Sob a sombra da Americanas, grandes bancos divulgam lucro do quarto trimestre a partir desta semana; veja o que esperar
Coletivas de resultados dos bancos devem ser tomadas não pela análise dos números passados, mas sim pelo que é possível mensurar de possíveis impactos nos bancos após a debacle da Americanas
O dia 11 de janeiro ficou marcado como o dia da derrocada da Americanas, após a revelação do rombo contábil bilionário e a saída do recém-empossado Sérgio Rial do comando da varejista. Porém, mais do que isso, aquela quarta-feira libertou um fantasma que assombra os grandes bancos desde então.
É sob a sombra do calote da Americanas que Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander Brasil (SANB11) divulgam os balanços referentes ao quarto trimestre de 2022 e ao ano como um todo a partir desta semana.
Por isso, as coletivas de resultados devem ser tomadas não pela análise dos números passados, mas sim pelo que é possível mensurar de possíveis impactos nos bancos após a debacle da Americanas.
Vale destacar que, até agora, ainda há mais perguntas do que respostas sobre o caso. Mas a expectativa dos analistas é que algumas peças comecem a se encaixar no quebra-cabeças a partir da divulgação dos resultados dos bancões.
Portanto, ainda não há firmeza a respeito de quanto, de fato, a Americanas deve para cada um dos bancos nem o quanto eles serão capazes de recuperar. Seja como for, os credores travam batalhas judiciais para tentar reaver o crédito concedido à Americanas.
Com base nesse caso, o JP Morgan já recalculou suas estimativas para baixo para os resultados do Santander, Bradesco e Itaú em 2023.
Leia Também
R$ 90 bilhões em dividendos, JCP e mais: quase 60 empresas fazem chover proventos às vésperas da taxação
Inclusive, analistas de outras casas acham possível que os bancos já provisionem os efeitos da Americanas nos resultados do quarto trimestre, mesmo que o caso tenha explodido em 2023. Nas contas da XP, as perdas com Americanas podem custar até 30% do lucro trimestral dos bancos.
Inadimplência corporativa começa a chamar atenção
O mar já andava revolto para os grandes bancos brasileiros de capital aberto antes mesmo do caso Americanas.
Os analistas esperam nova deterioração da inadimplência em todos os bancos, tendo em vista a tendência apresentada pelo Banco Central. No final de dezembro de 2022, a inadimplência do crédito geral aumentou 0,7 ponto percentual em 12 meses, chegando a 3%. Entre o terceiro e o quarto trimestres, houve uma piora de 0,2 ponto percentual.
A diferença para esse trimestre, na visão do UBS BB, é que o foco não estará mais na pessoa física, mas sim no segmento corporativo.
“A taxa de inadimplência corporativa está no seu patamar histórico mais baixo e há sinais de que os ventos favoráveis para as empresas acabaram”, afirmaram os analistas do UBS BB em relatório.
Quais bancos se sairão melhor?
Tendo em vista o cenário apresentado acima, a visão dos analistas é de que, novamente, o Bradesco (BBDC4) e o Santander (SANB11) terão o pior desempenho no terceiro trimestre, enquanto o Itaú (ITUB4) e o Banco do Brasil (BBAS3) serão destaques positivos mais uma vez.
Vale ressaltar que os números dos balanços — incluindo o lucro e o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) — podem variar em relação às expectativas dependendo da forma como cada instituição tratar as provisões do caso Americanas.
Quem inaugura a safra de balanços é o Santander, que divulga os resultados na quinta-feira (2), antes da abertura do mercado.
Na segunda semana de fevereiro, Itaú publica seu balanço no dia 7 e Bradesco no dia 9. Os resultados do Banco do Brasil estão previstos para o dia 13.
Santander (SANB11)
- Data do balanço: 2 de fevereiro (antes da abertura)
- Lucro projetado para o 4º tri 2022: R$ 3,051 bilhões (-21,37% ante o 4º tri 2021
- Lucro projetado para 2022 inteiro: R$ 14,030 bilhões (-14,17% ante 2021)
Faz algum tempo que o Santander tem sido considerado o patinho feio dos bancos pelos analistas. E, para o último trimestre de 2022 e o conjunto do ano todo, as perspectivas continuam pessimistas.
