Um dos símbolos do capitalismo dos EUA pode cair na mão dos japoneses por ‘apenas’ R$ 73 bilhões — e ação dispara 26% em NY
A Nippon Steel pretende pagar aproximadamente US$ 14,9 bilhões para adquirir a US Steel, uma das empresas mais tradicionais dos Estados Unidos
Um dos símbolos do capitalismo norte-americano está prestes a cair nas mãos dos japoneses. A Nippon Steel Company (NSC) pretende pagar aproximadamente US$ 14,9 bilhões (R$ 73 bilhões, nas cotações atuais) para adquirir a US Steel, uma das empresas mais tradicionais dos Estados Unidos.
O montante considera o valor patrimonial de aproximadamente US$ 14,1 bilhões somado à transferência de dívidas. O valor equivale a US$ 55 por ação, um prêmio de 40% em relação ao fechamento da produtora de aço estadunidense na sexta-feira (15).
As ações da norte-americana operam em forte alta em Wall Street hoje em reação à oferta da Nippon. Por volta das 17h15, os papéis subiam 26,32% na bolsa de valores de Nova York (NYSE), negociados a US$ 49,68.
Se o negócio for adiante, esse será o maior acordo já realizado na história da Nippon Steel — e representará uma transferência de um dos maiores nomes norte-americanos para o controle japonês.
Afinal, a US Steel é considerada um símbolo do capitalismo norte-americano há mais de um século, e muito devido ao seu papel na industrialização do país desde sua criação, em 1901. Isso porque a empresa foi responsável por fornecer aço para a produção de aviões, navios e equipamentos militares durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.
Com a operação, a US Steel se tornará uma subsidiária da Nippon Steel, mas manterá a sede em Pittsburgh, nos EUA.
Os detalhes da compra da US Steel pela japonesa Nippon
A compra da gigante norte-americana US Steel faz parte do plano da Nippon — que já é considerada a quarta maior siderúrgica do mundo em produção — de avançar em direção a 100 milhões de toneladas de capacidade global de aço bruto.
A estratégia da asiática é adquirir siderúrgicas através de aquisições e participação de capital. Aliás, o grupo japonês também possui uma fatia relevante na brasileira Usiminas (USIM5).
Segundo a japonesa, a compra reforçará suas capacidades de fabricação e tecnologia, além de expandir a produção nos Estados Unidos. Nos cálculos da Nippon, juntas, as empresas terão capacidade de produzir cerca de 86 milhões de toneladas de aço.
“Estamos entusiasmados com o fato de esta transação unir duas empresas com tecnologias líderes mundiais e capacidades de fabricação”, disse Eiji Hashimoto, presidente da Nippon Steel.
O CEO da US Steel, David Burritt, disse que a venda é positiva para os Estados Unidos, “garantindo uma indústria siderúrgica nacional competitiva, ao mesmo tempo que fortalece nossa presença global”.
Segundo Burrit, a empresa continuará a administrar suas operações de mineração e aço nos EUA para os clientes norte-americanos.
“A NSC honrará todos os acordos de negociação coletiva com o Sindicato dos Metalúrgicos Unidos como parte do compromisso de manter fortes relações com as partes interessadas”, escreveu a Nippon Steel, em comunicado ao mercado.
A expectativa é que o negócio seja concluído no segundo ou terceiro trimestre do ano civil de 2024. Vale ressaltar que o fechamento está sujeito à aprovação dos acionistas da US Steel, além de aprovações regulatórias e a outras condições usuais a esse tipo de negócio.
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O apetite pelo símbolo capitalista dos EUA
Vale destacar que a Nippon não era a única interessada em abocanhar a tradicional norte-americana de aço US Steel.
Na realidade, há alguns meses, a rival norte-americana Cleveland-Cliffs ofereceu US$ 7,3 bilhões pela US Steel, mas foi rejeitada para que a empresa pudesse “analisar outras propostas estratégicas”.
É importante ressaltar que o valor proposto pela asiática agora equivale a quase o dobro da proposta da Cleveland.
Segundo fontes informaram à Reuters, a Nucor, maior siderúrgica dos EUA, também ofereceu comprar a US Steel em parceria com outra companhia.
A agência ainda afirma que a ArcelorMittal teria procurado adquirir a US Steel em agosto, mas sem sucesso.
*Com informações de Financial Times, Reuters e AP News.
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