Dois meses se passaram desde a falência da FTX. A BlockFi foi uma das primeiras a jogar a toalha para a crise de liquidez que assola o mercado. Agora é a vez da Genesis Global entrar com pedido de recuperação judicial, conhecido como chapter 11.
Na noite da última quinta-feira (19), a Digital Currency Group (DGC) — controladora da holding que inclui a Genesis — protocolou o pedido no tribunal de falências de Nova York.
A empresa recentemente protagonizou uma briga pública com uma outra exchange de nome parecido, a Gemini, dos “gêmeos do Facebook”, Tyler e Cameron Winklevoss.
Mas, diferentemente do que aconteceu quando da falência do fundo de criptomoedas Three Arrows Capital (3AC) e da FTX, as principais criptomoedas do mundo seguem em tendência de alta hoje.
Por volta das 10h, o bitcoin (BTC) avançava 1,97%, enquanto o ethereum (ETH) dobrava a aposta com alta de 2,69%.
Genesis e o pedido de proteção judicial
Assim como as demais empresas do setor, tudo começou em 2022. Os problemas de liquidez começaram com o colapso da Terra (LUNA) e seguiram com o 3AC e FTX piorando cada vez mais as condições do mercado.
Segundo o documento enviado à corte de falências, a Genesis deve cerca de US$ 3,5 bilhões aos seus 50 maiores credores. Entre eles, estão nomes de peso, como:
- Gemini: US$ 765 milhões;
- Mirana (possivelmente a corretora Bybit): US$ 151 milhões;
- Moonalpha (Babel): US$ 150 milhões;
- Coincident Cap (Mex/Finex Leaderboarders): US$ 110 milhões;
- Decentraland: US$ 55 milhões;
- VanEck: US$ 53 milhões;
- Abra: US$ 30 milhões;
- Cumberland: US$ 18 milhões;
- Stellar Foundation: US$ 13 milhões.
Parte dos credores são outras empresas, exchanges e plataformas menores. Ou seja, em alguns dias, o mercado deve ver outros pedidos de falência.
Não ficou barato
A aparente calmaria se deve ao fato de o DGC ter afirmado que os US$ 150 milhões restantes no caixa da empresa são suficientes para manter as operações durante o processo de reestruturação.
Entretanto, a corretora Gemini não pretende dar o braço a torcer. Cameron Winklevoss escreveu uma longa thread em sua conta pessoal no Twitter com uma mensagem simples: processar o CEO da DGC, Barry Silbert.
Recapitulando: recentemente a Gemini encerrou o programa Gemini Earn, de contas de rendimento — conhecidas como lending e staking de criptomoedas. Acontece que a Genesis tinha um contrato de empréstimo com a corretora dos irmãos Winklevoss, encerrado no início do mês.
Os valores da Genesis podem ser maiores
“Estamos nos preparando para tomar medidas legais diretamente contra Barry, o DCG e outros que compartilham a responsabilidade pela fraude que causou danos aos mais de 340 mil usuários do Earn e outros enganados pelo Genesis e seus cúmplices”, escreveu Cameron Winklevoss.
Os US$ 765 milhões de dívida da Genesis com a Gemini podem ser muito maiores. Segundo um levantamento feito pelo Financial Times com uma fonte interna, são US$ 900 milhões em fundos retidos pela corretora que acaba de entrar com pedido de reestruturação. O DGC alega que o pedido de chapter 11 — o primeiro passo para uma empresa decretar falência — serve para proteger os fundos enquanto o grupo se reorganiza.