A maioria dos gestores latino-americanos ouvidos pela pesquisa mensal do Bank of America (BofA) na região já esperam flexibilização no teto de gastos e Selic em 3,5% no fim de 2021.
Além disso, caiu de 71% para 54% o total de investidores que veem o Ibovespa acima de 130 mil pontos em dezembro.
O retorno do auxílio emergencial, já dado como certo pelo mercado, fez crescer as preocupações dos gestores da América Latina com a situação das contas públicas do país.
Em fevereiro, subiu de 50% para 74% o percentual de gestores que acreditam que haverá "alguma flexibilização" no teto de gastos, ainda que "modesta".
Para 68% dos investidores ouvidos pelo BofA, o maior "risco de cauda" para o Brasil em 2021 é uma rápida deterioração das contas públicas. Já para 20% dos participantes, o maior risco é o "ruído político".
Cresceu também a aposta dos investidores na alta de juros. Em janeiro, apenas 17% dos gestores viam a taxa básica de juros (Selic) acima de 3,5% no fim do ano. Esse percentual cresceu para 55% em fevereiro.
Isso acontece porque os pesquisados veem uma maior pressão inflacionária: 91% deles acreditam num aumento "modesto" da inflação neste ano.
Reformas e recuperação da economia
O levantamento do BofA mostra que a expectativa por reformas cresceu entre os investidores: 58% acreditam que a reforma tributária será aprovada no segundo semestre, com apenas 19% não vendo aprovação. Em janeiro, esse percentual era de 31%.
Aumentou de 58% para 71% o percentual de gestores que acredita que atrasos na vacinação podem prejudicar a retomada do crescimento no Brasil e na América Latina como um todo neste ano. Considerando toda a região, o maior risco de 2021, para os investidores ouvidos, é justamente a vacinação lenta.
A maioria dos gestores ouvidos projeta um crescimento entre 2% e 4% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano. A projeção do BofA é de expansão de 3,5%.
A pesquisa também mostrou que a maioria dos investidores ouvidos está otimista com o real, com 61% deles acreditando que a moeda brasileira pode ter melhor desempenho que seus pares latino-americanos nos próximos seis meses.
A maioria (58%) vê dólar abaixo de R$ 5,10 no fim do ano, e uma minoria de 12% acredita que a moeda americana pode cair abaixo de R$ 4,80 até lá.
A pesquisa do Bank of America foi feita entre os dias 5 e 11 de fevereiro, com 31 gestoras que administram US$ 69 bilhões em ativos.
*Com Estadão Conteúdo.