As stablecoins tremeram com abalo da Terra (LUNA); será o fim das criptomoedas ‘estáveis’?
Essa classe de criptoativos deveria ter paridade com moedas como o dólar, mas sofreu com o colapso do mercado na semana passada. Saiba o que esperar das stablecoins

No universo altamente volátil das criptomoedas, existe uma categoria que deveria ser imune aos solavancos típicos desse mercado: as stablecoins. Como sugere o próprio nome, elas são mais estáveis por terem a cotação atrelada a uma moeda fiduciária, como o dólar.
Mas todo esse conceito de “moeda digital estável” foi colocado à prova na semana passada com o colapso da Terra Network — que engloba a criptomoeda Terra (LUNA) e a sua stablecoin TerraUSD (UST).
O ponto principal desse problema aconteceu quando a TerraUSD — que deveria ter paridade com dólar — desabou e chegou a valer US$ 0,33.
A desconfiança em torno do projeto gerou um efeito em cascata e outros projetos de stablecoins começaram a ser afetados. Entre eles o Tether (USDT) e o USD Coin (USDC), duas das cinco maiores moedas digitais do mundo e que, unidas, contam com valor de mercado da ordem de US$ 127 bilhões.
A crise com a Terra (LUNA) abalou todo o mercado cripto, incluindo o bitcoin (BTC), que derreteu e chegou a ficar abaixo do patamar de US$ 26.700 na mínima dos últimos dias.
Mas o grande questionamento recaiu mesmo sobre as stablecoins, que encolheram 14% e chegaram a perder US$ 25 bilhões em pouco mais de uma semana.
Leia Também
Os grandes projetos como USDT, USDC e Dai (DAI) já retomaram a paridade com o dólar depois do abalo. Ainda assim, permanece a questão: as criptomoedas estáveis passaram no teste de estresse?
Passaram, mas raspando…
Ainda que essas criptomoedas não tenham recebido uma nota dez com louvor nos últimos dias, a avaliação dos especialistas em cripto com quem eu conversei foi que a quebra de confiança deve ajudar a fortalecer os protocolos das stablecoins.
Muitos rumores permeiam os projetos de criptomoedas pareadas com moedas fiduciárias: desde informações falsas sobre a ausência de lastro até acusações de que são “criptomoedas falsas”, por estarem relacionadas a dinheiro emitido por Bancos Centrais.
Seja como for, o fato é que essa classe de ativos é uma alternativa para o investidor que pretende entrar no universo de criptomoedas com a proteção extra de um ativo “real” por trás. Entenda a seguir um pouco mais sobre stablecoins.
A criação das criptomoedas e o caminho até as stablecoins
As stablecoins são diferentes das criptomoedas tradicionais como o bitcoin (BTC), que foi criado para não ter relação alguma com Bancos Centrais e não é lastreada em nada a não ser na emissão limitada.
Já as stablecoins são comumente pareadas com alguma moeda emitida por um BC, como dólar, euro e até o real brasileiro. Tomando como exemplo o Tether, para cada token (criptomoeda) emitido, a Tether Holdings — empresa por trás da criação desse ativo — afirma ter US$ 1.
Mas não é difícil encontrar outros exemplos de “moedas estáveis” lastreadas em ouro ou outra commodity. Esse será inclusive tema de outra reportagem que eu pretendo publicar em breve aqui no Seu Dinheiro.
Usos das stablecoins
Essas criptomoedas são especiais porque diminuem as taxas de transação da rede na negociação de moedas digitais. Assim, o usuário pode transformar bitcoin em ethereum ou outra cripto sem a necessidade de convertê-la em uma moeda fiduciária.
Além disso, elas podem ser usadas como hedge (proteção) dentro do universo dos investimentos, além de uma forma alternativa de se manter exposição a moedas fortes como o dólar — uma vantagem para investidores brasileiros, por exemplo.
Por fim, elas são a base de todo desenvolvimento das finanças descentralizadas, as DeFis. Isso porque o dólar é a moeda mais usada no mundo, e em qualquer parte do globo o investidor enxerga valor na moeda norte-americana.
Alguns especialistas chegam a dizer que, sem as stablecoins, todo o universo de mais de US$ 57 bilhões em finanças descentralizadas não existiria.
