uma das principais razões pelas quais estamos basicamente no zero a zero no S&P 500 neste ano, com uma pequena alta no Nasdaq
O copo meio… cheio: a visão da Bradesco Asset para a bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje
Com feriado na China e fala de Powell nos EUA, mercados reagem a tarifas de Trump (de novo!) e ofensiva russa contra Ucrânia
Você já ouviu falar em boreout? Quando o trabalho é pouco demais: o outro lado do burnout
O boreout pode ser traiçoeiro justamente por não parecer um problema “grave”, mas há uma armadilha emocional em estar confortável demais
De hoje não passa: Ibovespa tenta recuperação em dia de PIB no Brasil e índice favorito do Fed nos EUA
Resultado do PIB brasileiro no primeiro trimestre será conhecido hoje; Wall Street reage ao PCE (inflação de gastos com consumo)
A Petrobras (PETR4) está bem mais próxima de perfurar a Margem Equatorial. Mas o que isso significa?
Estimativas apontam para uma reserva de 30 bilhões de barris, o que é comparável ao campo de Búzios, o maior do mundo em águas ultraprofundas — não à toa a região é chamada de o “novo pré-sal”
Prevenir é melhor que remediar: Ibovespa repercute decisão judicial contra tarifaço, PIB dos EUA e desemprego no Brasil
Um tribunal norte-americano suspendeu o tarifaço de Donald Trump contra o resto do mundo; decisão anima as bolsas
Rodolfo Amstalden: A parábola dos talentos financeiros é uma anomalia de volatilidade
As anomalias de volatilidade não são necessariamente comuns e nem eternas, pois o mercado é (quase) eficiente; mas existem em janelas temporais relevantes, e podem fazer você ganhar uma boa grana