A S&P Global Ratings prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve sofrer contração de 0,7% neste ano, com risco de baixa, devido aos impactos econômicos da pandemia de coronavírus. "O crescimento econômico do Brasil em 2020 será gravemente afetado pelo impacto da covid-19 local e globalmente", diz a agência de classificação de risco em nota.
Nesta segunda-feira, a S&P reafirmou o rating do Brasil em BB-, mas alterou a perspectiva da nota de crédito do país de positiva para estável. Segundo a agência, os efeitos das medidas de contenção da pandemia no país levarão a uma menor confiança dos investidores e a uma volatilidade no mercado financeiro, provocada por restrições do consumo e do investimento. "Além disso, as exportações cairão, pois cerca de dois terços são destinados à China e aos mercados dos EUA", acrescenta a S&P.
Para 2021, a agência de classificação de risco projeta um avanço de 2,9% do PIB do Brasil. "Até o momento, avaliamos o choque como temporário e sem consequências negativas a longo prazo para a economia brasileira", afirma a S&P.
A agência espera, ainda, que a inflação no Brasil fique ao redor de 4% entre 2020 e 2023, em linha com a meta.
Perspectiva alterada
A S&P também reafirmou o rating do Brasil em BB-, mas alterou a perspectiva da nota de crédito do país de positiva para estável. "Esperamos que o crescimento do PIB e o desempenho fiscal do Brasil sofram em 2020 devido à pandemia da covid-19 e a gastos extraordinários do governo, antes que a recuperação econômica gradual e a consolidação fiscal sejam retomadas", diz a agência de classificação de risco.
Na visão da S&P, a incerteza em relação à capacidade do Brasil de avançar na agenda de reformas estruturais quando a pandemia terminar aumentou, "devido ao desacordo contínuo entre os poderes Executivo e Legislativo".
A agência explica que a perspectiva estável do rating do Brasil reflete as expectativas fiscais e econômicas, após o "choque" da pandemia, e "a suposição de um progresso mais lento para aprovar e implementar legislação significativa para reduzir vulnerabilidades fiscais estruturais e elevar as perspectivas de crescimento do PIB a médio prazo".