O Ibovespa acentuou o movimento de queda nesta quinta-feira (23) a partir da notícia de que o ministro da Justiça, Sergio Moro, teria pedido demissão do cargo.
O índice começou a perder força de maneira mais expressiva pouco depois das 14h30, horário que coincide com os primeiros relatos quanto à possível saída de Moro. Na mínima do dia, o Ibovespa chegou aos 78.621,92 pontos (-2,56%), mas, no fechamento, marcava 79.673,30 pontos (-1,26%).
Segundo a Folha de S. Paulo, o pedido foi motivado pela intenção do governo de trocar a diretoria-geral da Polícia Federal, hoje ocupada por Maurício Valeixo. A publicação afirma que Jair Bolsonaro tenta reverter a decisão do ministro.
Desde o ano passado Bolsonaro tem ameaçado trocar o comando da PF, mas Valeixo é homem de confiança de Moro. Agora, diz o jornal, o ex-juiz da Lava Jato afirma que se o diretor-geral sair, ele também deixa governo.
Moro assumiu a frente do Ministério da Justiça com a promessa de dar continuidade ao trabalho desempenhado como juiz de primeira instância durante a Operação Java Jato. Mas o ministro teve parte das suas iniciativas frustradas no governo.
A ameaça de demissão de Moro é mais um elemento de instabilidade local para os mercados. A crise provocada pelo coronavírus desencadeou incertezas econômicas e políticas que já fizeram a bolsa cair 31% desde o início do ano.
Já o movimento do câmbio nesta quinta foi influenciado pela percepção de deterioração das contas públicas, intensificada com o pré-lançamento do programa "Pró-Brasil" — a iniciativa pretende impulsionar a atividade econômica do país, mas pode aumentar os gastos públicos a longo prazo.
A perspectiva de mais um corte na Selic, hoje em 3,75% ao ano, também contribuiu para o avanço da divisa, que encerrou a sessão a R$ 5,5287 (+2,22%) e cravou um novo recorde nominal de fechamento.