O que acontecerá com a FTX? Após Binance abrir mão da corretora, futuro da exchange não parece nada promissor; veja o que pode acontecer
Buscando salvar a própria pele, outras corretoras estão de olho no que sobrou das operações da FTX — e isto pode salvar o setor como um todo
A nova crise que se estabeleceu no mercado de criptomoedas abriu um novo capítulo do Longo Inverno Cripto. Afinal, duas das maiores corretoras de ativos digitais (exchange) do mundo — que juntas movimentam mais de US$ 40 bilhões diariamente — protagonizaram a terceira maior crise do ano.
Desde o início de 2022, o mercado global de criptomoedas encolheu 63%, perdendo cerca de US$ 1,397 trilhão até o momento. O massacre da Terra (LUNA), a implosão do Three Arrows Capital (3AC) e o atual caso da FTX foram os principais eventos globais deste universo.
Para Vinícius Bazan, head de research da Empiricus, o futuro da FTX não é nada promissor. “A corretora acabou ali, a salvação seria a compra da Binance, que já não deve acontecer. O buraco é muito grande, o SBF [Sam Bankman-Fried, CEO da FTX] já avisou que se não encontrarem alguém para cobrir o prejuízo, vão decretar falência”, diz ele.
Buscando salvar a própria pele, outras corretoras estão de olho no que sobrou das operações da FTX — e isto pode salvar o setor como um todo. Confira a seguir quem já deu o lance que pode salvar o mercado global de criptomoedas:
Exchanges e bilionários do setor de olho na corretora
Após a Binance afirmar que desistiria da possível aquisição da FTX, Justin Sun, fundador do ecossistema Tron, se prontificou a auxiliar a corretora na manutenção de suas atividades.
Uma declaração postada pela corretora Huobi — da qual Sun é consultor executivo — prometeu que os detentores de tokens relacionados ao ecossistema Tron e Huobi teriam acesso às suas criptomoedas, ainda que a FTX não disponibilizasse os saques.
O projeto de manter as operações da corretora funcionando ainda é incipiente e não foi suficiente para conter as perdas dos últimos dias. Os investidores aguardam um plano mais bem definido para se apegar a algum otimismo.
“Eu ferrei com tudo”, diz Sam Bankman-Fried
Em pronunciamento pelo Twitter, Sam Bankman-Fried, popularmente conhecido como SBF, pediu desculpas por “ferrar com tudo”. Em um longo fio (thread) na rede social, o CEO da FTX afirma que a prioridade será trazer a normalidade de volta aos clientes.
De acordo com uma reportagem da Reuters publicada mais cedo, a FTX usou recursos dos clientes, tokens FTT e até mesmo papéis da companhia de serviços financeiros Robinhood para tentar salvar a Alameda Research, empresa de investimentos do grupo de SBF.
Esse movimento pode aparentar ser uma benevolência da Tron com a FTX, mas não se trata disso.
Salvar uma empresa do setor é uma garantia de manter os negócios de pé — afinal de contas, a disputa com a Binance já afetou o preço do bitcoin e outros ativos digitais, o que é ruim para todas as empresas do segmento.
Sequoia Capital diz: adeus, criptomoedas!
Quem deu de ombros para os problemas entre Binance e FTX foi a Sequoia Capital, que liquidou os US$ 210 milhões investidos em criptomoedas investidos na corretora de Sam Bankman-Fried.
A empresa de venture capital (VC) pode ter acelerado o processo de falência da FTX com esse movimento. “Com base em nosso entendimento atual, estamos reduzindo nosso investimento para US$ 0”, disse a empresa com sede no Vale do Silício.
Acelerando a regulação de criptomoedas
Se existe algo que a nova crise do mercado trouxe de positivo para o setor será uma celeridade no processo de estabelecer um marco legal global de criptomoedas.
Afinal, a FTX era avaliada em mais de US$ 32 bilhões e uma falha da gestão poderia causar severos impactos às economias nacionais. É justamente por isso que há uma pressão gigantesca no presidente da SEC, a CVM americana, Gary Gensler.
Questionado sobre os problemas envolvendo a FTX, o chefe da comissão respondeu que “construir as evidências, construir os fatos, muitas vezes leva tempo”.
A FTX terá de lidar com a intensificação das investigações da SEC e da Commodity Futures Trading Commission (CFTC), que já vinham acompanhando a corretora.
Regras claras, mas não cumpridas
Isso porque existem leis norte-americanas para evitar movimentos como os que aconteceram entre a Binance e a FTX que se aplicam ao mercado de capitais tradicional — mas não ao setor de criptoeconomia.
Sem citar o caso específico da implosão da corretora, Gensler mais uma vez alertou o público americano para “ter cuidado, muito cuidado”.
