É possível prever o futuro dos investimentos? Saiba como escolher o melhor prêmio de risco para lucrar no longo prazo
O futuro não existe ainda. Depende da maré das circunstâncias e da evolução até lá. Onde você está vendo um retorno esperado alto, normalmente existe um prêmio de risco
Há umas duas semanas, conversei com o CIO de um dos maiores multi family offices do Brasil. Por razões diferentes e caminhos aleatórios, mas de algum modo coincidentes, nos apoiamos num referencial teórico semelhante. A essência da conversa me pareceu útil a qualquer investidor, de tal modo que resolvi dividi-la aqui.
A rigor, sua real compreensão é em grande medida transformadora. Ela é menos heroica e atraente, mas certamente bastante efetiva. É assim que se administram as fortunas de algumas das famílias mais ricas do Brasil.
Vamos lá…
Os bons argumentos
Se você me dissesse que a inédita vitória da esquerda na Colômbia é um indicador do que pode vir a acontecer no Brasil, de tal modo que deveríamos nos preparar para a eleição de Lula, eu falaria que você tem um bom ponto.
Se, por outro lado, você desqualificasse essa relação, vendo situações bastante distintas, e identificasse um provável crescimento do presidente Jair Bolsonaro até as eleições, dada a posição privilegiada de quem ocupa a cadeira e uma possível maior rejeição a Lula até o pleito, eu também falaria que seus argumentos são bons.
Recessão, inflação e economia
Se o assunto fosse outro e você cravasse uma iminente recessão nos EUA, com consequências importantes para os preços dos ativos, eu possivelmente concordaria, citando a História em seu favor.
Leia Também
Já se você identificasse nuances no processo, com um mercado de trabalho muito forte por lá e uma inflação cedendo bastante a partir da normalização da oferta agregada, eu também concordaria que desta vez pode ser diferente.
Investimentos em bolsa dos EUA
Se o papo migrasse para bolsa norte-americana e meu interlocutor sugerisse a compra de boas empresas a preços já atraentes por lá, citando o espetacular histórico de longo prazo do S&P 500, seria razoável partilhar visão semelhante.
Ao mesmo tempo, se houvesse um alerta, como o feito hoje por Seth Klarman, de que precisaríamos de quedas adicionais para a Bolsa dos EUA ficar de fato barata num cenário de recessão e juros subindo, eu respeitaria fortemente.
Investimentos em bolsa brasileira
Por fim, se tivéssemos uma defesa enfática de compra de bolsa brasileira, em valuations muito atrativos, mais baratos inclusive do que na crise de 2014/15 (a maior recessão da nossa história), e representativa de ativos reais (ou seja, protegidos da inflação por serem pedaços de empresas), certamente seria difícil discordar.
Mas também se fosse falado sobre a necessidade de se ter mais cautela, diante da probabilidade elevada de recessão nos EUA e de um fluxo perverso de saques na indústria de fundos de ações, que implica vendas compulsórias adicionais num ambiente de pouco comprador marginal, seria inegável haver pontos bons aí.
É difícil antever o que vai acontecer
Seja em qual for o mercado ou o ativo financeiro, a questão central é que é sempre muito difícil antever o que vai acontecer. A realidade é não-ergódica, ela não cabe numa planilha de Excel ou num modelo econométrico, por mais sofisticado que ele seja.
Mesmo o sujeito mais analítico e diligente não poderia acessar o futuro e trazê-lo ao presente. Ele insiste em ficar lá, no futuro. É um elemento ontológico: o futuro não existe ainda. Depende da maré das circunstâncias e da evolução até lá.
- ESTÁ GOSTANDO DESTE CONTEÚDO? Tenha acesso a ideias de investimento para sair do lugar comum, multiplicar e proteger o patrimônio.
Um prêmio de risco
Como o mercado é muito eficiente, há argumentos bons de todo lado. E onde você está vendo um retorno esperado alto ou uma possível arbitragem, normalmente existe um prêmio de risco.
Aquele ativo só pode se multiplicar por X vezes (como, em várias situações, de fato pode) porque o risco associado é enorme.
A decisão de comprá-lo ou vendê-lo não é certa nem errada, ela apenas reflete uma escolha, em que você se apropria de determinadas características (alto retorno potencial, por exemplo) e abre mão de outras (como a segurança).
A visão de mercado
Em determinado momento de nossa conversa, como não poderia deixar de ser, perguntei a visão dele sobre mercado. Tive algo assim como resposta, como também não poderia deixar de ser:
“Felipe, até estamos mais construtivos com o Brasil, mas a verdade é que sempre evitamos avaliações muito contundentes sobre o mercado. Isso importa muito pouco. E as pessoas costumam errar mais do que gostam de admitir. A gente espalha os investimentos por vários fatores de risco, em várias geografias e vetores. É isso que faz a riqueza ao longo do tempo, sem muita flutuação, ajustado por risco, acumulando patrimônio em moeda forte. E quando essa turma dos endowments grandes, tipo Stanford, Harvard, Yale, descobre que, sei lá, temos 10% ou 15% das famílias alocados no Brasil, eles acham uma loucura. Nada contra o Brasil, aliás. Mas eles perguntam o que a gente está vendo de tão atraente no Brasil para ter tanto peso assim no nosso país.”
Investimentos e os vários prêmios de risco
Constatei o óbvio:
“Um grande modelo multifatorial, para se apropriar, na média, dos vários prêmios de risco espalhados pelo mundo ao longo do tempo.”
“Sim, é isso.”
De fato, não é muito sexy. Não rende história para contar para o cunhado, nem permite promoções perante o grupo na macarronada de domingo. Mas é bastante efetivo.
Enquanto procuramos heróis para nos dar a dica esperta, as famílias mais ricas do mundo escolhem investimentos sabendo que não há dica alguma.
Existem prêmios de risco e cabe ao investidor se aproveitar deles de uma maneira disciplinada, serena, diversificada e com olhar de longo prazo. Parece pouca coisa, mas é o melhor a se fazer.
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor