A queda dos juros em 2019 levou muitos investidores brasileiros a migrarem boa parte do seu patrimônio da renda fixa para investimentos com chances de ganhos maiores, como ações, fundos de ações, fundos multimercados e fundos imobiliários.
A classe dos fundos multimercados, por exemplo, teve uma captação líquida de mais de R$ 68 bilhões no ano passado, enquanto a classe de fundos de renda fixa teve captação negativa de R$ 74 bilhões.
Os fundos multimercados podem ser encarados como um passo intermediário entre a renda fixa tradicional e investimentos mais arriscados como ações e títulos de crédito privado.
Isso porque esses fundos podem investir em diversas classes de ativos, como renda fixa, moedas, derivativos ou mesmo ações. Ou seja, um multimercado pode investir em renda variável sem estar majoritariamente exposto a esse tipo de risco, mantendo um perfil mais moderado.
Em 2019, o Índice de Hedge Funds da Anbima (IHFA), que reúne os principais fundos multimercados do Brasil, teve uma valorização de 11,12% em 2019, o equivalente a 186,26% do CDI. Nada mau, portanto.
Mas esse índice é uma média ponderada desse mercado, e pouco diz sobre o desempenho de cada tipo de multimercado ou de cada fundo em si. Afinal, a classe dos multimercados é extremamente variada em termos de estratégias de investimento que um gestor pode desempenhar e níveis de risco.
Existem desde fundos mais tranquilinhos e próximos do risco da renda fixa conservadora a fundos "tarja preta", tão ou mais arriscados que muitos fundos de ações.
Os fundos multimercados mais rentáveis de 2019
Por exemplo, o fundo multimercado mais rentável de 2019, o Logos Total Return, teve um desempenho de 116,14% - um outlier, na verdade. Na sequência, os mais rentáveis foram fundos que deram retornos que variaram de 40% a 60% - o equivalente a muitas vezes o CDI e superando até mesmo o Ibovespa, que teve alta de pouco mais de 30% em 2019.
A consultoria Economatica reuniu, na tabela a seguir, os 20 fundos multimercados mais rentáveis de 2019 dentre aqueles que compõem a carteira do IHFA:

Risco e retorno
O estudo da Economatica também destacou aqueles fundos com maior Índice de Sharpe, isto é, melhor relação risco-retorno. Basicamente, quanto maior o Sharpe de um fundo, maior a rentabilidade que ele entrega acima da taxa livre de risco (no nosso caso, o CDI) em relação à sua volatilidade.

Composição do IHFA
O IHFA é calculado pela Anbima, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, e procura representar o desempenho dos principais fundos multimercados do país, aqueles normalmente disponíveis para o investidor pessoa física.
É composto por 209 fundos multimercados de 75 gestoras diferentes e patrimônio total de R$ 141,2 bilhões em 31 de dezembro de 2019, abarcando um universo de quase 600 mil cotistas. A carteira teórica exclui:
- Fundos que não estejam enquadrados na categoria multimercados há pelo menos um ano;
- Fundos fechados (aqueles que não permitem aplicações e resgates), exclusivos ou que não cobram taxa de performance;
- Fundos com número médio de cotistas inferior a dez no trimestre anterior à data de rebalanceamento do índice;
- Fundos que não divulgam o valor das cotas atualizado diariamente;
- Fundos classificados como "balanceados", "capital protegido" e "multigestores" (aqueles que investem em múltiplos fundos de investimento);
- Fundos que não atendam a valores mínimos de patrimônio líquido e volatilidade em relação aos demais fundos da amostra.
A maior parte dos fundos que compõem o IHFA são classificados como Macro (que utilizam estratégias de investimento que partem de perspectivas macroeconômicas) ou Livre.
Mas a carteira teórica também conta com fundos de estratégias bem diferentes, como os Long & Short (que fazem operações compradas e vendidas de modo a lucrar com distorções de preços entre ativos), Juros e Moedas (que só operam nos mercados de câmbio e juros, não podendo investir em ações), Estratégia Específica e Investimento no Exterior.
Os Multimercado Livre foram os mais rentáveis de 2019, seguidos dos Estratégia Específica e os de Investimento no Exterior.

*Matéria corrigida em 23 de janeiro de 2019, com os dados corretos de captação dos fundos.