🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 2T25 VAI COMEÇAR: ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA

Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

1 mês da guerra

Desde a invasão russa à Ucrânia, Ibovespa disparou, dólar e ouro recuaram, e bitcoin teve a maior alta entre os investimentos; veja como a guerra afetou (ou não) os investimentos

Mercados globais reagiram ao conflito, que tem grande impacto macroeconômico, e mercado brasileiro não foi exceção; porém, por aqui também tivemos nossas idiossincrasias, e nem todo movimento foi intuitivo

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
23 de março de 2022
21:24
Bandeira da Rússia e da Ucrânia com títulos de guerra ao fundo
Pressão inflacionária trazida pela guerra da Ucrânia dita trajetória da bolsa brasileira e dos juros, bem como o desempenho da renda fixa. Imagem: Shutterstock

Nesta quinta-feira, 24 de março, a invasão da Ucrânia pela Rússia completa um mês. E como tipicamente acontece com guerras que impactam a economia global de forma ampla, os mercados financeiros vêm reagindo ao conflito, em maior ou menor grau.

De cara, espera-se que a guerra da Ucrânia pressione a inflação global neste ano, com a disparada das cotações das commodities energéticas, metálicas e agrícolas.

A região afetada pelo conflito é importante produtora de grãos, como o trigo; além disso, a Rússia - que sofreu uma série de sanções econômicas internacionais, sendo praticamente excluída do mercado global - é grande produtora de petróleo, gás, minérios usados na fabricação de fertilizantes e alguns metais, como o níquel.

Em segundo lugar, como era de se esperar em um ambiente de incertezas por conta de uma guerra desta magnitude, o dólar e o ouro viram alguma valorização globalmente, ao longo do último mês.

O índice DXY, que compara a moeda americana a uma cesta de moedas fortes, acumulou alta de 2,52% desde que o conflito começou; já os contratos de ouro com vencimento em abril, negociados na Nymex, a bolsa de commodities de Nova York, avançam 2,11% no período.

Há aqui uma situação um pouco ambígua. Ambos os ativos são vistos como portos-seguros em tempos de crise e alta incerteza. O ouro, por um lado, se beneficia também de cenários inflacionários. O dólar, por outro, é ajudado pela perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos, que além disso torna os títulos públicos americanos mais atrativos. Este cenário, porém, tende a ser ruim para a cotação do ouro, uma vez que o metal dourado não paga juros, como os títulos do Tesouro dos EUA.

Leia Também

No entanto, o desempenho positivo das duas proteções não se repetiu no mercado brasileiro. Ante o real, o dólar continuou se depreciando, chegando, na última quarta-feira (23), à casa dos R$ 4,84. Cotado na moeda americana, o ouro também teve perdas em reais.

Já as bolsas mundiais, assim como os demais mercados, reagiram ao conflito com volatilidade, precisando também se haver com o fato de que o mundo entra agora em uma fase de alta nas taxas de juros, puxada pelo Fed.

Mas isso não quer dizer que os mercados de ações estejam se saindo mal. A bolsa brasileira, por exemplo, tem sido uma das beneficiadas pelo cenário atual, pelo grande peso das empresas produtoras de commodities no seu principal índice, o Ibovespa.

Veja a seguir o desempenho dos principais ativos, no mercado brasileiro, desde que a guerra da Ucrânia começou:

InvestimentoRentabilidade no mêsRentabilidade no ano
Bitcoin11,20%-19,25%
Ibovespa4,87%12,05%
Índice de Debêntures Anbima - IPCA (IDA - IPCA)**1,29%1,54%
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)**0,98%2,13%
Tesouro Selic 20250,80%2,46%
CDI*0,78%2,11%
Tesouro IPCA+ 20260,66%1,33%
Tesouro Selic 20270,65%2,57%
Poupança antiga***0,50%1,72%
Poupança nova***0,50%1,72%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 20320,41%-
Tesouro IPCA+ 20350,27%-3,90%
IFIX0,19%-2,50%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040-0,24%-2,34%
Tesouro IPCA+ 2045-0,58%-9,11%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055-1,27%-3,64%
Tesouro Prefixado 2025-1,31%-1,40%
Ouro-2,04%-9,39%
Dólar PTAX-2,86%-12,72%
Dólar à vista-3,20%-13,12%
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033-3,34%-
Tesouro Prefixado 2029-3,46%-

Bitcoin (BTC) tem a maior alta desde o início da guerra da Ucrânia

Também sujeito a forças opostas no mercado global, assim como o ouro e o dólar, o bitcoin (BTC) apresenta uma alta de mais de 10% em reais e cerca de 12% em dólar desde a data da invasão da Ucrânia pelos russos. Entre os principais investimentos, trata-se da maior alta do período.

Se, por um lado, a perspectiva de alta de juros nos EUA e a incerteza provocada pela guerra elevam a aversão a risco, pesando negativamente sobre as cotações dos criptoativos, por outro, o Federal Reserve, o banco central americano, vem se comportando da forma esperada pelo mercado.

Além disso, as sanções contra a Rússia e as inseguranças na Ucrânia têm ampliado a adoção das criptomoedas por ambos os países, colocando as principais qualidades do bitcoin - descentralização e o fato de não estar sujeito a governos - sob os holofotes.

Ibovespa tem o segundo melhor desempenho, com alta de quase 5%

A forte alta do petróleo - o barril do tipo Brent foi dos US$ 95 aos US$ 121 desde que a guerra começou, uma alta de cerca de 28% - impulsionou as ações das petroleiras brasileiras, com a exceção quase surpreendente da Petrobras, que sofre pressões políticas para não reajustar os preços dos combustíveis.

Também vimos valorizações nas ações de outras empresas com grande peso no Ibovespa, como Vale (VALE3), siderúrgicas e grandes bancos privados - estes impulsionados pelos juros em alta.

Não só os negócios dessas empresas se beneficiam do ambiente macroeconômico atual como as commodities são vistas como ativos de proteção em momentos de inflação em alta, e o mercado brasileiro é associado à produção de matérias-primas.

Assim, a bolsa brasileira vem atraindo capital estrangeiro, beneficiada ainda pelos preços depreciados dessas ações e pelo fato de que, entre os grandes mercados emergentes do mundo, o Brasil agora é o único considerado barato e minimamente estável, ao mesmo tempo.

Queda do dólar prossegue

Esse fluxo de dólares para o mercado local contribui para o alívio na cotação da moeda americana ante o real. É o real, moeda tipicamente associada a commodities, que está se fortalecendo.

Mas a alta nos preços das matérias-primas não é a única razão, e talvez nem mesmo a principal. O Banco Central brasileiro se antecipou aos bancos centrais dos países desenvolvidos e levou a taxa básica de juros de 2% aos dois dígitos no espaço de apenas um ano.

Enquanto isso, o Federal Reserve apenas na semana passada iniciou seu ciclo de alta nos juros, com um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica.

Assim, o diferencial de juros entre Brasil e EUA ficou muito maior do que nos piores momentos da pandemia, tornando as operações de curto prazo com títulos brasileiros muito mais atrativas para o gringo - aliás, as taxas da renda fixa para a pessoa física no mercado local, como você talvez já tenha percebido, estão bastante gordas.

Apesar da nossa inflação ainda elevada, a Selic bem acima da inflação projetada levou o Brasil novamente a ter o maior juro real do planeta. Quer dizer, a campeã é a Rússia, que sofreu um baque tão grande no rublo com a guerra que precisou levar seus juros às alturas; mas o país agora é carta fora do baralho no mercado financeiro internacional.

  • IMPORTANTE: liberamos um guia gratuito com tudo que você precisa para declarar o Imposto de Renda 2022; acesse pelo link da bio do nosso Instagram e aproveite para nos seguir. Basta clicar aqui.

O calvário dos títulos públicos

Por fim, podemos ver na lanterna da lista que os títulos atrelados à inflação de mais longo prazo e principalmente os prefixados tiveram os piores desempenhos do último mês.

