Produção industrial interrompe nove meses seguidos de alta em fevereiro, frustrando economistas
Atividade recuou 0,7% em relação a janeiro, com segmento demonstrando mudança de comportamento nos últimos meses, diz IBGE
Após nove meses seguidos de alta, período em que acumulou alta de 42%, a produção industrial registrou queda em fevereiro, contrariando a expectativa dos economistas, que aguardavam a continuidade do movimento de expansão.
Dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (1º) mostram que a produção recuou 0,7% em fevereiro em relação ao mês anterior. Frente a fevereiro de 2020, houve avanço de 0,4%, sexta taxa positiva consecutiva nessa comparação.
O desempenho em ambas as leituras ficou abaixo da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast. Os economistas aguardavam um crescimento de 0,5% na comparação mensal e de 1,8% na anual.
Com o resultado, a indústria se encontra agora 13,6% abaixo do patamar recorde alcançado em maio de 2011, mas 2,8% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020).
“Nos últimos meses nós já vínhamos observando uma mudança de comportamento nos índices da indústria, que, embora ainda estivessem positivos, já apresentavam uma curva decrescente, demonstrando um arrefecimento”, diz, em nota, o gerente da pesquisa do IBGE, André Macedo.
Queda disseminada, destaque para veículos
De acordo com o IBGE, o recuo de 0,7% da indústria, de janeiro para fevereiro de 2021, teve perfil disseminado de taxas negativas, alcançando três das quatro das grandes categorias econômicas e 14 dos 26 ramos pesquisados.
Os segmentos que se destacaram negativamente foram as de veículos automotores, reboques e carrocerias (-7,2%), que havia acumulado 1.249,2% de expansão em nove meses seguidos de crescimento, e de indústrias extrativas (-4,7%), que havia crescido em dezembro (3,8%) e janeiro (1,0%).
“O ramo de veículos vem sendo muito afetado pelo desabastecimento de insumos e matérias primas. Mesmo assim, a produção de caminhões vem tendo resultados positivos. Porém, a de automóveis e autopeças vem puxando o índice geral para o campo negativo”, afirma Macedo.
Segundo o pesquisador, além do desabastecimento de matérias-primas, o grande número de desempregados, o aumento de preços, dificuldades no mercado internacional e a interrupção da concessão do auxílio emergencial no final do ano são alguns dos fatores que vêm influenciando a cadeia produtiva.
Entre as grandes categorias econômicas, o IBGE constatou que bens de consumo duráveis tiveram a maior contração, de 4,6%, na passagem de janeiro para fevereiro. É o segundo mês seguido de redução na produção, com queda acumulada de 5,5% no período.
* Com informações da Estadão Conteúdo
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