Fora Xi Jinping? Alvo de protestos, covid zero deve afetar PIB da China, mas reação do mercado pode ter sido exagerada
Protestos se espalharam por várias cidades chinesas pedindo o fim da política de covid zero, que tortura o país há mais de dois anos, prejudicando a atividade econômica e o bem-estar das famílias chinesas

O mundo vem acompanhando ao longo das últimas semanas uma evolução bem rara na história. Protestos contrários às restrições para o combate à covid-19 se espalharam pela China, ganhando força no fim de semana depois que um incêndio matou 10 pessoas na capital de Xinjiang, Urumqi, e a indignação com o incidente se tornou viral nas redes sociais.
Basicamente, a população, que já estava insatisfeita com a permanência da política de covid zero, culpou as diretrizes de controle pelo incidente, uma vez que algumas fontes sugeriram que as medidas severas obstruíram os esforços de fuga e resgate.
Naturalmente, as autoridades negaram as acusações, mas as manifestações já haviam se espalhado por Pequim, Wuhan e Xangai — ver milhões de pessoas felizes e sem máscara com a Copa do Mundo não ajudou em nada.
Os protestos na China
Manifestações generalizadas são uma raridade na China continental. Para piorar, a agitação se espalhou pela maior fábrica de iPhone do mundo em Zhengzhou, com trabalhadores insatisfeitos com a remuneração e com as condições na fábrica fechada.
Adicionalmente, moradores do centro industrial de Guangzhou, ao sul do país, também protestaram contra as restrições, quebrando barreiras de metal e exigindo o fim dos bloqueios. Neste contexto, as manifestações estão com espaço para crescer.
Os manifestantes chineses gritavam “Xi Jinping, renuncie” e “Partido Comunista, renuncie”. Eles também seguraram folhas de papel branco em branco para simbolizar a censura do governo chinês ao conteúdo que não deseja espalhar pela Internet.
Leia Também
Se crescerem mais, as manifestações podem levar a China à pior crise política desde o Massacre da Praça da Paz Celestial em 1989.
- Essa estratégia pode te ajudar a ganhar até R$ 100 por dia assistindo aos jogos da copa; clique aqui e saiba como.
A reação dos mercados
Consequentemente, os ativos sangraram, com o índice de Hong Kong abrindo a semana com uma queda superior a 4%, que foi minimizada ao longo do pregão de segunda-feira.
Relevante para o mercado brasileiro, os contratos futuros de petróleo também chegaram a cair bastante em um primeiro momento, gerando bastante preocupação no mercado de commodities, ainda que tenha havido recuperação depois.
Como os números de casos continuam atingindo recordes, com cerca de 40 mil novas infecções registradas na segunda-feira (só neste mês, mais de 480 mil casos foram registrados, como podemos ver abaixo), novas políticas de estímulo foram anunciadas, antecipando que haveria uma reação econômica.
O banco central da China, por exemplo, cortou sua taxa de compulsório em 25 pontos-base, liberando cerca de US$ 70 bilhões em liquidez para apoiar a economia. Foi o bastante? Acredito que não.
As consequências da política de covid zero para a China
Sabemos que a postura de covid zero já trouxe sérias implicações para a economia, com o PIB da China crescendo apenas 3% no final do terceiro trimestre, bem abaixo da meta oficial de cerca de 5,5% anunciada em março.
Agora, todos os olhos estão voltados para os próximos movimentos do governo chinês para reprimir a dissidência que parece estar apenas se intensificando.
Os protestos são um balde de água fria sobre a reeleição de Xi Jinping, que havia conquistado mais um mandato de cinco anos e instalado pessoas próximas em cargos importantes.
Naturalmente, os manifestantes estão canalizando sua raiva diretamente para Xi Jinping, que não deve estar nada feliz com o que está acontecendo.
Primeiro os protestos em Hong Kong, depois as manifestações com relação aos bancos regionais e agora a insatisfação com a política de restrição. A China já teve momentos melhores.
Antes, em um primeiro momento, se a China mudasse a política de covid zero que restringe o crescimento, isso poderia parecer uma coisa boa. Contudo, se o país pudesse se abrir sem colocar muitas vidas em risco, certamente já o teria feito.
O problema está na insistência com um tipo de procedimento já não mais visto ao redor do mundo, que passou a considerar o coronavírus uma endemia.
Mais agitação social em 2023?
A caminho de 2023, parece que a China enfrentará continuidade dos bloqueios contra a covid e mais agitação social, trazendo incerteza para os mercados, uma combinação indesejável.
Assim como em 2022, o crescimento econômico chinês deve frustrar um pouco as expectativas no ano que vem, o que pode prejudicar o mercado de commodities e, consequentemente, o ambiente econômico brasileiro. Mais volatilidade deve ser verificada nas próximas semanas.
Por outro lado, se houver uma certa estabilidade da situação, com retirada das restrições (o que parece improvável no curto prazo) e aplicação de uma nova vacina mais eficaz, talvez a precificação de desastre tenha sido grande demais. Os próprios ativos já ensaiam uma certa recuperação nesta terça-feira. Em sendo o caso, contando com mais estímulos, talvez o médio prazo não seja tão ruim para as commodities.
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda
Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard
O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução
Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)
No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas
Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?
Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores
A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)
Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos
Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento
Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar
As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)
No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro
Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses
Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível
Um ano de corrida eleitoral e como isso afeta a bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta quarta-feira (1)
Primeiro dia de outubro tem shutdown nos EUA, feriadão na China e reunião da Opep
Tão longe, tão perto: as eleições de 2026 e o caos fiscal logo ali, e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (30)
Por aqui, mercado aguarda balança orçamentária e desemprego do IBGE; nos EUA, todos de olho nos riscos de uma paralisação do governo e no relatório Jolts
Eleições de 2026 e o nó fiscal: sem oposição organizada, Brasil enfrenta o risco de um orçamento engessado
A frente fiscal permanece como vetor central de risco, mas, no final, 2026 estará dominado pela lógica das urnas, deixando qualquer ajuste estrutural para 2027
Tony Volpon: O Fed e as duas economias americanas
Um ressurgimento de pressões inflacionárias ou uma fraqueza inesperada no mercado de trabalho dos EUA podem levar a autarquia norte-americana a abortar ou acelerar o ciclo de queda de juros
B3 deitada em berço esplêndido — mas não eternamente — e o que mexe com os mercados neste segunda-feira (29)
Por aqui, investidores aguardam IGP-M e Caged de agosto; nos EUA, Donald Trump negocia para evitar paralisação do governo
Pequenas notáveis, saudade do que não vivemos e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (26)
EUA aguardam divulgação do índice de inflação preferido do Fed, enquanto Trump volta a anunciar mais tarifas