O curioso caso da Natura (NTCO3), ou como os acionistas podem atrapalhar a gestão e o preço das ações
A Natura (NTCO3) vendeu a Aesop, seu melhor ativo, em meio à pressão dos acionistas. Uma decisão que traz consequências no longo prazo

Se você acompanha o mercado financeiro há algum tempo, já deve ter visto vários casos de conflito de interesses entre a gestão de uma companhia e os seus acionistas — e, nesta semana, tivemos mais um, agora envolvendo a Natura (NTCO3).
Às vezes isso acontece quando a gestão decide se presentear com bônus multimilionários sem ter merecido isso. Às vezes, o conflito surge quando os executivos tentam fazer a empresa crescer a qualquer custo, sem avaliar se isso faz sentido e muito menos se os retornos dos acionistas serão afetados.
Fato é que, na grande maioria das vezes que os conflitos acontecem, os executivos utilizam seu poder para enfiar suas decisões goela abaixo dos acionistas, que no fim da história, acabam pagando o pato.
Natura e a dica quente não vingou
Duas semanas atrás, comentamos sobre o fato de a Natura estar prestes a vender sua subsidiária Aesop. Mais especificamente, sobre os "espertinhos" que tinham comprado NTCO3 em busca de um ganho rápido, e como eles acabaram tomando um prejuízo de quase 20% no dia da divulgação de resultados do 4T22.
Pois bem, nesta semana a Aesop finalmente foi vendida, o que renderá US$ 2,5 bilhões para os cofres da Natura.
Assim como o esperado, a reação inicial do mercado foi positiva, mas logo em seguida o humor com os papéis virou e NTCO3 fechou o pregão com -3% de queda. No dia seguinte, as ações ainda derreteram mais -9%.
Leia Também
Resumindo a história: na semana daquele que parecia ser o maior gatilho positivo para NTCO3 nos últimos 12 meses, a ação caiu mais de -10%. Isso só reforça o que conversamos na coluna do dia 24 de março: cuidado com as dicas quentes.
Mas nem sempre é assim que acontece. Algumas vezes, são os próprios acionistas que pressionam a gestão a cometer algum erro que pode custar caro para as ações.
Os acionistas nem sempre sabem o que é melhor
Mas eu não estou aqui para dar sermão em quem comprou NTCO3 por causa da venda da Aesop. Minha intenção aqui é outra: lembrar que os acionistas nem sempre sabem o que é melhor para a empresa.
A venda da aconteceu pela vontade dos acionistas verem o problema do alto endividamento resolvido — e rápido.
Com quase todas as subsidiárias passando por problemas e os acionistas pressionando por uma solução imediata, a saída encontrada pela gestão foi vender justamente a melhor empresa do grupo, a Aesop.
Mas por que as ações desabaram, afinal?
Agora que o endividamento está resolvido, o mercado parece ter começado a entender que a venda traz um problema bem mais profundo: sem a Aesop, o que sobra são várias subsidiárias com problemas, queimadoras de caixa ou com baixo potencial de crescimento.
E mesmo que a Natura consiga recuperar a Avon e a The Body Shop algum dia, dificilmente veremos os papéis negociando por múltiplos elevados novamente, porque a qualidade média do portfólio piorou.

Para resolver um problema no curto prazo, criou-se outro de longa duração — e muito mais estrutural, em minha visão.
Outros exemplos
Existem alguns outros exemplos de pressão que os acionistas fazem sem entender muito bem os impactos financeiros nocivos para as companhias.
As tentativas de acionistas ativistas forçarem companhias de petróleo a se tornarem mais "verdes" é um bom exemplo. Não é trivial para uma boa empresa de petróleo se transformar em uma boa empresa de energia limpa.
Os desafios são completamente diferentes e a expertise para tocar um tipo de negócio nem sempre será suficiente para ser bem sucedido no outro.
Um negócio que ainda poderia gerar mais quinze anos de excelentes resultados e, em seguida, "morrer em paz", acaba sendo forçado a mudar para uma rota desconhecida e fecha as portas dez anos mais cedo, com prejuízos destruidores para os acionistas e para a sociedade.
Outro exemplo é a transmissora Taesa (TAEE11), que tem sofrido uma pressão para vencer leilões de novas concessões já que praticamente metade de sua RAP vencerá nos próximos dez anos.
Para não deixar a peteca cair, a companhia tem disputado e "vencido" leilões extremamente competitivos com deságios absurdos, que superam os 50%.
Talvez isso faça os acionistas felizes no curto prazo, mas eu suspeito que o longo prazo trará um sentimento um pouco diferente para eles — voltaremos nesse assunto na Páscoa de 2033.
Por esse motivo, a nossa transmissora preferida na bolsa é a Alupar (ALUP11), que não tem sido tão agressiva nos últimos leilões e possui concessões que devem se mostrar bem mais rentáveis nos próximos anos.
Se quiser conferir a lista completa com boas ações pagadoras de dividendos, da qual a Alupar faz parte, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ação da Casas Bahia (BHIA3) sobe forte antes de balanço, ajudada por vitória judicial que poderá render mais R$ 600 milhões de volta aos cofres
Vitória judicial ajuda a impulsionar os papéis BHIA3, mas olhos continuam voltados para o balanço do 1T25, que será divulgado hoje, após o fechamento dos mercados
Balanço do Nubank desagradou? O que fazer com as ações após resultado do 1T25
O lucro líquido de US$ 557,2 milhões no 1T25, um salto de 74% na comparação anual, foi ofuscado por uma reação negativa do mercado. Veja o que dizem os analistas
Show de talentos na bolsa: Ibovespa busca novos recordes em dia de agenda fraca
Ibovespa acaba de renovar sua máxima histórica em termos nominais e hoje depende do noticiário corporativo para continuar subindo
Depois de negociar ações de pequenas e médias empresas brasileiras, BEE4 quer estrear na renda fixa no segundo semestre
Conhecida como ‘bolsa das PMEs’, startup busca investidores para levantar capital para empresas que faturam até R$ 500 milhões ao ano
Nubank (ROXO34) atinge lucro líquido de US$ 557,2 milhões no 1T25, enquanto rentabilidade (ROE) vai a 27%; ações caem após resultados
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco digital do cartão roxo atingiu a marca de 27%; veja os destaques do balanço
Prejuízo da Natura diminui, mas bancos ainda não ‘colocam a mão no fogo’ pelas ações NTCO3
Os papéis da companhia estiveram entre as maiores altas do Ibovespa nesta terça-feira, mas desempenho não é suficiente para convencer os grandes bancos
Com bolsa em alta, diretor do BTG Pactual vê novos follow-ons e M&As no radar — e até IPOs podem voltar
Para Renato Hermann Cohn, diretor financeiro (CFO) do banco, com a bolsa voltando aos trilhos, o cenário começa a mudar para o mercado de ofertas de ações
Sabesp (SBSP3) tropeça na receita, mas agrada com corte de custos; saiba se é hora de comprar
BTG Pactual destacou que o Ebitda veio 4% abaixo das estimativas, mas elogiou o controle de custos e a perspectiva positiva para a entrega de investimentos nos próximos trimestres
Yduqs no vermelho: Mercado deixa ações de recuperação após balanço fraco. Ainda vale a pena ter YDUQ3 na carteira?
Para os analistas, a Yduqs (YDUQ3) apresentou resultados mistos no 1T25. O que fazer com os papéis agora?
Hapvida (HAPV3) dispara na B3 com balanço mais forte que o esperado, mas perda de beneficiários acende sinal de alerta. Vale a pena comprar as ações?
A companhia entregou resultado acima do esperado e mostrou alívio na judicialização, crescimento da base de clientes ainda patina. Veja o que dizem os analistas
Elo, agora em 3 fatias iguais: Bradesco, Banco do Brasil e Caixa querem voltar a dividir a empresa de pagamentos igualmente
Trio de gigantes ressuscita modelo de 2011 e redefine sociedade na bandeira de cartões Elo de olho nos dividendos; entenda a operação
Um acordo para buscar um acordo: Ibovespa repercute balanço da Petrobras, ata do Copom e inflação nos EUA
Ibovespa não aproveitou ontem a euforia com a trégua na guerra comercial e andou de lado pelo segundo pregão seguido
Comprado em Brasil: as ações escolhidas pelo Bank of America para investir no Ibovespa hoje
O banco projeta corte de juros ainda neste ano e uma Selic menor do que o mercado para 2026 — nesse cenário, as ações podem ter um desempenho melhor na bolsa no curto prazo
Braskem (BRKM5) sobe forte na B3 após balanço do 1T25 e “ajudinha” de Trump e Xi Jinping. É hora de comprar as ações da petroquímica?
Além do aumento do apetite a risco nos mercados, os investidores repercutem o balanço da Braskem no primeiro trimestre
Cenário dos sonhos para a bolsa: Dow Jones dispara mais de 1 mil pontos na esteira de acordo entre EUA e China
Por aqui, o Ibovespa teve uma reação morna, mas exportações brasileiras — especialmente de commodities — podem ser beneficiadas com o entendimento; saiba como
Inter (INBR32) bate recorde de lucro e cresce rentabilidade no 1T25, mas ainda tem chão até chegar no 60-30-30
O banco digital continuou a entregar avanços no resultado, mas ainda precisa correr para alcançar o ambicioso plano até 2027; veja os principais destaques do balanço
Onda de euforia nas bolsas: Ibovespa busca novos recordes na esteira do acordo entre EUA e China
Investidores também estão de olho no andamento da temporada de balanços e na agenda da semana
BTG Pactual (BPAC11) atinge novo lucro recorde no 1T25 e faz rivais comerem poeira na briga por rentabilidade
Lucro recorde, crescimento sólido e rentabilidade em alta: os números do trimestre superam as previsões e reafirmam a força do banco de investimentos
Ibovespa rompe máxima e garante ganhos no mês: o que o investidor pode esperar para a semana na bolsa
Confira também quais foram os vencedores e perdedores dos últimos cinco dias e como foi o comportamento do dólar no período
Todo cuidado é pouco: bolsa pode não estar tão barata como parece — saiba por que gestor faz esse alerta agora
Para André Lion, sócio da Ibiuna Investimentos, é difícil dizer se a valorização do Ibovespa, observada até agora, continuará