O Ibovespa passou por um momento de turbulência no meio da manhã desta terça-feira (17), em meio à confirmação da primeira morte por coronavírus no Brasil. No entanto, o clima menos negativo visto no exterior prevaleceu, dando força ao índice brasileiro.
O Ibovespa abriu em alta de mais de 3%, mas, em meio à confirmação da primeira morte causa por coronavírus no país, enfrentou instabilidade e chegou a aparecer no campo negativo. Às 15h45, contudo, o índice já subia 6,94%, aos 76.106,07 pontos.
Lá fora, os investidores tentam colocar os nervos no lugar e controlar o pânico: na Europa, as principais praças fecharam em alta; nos Estados Unidos, o Dow Jones avança 5,45%, o S&P 500 sobe 6,19% e o Nasdaq tem ganho de 5,99%.
Os investidores recebem bem as últimas iniciativas dos governos mundiais para tentar conter o avanço do coronavírus. Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo Trump tem anunciado desde ontem pacotes de estímulo econômico e iniciativas para fortalecer o sistema de saúde do país.
- Eu gravei um vídeo para comentar esse movimento de recuperação visto nas bolsas globais. Veja abaixo:
Obviamente, a percepção de que a economia global será afetada fortemente não se dissipou com essas medidas, mas a postura diferente dos EUA — até agora, o alto escalão da Casa Branca mostrava certo desdém com o coronavírus — foi bem recebida pelo mercado.
Nesta terça-feira, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deu mais um passo em direção ao auxílio da economia, anunciando um programa de US$ 10 bilhões para reforçar a disponibilidade de crédito para famílias e empresas.
No Brasil, também tivemos o lançamento de medidas de estímulo econômico. Ontem, o ministro Paulo Guedes anunciou um pacote de até R$ 147,3 bilhões para conter os impactos da doença, dos quais R$ 83,4 bilhões serão destinados à população mais vulnerável aos efeitos da crise.
Vale ressaltar que, dadas as fortes quedas vistas nas bolsas globais desde a semana passada, os níveis de preços de muitas ações caíram muito, o que naturalmente atrai investidores. E, considerando o noticiário mais animador, há quem opte por aumentar ligeiramente a posição em bolsa, apostando numa recuperação mais adiante.
No entanto, o bom desempenho visto nas bolsas globais nesta terça-feira não neutraliza as perdas relevantes contabilizadas ontem e na semana passada. Apenas no pregão de segunda-feira (16), o Ibovespa despencou quase 14%.
Mesmo com esse viés mais otimista visto hoje, a pandemia de coronavírus continua em primeiro plano para os mercados globais e ainda gera enorme preocupação. No mundo todo, já são mais de 7,3 mil mortos e cerca de 185 mil contaminados.
No câmbio, a reação foi a mesma. O dólar à vista abriu em queda, virou para alta após a confirmação da primeira morte no Brasil e, agora, volta a cair: no momento, recua 1,47% a R$ 4,9782.
Indecisão
Ainda por aqui, os investidores seguem apreensivos quanto ao futuro da Selic, em meio à postura agressiva do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Desde o início do mês, a autoridade dos EUA cortou os juros do país de maneira extraordinária em duas ocasiões, derrubando as taxas ao nível entre 0% e 0,25% ao ano.
Dada a influência do BC americano e de movimentos recentes por parte de outras autoridades monetárias do mundo, há a expectativa quanto a um corte semelhante por parte do Copom — a reunião que decidirá o futuro da Selic ocorrerá amanhã (18).
Muitos, inclusive, apostavam que o Copom também mexeria na Selic de forma extraordinária, o que não se concretizou. O argumento global para esse novo ciclo de alívio nos juros é o fornecimento de estímulo à economia, num esforço para reduzir os impactos do surto da doença.
No entanto, há quem acredite que mais cortes de juros não surtirão o efeito desejado, uma vez que a crise do coronavírus cria um gargalo na oferta, e não na demanda. Além disso, há a questão da cotação do dólar: mais reduções na Selic fatalmente trarão ainda mais pressão ao câmbio.
Por mais que o dólar à vista esteja recuando nesta manhã, vale lembrar que o BC promoveu um leilão de linha de até US$ 2 bilhões mais cedo, de modo a trazer algum alívio à moeda americana — iniciativa que, no entanto, teve efeito limitado.
No front das curvas de juros, os vencimentos mais curtos seguem em baixa, evidenciando que o mercado está convencido de que o BC irá sim cortar a Selic. Veja abaixo como estão os principais DIs:
- Janeiro/2021: de 3,84% para 3,62%;
- Janeiro/2022: de 4,92% para 4,43%;
- Janeiro/2023: de 5,93% para 5,33%;
- Janeiro/2025: de 7,08% para 6,50%.
Top 5
Saiba quais são as cinco maiores altas do Ibovespa às 14h50:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
CRFB3 | Carrefour Brasil ON | 20,06 | +13,98% |
BRFS3 | BRF ON | 14,88 | +12,30% |
BBSE3 | BB Seguridade ON | 26,77 | +11,17% |
MULT3 | Multiplan ON | 20,55 | +11,02% |
HYPE3 | Hypera ON | 31,35 | +10,70% |
Confira também as maiores baixas do índice no momento:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
AZUL4 | Azul PN | 14,45 | -7,37% |
CVCB3 | CVC ON | 9,66 | -7,12% |
SBSP3 | Sabesp ON | 45,88 | -3,41% |
SMLS3 | Smiles ON | 17,39 | -3,12% |
VVAR3 | Via Varejo ON | 7,40 | -2,12% |