Após a tormenta, Ibovespa sobe mais de 4% e dólar cai a R$ 4,64; petróleo fecha em alta
Os mercados amanheceram mais calmos nesta terça-feira, com os investidores corrigindo os excessos da sessão passada. O Ibovespa tem alta firme e o dólar recua mais de 1%
Os mercados globais tiveram ontem uma das piores sessões dos últimos 20 anos, com o Ibovespa e as bolsas globais derretendo, o petróleo caindo vertiginosamente e o dólar disparando. Passada a tormenta, os investidores tentam juntar os cacos nesta terça-feira (10) e recuperar parte do terreno perdido.
O Ibovespa chegou a subir 6,63% logo depois da abertura, tocando os 91.770,84 pontos. No início da tarde, o movimento de recuperação enfrentou alguma instabilidade, mas voltou a ganhar força: por volta de 16h00, o índice subia 4,74%, aos 90.142,72 pontos.
Os ganhos de hoje, embora expressivos, nem de longe compensam as perdas vistas na sessão anterior. Na segunda-feira (10), o Ibovespa amargou uma forte baixa de 12,17% — foi o pior pregão desde 1998.
Lá fora, o início da sessão também foi amplamente positivo, com as bolsas da Europa e dos Estados Unidos exibindo ganhos firmes. Mas, no início da tarde, o rebote se esvaiu: as principais praças europeias fecharam em baixa, e os índices de Nova York chegaram a mergulhar ao campo negativo — agora, já sobem perto de 3%.
No mercado de commodities, a tendência foi semelhante: o petróleo chegou a subir mais de 10% durante a manhã, mas perdeu força — o Brent para maio fechou em alta de 8,32%, enquanto o WTI para abril teve ganho de 10,38%. Na última sexta (6), os contratos desabaram mais de 10% e, ontem, desvalorizaram outros 20%.
Apenas o mercado de câmbio conseguiu sustentar o viés de tranquilidade sem maiores turbulências. O dólar à vista recua mais de 1% desde a abertura — no momento, cai 1,67%, a R$ 4,6450, após encostar no patamar de R$ 4,80 na sessão passada.
O otimismo mais acentuado visto no início da sessão desta terça-feira se devia à leitura de que os governos e bancos centrais do mundo entrariam em cena para evitar uma deterioração ainda maior dos mercados e, possivelmente, da economia global.
Estímulos monetários, injeções de liquidez e pacotes de auxílio às empresas estavam entre as possibilidades ventiladas pelos mercados. No entanto, o fluxo recente de notícias esfriou os ânimos dos investidores.
De acordo com a Bloomberg, o pacote de estímulo prometido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, ainda não tem muitos detalhes concretos — o tamanho da ajuda e a data de anúncio são desconhecidos, informações que elevaram a tensão quanto ao timing das ações do governo americano.
Segundo a Reuters, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse não ver necessidade de estímulos econômicos para que o país combata os efeitos do surto de coronavírus — para ela, um aumento de liquidez seria a ferramenta mais adequada.
Tais informações contribuíram para diminuir o otimismo nas bolsas externas. Por aqui, o Ibovespa consegue se sustentar em alta, mas sem forças para romper o nível de 90 mil pontos.
Mundo tenso
Em linhas gerais, não há grandes alterações no panorama para os mercados: o coronavírus continua se espalhando pelo mundo, a guerra de preços do petróleo travada entre Arábia Saudita e Rússia segue em curso e, por aqui, governo e Congresso permanecem brigando.
Dito isso, há uma esperança de que os bancos centrais do mundo irão atuar nos próximos dias, promovendo mais estímulos monetários para amenizar os eventuais impactos da crise do petróleo.
Na próxima quinta-feira (12), o Banco Central Europeu (BCE) irá se reunir para decidir a nova taxa de juros na região — e, dados os acontecimentos recentes, há a expectativa de um corte nas taxas. Na semana que vem, é a vez do Federal Reserve (Fed) e do Copom divulgarem suas decisões.
Além disso, há um natural movimento de "busca por pechinchas" e de correção de eventuais excessos da sessão de ontem. Dadas as fortes correções recentes, muitos investidores optam por comprar ações e ativos que ficaram "baratos demais".
No entanto, por mais que o Ibovespa consiga sustentar uma alta firme, o índice brasileiro nem de longe consegue apagar as perdas recentes. Mesmo com os ganhos desta terça-feira, a queda acumulada desde o início de 2020 é superior a 20%.
BC atua
Parte do alívio visto no dólar se deve à atuação do Banco Central no mercado de câmbio: a autoridade monetária promoveu mais um leilão no segmento à vista, injetando outros US$ 2 bilhões no sistema; ontem, durante o caos, foram colocados cerca de US$ 3,5 bilhões.
As atuações dos últimos dias marcam uma mudança de postura em relação à semana passada, quando o BC optou por fazer operações no mercado futuro de dólares, via swap cambial — uma alternativa que surtiu pouco efeito para conter a escalada da moeda americana.
Assim, o BC se viu forçado a mudar a ferramenta, partindo para uma abordagem mais agressiva — a injeção direta no mercado à vista. E, por mais que o panorama global tenha se deteriorado, o dólar consegue voltar para os níveis da semana passada.
A calmaria também chega ao mercado de juros. Com o dólar recuando e em meio à percepção de atuação iminente dos BCs, os investidores voltam a apostar com mais firmeza no corte da Selic na reunião do Copom, na próxima quarta-feira (18).
Veja abaixo como estão os principais DIs nesta manhã:
- Janeiro/2021: de 4,00% para 3,91%;
- Janeiro/2022: de 4,63% para 4,52%;
- Janeiro/2023: de 5,38% para 5,22%;
- Janeiro/2025: de 6,35% para 6,24%.
