O corte da taxa básica de juros (Selic) para 3,75% ao ano veio em linha com o esperado pelo mercado financeiro. Mas no comunicado que acompanhou a decisão, o Banco Central sinalizou que não haverá novas reduções daqui para frente, o que foi uma surpresa. A análise é de Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos.
Diante do choque provocado pela pandemia do coronavírus e dos impactos na economia, ela avalia que a decisão vai manter a tensão no mercado, com a volta dos rumores de que o BC poderá anunciar cortes nas taxas de forma extraordinária.
“Provavelmente o mercado vai exigir mais queda de juros”, me disse a economista, que até esperava um único corte da Selic, mas de 1 ponto percentual – que reduziria a taxa para 3,25% ao ano.
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Em situações normais, a sinalização mais conservadora (hawkish, no jargão de mercado) do BC poderia ajudar a estabilizar ou até a apreciar o câmbio, segundo a economista. “Mas diante do que está acontecendo, o câmbio não vai reagir à decisão do Copom.”
Quanto ao “arsenal” ao qual o BC se referiu no comunicado que acompanhou a decisão sobre a Selic, a economista da ARX avalia que, além de medidas de afrouxamento nas condições de crédito, a autoridade monetária poderá ampliar a ação no câmbio.
“O mercado está sentindo falta do BC estar mais presente. Uma intervenção maior no câmbio era esperada e não vem acontecendo” – Solange Srour, ARX Investimentos
Assim como praticamente todo o mercado, a economista reduziu a projeção para o PIB brasileiro em 2020 de 1,8% pra 1%. Ela indicou que essa estimativa “tem um viés de baixa muito forte”, mas prefere ter uma clareza maior de como a atividade vai se recuperar nos países afetados antes do Brasil para rever novamente as estimativas.