🔴 NO AR: ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – CONFIRA MAIS DE 30 RECOMENDAÇÕES – VEJA AQUI

O que é um bom investimento? Parece óbvio, mas depende do ponto de vista

28 de abril de 2021
11:52 - atualizado às 13:19

Uma vez minha mãe me disse que meu pai estava bebendo muito. Traumatizada por um histórico familiar de alcoolismo, ela não suportava ver as doses de Black & White (ele adorava esse whisky, vai entender…) se acumulando.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Olhei para a garrafa sendo gradativamente esvaziada e dei razão para minha mãe.

No dia seguinte, meu pai veio reclamar da minha mãe. Falou que ela estava muito impaciente e, nas palavras dele, “enchendo o saco” com aquela história da bebida. Ela não poderia terceirizar para ele a responsabilidade pelo próprio trauma. Estávamos de férias no Guarujá com os amigos. Se ele não pudesse beber um whiskynho com a turma na piscina do apartamento alugado, o que mais lhe restaria? 

Achei que meu pai estava certo.

O que é falso? E o que é verdadeiro? Quem tinha mais razão? Há resposta pra isso ou tudo seria apenas uma questão de perspectiva e narrativa? 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O protagonismo da retórica na Economia e, como corolário, nas Finanças já foi devidamente documentado. Deirdre McCloskey e Pérsio Arida representam os maiores expoentes nesse campo. McCloskey publicou em revista acadêmica antes e, por isso, costuma levar mais méritos. Bairrismos à parte, acho o artigo do Pérsio bem mais elegante e erudito. 

Leia Também

Em uma investigação histórica de vários embates entre teorias econômicas distintas, percebe-se a prevalência de uma sobre a outra não por superação positiva. Mas, sim, pelo oferecimento de melhores regras de retórica. Em outras palavras, dentro de uma perspectiva dialética, ou seja, a maneira como tipicamente se faz ciência, uma tese é confrontada com sua antítese. Daí emerge uma síntese. Se houvesse superação positiva, o resultado final carregaria o melhor de cada um dos lados. A evidência empírica, contudo, mostra que ganha apenas a tese ou antítese mais convincente, não necessariamente a melhor.

Os autores estão absolutamente certos. Talvez não lhes tenha ocorrido, porém, ou se lhes ocorreu não foi explicitado nos artigos, que esta não é apenas uma característica da Economia. Essa é uma tendência humana. Procuramos narrativas críveis e convincentes, muito mais do que dados empíricos. O verossímil transcende a verdade. E, como sabemos, há coisas verossímeis que não são verdade; e há verdades que não são verossímeis. Os artigos de McCloskey e Pérsio apenas detectam um caso particular de um fenômeno geral das ciências sociais e até mesmo da vida cotidiana. 

Eu me preocupo com o Brasil neste momento. Por duas razões: i) a narrativa está toda contra a gente; e ii) precisamos de um choque liberal e, como tratamos no episódio do podcast RadioCash com Salim Mattar, o liberalismo enfrenta grandes dificuldades retóricas.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Deixe-me elaborar melhor sobre cada um dos pontos. O ponto até aqui é que, às vezes, a narrativa importa mais do que a realidade objetiva — até porque é muito difícil conhecer a realidade objetiva em ambientes de complexas interações sociais.

Vejamos a questão do ambiente. Podemos passar muito tempo debatendo o quanto, de fato, esta gestão é pior do que as anteriores, conforme prega a imprensa local e internacional. Mas, no fundo, há algo acima disso. A percepção é péssima. E isso afasta o investidor estrangeiro.

Em vez de ficar reclamando da imprensa local e estrangeira e acusá-la de golpista (aliás, esse não era um mote petista?), precisamos mudar essa percepção, seja ela falsa ou verdadeira. Ficar batendo de frente apenas vai nos causar ainda mais alijamento do fluxo de recursos internacional.

Quando das últimas eleições, o mercado acreditou na narrativa de que, sob uma suposta conversão liberal, garantida pela presença de Paulo Guedes (fundador do Pactual, lembre-se e, portanto, representação canônica de um dos “nossos”), teríamos um ciclo de reformas, privatização, um choque de capitalismo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ao mesmo tempo em que teríamos moralização da política, combate à corrupção e enfrentamento dos desafios de segurança. Tínhamos uma história em que acreditar — seja ela certa ou errada.  

Três anos se passaram e estamos onde estamos. Falta-nos uma história para acreditar, sabe? Teremos no próximo ciclo a repetição do ciclo dos últimos anos ou estamos condenados a enfrentar o aparelhamento petista novamente? 

Esse é um problema conjuntural. Mas há algo mais estrutural. Precisamos do tal choque de capitalismo liberal, que sempre nos é prometido, mas nunca chega. Como tê-lo? Como a retórica liberal pode superar o discurso bonzinho da esquerda intervencionista?

O primeiro pretende retirar o Estado e, por meio de benefícios indiretos, melhorar o bem-estar da população. O segundo já promete uma ajuda direta vinda do Estado. Qual das teorias carrega as melhores regras de retórica e convencimento? 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Vivemos o eterno retorno de Nietzsche ou o Dia da Marmota de Bill Murray. Repetimos sucessivamente o sonho liberal enquanto vivemos o dia a dia de derrotas para a monstruosidade do Leviatã. A vitória do Orçamento inexequível sobre o pragmático Waldery Rodrigues. 

A ideia da retórica vale para o macro, para a política e para as ações de empresas também. Para mim, Soros superou Buffett em termos teóricos ao formular sua teoria da reflexividade. A expectativa das pessoas e as interpretações interferem na realidade objetiva. Ou seja, as empresas são afetadas por valores externos além dos seus próprios. O valor intrínseco dá lugar ao extrínseco, sendo esse último muito mais afetado por retórica, histórias, narrativas, temas momentâneos.

Banco Inter vale quase R$ 60 bilhões. Faz sentido? A depender do que você se contar, faz. Ou pode ser um absurdo completo também.

Incorporadoras são um bicho difícil. Ciclo longo, impactadas por juros subindo. Ou podem estar bem baratas e, se escolhidas bem, oferecer dividend yields de até 15%. A tese faz sentido. A antítese também. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Itaú estava certo em sua propaganda sobre os coletinhos da XP. Teve de tirar a campanha do ar, porque perdeu a batalha da narrativa. Os bancos são sempre os vilões, destarte. Na XP, é tudo sobre a narrativa. Difícil ganhar. 

Oi pode ser incrivelmente barata nesses níveis, mas vai ter que entregar antes, porque a percepção sobre a empresa é péssima. 

Stone vale R$ 120 bilhões, e Cielo, a despeito dos resultados ruins, vale R$ 10 bilhões. É razoável? Bom, sei lá, uma hora tese e antítese se fundem na síntese e essa discussão retórica termina.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros

2 de dezembro de 2025 - 7:08

A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Bolhas não acabam assim

1 de dezembro de 2025 - 19:55

Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso

DÉCIMO ANDAR

As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora

30 de novembro de 2025 - 8:00

Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado

28 de novembro de 2025 - 8:25

Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros

SEXTOU COM O RUY

Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo

28 de novembro de 2025 - 6:01

A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje

27 de novembro de 2025 - 8:23

Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim

27 de novembro de 2025 - 7:49

Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?

26 de novembro de 2025 - 19:30

Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje

26 de novembro de 2025 - 8:36

Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado

25 de novembro de 2025 - 8:20

Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central

24 de novembro de 2025 - 19:59

Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje

24 de novembro de 2025 - 7:58

Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA

BOMBOU NO SD

CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana

23 de novembro de 2025 - 17:13

Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD

MERCADOS HOJE

A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje

21 de novembro de 2025 - 9:27

Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa

20 de novembro de 2025 - 8:36

Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?

19 de novembro de 2025 - 20:00

Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje

19 de novembro de 2025 - 8:01

Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje

18 de novembro de 2025 - 8:29

Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?

18 de novembro de 2025 - 6:03

Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje

17 de novembro de 2025 - 7:53

Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar