🔴 +30 RECOMENDAÇÕES DE ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – VEJA AQUI

Estadão Conteúdo

Política externa

Democratas americanos resistem a Bolsonaro

Parlamentares têm enviado cartas ao governo americano, além de empresas, questionando a política ambiental do Brasil e criticando falas de Bolsonaro.

Presidente Jair Bolsonaro
Presidente da República, Jair Bolsonaro. - Imagem: Alan Santos/PR

A aproximação do governo Jair Bolsonaro com os Estados Unidos tem encontrado, no Capitólio, um foco de resistência. Desde a véspera da eleição brasileira, parlamentares nos EUA se mobilizaram para enviar ao menos cinco cartas ao governo americano, a empresas e corporações e protocolar duas resoluções e um projeto de lei que questionam a política ambiental e fazem fortes críticas a falas de Bolsonaro. Democratas consideram os discursos do presidente brasileiro "preocupantes para a democracia e direitos humanos" no País.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As primeiras manifestações, já no início da gestão, foram posicionamentos marcados pela ala do partido democrata mais à esquerda na Câmara - que criticara anteriormente o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A Câmara dos EUA é, desde novembro, de maioria democrata, e de oposição a Trump. A reverberação internacional da situação da Amazônia, contudo, fez com que as movimentações passassem a ter caráter mais formal, em tom de resolução interna no Congresso, e alcançassem parlamentares considerados mais moderados dentro do partido democrata. Uma delas teve apoio bipartidário, com endosso de senador republicano.

Ao menos 53 congressistas americanos se engajaram em diferentes movimentos críticos à situação da Amazônia ou às falas de Bolsonaro.

A Amazônia também fez com que cinco pré-candidatos democratas à presidência dos EUA se envolvessem em cobranças ao governo brasileiro: Kamala Harris, Cory Booker e Amy Klobuchar endossaram o pedido para que os EUA adiem negociações comerciais com o Brasil enquanto não houver resposta efetiva sobre as queimadas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Bernie Sanders e Elizabeth Warren - que, junto com Joe Biden, estão entre os três primeiros nas pesquisas de intenção de votos - assinaram cartas para pedir que empresas cobrem do governo brasileiro a preservação ambiental.

Leia Também

Uma carta assinada por 11 democratas pedia ao representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, a suspensão da negociação de acordo comercial com o Brasil até que haja uma "ação significativa para proteger a Amazônia".

Dias antes, Kamala - tida como moderada - criticou Bolsonaro no Twitter: "Conforme a Amazônia queima, o presidente do Brasil deixa madeireiros e mineradores destruírem a Amazônia e, similar ao Trump, não está agindo".

Livre comércio

Um eventual acordo de livre comércio - ambição da equipe econômica brasileira - precisa da aprovação dos parlamentares americanos, apesar de ser negociada com o Poder Executivo. O atual encarregado da embaixada, Nestor Forster, se reuniu com os dois senadores que redigiram o documento.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Depois do encontro, o senador Brian Schartz escreveu que o Brasil deve "cumprir integralmente as leis de proteção ambiental e indígena". "Fico feliz em ver uma mudança na retórica do governo Bolsonaro, agora vamos observar se ela vem acompanhada por uma mudança na política", afirmou.

As iniciativas pela Amazônia seguiram durante o mês de setembro com um manifesto assinado por 13 senadores. "Os incêndios na Amazônia neste ano (em 2019) são uma emergência e exigem ação de todos nós. Você tem o poder de exigir que o presidente Bolsonaro aplique as leis ambientais de seu País e pode reavaliar suas operações à luz de inércia. Por favor, fale e deixe claro que a proteção da Amazônia é essencial para a sua empresa fazer negócios na região", diz o texto endereçado a Cargill, Danone, Johnson & Johnson, L'Oreal, McDonald's, Walmart, Deutsche Bank, Barclays e outras companhias.

Também em setembro, Câmara e Senado receberam resoluções sobre o Brasil - que têm um caráter diferente das cartas. No caso dos textos no Congresso, as medidas legislativas não têm força de lei, mas devem ser consideradas pelo governo uma posição formal dos parlamentares. Ambos ainda estão em tramitação.

Na Câmara, 16 democratas prometem colocar dificuldades na relação entre EUA e Brasil expressando preocupações com direitos humanos, meio ambiente e democracia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Entre as manifestações, os deputados pedem a identificação e punição dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. No caso do Senado, uma proposta bipartidária pede que EUA ofereçam apoio ao governo do Brasil e a ONGs para a preservação da Amazônia.

Congresso dos EUA é crucial

Diferentemente do Brasil, nos EUA o Congresso é muito importante na formulação de política externa, ressalta o professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), Oliver Stuenkel.

"A ferramenta de sanções e as questões de comércio passam pelo Congresso. Tanto que outros governos passam muito tempo fazendo lobby no Capitólio", disse.