“Nós esperamos que o Santander publique resultados fracos, já que deve continuar mostrando os mesmos impactos negativos do último trimestre”, afirmaram os analistas do Safra.
Para o UBS BB, uma combinação de margens fracas e despesas com perdas de empréstimos ainda altas deve levar a um declínio considerável dos lucros do banco.
Também há expectativa de que a rentabilidade medida pelo retorno sobre o patrimônio (ROE) piore ainda mais. No terceiro trimestre, causou consternação no mercado quando o Santander reportou uma queda de 5,2 pontos percentuais em relação ao período imediatamente anterior.
O ROE naquele trimestre parou em 15,6% e os analistas estão convencidos de que vem novo tombo por aí. O BTG Pactual, por exemplo, estima que o índice no quarto trimestre chegará a 11%.
Assim, nenhuma análise que o Seu Dinheiro teve acesso tem recomendação de compra para o papel. Confira:
| BANCO | RATING | PREÇO-ALVO |
| CREDIT SUISSE | VENDA | R$ 31 |
| BTG PACTUAL | NEUTRO | - |
| JP MORGAN | NEUTRO | R$ 34 |
| GOLDMAN SACHS | VENDA | - |
| SAFRA | NEUTRO | R$ 40 |
| UBS BB | NEUTRO | R$ 31 |
Itaú Unibanco (ITUB4)
- Data do balanço: 7 de fevereiro (depois do fechamento)
- Lucro projetado para o 4º tri 2022: R$ 8,256 bilhões (+15,35% ante 4º tri 2021)
- Lucro projetado para 2022 inteiro: R$ 30,997 bilhões (+15,32% ante 2021)
Um dos preferidos dos analistas, ao lado do Banco do Brasil, o Itaú Unibanco deve reportar um resultado estrelado no quarto trimestre de 2022 e no ano como um todo.
O banco foi um dos que mostrou maior resiliência no controle da inadimplência ao longo de 2022 e a mesma tendência é esperada para os últimos três meses do ano passado.
Na visão do Goldman Sachs, o índice deve ter um aumento modesto no trimestre, provocado principalmente pelos empréstimos pessoais. Porém, a expectativa é de que a inadimplência se estabilize já no primeiro trimestre deste ano.
A rentabilidade calculada pelo ROE deve se manter acima dos 20%, um grande feito se comparado com os pares Santander e Bradesco.
Para o JP Morgan, as ações do Itaú e do Banco do Brasil devem continuar mostrando uma melhor relação risco-retorno que os outros grandes bancos. No entanto, vale destacar que o banco recalculou as previsões de lucro para o Itaú neste ano em 5% para baixo devido ao impacto ainda imensurável da crise da Americanas.
Confira as recomendações das casas às quais tivemos acesso:
| BANCO | RATING | PREÇO-ALVO |
| CREDIT SUISSE | COMPRA | R$ 32 |
| BTG PACTUAL | COMPRA | |
| JP MORGAN | COMPRA | R$ 32 |
| GOLDMAN SACHS | COMPRA | |
| SANTANDER | NEUTRO | R$ 31 |
| SAFRA | COMPRA | R$ 36 |
| UBS BB | COMPRA | R$ 35 |
Bradesco (BBDC4)
- Data do balanço: 9 de fevereiro (depois do fechamento)
- Lucro projetado para o 4º tri 2022: R$ 4,603 bilhões (-30,26% ante o 4º tri 2021)
- Lucro projetado para 2022 inteiro: R$ 23,557 bilhões (-10,09% ante 2021)
No terceiro trimestre de 2022, a expectativa do mercado em relação aos números do Bradesco não era muito otimista, mas a realidade foi mais cruel do que antecipavam.
O lucro líquido recorrente recuou 23% na comparação anual, para R$ 5,2 bilhões, o que deixou os analistas refazendo as contas para a operação do banco.
No dia seguinte à publicação do resultado, a reação na bolsa foi cruel. Os papéis preferenciais levaram um tombo de 17%, a maior queda em 24 anos. E, na coletiva pós-resultados, o CEO do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, deixou claro que as coisas vão piorar antes de melhorar.
Assim, para o quarto trimestre, o consenso já aponta para um tombo de 30% do lucro em relação ao mesmo período de 2021.
A previsão dos analistas para o ROE também é bastante pessimista. O Safra e o UBS BB calculam que o índice deve ficar abaixo de 11% pela primeira vez desde 2017.
O banco deve publicar suas projeções operacionais para 2023, mas analistas estão céticos quanto ao efeito positivo que elas possam ter nas ações.
Confira as recomendações das casas às quais tivemos acesso:
| BANCO | RATING | PREÇO-ALVO |
| CREDIT SUISSE | VENDA | R$ 16 |
| BTG PACTUAL | COMPRA | - |
| JP MORGAN | COMPRA | R$ 21 |
| GOLDMAN SACHS | COMPRA | - |
| SAFRA | COMPRA | R$ 24,60 |
| UBS BB | COMPRA | R$ 22 |
| SANTANDER | NEUTRO | R$ 19 |
Banco do Brasil (BBAS3)
- Data do balanço: 13 de fevereiro (depois do fechamento)
- Lucro projetado para o 4º tri 2022: R$ 8,035 bilhões (+36,19% ante 4º tri 2021)
- Lucro projetado para 2022 inteiro: R$ 30,471 bilhões (+45,10% ante 2021)
Dos grandes bancos brasileiros, estima-se que o Banco do Brasil seja o que tem menor exposição à Americanas e, portanto, deverá se preocupar menos com provisões.
“O Banco do Brasil deve reportar a expansão mais forte do lucro dentre os bancos, motivado por uma contribuição positiva da margem financeira líquida e as outras linhas de receita”, afirmou o Safra em relatório.
Além disso, o perfil de crédito do Banco do Brasil, que é mais defensivo do que o dos bancos privados, deve fazer com que a inadimplência fique estável, segundo o Goldman Sachs.
Assim como o Itaú, o ROE deve se manter acima de 20%.
Resta saber o que virá para 2023, com a mudança de administração do banco público, que passou a ser presidido por Tarciana Medeiros, a primeira mulher no comando da instituição bicentenária.
Confira as recomendações das casas às quais tivemos acesso:
| BANCO | RATING | PREÇO-ALVO |
| CREDIT SUISSE | COMPRA | R$ 50 |
| BTG PACTUAL | COMPRA | |
| JP MORGAN | NEUTRO | R$ 50 |
| GOLDMAN SACHS | COMPRA | |
| SANTANDER | COMPRA | R$ 60 |
| SAFRA | COMPRA | R$ 61 |
*Projeções da Bloomberg
Tupy (TUPY3) convoca assembleia para discutir eleição de membros do Conselho em meio a críticas à indicação de ministro de Lula
Assembleia Geral Extraordinária debaterá mudanças no Estatuto Social da Tupy e eleição de membros dos conselhos de administração e fiscal
Fundadora da Rede Mulher Empreendedora, Ana Fontes já impactou mais de 15 milhões de pessoas — e agora quer conceder crédito
Rede Mulher Empreendedora (RME) completou 15 anos de atuação em 2025
Localiza (RENT3) e outras empresas anunciam aumento de capital e bonificação em ações, mas locadora lança mão de ações PN temporárias
Medidas antecipam retorno aos acionistas antes de entrada em vigor da tributação sobre dividendos; Localiza opta por caminho semelhante ao da Axia Energia, ex-Eletrobras
CVM inicia julgamento de ex-diretor do IRB (IRBR3) por rumor sobre investimento da Berkshire Hathaway
Processo surgiu a partir da divulgação da falsa informação de que empresa de Warren Buffett deteria participação na resseguradora após revelação de fraude no balanço
Caso Banco Master: Banco Central responde ao TCU sobre questionamento que aponta ‘precipitação’ em liquidar instituição
Tribunal havia dado 72 horas para a autarquia se manifestar por ter optado por intervenção em vez de soluções de mercado para o banco de Daniel Vorcaro
Com carne cara e maior produção, 2026 será o ano do frango, diz Santander; veja o que isso significa para as ações da JBS (JBSS32) e MBRF (MBRF3)
A oferta de frango está prestes a crescer, e o preço elevado da carne bovina impulsiona as vendas da ave
Smart Fit (SMFT3) lucrou 40% em 2025, e pode ir além em 2026; entenda a recomendação de compra do Itaú BBA
Itaú BBA vê geração de caixa elevada, controle de custos e potencial de crescimento em 2026; preço-alvo para SMFT3 é de R$ 33
CSN (CSNA3) terá modernização de usina em Volta Redonda ‘reembolsada’ pelo BNDES com linha de crédito de R$ 1,13 bilhão
Banco de fomento anunciou a aprovação de um empréstimo para a siderúrgica, que pagará por adequações feitas em fábrica da cidade fluminense
De dividendos a ações resgatáveis: as estratégias das empresas para driblar a tributação são seguras e legais?
Formatos criativos de remuneração ao acionista ganham força para 2026, mas podem entrar na mira tributária do governo
Grupo Toky (TOKY3) mexe no coração da dívida e busca virar o jogo em acordo com a SPX — mas o preço é a diluição
Acordo prevê conversão de debêntures em ações, travas para venda em bolsa e corte de até R$ 227 milhões em dívidas
O ano do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11): como cada banco terminou 2025
Os balanços até setembro revelam trajetórias muito diferentes entre os gigantes do setor financeiro; saiba quem conseguiu navegar bem pelo cenário adverso — e quem ficou à deriva
A derrocada da Ambipar (AMBP3) em 2025: a história por trás da crise que derrubou uma das ações mais quentes da bolsa
Uma disparada histórica, compras controversas de ações, questionamentos da CVM e uma crise de liquidez que levou à recuperação judicial: veja a retrospectiva do ano da Ambipar
Embraer (EMBR3) ainda pode ir além: a aposta ‘silenciosa’ da fabricante de aviões em um mercado de 1,5 bilhão de pessoas
O BTG Pactual avalia que a Índia pode adicionar bilhões ao backlog — e ainda está fora do radar de muitos investidores
O dia em que o caso do Banco Master será confrontado no STF: o que esperar da acareação que coloca as decisões do Banco Central na mira
A audiência discutirá supervisão bancária, segurança jurídica e a decisão que levou à liquidação do Banco Master. Entenda o que está em jogo
Bresco Logística (BRCO11) é negociado pelo mesmo valor do patrimônio, segundo a XP; saiba se ainda vale a pena comprar
De acordo com a corretora, o BRCO11 está sendo negociado praticamente pelo mesmo valor de seu patrimônio — múltiplo P/VP de 1,01 vez
Um final de ano desastroso para a Oracle: ações caminham para o pior trimestre desde a bolha da internet
Faltando quatro dias úteis para o fim do trimestre, os papéis da companhia devem registrar a maior queda desde 2001
Negócio desfeito: por que o BRB desistiu de vender 49% de sua financeira a um grupo investidor
A venda da fatia da Financeira BRB havia sido anunciada em 2024 por R$ 320 milhões
Fechadas com o BC: o que diz a carta que defende o Banco Central dias antes da acareação do caso Master
Quatro associações do setor financeiro defendem a atuação do BC e pedem a preservação da autoridade técnica da autarquia para evitar “cenário gravoso de instabilidade”
CSN Mineração (CMIN3) paga quase meio bilhão de reais entre dividendos e JCP; 135 empresas antecipam proventos no final do ano
Companhia distribui mais de R$ 423 milhões em dividendos e JCP; veja como 135 empresas anteciparam proventos no fim de 2025
STF redefine calendário dos dividendos: empresas terão até janeiro de 2026 para deliberar lucros sem imposto
O ministro Kassio Nunes Marques prorrogou até 31 de janeiro do ano que vem o prazo para deliberação de dividendos de 2025; decisão ainda precisa ser confirmada pelo plenário
