O Banco Central vai reduzir os juros para tentar conter os efeitos do coronavírus na economia, mas em algum momento terá de aumentar as taxas. Pelo menos essa é a visão refletida no mercado de juros de futuros na B3.
As taxas dos contratos de DI (Depósito Interfinanceiro) de curto prazo operam em queda, mas as taxas dos contratos com vencimento a partir de 2022 são negociadas em alta.
Os investidores reagem à decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, de fazer um agressivo e repentino corte de juros na noite de ontem (15).
O corte-surpresa bateu mal no mercado, adicionando mais uma camada de pessimismo ao pânico com o avanço do coronavírus no mundo e suas consequências nefastas para a economia global.
Confira a seguir como estavam as taxas de juros futuros por volta das 13h20:
- Abril/2020: de 4,01% para 3,79%;
- Janeiro/2021: de 4,21% para 3,86%;
- Janeiro/2022: de 5,06% para 5,12%
- Janeiro/2023: de 5,91% para 6,22%;
- Janeiro/2027: de 7,58% para 8,16%.
A forte volatilidade no mercado de juros futuros deixou o Tesouro Direto suspenso nesta manhã, como é praxe ocorrer nessas situações.
A curva de juros "empinada", como se diz no jargão do mercado, se deve ao aumento da aversão a risco no mundo, potencialmente elevando o risco-país, apesar do ambiente geral de juros baixos e Selic nas mínimas.
A agressividade do corte de juros do Fed, que zerou as taxas americanas, bateu mal no mercado, que interpretou o fato como "as coisas estão piores do que imaginávamos". O dólar em alta também ajuda a pressionar as taxas.
As bolsas também reagem com fortes quedas nesta segunda. A bolsa entrou em circuit breaker logo na abertura, depois que o Ibovespa bateu em 12,53% de queda.