Petrobras e aéreas respiram
As ações da Petrobras despontam entre as maiores altas do Ibovespa nesta terça-feira, acompanhando a recuperação dos preços do petróleo. No entanto, os ativos da estatal seguem em cotações muito inferiores às do começo do ano.
No mesmo horário, as ações ON (PETR3) subiam 9,99%, enquanto as PNs (PETR4) avançavam 10,59%, num desempenho em linha com o do petróleo. Vale lembrar, no entanto, que os papéis da estatal despencaram mais de 35%, somando as baixas de sexta (6) e de segunda (9).
Quem também se recupera é o setor aéreo, com Azul PN (AZUL4) em alta de 10,75% e Gol PN (GOLL4) avançando 4,43%. A queda do dólar traz alívio às empresas, que possuem grande parte de suas linhas de dívida e de custos denominada na moeda americana.
Além disso, por mais que o petróleo esteja subindo hoje, a commodity passou por uma forte queda nos últimos dias — e o preço do produto é determinante para a precificação do combustível de aviação.
Top 5
Veja as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa por volta de 16h00 desta terça-feira:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
VALE3 | Vale ON | 43,59 | +15,23% |
CCRO3 | CCR ON | 14,48 | +14,02% |
MRFG3 | Marfrig ON | 9,76 | +13,89% |
UGPA3 | Ultrapar ON | 17,54 | +13,82% |
BRKM5 | Braskem PNA | 24,86 | +13,62% |
Confira também as maiores baixas do índice no mesmo horário:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
ABEV3 | Ambev ON | 13,97 | -4,77% |
EQTL3 | Equatorial ON | 21,62 | -2,83% |
RADL3 | Raia Drogasil ON | 114,55 | -1,16% |
EMBR3 | Embraer ON | 14,88 | -0,53% |
ENBR3 | Energias do Brasil ON | 19,03 | -0,21% |
B3 lança índice do “termômetro do risco”; saiba como o índice deve funcionar
Versão brasileira do indicador de volatilidade VIX, o índice VXBR vai medir a percepção de risco do mercado a partir das opções de Ibovespa; saiba mais
Fundo imobiliário BRCR11 fecha acordo de R$ 755 milhões para venda de imóveis; maior parte do dinheiro não deve virar dividendos, mas os rendimentos ainda devem subir
A transação inclui fatias nos edifícios Brazilian Financial Center, Burity, Cidade Jardim, Transatlântico e Volkswagen, todos localizados em bairros de alto padrão na cidade de São Paulo
Dólar supera mais uma vez os R$ 5 — agora para ficar? Saiba o que mexe com as cotações da moeda norte-americana
A dólar avança mais de 3% no ano, com os investidores de olho na trajetória dos juros da maior economia do mundo
Por que o Inter (INBR32) vai subsidiar a conversão dos seus BDRs em ações em Nova York, mas por prazo limitado
Banco Inter se propôs a arcar com as taxas aplicáveis à conversão a serem cobradas dos clientes que optarem pela troca de BDRs por ações
Bolsa hoje: Ibovespa fecha em alta, ajudado por Vale (VALE3), enquanto dólar sobe a R$ 5,02; Vivara é destaque de queda na B3
RESUMO DO DIA: A bolsa brasileira teve um fim de sessão morno nesta segunda-feira (18), acompanhando o otimismo generalizado do exterior só nas últimas badaladas dos negócios por aqui. O Ibovespa terminou o dia em leve alta de 0,17%, aos 126.954 pontos. Por sua vez, o dólar encerrou em alta de 0,56%, cotado a R$ […]
Agenda econômica: Super Quarta domina semana; veja o que esperar das decisões de juros no Brasil e nos EUA
Além disso, a temporada de balanços locais continua a todo vapor, com importantes empresas como Itaúsa e Magazine Luiza publicando seus resultados nos próximos dias
Dólar belisca os R$ 5 e empilha valorização no mês e no ano — veja o que pode mexer com a moeda nos próximos dias
A divisa norte-americana terminou os últimos cinco dias com valorização de 0,34% — um movimento que segue os juros nos EUA
HGRE11 vai lucrar milhões com venda de imóveis na Faria Lima para outro fundo imobiliário de escritórios
O FII acertou a venda de um pacote de dez ativos para o Tellus Properties (TEPP11) por R$ 95 milhões
Mitre (MTRE3) desaba 10% na B3 após balanço do quarto trimestre, enquanto Tenda (TEND3) salta 7% — confira os destaques do setor
Enquanto os números da Tenda foram bem-recebidos pelos analistas e investidores, a avaliação para a Mitre foi neutra
Bolsa hoje: Vale (VALE3) puxa o freio do Ibovespa, mas índice acumula leve queda na semana; dólar encosta em R$ 5
RESUMO DO DIA: No último pregão de uma semana recheada de indicadores de inflação e de atividade econômica, a aversão ao risco deu o tom dos mercados. A “cereja do bolo” — nada doce — foi o enfraquecimento das commodities, combinado com o vencimento de opções de ações e reação aos balanços, que pesaram na […]
Leia Também
Mais lidas
-
1
Operação bilionária: o que os Correios vão fazer com R$ 4 bilhões emprestados pelo Banco do Brics, comando por Dilma
-
2
Por que o Ethereum está ‘preso’ abaixo dos US$ 4 mil, enquanto o Bitcoin não para de bater recordes?
-
3
Rombo bilionário: como as operadoras de celular deram um desfalque de R$ 12 bilhões nos cofres públicos e levaram União à justiça