Quem está acostumado com a calmaria da Itaúsa (ITSA4) deve estar estranhando: a holding de investimentos resolveu mexer na carteira nas últimas 24 horas. Após fechar a compra da fatia da Andrade Gutierrez na CCR (CCRO3), a empresa voltou a colocar as mangas de fora — e, dessa vez, a movimentação diz respeito à participação detida na XP.
A Itaúsa anunciou há pouco a venda de 7 milhões de ações classe A da XP, por cerca de R$ 665 milhões. Com isso, a holding continua detendo pouco mais de 57,4 milhões de papéis ON da corretora — uma fatia que corresponde a 10,31% do capital social total e a 3,68% do capital votante.
O movimento não chega a surpreender — a Itaúsa sempre foi clara ao afirmar que esse investimento não era estratégico. E, de certa maneira, mostra que a empresa não dá ponto sem nó: os recursos levantados ajudarão a pagar a compra da participação na CCR.
Também vale ressaltar que, por mais que a Itaúsa não veja a XP como um ativo estratégico do portfólio, ela também não larga o osso: mesmo com a venda das 7 milhões de ações, a holding diz que seus direitos para indicar membros ao conselho de administração e ao comitê de auditoria da corretora seguem inalterados.
"A alienação impactará positivamente os resultados da Itaúsa do terceiro trimestre de 2022 em aproximadamente R$ 300 milhões, líquidos de impostos", diz a empresa. Veja abaixo como ficou o portfólio de investimentos da Itaúsa após as recentes movimentações:
Empresas da carteira | Participação da Itaúsa |
Itaú | 37,20% |
XP | 10,31% |
Alpargatas | 29,60% |
Dexco | 37,90% |
Aegea | 12,90% |
NTS | 8,50% |
Copa Energia | 48,90% |
CCR | 10,33% |
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Itaúsa (ITSA4): entrada na CCR (CCRO3)
A Itaúsa uniu-se ao Grupo Votorantim para comprar a fatia de 14,86% detida pela Andrade Gutierrez na CCR (CCRO3) — a transação foi fechada por R$ 4,1 bilhões e envolveu pouco mais de 300 milhões de ações da companhia de concessões em infraestrutura.
A Andrade Gutierrez, altamente endividada desde o envolvimento nas investigações da Operação Lava-Jato, foi pressionada por seus credores a vender sua participação; Mover (a antiga Camargo Corrêa) e Soares Penido são os outros acionistas de referência da CCR e formam o bloco de controle da companhia.
A Itaúsa desembolsou R$ 2,9 bilhões e ficará com 208,7 milhões de papéis CCRO3, ou 10,33% do capital social da empresa — ela também terá direito a um assento no conselho de administração da empresa. Já a Votorantim ficará com o restante, ou cerca de 91,5 milhões de ações.