Quanto maior o fosso, melhor! Entenda como avaliar as vantagens competitivas de uma empresa
Os moats (fossos, em português) de uma empresa são as vantagens competitivas que ela possui e que tornam o seu negócio irreplicável pelos seus concorrentes

Suponha que você seja um Rei em plena Idade Medieval em busca de um castelo para conquistar.
Qual dos dois castelos abaixo você escolheria para começar a estudar a sua estratégia de ataque: o que possui um longo e profundo 'lago' em volta ou aquele cercado com menos água?
Eu imagino que você escolheria aquele que parece mais fácil de ser dominado, que, em nosso exemplo hipotético, é o castelo mais próximo da terra e cercado por uma estreita faixa circular de água.
A essa faixa de água que cerca a maioria dos castelos que ainda estão de pé no mundo, dá-se o nome de Fosso ou Moat, em inglês.
Os fossos eram os corpos de água que protegiam os castelos contra possíveis invasores. Quanto maior ele fosse, mais difícil seria para conquistá-lo.
O campo de batalha do capitalismo
Apesar de não vivermos mais na Idade Medieval, podemos dizer que o capitalismo também é um campo de batalha. Como disse Jeff Bezos em uma de suas aparições públicas, ainda como CEO da Amazon: "a sua margem [de lucro] é a minha oportunidade".
Leia Também
Em um ambiente competitivo, uma empresa rentável com um modelo de negócios replicável vai ver o seu lucro ser atacado pela concorrência até que os seus retornos caiam para a média do setor. Eu falei dessa dinâmica competitiva aqui nesse texto.
Vemos essa competição brutal nos mais diversos setores: companhias aéreas, seguros, vestuário, tecnologia e em outras indústrias onde quase não existe diferenciação de produtos e serviços.
Empresas testadas pela competição
No Brasil, exemplos não faltam de empresas que já foram ou estão sendo testadas pela competição: Cielo, Stone e Pagseguro (no setor de adquirência), Magazine Luiza, Via Varejo e Americanas (no e-commerce), dentre outras.
É por isso que entender o tamanho do moat de uma empresa é imprescindível em uma análise.
Conforme disse Warren Buffett, uma das inspirações da Carteira Market Makers: "A coisa mais importante para mim é descobrir o tamanho do moat que existe em torno do negócio. O que eu amo, claro, é um grande castelo e um grande fosso com piranhas e crocodilos.”
As vantagens competitivas de uma empresa
Os moats de uma empresa nada mais são do que as vantagens competitivas que ela possui e que tornam o seu negócio irreplicável pelos seus concorrentes.
Quem assistiu à Live de apresentação da nossa Carteira, que eu e meu amigo e sócio Thiago Salomão fizemos na última quarta-feira (veja aqui), viu que uma empresa possui vantagens competitivas quando é dotada de duas características: elevado Retorno Sobre o Capital Investido (ROIC) e Market Share elevado, estável ou crescente (quando o moat ainda está em fase de expansão).
Acontece que uma empresa somente possui essas duas características quando faz algo diferente. Quando possui atributos que outras empresas são incapazes de copiar.
A tese de investimento em Vivara
Ao explicar a nossa tese de investimentos em Vivara, uma das maiores posições da Carteira Market Makers, fica mais claro entender o que são as vantagens competitivas na prática.
Para quem não conhece, a Vivara é a maior rede de joalherias do Brasil com 298 lojas espalhadas em todas as regiões do país e um market-share de 16,2% vs 2,5% do segundo maior player.
Suas duas principais marcas são a Vivara, com foco em jóias de ouro, e Life, focada em prata. Além de joias e prata, o portfólio de produtos da empresa inclui acessórios, perfumes e relógios.
Para nós, a Vivara possui três diferenciais competitivos que se traduzem em uma enorme vantagem competitiva dentro do setor, são eles: escala, produtos relevantes e pricing power.
Mas o que mais gostamos de Vivara não é o fato dela possuir vantagens competitivas apenas. O que mais gostamos dela é o tamanho da oportunidade que enxergamos para ela continuar expandindo esse fosso por muitos anos com elevadas taxas de retorno sobre o investimento.
A tese completa você pode conferir aqui a partir do minuto 25:39.
Food For Thought
O FFT traz hoje um mini documentário de 26 minutos de duração feito pelo Financial Times sobre o Credit Suisse, banco suíço que estaria à beira da insolvência e que dominou as manchetes financeiras globais durante o fim de semana.
Com relatos de diversos especialistas do setor de bancos, entre eles jornalistas e analistas financeiros, e até do presidente do Conselho de Administração do CS, o vídeo explora os inúmeros e sucessivos escândalos que o banco tem passado ao longo dos últimos anos: simpatia histórica à tomada de riscos, conflito de interesses, problemas de governança, relacionamento com facções criminosas e envolvimento com as oligarquias russas, para citar alguns.
Apesar de não explicar o recente problema de liquidez financeira, trata-se de um excelente material para entender um pouco mais sobre a falta de credibilidade que o banco está enfrentando.
Credit Suisse: what next for the crisis-hit bank? | FT Film
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda
Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard
O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução
Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)
No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas
Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?
Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores
A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)
Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos
Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento
Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar
As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)
No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro
Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses
Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível
Um ano de corrida eleitoral e como isso afeta a bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta quarta-feira (1)
Primeiro dia de outubro tem shutdown nos EUA, feriadão na China e reunião da Opep
Tão longe, tão perto: as eleições de 2026 e o caos fiscal logo ali, e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (30)
Por aqui, mercado aguarda balança orçamentária e desemprego do IBGE; nos EUA, todos de olho nos riscos de uma paralisação do governo e no relatório Jolts
Eleições de 2026 e o nó fiscal: sem oposição organizada, Brasil enfrenta o risco de um orçamento engessado
A frente fiscal permanece como vetor central de risco, mas, no final, 2026 estará dominado pela lógica das urnas, deixando qualquer ajuste estrutural para 2027
Tony Volpon: O Fed e as duas economias americanas
Um ressurgimento de pressões inflacionárias ou uma fraqueza inesperada no mercado de trabalho dos EUA podem levar a autarquia norte-americana a abortar ou acelerar o ciclo de queda de juros
B3 deitada em berço esplêndido — mas não eternamente — e o que mexe com os mercados neste segunda-feira (29)
Por aqui, investidores aguardam IGP-M e Caged de agosto; nos EUA, Donald Trump negocia para evitar paralisação do governo
Pequenas notáveis, saudade do que não vivemos e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (26)
EUA aguardam divulgação do índice de inflação preferido do Fed, enquanto Trump volta a anunciar mais tarifas