“As regras e as leis são claras, mas não suponha que essas empresas estejam cumprindo com elas”.
Um pulo no Brasil
Por aqui, nas últimas terça-feira (08) e quarta-feira (09) aconteceu o Criptorama, evento da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto). Os dois dias foram destinados a dissecar o mercado que movimenta os ativos digitais por aqui.
E o ponto central de todos os dias do evento foi justamente este: regulação. A divisão patrimonial, que está prevista para instituições do setor financeiro tradicional mas está de fora do PL. nº 4.401, é um dos motivos de preocupação do setor.
Criptomoedas em queda. O que fazer agora?
Em um relatório publicado hoje pela Empiricus, Bazan e Paulo Camargo, também analista da casa, destacam que não é momento para desespero.
“A mensagem mais importante de hoje é: ainda não se tem total clareza sobre os efeito do caso FTX. Isso está se esclarecendo aos poucos. Assim, por ora, o mais prudente a se fazer é evitar movimentações grandes em sua carteira de cripto”
Assim como é arriscado ter grandes posições em ativos digitais, não é o momento de se deixar levar pela ganância do buy in the dip (“compre na baixa”, no jargão do mercado).
A publicação também destaca que o investidor deve evitar manter grandes posições em exchanges e dar preferência às carteiras digitais individuais (wallets). Leia aqui um pouco mais sobre essas carteiras e o risco das corretoras.
Responsável pela crise da Terra (LUNA), a criptomoeda que virou pó, leva multa de até US$ 5,3 bilhões da SEC
A CVM nos Estados Unidos exige o pagamento de multa pelo calote aos investidores do protocolo Terra (LUNA) e outras ações civis
Após o halving, um protocolo ‘surge’ para revolucionar o bitcoin (BTC): entenda o impacto do protocolo Runes
Sim, o halving aconteceu, mas não é essa atualização que vamos falar hoje, mas sim uma atualização que mudou a história da rede
Após halving, bitcoin (BTC) sobe e toca US$ 66 mil, mas ainda não mostrou “tudo” para 2024
Os analistas da Kaiko, empresa especializada em research de criptomoedas, enxergam que o “efeito halving” deve acontecer dentro de alguns meses
Halving do bitcoin (BTC) aconteceu! Mas… E agora? Veja o que analistas esperam da criptomoeda agora que emissão foi cortada
Nesta sexta-feira (19), o evento aconteceu mais uma vez. A recompensa dos mineradores por bloco de bitcoin caiu pela metade — de 6,25 BTCs para 3,125 BTCs
Recuo antes do tsunami: bitcoin (BTC) se aproxima dos US$ 60 mil antes do evento que pode fazer criptomoeda disparar 150%
As atenções se voltam para o halving, quando a recompensa pela mineração da criptomoeda cai pela metade
O que a guerra no Oriente Médio significa para o bitcoin (BTC)? E quais criptoativos devem se sair bem logo após o halving?
O susto da guerra foi um gatilho de volatilidade que fez com que os preços do bitcoin e das altcoins corrigissem com força. Mas isso abriu uma oportunidade de compra
Bitcoin (BTC) cai e atinge menor nível em quase um mês — mesmo depois de uma ótima notícia para o mercado de criptomoedas
A maior moeda digital do planeta é um ativo sensível às variações macroeconômicas e as tensões internacionais não facilitam
Bitcoin (BTC) despenca: aumento da tensão no Oriente Médio cria ‘flash crash’ no mercado de criptomoedas; entenda
Depois do avanço de drones e mísseis balísticos sobre o território israelense, o mercado de criptomoedas reduziu a queda, mas segue pressionado
Por que o bitcoin (BTC) zerou os ganhos da semana faltando menos de 7 dias para o halving? Criptomoedas caem até 13% no período
Nos últimos dias, o mercado financeiro tradicional avaliou que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) só deve cortar os juros do país em setembro
Briga entre Elon Musk e Alexandre de Moraes faz criptomoeda disparar mais de 9.500% em menos de uma semana
A moeda-meme foi criada por internautas no último domingo (7) — e já se valorizou 9.550% em três dias de lançamento
Leia Também
-
Onde investir na renda fixa após tantas mudanças de regras e expectativas? Veja as recomendações das corretoras e bancos
-
Sam Bankman-Fried é condenado a 25 anos de prisão por lavagem de dinheiro e fraude com criptomoedas na FTX e Alameda
-
A temporada de criptomoedas ‘alternativas’ está chegando e a Coinext vai lançar 20 novas criptomoedas em sua plataforma
Mais lidas
-
1
Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+
-
2
Após o halving, um protocolo 'surge' para revolucionar o bitcoin (BTC): entenda o impacto do protocolo Runes
-
3
Adeus, dólar: Com sanções de volta, Venezuela planeja usar criptomoedas para negociar petróleo