O que uma proposta de casamento para Gisele Bündchen tem a ver com a fusão entre Eneva e Vibra?
Eu provavelmente precisaria nascer de novo para me casar com a Gisele, mas a proposta de fusão que a Eneva (ENEV3) fez para a Vibra (VBBR3) tem seus méritos

Domingo à noite, depois de uma rodada emocionante do Brasileirão e de duas ou três cervejas, surge a ideia brilhante: mandar uma proposta para a Gisele Bündchen.
"Cara Gisele, o que você acha de se casar comigo? Juntamos os nossos bens — eu entro com o meu Chevrolet Astra 2005 e minha casa financiada, você com os R$ 2 bilhões de patrimônio —, então dividimos tudo 50% - 50% e somos felizes para sempre. Topa?"
Olha, eu até me acho um cara legal, mas é difícil imaginar que ela aceitaria uma proposta dessas.
Tudo indica que eu precisaria melhorar (muito) os termos – mais provavelmente precisaria nascer de novo, mais bonito e rico quem sabe…
Mas o fato é que, à primeira vista, acho que ela não teria muito a ganhar nessa união — a não ser por algumas dicas de investimento, não é mesmo Gi? 😉
Vibra, você aceita se casar comigo?
É claro que tudo isso é uma brincadeira. Mas ajuda a entender um pouco a proposta de fusão que a Eneva (ENEV3) fez para a Vibra (VBBR3), exatamente num domingo à noite.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Buy the dip, e leve um hedge de brinde
Segundo a proposta da Eneva, cada uma teria 50% da companhia resultante, ainda que naquele momento a Vibra tivesse um valor de mercado aproximadamente 20% maior, e uma dívida muito menor também.
Logo de cara, fica claro que, pelo menos no que diz respeito à relação de troca, os termos eram claramente pouco atrativos para a Vibra. A empresa entraria na "sociedade" com a maior parte do capital, mas teria apenas metade das ações.
Mas e com relação aos aspectos operacionais? Alguém sairia ganhando mais?
Essa análise é bem mais complicada, pois envolve o exercício de tentar adivinhar o resultado de uma fusão complexa de duas companhias que já são bastante complexas sozinhas.
Para a Eneva, seria a chance de monetizar sua reserva de gás, que segue crescendo dado que os despachos seguem em níveis muito baixos.
Eneva fica mais previsível e menos endividada com a Vibra
Lembre-se que, apesar das receitas fixas interessantes, é nos despachos e na queima do gás que a Eneva consegue usar o seu maior diferencial competitivo (produção própria do combustível com custos muito baixos).
Sem os despachos para vender o gás para os consumidores de energia elétrica, a Vibra e sua vasta rede de distribuição poderiam ajudá-la a encontrar compradores.
Ou seja, de uma hora para outra, o mercado pararia de modelar a Eneva com base nos despachos em função do nível dos reservatórios (que seguem desfavoráveis) para um modelo no qual a venda do gás poderia ser bem mais constante e previsível, com melhora do perfil de geração de caixa.
Ainda, a maior geração de caixa da Vibra no curto prazo ajudaria a Eneva a reduzir sua alavancagem (hoje acima de 4x dívida líquida/Ebitda). Além disso, contribuiria para gerar recursos para os investimentos em algumas térmicas que ainda estão em construção.
Bom também para a Vibra
Também há vantagens para a Vibra. Na teoria, ela passaria a ter acesso a um combustível crucial para o processo de transição energética (o gás) com custos bastante baixos. Lembre-se que cada vez mais discute-se a substituição de combustíveis como diesel e óleo combustível por outros menos poluentes, como o gás natural.
Além da rede de postos BR, a Vibra tem milhares de grandes indústrias como clientes B2B. Ou seja, um vasto portfólio para distribuir o gás produzido pela Eneva com custos muito competitivos.
É importante destacar esse ponto porque, diferente do que temos lido por aí, a Vibra poderia sim se aproveitar de algumas vantagens que surgiriam dessa junção de forças.
Mas em nossa visão, também nos aspectos operacionais as vantagens da fusão são maiores para a Eneva neste momento.
Por isso, mesmo com recomendação de compra para a Eneva em várias séries da Empiricus e, portanto, mais propenso a puxar a sardinha para o nosso lado, tenho de reconhecer que há mais vantagens para ela do que para a Vibra nessa eventual fusão.
Assim a proposta de uma participação de 50% - 50% parece desajustada. Ainda mais levando em consideração que a Vibra já valia 20% mais quando ela foi feita.
Casamento Eneva e Vibra: nesses termos, a resposta é não
Por esse motivo, logo depois de a Eneva divulgar a proposta ao mercado, dissemos que seria muito difícil a Vibra aceitar aqueles termos (50% - 50%). O que se confirmou pouco tempo depois, quando ela recusou formalmente a proposta da Eneva.
De qualquer maneira, é importante destacar que, apesar de rejeitar a proposta, a Vibra deixou a porta aberta para novas conversas, como mostra o trecho abaixo retirado da resposta da companhia para a Eneva:
"Não entramos no mérito estratégico de uma possível fusão neste momento. Contudo, as potenciais sinergias indicadas na Proposta precisam ser aprofundadas".
Aqui entra mais uma observação de nossa parte, e que talvez tenha contribuído para a negativa da Vibra. Na proposta enviada pela Eneva, sentimos falta de aspectos quantitativos. Mais especificamente, alguma ideia do valor presente dessa reserva de gás, assumindo que ela tenha uma monetização razoavelmente garantida.
Estamos falando de mais de 40 bilhões de metros cúbicos de gás. Apenas como base de comparação, em São Paulo as tarifas de distribuição para grandes consumidores chega a R$ 2,5/m3, como mostra a tabela abaixo da Comgás (sem contar a tarifa fixa cobrada pela infraestrutura).
Em nossas estimativas, atualmente os custos variáveis de produção de gás da Eneva na Bacia do Parnaíba estão em torno de R$ 0,25/R$ 0,30 por metro cúbico.
As variáveis da conta
Mas é claro que a conta não é tão simples, especialmente porque quando se trata de gás natural, o grande gargalo sempre foi o transporte da molécula. Por isso, inclusive, as petroleiras sempre preferiram reinjetar, ou mesmo queimar, o gás em suas operações.
Aliás, essa é a grande virtude do modelo R2W da Eneva, no qual as usinas termelétricas já estão do lado das reservas, o que faz o custo do gás entregue na usina ser próximo de R$ 0,45/R$ 0,50 por metro cúbico, extremamente barato.
Se esse gás fosse vendido para clientes distantes das reservas, precisaria colocar na conta plantas para liquefação e armazenagem, caminhões para transporte, ou mesmo gasodutos. Com isso, os custos obviamente aumentariam bastante, mas ainda com potencial de geração de valor.
Só que fazer essa conta não é trivial, nem para a Vibra, nem para o mercado, e talvez nem para a Eneva.
Aguardando os novos capítulos
Ainda que a primeira resposta tenha sido negativa, não descartamos novas aproximações em um futuro próximo. Talvez até para tentar quantificar esse potencial a ser destravado.
Aliás, nos últimos dias surgiram notícias de que investidores das duas companhias estariam conversando sobre o assunto para tentar chegar em algum acordo.
De qualquer forma, tudo indica que, se a Eneva quiser um "sim", vai ter que melhorar as condições e ser um pouco mais convincente sobre as vantagens dessa união, que pode destravar bastante valor para ela.
Mas com um bom potencial de crescimento pela frente mesmo que continue "solteira" e um valuation que já embute um despacho bastante baixo, a Eneva (ENEV3) segue na carteira do Double Income, focada em geração de renda.
Aliás, quem tiver esses outros dois ativos sugeridos na série Double Income até o fechamento do pregão desta sexta-feira (8) terá direito a receber bons rendimentos antes mesmo do Natal. Aproveite.
- Outras 5 opções de investimentos para buscar geração de renda com dividendos a partir de dezembro: conheça as ações recomendadas pelo analista Ruy Hungria acessando este relatório totalmente gratuito.
Um grande abraço e até a próxima semana!
Ruy
Não é só o short squeeze: Casas Bahia (BHIA3) triplica de valor em 2025. Veja três motivos que impulsionam as ações hoje
Além do movimento técnico, um aumento da pressão compradora na bolsa e o alívio no cenário macroeconômico ajudam a performance da varejista hoje; entenda o movimento
É hora de comprar a líder do Ibovespa hoje: Vamos (VAMO3) dispara mais de 17% após dados do 4T24 e banco diz que ação está barata
A companhia apresentou os primeiros resultados trimestrais após a cisão dos negócios de locação e concessionária e apresenta lucro acima das projeções
Hapvida (HAPV3) salta na B3 com Squadra reforçando o apetite pela ação. É o nascer de uma nova favorita no setor de saúde?
A Squadra Investimentos adquiriu 388.369.181 ações HAPV3, o equivalente a 5,15% da companhia de saúde
Sem sinal de leniência: Copom de Galípolo mantém tom duro na ata, anima a bolsa e enfraquece o dólar
Copom reitera compromisso com a convergência da inflação para a meta e adverte que os juros podem ficar mais altos por mais tempo
Dividendos e JCP: Magazine Luiza (MGLU3) e TIM (TIMS3) vão depositar mais de R$ 700 milhões na conta dos acionistas
A festa de proventos da bolsa brasileira acaba de receber mais dois nomes de peso; saiba como ter direito às remunerações e quando receber os dividendos
Felipe Miranda: Dedo no gatilho
Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.
Bayer, Ambev e Silimed têm vagas para estágio e trainee com bolsa-auxílio de até R$ 7 mil; confira as oportunidades
Para jovens estudantes e recém-formados em busca de um lugar no mercado de trabalho, o estágio ou trainee certo pode ser a porta de entrada. Com o fim de março se aproximando, empresas brasileiras e multinacionais seguem em busca de talentos para reforçar suas equipes — e essa pode ser a chance de agarrar uma […]
Goldman Sachs de saída da Oncoclínicas? Banco vende maior parte da fatia em ONCO3 para gestora de private equity; operação reacende discussão sobre OPA
O banco norte-americano anunciou a venda de 102.914.808 ações ordinárias ONCO3, representando 15,79% do capital social total da Oncoclínicas
Investir em Petrobras ficou mais arriscado, mas ainda vale a pena colocar as ações PETR4 na carteira, diz UBS BB
Mesmo com a visão positiva, o UBS BB cortou o preço-alvo para a petroleira estatal, de R$ 51,00 para os atuais de R$ 49,00
Eles perderam a fofura? Ibovespa luta contra agenda movimentada para continuar renovando as máximas do ano
Ata do Copom, balanços e prévia da inflação disputam espaço com números sobre a economia dos EUA nos próximos dias
Sem OPA na Oncoclínicas (ONCO3): Empresa descarta necessidade de oferta pelas ações dos minoritários após reestruturação societária
Minoritários pediram esclarecimentos sobre a falta de convocação de uma OPA após o Fundo Centaurus passar a deter uma fatia de 16,05% na empresa em novembro de 2024
Bolão fatura sozinho a Mega-Sena, a resposta da XP às acusações de esquema de pirâmide e renda fixa mais rentável: as mais lidas da semana no Seu Dinheiro
Loterias da Caixa Econômica foram destaque no Seu Dinheiro, mas outros assuntos dividiram a atenção dos leitores; veja as matérias mais lidas dos últimos dias
Engie Brasil (EGIE3) anuncia compra usinas hidrelétricas da EDP por quase R$ 3 bilhões — e montante pode ser ainda maior; entenda
O acordo foi firmado com a EDP Brasil (ENBR3) e a China Three Gorges Energia, com um investimento total de R$ 2,95 bilhões
AgroGalaxy (AGXY3) adia outra vez balanço financeiro em meio à recuperação judicial
A varejista de insumos para o agronegócio agora prevê que os resultados do quarto trimestre de 2024 serão divulgados em 22 de abril
Dividendos e JCP pingando na carteira: Rede D’Or (RDOR3) e outras 4 empresas anunciam mais de R$ 1 bilhão em proventos
Além do gigante hospitalar, a Localiza, Grupo Mateus, Track & Field e Copasa anunciaram JCPs e dividendos; saiba como receber
Por que a ação da Casas Bahia (BHIA3) salta 45% na B3 na semana, enquanto outra varejista desaba 18%?
A ação da varejista acumulou uma valorização estelar superior a 45% nos últimos pregões; entenda o movimento
Fundador do Nubank (ROXO34) volta ao comando da liderança. Entenda as mudanças do alto escalão do banco digital
Segundo o banco digital, os ajustes na estrutura buscam “aumentar ainda mais o foco no cliente, a eficiência e a colaboração entre países”
Ação da Petz (PETZ3) acumula queda de mais de 7% na semana e prejuízo do 4T24 não ajuda. Vender o papel é a solução?
De acordo com analistas, o grande foco agora é a fusão com a Cobasi, anunciada no ano passado e que pode ser um gatilho para as ações
Ozempic na versão brasileira: ação da Hypera (HYPE3) sobe forte após balanço, e remédio para emagrecimento ajuda
Farmacêutica planeja entrar na onda das injeções para emagrecimento tão logo expire a patente do remédio, o que deve acontecer daqui a um ano
Ambipar (AMBP3): CVM manda gestora lançar oferta por ações após disparada sem precedentes na B3
CVM entendeu que fundos que têm como cotista o empresário Nelson Tanure atuaram em conjunto com o controlador da Ambipar na compra em massa que resultou na disparada das ações na B3