Estáveis, mas diferentes
Existem dois eixos principais para entender as diferenças entre as stablecoins, como conta William Ou, CEO da Token.com. O primeiro deles está ligado à centralização ou não do protocolo.
Criptomoedas estáveis centralizadas têm uma empresa por trás, que emite aquela stablecoin. Já as descentralizadas são geridas por programas automatizados ou mesmo organizações autônomas descentralizadas (DAOs, em inglês).
O segundo eixo leva em conta se elas são lastreadas (ou colateralizadas) em moedas fiduciárias — simplificando, emitidas por um Banco Central — ou não. Nesse segundo caso, no lugar do dólar ou do euro, elas possuem reservas em outras criptomoedas.
Exemplos de stablecoins
Stablecoins como Tether e USD Coin têm emissão atrelada ao lastro, sendo necessário que a empresa por trás acompanhe a compra e venda para manter essa paridade com o dólar. Portanto, são centralizadas e lastreadas na moeda norte-americana.
Já a TerraUSD, estopim da crise no mercado cripto da última semana, é uma stablecoin do tipo “algorítmica”, em que o lastro é feito com outra criptomoeda — no caso, a Terra (LUNA). “Essa é uma classe realmente descentralizada", lembra Ray Nasser, CEO da Arthur Mining.
Alguns exemplos de stablecoins algorítmicas e realmente descentralizadas são a Dai (DAI), da MakerDAO, um dos principais protocolos de finanças descentralizadas atualmente, e a USDD (USDD), criada pela Tron.
Os problemas das stablecoins algorítmicas…
Ser descentralizado pode ter um preço alto, e a TerraUSD pagou por isso.
Quando a Terra (LUNA) passou a cair, o lastro da TerraUSD começou a perder valor. Para manter a paridade com o dólar, foram emitidas mais criptomoedas LUNA — e aí impera a lei do mercado: mais oferta, o valor cai ainda mais.
Essa “espiral da morte” desestabilizou o protocolo, e ambas criptomoedas entraram em queda livre. Alguns especialistas do mercado entendem que houve um ataque coordenado contra a Terra Network, mas alguns atribuem esse movimento a um FUD (sigla em inglês para rumor).
…E o problema das stablecoins convencionais
De fato, as auditorias pelas quais a Tether Holdings passa confirmam que eles têm posições em dólar para cobrir a quantidade de criptomoedas que emitem.
Mas esse dólar não é o papel guardado em um cofre. A empresa por trás do Tether usa esse montante para fazer outros investimentos — de acordo com o que é comunicado pela empresa, existe uma parcela em caixa, mas outra está distribuída em “papéis comerciais”.
E isso inclui uma infinidade de possibilidades: os dólares podem estar alocados em fundos, ações, títulos etc.. Ou seja, a moeda existe — pero no mucho.
É o fim das stablecoins?
“De maneira alguma. Elas sairão dessa crise melhores do que entraram, sem sombra de dúvidas. Podemos dizer que elas não perderam paridade com o dólar porque estão a US$ 0,98, é apenas uma margem de erro”, comenta Ray Nasser.
O CEO da Token.com, William Ou, ainda afirma que o momento foi mais difícil para as stablecoins algorítmicas, que sofreram mais do que as convencionais. “Devemos ver o desaparecimento de alguns projetos dessa classe de criptomoedas nos próximos meses.”
Apenas a DAI, uma das stablecoins algorítmicas mais antigas, conseguiu sobreviver ao choque do mercado, ao lado das moedas estáveis tradicionais, como Tether e USD Coin.
Como garantir a paridade com o dólar?
Ainda com todos esses problemas, como o investidor pode garantir que uma empresa tenha aqueles dólares para dar lastro às stablecoins emitidas?
Recentemente, a própria Tether Holdings foi acusada de se recusar a mostrar suas reservas — na época, cerca de US$ 49 bilhões, o que faria da companhia um dos maiores bancos dos Estados Unidos.
Para garantir a confiança do investidor, essas empresas passam por auditorias, que podem ser anuais ou semestrais. Essa é uma das formas de garantir, por meio de terceiros, a veracidade da paridade do token com dinheiro.
Já ouvi essa história antes
Agora, se você é tão desconfiado de instituições fiscalizando umas às outras, vale lembrar que até mesmo o dólar quebrou a regra da paridade com o ouro em 1971.
No final dos anos 1960, a economia americana começava a patinar, devido aos constantes investimentos na Guerra do Vietnã e embates com a extinta União Soviética.
Em meio à desconfiança de que os EUA não teriam ouro suficiente para honrar a emissão de dólares, o então presidente Richard Nixon tomou a decisão de acabar com a paridade dólar-ouro, decisão ratificada pelo FMI em 1973.
E a nova fronteira: as CDBCs
Uma alternativa ao universo das stablecoins começa a surgir no mercado: são as moedas digitais de Bancos Centrais (CDBCs, na sigla em inglês). Elas são iguais às moedas fiduciárias, mas emitidas por meio da tecnologia blockchain, que criou o bitcoin.
O projeto de CDBC mais avançado do mundo é o yuan digital da China, mas existem propostas para a criação do dólar digital e até mesmo do real digital.
Essas criptomoedas de Banco Central podem sim competir com as stablecoins. Por serem mais centralizadas e terem o respaldo de uma autoridade monetária por trás, elas podem assumir o papel de facilitadoras que as moedas estáveis têm hoje.
Por outro lado, os participantes mais libertários podem não gostar de trocar stablecoins centralizadas por moedas digitais de bancos centrais. Esse público deve se manter fiel à ideologia que criou o bitcoin: uma forma de negociar sem a necessidade de uma autoridade por trás.
O que fazer com minhas stablecoins agora
Se você chegou até aqui e sabe os riscos e possibilidades das moedas estáveis, deve estar se perguntando o que fazer se tiver stablecoins na sua carteira.
Com o UST, a moeda “estável” da Terra (LUNA), a história é aceitar que o projeto praticamente sumiu e que deve desaparecer em breve. Dificilmente os desenvolvedores conseguirão recobrar a confiança nessa criptomoeda.
Para as demais stablecoins, a resposta vem do relatório da Empiricus, empresa de análise de investimentos, e assinado por Vinícius Bazan, especialista em criptomoedas da casa.
“É importante manter um valor em moeda mais estável, um percentual de 10% a 20% do seu portfólio de cripto como um todo pode ajudar a realizar compras pontuais em momentos de queda, melhorando seu preço-médio de aquisição”, escreve o analista, na publicação.
Também vale lembrar que o investimento em criptomoedas é altamente arriscado e não deve ultrapassar os 5% do seu portfólio.
A visão do BC de Galípolo para piloto do Drex, que será lançado em 2026
O Banco Central confirma a mudança de rumo e abandona o blockchain para lançar, no ano que vem, uma versão focada em destravar garantias em operações de créditos entre instituições financeiras
Bitcoin (BTC) atinge recorde, mas altcoins roubam a cena; mercado de criptomoedas alcança US$ 4,2 trilhões
Bitcoin alcança a nova máxima histórica, mas são as altcoins como o ethereum e a solana lideram as altas desta quarta-feira (13)
Itaú (ITUB4) expande sua oferta de altcoins e adiciona 5 novas criptomoedas ao seu app
Aave (AAVE), Avalanche (AVAX), Chainlink (LINK), Polygon (POL) e Litecoin (LTC) entram na lista do banco, que ampliou de duas para dez opções de criptomoedas em 2025
Bitcoin (BTC) encosta nos US$ 122 mil: novos recordes à espreita ou o retorno da volatilidade ao mercado?
Alta recente do BTC reflete otimismo com cortes de juros nos EUA, mas avanço da volatilidade e dados de inflação prometem testar o fôlego do mercado
Trump toca e o mercado dança: bitcoin (BTC) volta aos US$ 117 mil e impulsiona altas de quase 10%
Decreto do republicano abre caminho para a inclusão de criptomoedas nos planos de aposentadoria 401(k); medida mira mercado trilionário e anima investidores
Tempestade macroeconômica: sem corte de juros e com tarifas, bitcoin (BTC) cai para US$ 113 mil e arrasta outras criptos
Com cenário macro ainda adverso nos EUA, os ativos digitais seguem pressionados enquanto o mercado busca gatilhos positivos em meio a tarifas e sinais de desaceleração econômica
Nem o céu nem o inferno: Bitcoin (BTC) e outros tokens cambaleiam após decisão do Fed e relatório que promete “Era de Ouro” das criptomoedas
Com juros mantidos nos EUA e sinalizações mistas de Washington, criptomoedas operam no vermelho, ainda que com volatilidade reduzida
Empresa de vape aposta em modelo de negócio da Strategy e entra no jogo das ‘crypto treasury’
Negociada na Nasdaq sob o ticker “VAPE”, a CEA Industries levantou US$ 1,25 bilhão para montar a maior tesouraria corporativa em BNB no mundo
Criptomoedas recuam e bitcoin (BTC) estagna, mas duas altcoins ganham os holofotes em semana de decisão do Fed
Alta histórica, tesourarias bilionárias e apostas institucionais em meio a uma semana tensa para o mercado. BNB e ethereum brilham enquanto mercado aguarda decisão de juros nos EUA
Alta do Bitcoin: com lucro no bolso, brasileiros buscam porto seguro na renda fixa e stablecoins
Alta recorde do bitcoin movimentou o mercado e surpreendeu quem acha que o investidor brasileiro ainda ‘compra na alta e vende na baixa’.
Criptos sobem com expectativa sobre juros do Fed e liquidação bilionária de “baleia”
Venda de mais de 80 mil BTC reportada pela Galaxy Digital seria uma das maiores transações nominais já registradas no mercado de criptomoedas.
B3 amplia estratégia para criptoativos e anuncia negociação das 8h às 20h; confira os detalhes
A B3 está apostando no mercado de criptoativos para atrair investidores de varejo — novatos e veteranos — para a bolsa brasileira, afirmou Marcos Skistymas, diretor de produtos da B3, nesta sexta-feira (25). Durante o painel “B3 virou cripto? O que está por trás dos contratos futuros na Bolsa”, no evento Expert XP 2025, o […]
Strategy emite US$ 2,4 bilhões em ações que pagam dividendos com o objetivo de comprar mais bitcoin (BTC)
Strategy amplia oferta de ações preferenciais de US$ 500 mi para US$ 2 bi e deve usar os recursos para comprar mais bitcoin; empresa já detém mais de US$ 72 bi em BTC
Bitcoin (BTC) patina abaixo dos US$ 120 mil e mercado olha para altcoins como alternativa
O amadurecimento de criptomoedas como ethereum (ETH), XRP e solana (SOL) chama a atenção — mas a tão esperada altseason pode ainda não estar tão próxima quanto parece
Bitcoin (BTC) cai, ethereum (ETH) e XRP disparam: o mercado na semana em que Trump assinou a primeira lei cripto da história dos EUA
Mercado de criptomoedas encerra a semana com altas de até 25% e a sanção do Genius Act por Donald Trump; veja o balanço da Crypto Week
Crypto Week volta com tudo nos EUA e XRP atinge novo status; bitcoin (BTC) oscila nos US$ 120 mil
XRP se consolida como terceira maior criptomoeda do mercado no mesmo dia que Genius Act e Clarity Act são aprovados na Câmara norte-americana; confira as principais notícias do mundo cripto desta quinta-feira (17)
Bitcoin (BTC) flerta com os US$ 120 mil, mas ethereum (ETH), solana (SOL) e XRP que empurram o mercado de criptomoedas hoje
Com altas de dois dígitos e impulso da BlackRock, o ethereum deixa o vermelho em 2025 e testa resistência crítica em meio à retomada das altcoins
Semana Cripto na berlinda: dissidência republicana desafia Trump e trava votação do Genius Act
Pressão política, dissidência republicana e incertezas no Congresso derrubam o clima otimista da “Crypto Week”
Ressaca do recorde: Bitcoin (BTC) chega a cair 6% em meio às correções; veja preços nesta terça-feira (15)
Correção técnica, dados macroeconômicos dos EUA e incerteza pressionam o mercado após sequência de máximas históricas
Bitcoin (BTC) ultrapassa US$ 123 mil com Crypto Week nos EUA e entrada institucional bilionária
Entradas bilionárias em ETFs, debate regulatório no Congresso norte-americano e avanço do dólar ajudam a sustentar novas máximas do BTC neste início de semana