Stuenkel observa que historicamente o Brasil não tem alta visibilidade em Washington. "O País sempre ficou contente de não ter tanta visibilidade assim", disse. Agora, no governo Bolsonaro, segundo o professor, a lógica mudou. Mas, paradoxalmente, o País tem tido um comportamento contraditório.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

"Bolsonaro quer uma aproximação e aí, paradoxalmente, estamos passando pelo tempo mais longo sem embaixador em décadas. Desde os anos 70 não ficamos tanto tempo sem embaixador e isso agrava a situação de que o País não tem essa rede poderosa na capital. De repente se quer visibilidade, mas não se tem estrutura para isso", afirma o professor da FGV.

'Não se nota nenhuma resistência ao governo'

Atual encarregado pela embaixada brasileira em Washington, o diplomata Nestor Forster avalia que não há resistências ao governo Bolsonaro dentro do Congresso americano.

Ele credita as críticas aos posicionamentos do presidente à ala "mais extrema, mais radical" do partido democrata, diz que tem se reunido com parlamentares dos dois partidos para dialogar sobre a situação do Brasil e que a recepção tem sido positiva. O nome de Forster ainda precisa ser aprovado pelo Senado para sua confirmação como embaixador.

Como o Brasil tem lidado com resistências ao governo Bolsonaro no Congresso americano?

A relação com o Congresso entra no que a gente chama de diplomacia parlamentar. Procuramos fazer isso no sentido de discutir política sem entrar em política interna de democratas versus republicanos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Não se nota no Congresso nenhuma resistência ao governo Bolsonaro, isso não existe. O que houve foi um movimento isolado, um grupo de parlamentares do partido democrata, situados na ala mais à esquerda, mais radical, que mandou uma carta criticando a Lava Jato. E foi respondido como deve ser respondido: o Brasil vive um Estado de Direito.

A relação com o Congresso americano tende a mudar?

Esse novo momento da relação Brasil-EUA, com uma renovada intensidade, no nível mais alto pela química entre os chefes de Estado, não se refletirá só nas relações que temos aqui com agências do Executivo, mas certamente vai nos dar uma agenda muito mais intensa no Congresso e também com a sociedade civil americana, com o setor privado, com associações que representam diferentes áreas.

Não foi só a Lava Jato. Houve movimentações de parlamentares também com relação à Presidência do Bolsonaro…

Ninguém está questionando o compromisso do governo Bolsonaro com a democracia. Bolsonaro é o maior produto da democracia, por duas razões. Primeiro, ele passou a vida inteira como deputado, sendo eleito e fazendo campanha. Número dois: ele foi eleito por uma onda democrática talvez inédita na História do Brasil. Foi eleito e gastou nem 1 milhão de dólares na campanha.

Houve manifestações também sobre as queimadas na Amazônia. Isso preocupa?

Não, não é um assunto que esteja envolvido no debate de política americana. Não começou aqui nos Estados Unidos essa conversa, mas teve repercussões aqui também. Esse exagero, o que eu chamei de histeria descabida, de achar que era o fim do mundo que tinha meia dúzia de queimadas na Amazônia como tem todo ano desde o período neolítico. Isso não é novo. Foi exagerado.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Pré-candidatos, como os senadores Bernie Sanders e Elizabeth Warren, assinaram uma carta pedindo proteção da Amazônia.

A pior coisa que se pode fazer é criar barreiras comerciais ou sanções a produtos brasileiros porque eles vão querer atacar as empresas brasileiras e quem exporta são as empresas de médio e maior porte, que têm condições, recursos financeiros e humanos, para observar a legislação brasileira que é extremamente rigorosa, especialmente na região da Amazônia. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
HORA DA PROVA

Checklist do Enem: o que levar, o que deixar em casa e o que só vai te dar dor de cabeça

8 de novembro de 2025 - 15:31

Documento de identidade e caneta esferográfica preta são itens obrigatórios, e há itens de vestuário que são proibidos

ELEIÇÕES 2026

“Valores conservadores são o tema das eleições. Não é economia. Não são valores liberais. Conservadores tomaram tudo”, diz Paulo Guedes

23 de outubro de 2025 - 18:33

Ex-ministro da Economia acredita que o mundo vive um novo momento de desordem em que os conservadores estão à frente das mudanças

ELEIÇÕES 2026

Lula confirma que irá disputar as eleições em 2026: “vou completar 80 anos, mas tenho a mesma energia de quando tinha 30”

23 de outubro de 2025 - 10:23

Em visita à Indonésia, Lula confirmou que pretende disputar um quarto mandato; pesquisas mostram o petista na liderança das intenções de voto

DATAFOLHA

Brasileiros não apoiam exploração de petróleo na Foz do Amazonas, diz pesquisa — e afirmam que Lula deve proibir perfuração

13 de outubro de 2025 - 12:32

Levantamento feito pelo Datafolha pressiona governo por definição clara antes da COP30, enquanto Petrobras aguarda liberação do Ibama

