Se fizermos uma lista “top of mind” de setores prejudicados pela pandemia de covid-19, aviação certamente estará entre os mais citados. E claro que a Embraer (EMBR3) não escapou da crise. Ao menos até o segundo trimestre de 2021, quando o cenário parece ter mudado.
Depois de amargar uma sequência de prejuízos, a fabricante de aeronaves fechou o período entre abril e junho com lucro ajustado de R$ 212,8 milhões. O lucro aos acionistas da Embraer foi de R$ 438 milhões.
Isso depois de prejuízos de R$ 523 milhões no primeiro trimestre deste ano, e perdas superiores a R$ 1 bilhão no segundo trimestre do ano passado, quando a pandemia estava no seu início.
Naquele período, as fronteiras começaram a ser fechadas, e as viagens internacionais foram praticamente paralisadas. Assim, as companhias aéreas diminuíram suas operações, e a demanda por novos aviões foi no mesmo caminho.
A prévia divulgada pela Embraer em julho, com a carteira de pedidos firmes (backlog), já antecipava uma retomada aos níveis pré-pandemia. Foram 34 jatos entregues no segundo trimestre, totalizando US$ 15,9 bilhões.
O Ebitda ajustado no período ficou em R$ 837,6 milhões, ante um resultado negativo de quase R$ 625 milhões no ano passado. No primeiro trimestre, o indicador ficou positivo em pouco mais de R$ 100 milhões.
As receitas mais que dobraram em um ano, passando de R$ 2,9 bilhões no segundo trimestre do ano passado para quase R$ 6 bilhões neste ano.
Mas o que vem por aí?
Mas além dos números do trimestre passado, o que anima de verdade os investidores é a perspectiva dada pelos guidances divulgados pela Embraer. Tanto que a ação teve a segunda maior alta do Ibovespa no dia, com valorização de 7,28%, a R$ 20,79.
A companhia espera ter receita líquida consolidada entre US$ 4 bilhões e US$ 4,5 bilhões neste ano, com margem Ebitda ajustada entre 8,5% e 9,5%. No segundo trimestre, a margem foi de 14,1%.
Nas entregas, a Embraer projeta fechar o ano com um número entre 45 e 50 aviões comerciais, e entre 90 e 95 jatos executivos. Até junho, foram 23 comerciais e 33 executivos.
Para o fluxo de caixa livre, a companhia espera um intervalo que pode ir de queima de US$ 150 milhões até terminar o ano no zero a zero.
Veja neste vídeo outras cinco ações que estão bem descontadas e podem trazer bons retornos:
Analistas otimistas
A combinação dos números fortes do segundo trimestre e das projeções mais arrojadas animou os analistas do BTG Pactual.
O banco lembra que a projeção para o fluxo de caixa, considerado bastante importante para projetar o desempenho futuro da Embraer, não leva em conta eventuais aquisições ou venda de ativos.
O BTG já esperava que a ação reagiria bem aos números e ao guidance. E aponta motivos que podem levar a novas valorizações no curto prazo. São eles:
- Aceleração da vacinação nos Estados Unidos e na Europa, regiões às quais a Embraer tem alta exposição;
- Segmento Executivo mostrando resiliência na crise;
- O alto potencial de retorno do novo negócio de mobilidade urbana, com o carro voador.
A recomendação do BTG Pactual para o American Depositary Receipt (ADR) da Embraer é de Compra, com preço-alvo de US$ 20, ante o preço de fechamento de ontem em US$ 14,68, um potencial de valorização de 36%.
Sobre a Eve, empresa de mobilidade urbana, a Ativa Investimentos conta que os executivos da Embraer fizeram comentários durante a teleconferência com analistas, e se mostraram bastante otimistas.
A Embraer espera obter a certificação para funcionamento da Eve até 2025, e começar a operar com os carros voadores em 2026. A companhia inclusive já fechou algumas parcerias e tem pedidos já feitos para os veículos EVTOL, antes mesmo de a operação começar.
Segundo a Ativa, os números do segundo trimestre ficaram acima das expectativas dos analistas da casa. Mas a recomendação para a ação continua Neutra, com preço-alvo em R$ 16, abaixo do patamar atual, próximo dos R$ 20.