Aperto monetário global é novo entrave para crescimento da economia brasileira
Com vários países endurecendo a política monetária, o mundo tende a crescer menos, com impactos sobre o comércio global

O movimento de alta de juros nas principais economias do mundo deve se transformar em mais um entrave para o desempenho da atividade econômica do Brasil.
O aperto monetário em andamento tem potencial para provocar uma desaceleração global e pode empurrar a economia brasileira para um desempenho ainda mais pífio no ano que vem - hoje, as previsões de crescimento estão próximas de 0,5%.
Os analistas dizem também que a atuação mais dura dos bancos centrais aumenta a pressão sobre o rumo das contas públicas do País.
Com um cenário de inflação elevada disseminada pela economia global, a lista de bancos centrais que subiu os juros é extensa - das grandes economias, apenas a China e o Japão não integram esse grupo.
Na quarta-feira (21), o Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) promoveu mais uma alta das taxas de juros em 0,75 ponto porcentual. Na quinta (22), foi a vez do Banco da Inglaterra (BoE) subir os juros em 0,50 ponto porcentual. Há duas semanas, o aperto monetário veio da Banco Central Europeu.
Inflação global
"Há uma particularidade nesse momento. A inflação é global. É necessário que os principais BCs tomem as rédeas da alta de preços e subam os juros", diz Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências. "É um aperto global não visto há muitos anos."
Leia Também
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 13,75% ao ano na quarta-feira, interrompendo o maior ciclo de aperto monetário em 23 anos.
Na prática, juros mais altos encarecem o crédito das famílias e o investimento das empresas, prejudicando o desempenho da economia.
Com vários países endurecendo a política monetária, o mundo tende a crescer menos, com impactos sobre o comércio global, levando, por exemplo, a uma queda dos preços das commodities. O Brasil é um grande exportador de minério de ferro e soja, e, portanto, é afetando quando os preços desses itens recuam.
"Um PIB global mais baixo no ano que vem é ruim para as exportações brasileiras. Hoje, a gente projeta um crescimento de 0,7%, 0,8% para o Brasil em 2023. E por que não projetamos 1,2%? Porque uma parte desse pedaço vem justamente da desaceleração da economia global, acabando por resvalar na nossas exportações", diz Marco Maciel, sócio e economista da Kairós Capital.
Olho no fiscal
O cenário de aperto global ainda deve fazer com que os investidores se debrucem de forma mais criteriosa sobre o rumo das contas públicas do País.
Há uma dúvida sobre qual será o futuro do teto de gastos - considerada a principal âncora fiscal - e como o próximo governo vai lidar com as pressões de aumento de gastos, em especial com a manutenção do valor de R$ 600 para o Auxílio Brasil.
Ao subir os juros, os países mais avançados tiram a atratividade das economias consideradas emergentes, como a brasileira, porque são considerados mais seguros para investir. Com um retorno melhor lá fora, os investidores devem olhar com mais detalhes os fundamentos econômicos dos países com potencial para receber algum tipo de recurso.
"É um mundo muito complexo, e o dinheiro tem de ir para algum lugar. Isso faz aparecer algumas janelas de oportunidade. Mas quem ganhar a eleição precisa fazer o dever de casa, que é consertar o fiscal", afirma Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos. "O problema é não fazer o dever de casa. Nesse cenário, o juro ficaria alto por muito mais tempo, e o crescimento seria prejudicado."
A gestão das contas públicas se tornou o principal nó da gestão macroeconômica do Brasil. A União acumula déficits primários desde 2014. Neste ano, as contas até devem voltar para o azul, mas a previsão do próprio governo é a de que déficit volte em 2023.
"O problema é que a luta para mais estímulos fiscais estará dada (em 2023), e isso poderá fazer com que a política fiscal fique ainda mais difícil, o que coloca dificuldade na gestão de política monetária", afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Leia mais:
- Japão mantém juros inalterados, mas interfere no câmbio pela primeira vez em 24 anos; entenda o que aconteceu
- Fed decepciona, Copom finaliza alta dos juros e a nova janela para IPOs; confira os destaques do dia
- Libra em queda livre? O grande vilão que fez a moeda britânica atingir o menor nível em 37 anos ante o dólar
Felipe Miranda: Ela é uma vaca, eu sou um touro
Diante da valorização recente, a pergunta verdadeiramente relevante é se apenas antecipamos o rali esperado para o segundo semestre, já tendo esgotado o espaço para a alta, ou se, somada à apreciação do começo de 2025, teremos uma nova pernada até o fim do ano?
Dividendos e JCP: Tim (TIMS3) anuncia R$ 300 milhões em proventos após salto de 53,6% no lucro para nível recorde no 1T25
O resultado do 1º trimestre deste ano da Tim mostra um lucro líquido de R$ 798 milhões, uma nova máxima para o começo do ano
Hora de colocar fundos imobiliários de shoppings na carteira? Itaú BBA vê resiliência no segmento e indica os FIIs favoritos
Os FIIs do setor mostram resiliência apesar da alta dos juros, mas seguem descontados na bolsa
Um recado para Galípolo: Analistas reduzem projeções para a Selic e a inflação no fim de 2025 na semana do Copom
Estimativa para a taxa de juros no fim de 2025 estava em 15,00% desde o início do ano; agora, às vésperas do Copom de maio, ela aparece em 14,75%
Espírito olímpico na bolsa: Ibovespa flerta com novos recordes em semana de Super Quarta e balanços, muitos balanços
Enquanto Fed e Copom decidem juros, temporada de balanços ganha tração com Itaú, Bradesco e Ambev entre os destaques
Pódio triplo: Itaú (ITUB4) volta como ação mais recomendada para maio ao lado de duas outras empresas; veja as queridinhas dos analistas
Dessa vez, a ação favorita veio acompanhada: além do Itaú, duas empresas também conquistaram o primeiro lugar no ranking dos papéis mais recomendados para maio.
Trump descarta demissão de Powell, mas pressiona por corte de juros — e manda recado aos consumidores dos EUA
Em entrevista, Trump afirmou que os EUA ficariam “bem” no caso de uma recessão de curto prazo e que Powell não reduziu juros ainda porque “não é fã” do republicano
Um mês da ‘libertação’: guerra comercial de Trump abalou mercados em abril; o que esperar desta sexta
As bolsas ao redor do mundo operam em alta nesta manhã, após a China sinalizar disposição de iniciar negociações tarifárias com os EUA
Tesouro Direto pagará R$ 153 bilhões aos investidores em maio; veja data de pagamento e qual título dá direito aos ganhos
O valor corresponde ao vencimento de 33,5 milhões de NTN-Bs, que remuneram com uma taxa prefixada acrescida da variação da inflação
As maiores altas e quedas do Ibovespa em abril: alívio nos juros foi boa notícia para ações, mas queda no petróleo derrubou petroleiras
Os melhores desempenhos são puxados principalmente pela perspectiva de fechamento da curva de juros, e azaradas do mês caem por conta da guerra comercial entre EUA e China
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Depois de lambermos a lona no início de janeiro, a realidade acabou se mostrando um pouco mais piedosa com o Kit Brasil
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Focus prevê IPCA menor ao final de 2025, mas ainda acima do teto da meta: veja como buscar lucros acima da inflação com isenção de IR
Apesar da projeção de uma inflação menor ao final de 2025, o patamar segue muito acima da meta, o que mantém a atratividade dessa estratégia com retorno-alvo de 17% e livre de IR
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
JP Morgan rebaixa Caixa Seguridade (CXSE3) para neutra após alta de 20% em 2025
Mesmo com modelo de negócios considerado “premium”, banco vê potencial de valorização limitado, e tem uma nova preferida no setor
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio