Passado o recesso do feriado, a bolsa finalmente pegou no tranco: após uma manhã em baixa, o Ibovespa virou para alta e, com isso, chegou pela primeira vez ao patamar dos 130 mil pontos. O dólar à vista segue em baixa, aproximando-se cada vez mais do nível de R$ 5,00.
Por volta de 15h45, o principal índice da bolsa brasileira marcava 130.088,29 pontos, em alta de 0,38% — é uma nova máxima em termos intradiários. Se permanecer no campo positivo até o fim do dia, teremos hoje a quinta sessão consecutiva de recordes de fechamento do Ibovespa.
O mau desempenho da bolsa brasileira durante a manhã não foi surpreendente. Ontem, o EWZ — o principal ETF de ações brasileiras em Nova York — fechou em queda de 0,95%; os recibos de papéis (BDRs) de empresas nacionais nas bolsas americanas também tiveram um dia de perdas.
Assim, o mercado acionário local passou por ajustes na primeira etapa da sessão, de modo a refletir as quedas generalizadas de ontem nas bolsas globais. E, de certa maneira, essa ressaca ainda afeta o Ibovespa, que não consegue avançar na mesma intensidade que os índices americanos:
- Dow Jones: +0,51%;
- S&P 500: +0,91%;
- Nasdaq: +1,50%.
No câmbio, o dólar à vista recua 0,15%, a R$ 5,0764 — somente nesta semana, a divisa americana acumula baixa de 2,60%.
Bolsa x economia americana
O principal fator de influência para as negociações no mundo nesta sexta-feira é o relatório de empregos dos EUA em maio, divulgado nesta manhã — e a expectativa era alta, considerando os dados mais animadores do mercado de trabalho divulgados ontem.
No entanto, o payroll decepcionou mais uma vez: ao todo, foram criados 559 mil novos postos de trabalho nos EUA no mês passado, número que ficou abaixo das expectativas do mercado. A taxa de desemprego, por outro lado, ficou em 5,8% — o consenso era de um indicador mais próximo de 6%.
Com os dados de emprego ainda sem indicar uma retomada firme, o mercado acredita que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) poderá estender as medidas de estímulo por mais algum tempo, sem promover mudanças na atual política monetária. Com isso, o clima fica mais favorável para os ativos de risco, como ações e moedas emergentes.
Nesse contexto, o dólar perde força em relação às moedas fortes — o índice DXY, que mede o desempenho da divisa americana contra uma cesta com as principais moedas do mundo — opera em baixa de 0,41%.
Por outro lado, as moedas de países emergentes se valorizam em bloco ante o dólar — caso do rublo russo, do peso mexicano, do rand sul-africano e do peso colombiano, além do próprio real brasileiro.
Altas e baixas do Ibovespa
Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa no momento:
CÓDIGO | NOME | PREÇO | VARIAÇÃO |
CVCB3 | CVC ON | R$ 27,16 | 7,61% |
BRKM5 | Braskem PNA | R$ 58,90 | 5,33% |
MULT3 | Multiplan ON | R$ 27,57 | 5,03% |
IGTA3 | Iguatemi ON | R$ 45,22 | 4,19% |
BRML3 | BR Malls ON | R$ 11,72 | 4,09% |
Confira também as maiores baixas desta sexta:
CÓDIGO | NOME | PREÇO | VARIAÇÃO |
BRFS3 | BRF ON | R$ 28,33 | -3,57% |
EMBR3 | Embraer ON | R$ 17,27 | -3,09% |
GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | R$ 14,54 | -3,00% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 18,40 | -2,95% |
USIM5 | Usiminas PNA | R$ 19,08 | -2,60% |
As ações ON da BRF (BRFS3) lideram as perdas do dia após a Marfrig confirmar que aumentou ainda mais sua participação na companhia, atingindo 31,7% do capital social — um movimento que já era especulado pelo mercado nos últimos dias.
Com a concretização dos rumores, um movimento de realização de lucros atinge os papéis da BRF, que ainda acumulam alta de mais de 8% na semana. Vale lembrar que é improvável que a Marfrig continue na ponta compradora, uma vez que se chegar a 33,3% do capital social, precisará fazer uma oferta de compra a todos os demais acionistas.
Juros acompanham o dólar
A tendência é de baixa no mercado de juros futuros, tanto nos vencimentos curtos quanto nos longos. O comportamento reflete a nova queda do dólar e o recuo dos Treausires americanos — a leitura de que o Fed demorará mais tempo para elevar os juros mexe com o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA:
- Janeiro/22: de 5,09% para 5,05%;
- Janeiro/23: de 6,70% para 6,62%;
- Janeiro/24: de 7,40% para 7,28%;
- Janeiro/25: de 7,81% para 7,70%.