MUDANÇA NA CORTE

Barroso anuncia aposentadoria e vai deixar cargo de ministro do STF

9 de outubro de 2025 - 18:46

Com a decisão, Barroso encerrará um ciclo de 12 anos no STF

CENÁRIO ELEITORAL

Eleições 2026: Lula mantém liderança em todos os cenários de 2º turno, e 76% querem que Bolsonaro apoie outro candidato, diz pesquisa

9 de outubro de 2025 - 13:46

Levantamento Genial/Quaest indica resistência à nova candidatura do presidente, enquanto eleitorado bolsonarista se divide sobre o futuro político do ex-presidente

SUBIU NO TELHADO

Derrota para o governo: Câmara arquiva MP 1.303 e livra investimentos de aumento de imposto de renda — bets também saem ilesas

8 de outubro de 2025 - 19:25

Deputados retiraram a votação do texto da pauta e, com isso, a medida provisória perde a validade nesta quarta-feira (8)

OPINIÃO PÚBLICA

Pesquisa Genial/Quaest mostra popularidade de Lula no maior patamar do ano após crise com EUA

8 de outubro de 2025 - 14:00

Aprovação sobe a 48%, impulsionada por percepção positiva da postura do governo diante de tarifas impostas por Trump

ARREDONDOU

Imposto de renda sobre CDB, Tesouro Direto, JCP e fundos ficará em 18% após avaliação por comissão do Congresso Nacional

7 de outubro de 2025 - 19:22

Medida provisória 1.303/25 é aprovada por comissão mista do Congresso e agora segue para ser votada nos plenários da Câmara e do Senado

BORA MARCAR?

Lula e Trump finalmente se falam: troca de afagos, pedidos e a promessa de um encontro; entenda o que está em jogo 

6 de outubro de 2025 - 15:20

Telefonema de 30 minutos nesta segunda-feira (6) é o primeiro contato direto entre os líderes depois do tarifaço e aumenta expectativa sobre negociações

TOUROS E URSOS #241

Lula e Trump: a “química excelente” que pode mudar a relação entre o Brasil e os EUA

1 de outubro de 2025 - 12:31

Alexandre Pires, professor de relações internacionais e economia do Ibmec, analisa os efeitos políticos e econômicos de um possível encontro entre os dois presidentes

ELEIÇÕES NO RADAR

Com Tarcísio de Freitas cotado para a corrida presidencial, uma outra figura surge na disputa pelo governo de SP

28 de setembro de 2025 - 13:31

Cenário nacional dificulta a nomeação de candidatos para as eleições de 2026, com impasse de Bolsonaro ainda no radar

REFORMA DA RENDA

Comissão do Senado se antecipa e aprova projeto de isenção de IR até R$ 5 mil; texto agora depende dos deputados

24 de setembro de 2025 - 18:23

Proposta de isenção de IR aprovada não é a do governo Lula, mas também cria imposto mínimo para altas rendas, programa de renegociação de dívidas e prevê compensação a estados e municípios

REFORMA TRIBUTÁRIA

Senado vota regulamentação dos novos impostos sobre consumo, IBS e CBS, nesta quarta-feira (24)

21 de setembro de 2025 - 15:20

Proposta define regras para o novo comitê gestor do IBS e da CBS, tributos que vão substituir impostos atuais a partir de 2027

OUVIDOS ATENTOS

O que Lula vai dizer na ONU? Soberania e um recado sutil a Trump estão no radar

20 de setembro de 2025 - 13:20

A expectativa é que o discurso seja calibrado para o público global, evitando foco excessivo em disputas políticas internas

LAUDO MÉDICO

Câncer de Bolsonaro: o que é o carcinoma de pele encontrado em duas lesões removidas

17 de setembro de 2025 - 14:36

Ex-presidente recebeu alta após internação por queda de pressão, vômitos e tontura; quadro exige acompanhamento médico periódico

TEMPO DE NEGOCIAÇÃO

LCI e LCA correm o risco de terem rendimentos tributados, mas debêntures incentivadas sairão ilesas após negociações no Congresso 

12 de setembro de 2025 - 11:40

Relator da MP que muda a tributação dos investimentos diz que ainda está em fase de negociação com líderes partidários

FRAUDE BILIONÁRIA

“Careca do INSS”: quem é o empresário preso pela PF por esquema que desviou bilhões

12 de setembro de 2025 - 11:34

Empresário é apontado como “epicentro” de fraudes que desviaram bilhões de aposentadorias

BOLSONARO CONDENADO

STF condena Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão; saiba quais opções restam ao ex-presidente

11 de setembro de 2025 - 17:18

Placar final foi 4 a 1 para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado

PESQUISA

Aprovação de Lula sobe para 33% e chega ao maior nível desde dezembro de 2024, diz Datafolha

11 de setembro de 2025 - 16:41

O índice de reprovação do petista ainda é um dos maiores entre presidentes desde a redemocratização a esta altura do mandato, mas, na comparação direta, Bolsonaro sai perdendo

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar