🔴 [EDIÇÃO SPECIAL] ONDE INVESTIR DEPOIS DO COPOM? VEJA AQUI

Cotações por TradingView

Um pé no abismo e outro na casca de banana: como identificar ações de empresas decadentes

Excesso de otimismo, planos mirabolantes e desprezo pela inovação estão entre as receitas para uma empresa falhar, segundo o gestor que se dedicou a descobrir empresas terríveis

9 de maio de 2021
7:02 - atualizado às 17:33
o investidor
Imagem: Shutterstock

Olá, seja muito bem vindo ao nosso papo de domingo que às vezes é sobre tecnologia, às vezes sobre investimentos, mas raramente sobre algo interessante. 

Na semana passada, dediquei essa coluna aos ensinamentos do livro Art of Execution, do investidor Lee Freeman-Shor. 

Como sempre deixo meu e-mail para contato ao final do texto, foi natural, ao longo desta semana, receber várias mensagens com pedidos de outras sugestões de leituras para investidores. 

Atendendo a esses pedidos, vou compilar os ensinamentos de outro livro de finanças com o qual aprendi muito.

Falo do livro Dead Companies Walking: How A Hedge Fund Manager Finds Opportunity in Unexpected Places, do gestor de investimentos Scott Fearon. 

Assim como a recomendação da semana passada, o livro do Scott está disponível apenas em inglês, mas vou fazer um resumo dos meus pontos preferidos.

Mais mortos do que vivos

Diferentes dos investidores famosos que conhecemos e admiramos, como Warren Buffett e Peter Lynch, que construíram suas reputações identificando empresas incríveis, o Scott Fearon seguiu o caminho contrário. 

Dedicou sua carreira a descobrir empresas terríveis. Aquelas com um pé no abismo, e outro na casca de banana. 

Seu livro é dedicado a diversas histórias de posições vendidas a descoberto; ou seja, apostas em ações que, na visão dele, deveriam se desvalorizar muito. 

Empresas farmacêuticas com produtos revolucionários que não faziam muito sentido, redes de restaurantes com planos de expansão muito além de suas aptidões naturais, varejistas que decidiram mudar completamente seu negócio do dia para a noite…

Diversos casos que misturam excesso de otimismo, planos mirabolantes e desprezo pela inovação. 

Das inúmeras lições de Scott, a primeira que me lembro, e que espero genuinamente ter incorporado para sempre, é a seguinte: 

Apenas vender a descoberto empresas que estejam em direção à falência. 

Uma posição vendida (ou short, como dizemos no mercado) é uma posição com payoff ruim. 

O máximo que você pode ganhar é 100%, caso a ação vá a zero. 

Porém, você pode acumular perdas de 100%, 200%, 300%... perdas potencialmente ilimitadas, caso a ação dispare. 

Scott é completamente avesso a pequenas posições vendidas que busquem retornos de 5%, 10%... 

Na opinião dele (e eu não poderia concordar mais), identificar uma empresa com fundamentos ruins já é difícil o bastante…

Prever como vai se comportar o fluxo dos investidores nessa empresa é ainda mais difícil.

Mas como Scott identifica uma empresa que esteja em direção à falência? 

Nas palavras dele, a tragédia acontece em duas etapas: primeiro gradualmente, e depois subitamente.

Primeiro as receitas começam a decair (gradualmente), e então o endividamento explode (rapidamente)...

Junto às considerações gerais sobre o caso de investimento, esses dois indicadores são excelentes referências.

O exemplo perfeito, contado no livro, foi a quebra da Blockbuster, a maior rede de locadoras de filmes dos EUA no começo dos anos 2000. 

O próximo Steve Jobs

A análise de investimentos é uma mistura de matemática com criatividade. 

Sim, nos damos ao trabalho de entender as demonstrações contábeis das empresas em que investimos. 

Esse trabalho, porém, diz respeito ao passado. Afinal, os números nos mostram o que aconteceu, e não o que acontecerá. 

Decidimos investir ou não numa empresa pelo que imaginamos que acontecerá no futuro. 

E como bem sabemos, retornos passados não são garantias de retornos futuros. 

A parte do futuro na equação é extremamente complexa. 

No geral, estamos buscando entender o que a companhia enxerga para o seu futuro. 

Você pode entender que a Tesla deverá se tornar a referência global de carros autônomos. 

Mas caso Elon Musk decida, amanhã, trabalhar num submarino elétrico, você não terá muito o que fazer. Ele está no comando, você está apenas no banco do passageiro, tentando entender o que se passa na companhia. 

Por isso, o management das empresas que investimos é peça fundamental  no retorno do nosso investimento. 

Sobre os CEOs dessas empresas, Scott faz um alerta maravilhoso: a chance é alta de que esse CEO não seja o próximo Steve Jobs. 

CEOs não são CEOs à toa. É como se a seleção natural empurrasse para o topo as pessoas agressivas, sonhadoras e otimistas. 

Veja o caso de Elizabeth Holmes, fundadora de umas maiores fraudes corporativas que o mundo já viu, a Theranos. 

Ela prometia uma máquina praticamente caseira, que com uma gota de sangue, conseguiria realizar uma série de exames laboratoriais. 

Ela falava como Steve Jobs, fazia apresentações como Steve Jobs, e até se vestia como Steve Jobs. 

Mas no final, era apenas a Elizabeth Holmes. 

Aos interessados na história completa, recomendo o excelente livro Bad Blood.

Em resumo, Scott diz adorar identificar CEOs problemáticos e apostar em suas quedas. É só procurar, você vai ver que eles existem aos montes.

Fraudes contábeis

Como disse, o livro é repleto de ensinamentos maravilhosos, mas meu espaço aqui é limitado para trazer todos eles. 

Por último, quero mencionar as fraudes contábeis. 

Scott considera que as fraudes contábeis são como mortes por ataque de tubarão. 

Durante um ano, ocorrerão apenas alguns poucos acidentes envolvendo ataques de tubarão ao redor do mundo. 

Mas quando eles acontecerem, serão manchetes em todos os lugares. 

Na prática, o tanto de atenção dedicada ao tema nos levará a uma percepção incorreta de que eles são mais comuns do que parecem.

O mesmo ocorre no mundo corporativo e no mercado de ações.

Fraudes são raras. 

O mais comum é simplesmente encontrarmos empresas ruins, com planos estratégicos ruins. 

Ao invés disso, muitos investidores dedicam um tempo excessivo a procurarem por fraudes. 

Afinal, que tipo de venda a descoberto seria mais óbvia do que uma fraude? 

Contudo, a maioria dos analistas passarão suas carreiras sem identificarem uma fraude de grande magnitude. 

Claro, a contabilidade está longe de ser perfeita e muitas empresas gostam de viver perigosamente, sondando, mas raramente cruzando a barreira da contabilidade criativa. 

Mesmo assim, escândalos contábeis da escala de uma Enron (aos interessados, sugiro o maravilhoso documentário Enron: Os Mais Espertos da Sala, disponível na Netflix) são raros e dificilmente você ganhará dinheiro apostando neles.

Contato

Dediquei o texto de hoje a três assuntos tratados no livro (os meus preferidos), mas há pelo menos uma dezena de boas ideias. Recomendo muito que, caso você esteja interessado, compre o livro e dedique algumas horas à leitura.

Se você gostou dessa coluna, pode entrar em contato comigo através do e-mail [email protected], com ideias, críticas e sugestões. 

Também pode conhecer o fundo de investimentos que implementa as ideias que eu, o Rodolfo Amstalden e Maria Clara Sandrini nos dedicamos semanalmente a produzir. 

E claro, siga acompanhando meu trabalho através do Podcast Tela Azul, em que, todas as segundas-feiras, eu e meus amigos André Franco e Vinicius Bazan falamos sobre tecnologia e investimentos.

Aproveite para se inscrever no nosso Telegram; todos os dias, postamos comentários sobre o impacto da tecnologia no mercado financeiro (e no seu bolso).

Um abraço!

Compartilhe

NOVO ÍNDICE DA B3

B3 lança índice do “termômetro do risco”; saiba como o índice deve funcionar

19 de março de 2024 - 0:02

Versão brasileira do indicador de volatilidade VIX, o índice VXBR vai medir a percepção de risco do mercado a partir das opções de Ibovespa; saiba mais

FIIs HOJE

Fundo imobiliário BRCR11 fecha acordo de R$ 755 milhões para venda de imóveis; maior parte do dinheiro não deve virar dividendos, mas os rendimentos ainda devem subir

18 de março de 2024 - 13:01

A transação inclui fatias nos edifícios Brazilian Financial Center, Burity, Cidade Jardim, Transatlântico e Volkswagen, todos localizados em bairros de alto padrão na cidade de São Paulo

CÂMBIO

Dólar supera mais uma vez os R$ 5 — agora para ficar? Saiba o que mexe com as cotações da moeda norte-americana

18 de março de 2024 - 12:53

A dólar avança mais de 3% no ano, com os investidores de olho na trajetória dos juros da maior economia do mundo

TROCA

Por que o Inter (INBR32) vai subsidiar a conversão dos seus BDRs em ações em Nova York, mas por prazo limitado

18 de março de 2024 - 12:52

Banco Inter se propôs a arcar com as taxas aplicáveis à conversão a serem cobradas dos clientes que optarem pela troca de BDRs por ações

MERCADOS HOJE

Bolsa hoje: Ibovespa fecha em alta, ajudado por Vale (VALE3), enquanto dólar sobe a R$ 5,02; Vivara é destaque de queda na B3

18 de março de 2024 - 7:11

RESUMO DO DIA: A bolsa brasileira teve um fim de sessão morno nesta segunda-feira (18), acompanhando o otimismo generalizado do exterior só nas últimas badaladas dos negócios por aqui. O Ibovespa terminou o dia em leve alta de 0,17%, aos 126.954 pontos. Por sua vez, o dólar encerrou em alta de 0,56%, cotado a R$ […]

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: Super Quarta domina semana; veja o que esperar das decisões de juros no Brasil e nos EUA

18 de março de 2024 - 6:20

Além disso, a temporada de balanços locais continua a todo vapor, com importantes empresas como Itaúsa e Magazine Luiza publicando seus resultados nos próximos dias

CÂMBIO

Dólar belisca os R$ 5 e empilha valorização no mês e no ano — veja o que pode mexer com a moeda nos próximos dias

16 de março de 2024 - 9:59

A divisa norte-americana terminou os últimos cinco dias com valorização de 0,34% — um movimento que segue os juros nos EUA

FIIs HOJE

HGRE11 vai lucrar milhões com venda de imóveis na Faria Lima para outro fundo imobiliário de escritórios

15 de março de 2024 - 15:05

O FII acertou a venda de um pacote de dez ativos para o Tellus Properties (TEPP11) por R$ 95 milhões

A REPERCUSSÃO DOS NÚMEROS

Mitre (MTRE3) desaba 10% na B3 após balanço do quarto trimestre, enquanto Tenda (TEND3) salta 7% — confira os destaques do setor

15 de março de 2024 - 12:10

Enquanto os números da Tenda foram bem-recebidos pelos analistas e investidores, a avaliação para a Mitre foi neutra

MERCADOS HOJE

Bolsa hoje: Vale (VALE3) puxa o freio do Ibovespa, mas índice acumula leve queda na semana; dólar encosta em R$ 5

15 de março de 2024 - 7:31

RESUMO DO DIA: No último pregão de uma semana recheada de indicadores de inflação e de atividade econômica, a aversão ao risco deu o tom dos mercados. A “cereja do bolo” — nada doce — foi o enfraquecimento das commodities, combinado com o vencimento de opções de ações e reação aos balanços, que pesaram na […]

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies