XFIX11: conheça o ETF de IFIX que não segue o IFIX
Fundo que se propõe a seguir desempenho do Índice de Fundos Imobiliários (IFIX) tem andado bem descolado do seu indicador de referência – mas isso não é o que se espera de um ETF
O Trend ETF IFIX (XFIX11), primeiro ETF a se propor a seguir o Índice de Fundos Imobiliários (IFIX) da bolsa brasileira, não tem cumprido a principal função que se espera de um ETF: acompanhar o indicador de referência.
Uma comparação entre os gráficos de desempenho do ETF lançado pela XP no fim do ano passado e do IFIX mostra que o fundo negociado na B3 ora tem retorno acima, ora abaixo do seu benchmark. Veja, na imagem a seguir, a trajetória de desempenho de ambos no acumulado de 2021:
A título de comparação, veja como se comporta o iShares Ibovespa Fundo de Índice (BOVA11), um dos ETFs mais populares e líquidos do mercado, em comparação ao Ibovespa, seu indicador de referência, no mesmo período:
Apenas para checar com uma segunda base de dados, pedi à consultoria Economatica os desempenhos do XFIX11 e do IFIX em três diferentes prazos:
5 dias (de 1º a 8 de junho de 2021) | 30 dias (de 8 de maio a 8 de junho de 2021 | No ano (de 31 de dezembro de 2020 a 8 de junho de 2021) | |
IFIX | 0,64% | -0,94% | -1,41% |
XFIX11 | 0,40% | 0,30% | -0,68% |
Fonte: Economatica
O comportamento do XFIX11 em relação ao IFIX acaba sendo bem diferente do que se espera de um ETF, que é um tipo de fundo com cotas negociadas em bolsa e que se propõe a acompanhar um índice de mercado com o máximo de aderência.
Inclusive, boa aderência ao benchmark é um argumento de venda utilizado pelas gestoras tradicionais de ETF, como a BlackRock, responsável pelo BOVA11, um dos pioneiros entre os fundos de índice negociados na B3.
Baixa liquidez
Gerido pela XP Vista Asset Management, gestora do Grupo XP, o XFIX11 foi lançado em novembro do ano passado e ainda é pouco conhecido do público geral.
Para Caio Araujo, analista de fundos imobiliários da Empiricus, o descolamento pode se dever à baixa liquidez do ETF, ainda jovem. “Num dia de alta liquidez, o volume negociado é de cerca de R$ 300 mil, o que ainda é bem pouco, mesmo para o mercado de FII. Em dias comuns, o volume de negociação do XFIX11 fica em torno de uns R$ 50 mil”, diz.
Poucas negociações podem ocasionar movimentos bruscos no preço da cota do fundo, que nada têm a ver com o movimento dos preços dos ativos que compõem a carteira, que replica a do IFIX. “É mais uma questão técnica do mercado, o que não exigiria que o fundo se manifestasse via fato relevante, por exemplo”, diz Araujo.
Para evitar esse tipo de problema, ETFs costumam ter formadores de mercado para garantir a liquidez. No caso do XFIX11, o formador de mercado é o Credit Suisse.
Resposta da XP
Questionei a XP acerca do descolamento entre o desempenho do índice e o do ETF e também perguntei se o formador de mercado estava atuando normalmente.
A corretora não deu entrevista e encaminhou uma nota na qual informa que “na análise do desempenho patrimonial, existe uma aderência integral do XFIX ao IFIX, sendo qualquer diferença decorrente de custos do fundo ou alguma característica dos ativos que compõem a carteira como ofertas ou liquidez. No caso do mercado secundário, alheio ao gestor, eventuais descolamentos entre ETFs e índices de referências refletem oscilações naturais do dia a dia da bolsa e não diferem dos benchmarks do mercado.”
É bem verdade que o desempenho de um ETF nunca é exatamente igual ao do seu índice de referência. Para começar, ETF têm taxa de administração, que come um pedaço da rentabilidade. No caso do XFIX11, a taxa é de 0,30% ao ano.
Mesmo assim, quanto mais o desempenho do fundo caminhar junto com o do índice, melhor. A aderência do ETF ao índice de referência no mercado secundário importa. Afinal, o investidor vai sempre negociar suas cotas a preço de mercado.
Outros ETFs negociados na B3 seguem a flutuação do seu benchmark em todos os momentos, mesmo havendo uma diferença entre o desempenho de ambos devido aos custos.
Sobre o formador de mercado, a XP se limitou a dizer que sua atuação “é regulada pela bolsa e os devidos parâmetros podem ser consultados no site da própria B3.”
Segundo o site da B3, a atuação do formador de mercado do XFIX11 pode manter um spread máximo de 3,00%; em ETFs de ações, esse spread não chega a 1,00% - em muitos casos é de, no máximo, 0,1% ou 0,2%. É o caso, por exemplo, do BOVA11.
Talvez seja isso que explica o descolamento grande entre os desempenhos do XFIX11 e o IFIX quando comparado ao descolamento dos ETFs de ações.
E aí, vale a pena o XFIX11?
Caso o descolamento seja mais devido à questão da liquidez, é possível que, com o tempo e o crescimento do mercado, a diferença entre o ETF e o índice diminua.
"Nesse sentido, se o investidor quiser se posicionar no IFIX no longo prazo, o XFIX11 é uma alternativa válida, sim. Mas eu considero uma falha haver esse tipo de movimento brusco no curto prazo", diz Caio Araujo.
Por enquanto, porém este ETF não tem se mostrado como uma alternativa muito eficiente para quem quer simplesmente acompanhar o IFIX. E se a questão for mesmo o spread permitido ao formador de mercado, talvez o descolamento nem chegue a diminuir tanto assim com o tempo.
"Se for para ter uma carteira diversificada, e não necessariamente seguir o IFIX, eu estaria mais confortável em um FOF [fund of funds, ou fundo de fundos] de fundos imobiliários, que também seria listado e bolsa, contaria com volumes de negociação maiores e não passaria por esse tipo de movimento", diz o analista.
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais aguardam divulgação do PIB dos EUA; Ibovespa acompanha RTI e taxa de desemprego na véspera do feriado
RESUMO DO DIA: As bolsas internacionais acompanham as respectivas agendas regionais por mais um dia. A expectativa com a pausa para o feriado de Páscoa não impede a busca por barganhas, apesar da expectativa com a inflação dos EUA ser grande. Lá fora, o índice de despesa com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), […]
Fundo imobiliário GARE11 anuncia novo aumento de dividendos; confira os planos do gestor para manter os proventos em alta
De acordo com Gustavo Asdourian, o plano é buscar novas oportunidades para vender ativos da carteira do FII comprados a preços mais baixos com lucro
Bolsa hoje: Wall Street e bancos dão ‘empurrão’ e Ibovespa fecha em alta; dólar cai
RESUMO DO DIA: Na véspera do último pregão de março e do fim do primeiro trimestre do ano, a bolsa brasileira voltou a acompanhar o tom positivo dos mercados internacionais, em dia de agenda cheia de indicadores locais. O Ibovespa encerrou o pregão com alta de 0,65%, aos 127.690 pontos. Já o dólar fechou a […]
Por que essa ação que disparou mais de 50% em minutos na bolsa de Nova York
A euforia dos investidores com o papel foi tamanha que forçou a interrupção das negociações em meio ao aumento da volatilidade
Ação do ex-dono do Grupo Pão de Açúcar desaba quase 50% na bolsa francesa em um único dia e vira “penny stock”
A companhia atravessa um longo processo de reestruturação das dívidas e hoje vale apenas milhões na Bolsa de Paris
Fundo imobiliário XP Log (XPLG11) é a nova ‘vítima’ da recuperação judicial do Dia, que quer devolver galpão e não pagou o aluguel ao FII
O Grupo já havia rescindido antecipadamente outro contrato de locação com o fundo, mas não pagou a parcela de verbas rescisórias deste mês
Prejuízo bilionário: Por que a Casas Bahia (BHIA3) emplacou sexto trimestre seguido no vermelho — e o que o mercado achou
Ação da Casas Bahia abriu em forte queda no pregão de hoje; quantidade de itens não recorrentes no balanço chamou a atenção dos analistas
Bolsa hoje: Ibovespa é arrastado pela baixa de NY e pela prévia de inflação e fecha no vermelho; dólar sobe
RESUMO DO DIA: Na reta final de março, o Ibovespa até tentou retomar os 127 mil pontos. Mas novos indicadores locais, a queda das commodities e o tom negativo de Wall Street foram os verdadeiros obstáculos para o tom positivo. O Ibovespa fechou em queda de 0,05%, aos 126.863 pontos. Já o dólar subiu 0,19% […]
Fundo imobiliário GARE11 compra ‘pacotão’ de R$ 843 milhões em ativos, com lojas do Pão de Açúcar e Grupo Mateus
A carteira, que totaliza 140 mil metros quadrados em Área Bruta Locável (ABL), é composta por 20 imóveis de renda urbana e um do segmento logístico
Por que o fundo imobiliário XP Properties (XPPR11) despenca mais de 10% na B3 hoje?
O mercado repercute, entre outros fatores, a notícia de que os cotistas discutirão em breve a possível venda do único ativo do FII de escritórios localizado na cidade de São Paulo, o edifício Faria Lima Plaza
Leia Também
-
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais aguardam divulgação do PIB dos EUA; Ibovespa acompanha RTI e taxa de desemprego na véspera do feriado
-
Ranking dos ricaços: Trump engorda fortuna em US$ 4 bilhões e já supera um dos maiores investidores do planeta
-
Com juros em queda, vendas do Tesouro Direto recuam em fevereiro — mas título atrelado à Selic ainda é o favorito dos investidores
Mais lidas
-
1
Após prejuízo bilionário, CEO da Casas Bahia está “confiante e animado” para 2024 — mas mercado não compra ideia e ação BHIA3 cai forte na B3
-
2
Ação do ex-dono do Grupo Pão de Açúcar desaba quase 50% na bolsa francesa em um único dia e vira “penny stock”
-
3
Acordo bilionário da Vale (VALE3): por que a mineradora pagou US$ 2,7 bilhões por 45% da Cemig GT que ainda não tinha