A Meta é uma das empresas que mais se deu bem com o rali do setor de tecnologia, com as ações subindo quase 70% em 2023. A mensagem e a execução do "Ano da Eficiência" da empresa de Mark Zuckerberg ressoaram junto aos acionistas, que passaram a se perguntar: a dona do Facebook conseguirá manter esse ritmo?
A resposta veio nesta quarta-feira (26), com os resultados do primeiro trimestre da Meta. A empresa de Zuckerberg superou as previsões de receita entre janeiro e março, totalizando US$ 28,645 bilhões — uma alta de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior e acima das projeções da Bloomberg de US$ 27,67 bilhões.
O aumento de 3% pode ser baixo em termos percentuais, mas é o primeiro crescimento depois de três trimestres consecutivos de queda.
Esse desempenho ajudou a minimizar a queda de 24% do lucro líquido da empresa em base anual, que atingiu US$ 5,709 bilhões. O lucro por ação saiu de US$ 2,72 há um ano para US$ 2,20 agora, ainda assim acima das estimativas da Bloomberg de US$ 2,01.
Fora do negócio principal de publicidade da Meta, a empresa ainda está gastando dinheiro no metaverso. A unidade Reality Labs, que está desenvolvendo as tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada, faturou US$ 339 milhões, mas registrou um prejuízo operacional de US$ 3,99 bilhões — um pouco acima da estimativa da Bloomberg de perda de US$ 3,8 bilhões.
"o ambiente macroeconômico certamente não ajuda a comercialização de uma tecnologia embrionária, ainda sem muitos usos e repleta de necessidades de melhoria", diz o analista da Empiricus, Richard Camargo.
A reação do mercado aos números foi positiva. Os papéis da Meta chegaram a subir 12% no after market, em Nova York, depois que o balanço da empresa de Zuckerberg foi divulgado.
"O avanço das ações reflete um alívio do mercado com a estabilidade nas margens operacionais da companhia", afirma Camargo.
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Dona do Facebook também agradou por outro motivo...
O desempenho da receita da dona do Facebook não foi o único motivo pelo qual as ações subiram no after market em Nova York: a empresa também apresentou projeções mais otimistas para o segundo trimestre.
De acordo com o guidance da empresa, a Meta espera uma receita entre US$ 29,5 bilhões e US$ 32 bilhões para o período de abril a junho, enquanto os analistas estimativam as vendas no piso de US$ 29,5 bilhões, segundo a Refinitiv.
“Tivemos um bom trimestre e nossa comunidade continua a crescer”, disse o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, em comunicado.
“Nosso trabalho de IA [inteligência artificial] está gerando bons resultados em nossos aplicativos e negócios. Também estamos nos tornando mais eficientes para que possamos construir produtos melhores com mais rapidez e nos colocar em uma posição mais forte para entregar nossa visão de longo prazo”, acrescentou.
A Meta informou ainda que as despesas totais para 2023 estarão na faixa de US$ 86 bilhões a US$ 90 bilhões — esse número inclui custos de reestruturação que variam entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões.
A gigante das redes sociais acrescentou que seus gastos de capital permanecerão na faixa de US$ 30 a US$ 33 bilhões. Esse número, segundo a empresa, representa a “construção contínua da capacidade de IA da Meta para oferecer suporte a anúncios, Feed e Reels, juntamente com um maior investimento na capacidade de nossas iniciativas de IA generativa”.
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Outros números da dona do Facebook
Além da receita e do lucro, os investidores também olham para um outro número da Meta — o de usuários. Confira abaixo o desempenho da dona do Facebook no primeiro trimestre. As projeções são da StreetAccount.
- Usuários ativos diários (DAUs): 2,04 bilhões versus 2,01 bilhões esperados
- Usuários ativos mensais (MAUs): 2,99 bilhões versus 2,99 bilhões esperados
- Receita média por usuário (ARPU): 9,62 versus 9,30 esperados
A quantidade de usuários ativos mensalmente na divisão "Família de Aplicativos", que consolida as operações de Instagram, Facebook e Whatsapp, alcançou 3,81 bilhões de pessoas, aumento de 5% na comparação anual.
O analista da Empiricus chama atenção para o fato de o número de usuários ativos diariamente ter alcançando 3,02 bilhão, 5% maior na comparação anual.
"Apesar da comparação ser imperfeita, não deixa de ser notável que mesmo sendo mais de 10 vezes maior que a Netflix em termos de usuários, a Meta ainda apresenta taxas de crescimento nominais acima da Netflix", diz Carmargo.
O analista também lembra que a quantidade de impressões (anúncios) entre as plataformas cresceu 26%, enquanto o preço médio por anúncio diminuiu 17% na comparação com quarto trimestre de 2021.
"O resultado líquido dessa equação é positivo para a Meta e reflete sobretudo os esforços da empresa em escalar o Reels, seu produto de vídeos curtos concorrente do TikTok", diz Camargo.
O Ano da Eficiência da Meta
O Ano de Eficiência da Meta foi anunciado em fevereiro por Zuckerberg e envolveu cortes substanciais de custos na empresa.
Em março, a dona do Facebook anunciou que demitiria 10.000 trabalhadores, após o anúncio anterior de cortes feitos em novembro e que afetaram 11.000 funcionários. No final de 2022, a Meta contava com mais de 80.000 colaboradores.
Os investidores apoiaram os planos de Zuckerberg de enxugar a empresa por meio de uma série de demissões, resultando em cerca de 21.000 cortes esperados.
Na semana passada, a dona do Facebook se despediu de alguns funcionários mais técnicos e está planejando outra rodada de cortes em maio, que terá como alvo membros de equipes mais corporativas.
Os esforços de redução de tamanho da Meta ocorrem em um momento em que a base de receita da empresa está encolhendo devido a um mercado de publicidade on-line abalado e os efeitos prolongados das restrições da Apple.
A atualização de privacidade do iOS em 2021 limitou drasticamente os recursos de segmentação de anúncios. A empresa também está enfrentando uma concorrência cada vez maior do rival TikTok.