Temos aí também uma influência da guerra da Ucrânia, por incrível que pareça. Isso porque as perspectivas do mercado e do próprio Banco Central brasileiro em relação à trajetória da inflação e ao ciclo de alta dos juros mudou um pouco com o início do conflito.

Antes, esperava-se que o ciclo de aumento da Selic estivesse perto do fim; mas a pressão inflacionária extra trazida pela guerra (em um ambiente em que os preços já não estavam exatamente controlados) levou à expectativa de mais aumentos na Selic e de uma taxa de juros maior no fim do ciclo. A inflação neste ano também deve ficar acima do inicialmente esperado.

Assim, os juros futuros continuaram a subir no último mês, o que machucou os preços de mercado de títulos como o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+.

Os títulos prefixados são os mais prejudicados neste cenário, pois eles são mais interessantes quando o ciclo de alta já está perto do fim, com inflação controlada e perspectiva de uma virada dos juros futuros para queda.

Lembre-se, no entanto, de que essa alta de juros se reflete em taxas de remuneração maiores para esses títulos. Quem já tinha comprado esses papéis a taxas elevadas ainda irá receber a taxa acordada se ficar com o papel até o vencimento; e quem os adquirir agora, conseguirá contratar remunerações ainda mais altas.

O prejuízo com títulos públicos só é realizado se o investidor vender o papel antes do vencimento em um mau momento de mercado. Caso fique com ele até o fim do prazo, o investidor recebe exatamente a rentabilidade contratada na hora da compra.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
IMPACTO NO BOLSO

De olho na conta de luz: Aneel aprova orçamento bilionário da CDE para 2025 com alta de 32% — e cria novo encargo

16 de julho de 2025 - 13:14

Novo orçamento da agência regula impacto de R$ 49,2 bilhões no setor elétrico — quase tudo será pago pelos consumidores

VEJA PONTO A PONTO

Governo Trump apela até para a Rua 25 de março e o Pix na investigação contra o Brasil. Aqui estão as seis acusações dos EUA

16 de julho de 2025 - 10:54

O governo norte-americano anunciou, na noite da última terça-feira (15), investigações contra supostas práticas desleais do comércio brasileiro. Veja as seis alegações

LOTERIAS

Ganhador da Mega-Sena fatura prêmio de mais de R$ 45 milhões com aposta simples; Lotofácil também faz um novo milionário

16 de julho de 2025 - 8:45

Em uma verdadeira tacada de sorte, o ganhador foi o único a cravar todas as dezenas do concurso 2888 da Mega-Sena; confira os resultados das principais loterias da Caixa

POLÍTICA MONETÁRIA

Copom vai cortar juros ainda em 2025 para seguir o Fed, mas não vai conseguir controlar a inflação, diz Fabio Kanczuk, do ASA

15 de julho de 2025 - 17:53

O afrouxamento monetário deve começar devagar, em 25 pontos-base, mesmo diante da possível tarifação dos EUA

GUERRA COMERCIAL

Lula tira do papel a Lei da Reciprocidade para enfrentar Trump, mas ainda aposta na diplomacia

15 de julho de 2025 - 14:08

Medida abre caminho para retaliação comercial, mas o governo brasileiro segue evitando o confronto direto com os Estados Unidos

AGENDA DE RESULTADOS

Temporada de balanços 2T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências

15 de julho de 2025 - 7:00

A temporada de balanços do 2T25 começa ainda em julho e promete mostrar quem realmente entregou resultado entre as principais empresas da B3

O QUE ESPERAR AGORA

Tarifas de Trump jogam balde de água fria nas expectativas para a economia brasileira; confira os impactos da guerra tarifária no país, segundo o Itaú BBA

14 de julho de 2025 - 11:51

O banco ressalta que o impacto final é incerto e que ainda há fatores que podem impulsionar a atividade econômica do país

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: Inflação, Livro Bege, G20 e PIB chinês; confira os indicadores mais importantes da semana

14 de julho de 2025 - 7:03

Com o mercado ainda digerindo as tarifas de Trump, dados econômicos movimentam a agenda local e internacional

ANÁLISE

É improvável que tarifa de 50% dos EUA às importações brasileiras se torne permanente, diz UBS WM

13 de julho de 2025 - 17:03

Para estrategistas do banco, é difícil justificar taxação anunciada por Trump, mas impacto na economia brasileira deve ser limitado

'FRUSTRAÇÃO'

Bolsonaro é a razão da tarifa mais alta para o Brasil, admite membro do governo dos EUA — mas ele foge da pergunta sobre déficit comercial

13 de julho de 2025 - 13:46

Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional dos Estados Unidos, falou em “frustração” de Trump em relação à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro ante a Justiça brasileira, mas evitou responder sobre o fato de os EUA terem superávit comercial com o Brasil

LOTERIAS

Sem milionários, só Lotofácil fez ganhadores neste sábado (12); Mega-Sena acumula em R$ 46 milhões. Veja resultados das loterias

13 de julho de 2025 - 9:53

Lotofácil fez quatro ganhadores, que levaram R$ 475 mil cada um. Prêmio da +Milionária agora chega a R$ 128 milhões

BOMBOU NO SD

Banco do Brasil (BBAS3), ataque hacker, FII do mês e tarifas de 50% de Trump: confira as notícias mais lidas da semana

12 de julho de 2025 - 18:10

Temas da semana anterior continuaram emplacando matérias entre as mais lidas da semana, ao lado do anúncio da tarifa de 50% dos EUA ao Brasil

GUERRA COMERCIAL

Tarifas de Trump podem afastar investimentos estrangeiros em países emergentes, como o Brasil

12 de julho de 2025 - 14:36

Taxação pode ter impacto indireto na economia de emergentes ao afastar investidor gringo, mas esse risco também é limitado

OLHO POR OLHO?

Lula afirma que pode taxar EUA após tarifa de 50%; Trump diz que não falará com brasileiro ‘agora’

12 de julho de 2025 - 11:28

Presidente brasileiro disse novamente que pode acionar Lei de Reciprocidade Econômica para retaliar taxação norte-americana

MOTIVAÇÕES POLÍTICAS

Moody’s vê estatais como chave para impulsionar a economia com eleições no horizonte — e isso não será bom no longo prazo

11 de julho de 2025 - 19:30

A agência avalia que, no curto prazo, crédito das empresas continua sólida, embora a crescente intervenção política aumenta riscos de distorções

TRUMP VS. EMERGENTES

O UBS WM reforça que tarifas de Trump contra o Brasil terão impacto limitado — aqui estão os 4 motivos para o otimismo

11 de julho de 2025 - 17:25

Na última quarta-feira (9), o presidente dos EUA anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, que devem entrar em vigor em 1º de agosto

APÓS ESCÂNDALO

Governo vai abrir crédito de R$ 3 bilhões para ressarcir vítimas da fraude do INSS; confira como vai funcionar o reembolso

11 de julho de 2025 - 14:01

Entre os R$ 3 bilhões em crédito extraordinário, R$ 400 milhões vão servir para ressarcir as vítimas em situação de vulnerabilidade e que não tenham questionado os valores descontados

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Trump é a maior fonte de imprevisibilidade geopolítica e econômica da atualidade — e quem diz isso pode surpreender

11 de julho de 2025 - 7:02

Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, falou com exclusividade ao Seu Dinheiro sobre a imposição, por Donald Trump, da sobretaxa de 50% às exportações brasileiras para os EUA

SEM ENDEREÇO CERTO

De Galípolo para Haddad: a carta do presidente do BC ao ministro da Fazenda deixa alerta sobre inflação

10 de julho de 2025 - 18:59

Embora Galípolo tenha reforçado o compromisso com a convergência, foi o que ele não disse que chamou atenção

GUERRA COMERCIAL

O Brasil pode escapar dos impactos das tarifas de Trump: economista-chefe da ARX revela estratégias — e diz por que a retaliação não é uma delas

10 de julho de 2025 - 16:06

Segundo Gabriel Barros, Lula teria uma série de opções estratégicas para mitigar os efeitos negativos dessa medida sobre a economia; confira a visão do especialista

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar