A temporada de balanços do 1º trimestre de 2019 passou a jato e nos próximos dias já vamos conhecer os últimos resultados das principais empresas de capital aberto. Após a maratona de números da semana passada, a agenda vai ficar um pouco mais vazia, mas isso não significa que companhias de peso não estejam nesse bolo.
Ao todo serão 10 balanços de companhias listadas na atual carteira do Ibovespa, que por sinal teve mudanças no começo do mês.
Para abrir a segunda-feira, Eletrobras, Cosan, Itaúsa e JBS soltam seus resultados, todos eles esperados para depois do fechamento dos mercados.
Na terça-feira, 14, é a da Bradespar, também após o fechamento da bolsa. Encerrando a temporada, na quarta-feira, 15, Embraer e Kroton, pela manhã, e Cemig, Marfrig e Ultrapar à tarde vão divulgar os resultados dos três primeiros meses do ano.
Como já virou lei, nós do Seu Dinheiro sempre trazemos algumas informações sobre o que você, investidor, deve esperar para cada resultado. Separei algumas projeções dos analistas consultados pela Bloomberg, que você pode conferir a seguir.
Enquanto a privatização não vem
Para garantir a sustentabilidade dos seus negócios, a Eletrobras vive aquela fase do "família vende tudo". Com um ambicioso projeto de desinvestimentos, a diretoria da estatal tenta se desfazer de vários "penduricalhos" que mais atrapalham do que ajudam nos resultados trimestrais.
E nesse grande esquema de desinvestimentos tem de tudo: dos leilões de subsidiárias (ou pelo menos parte delas), que se tornaram o símbolo da ineficiência da companhia nos últimos anos, até a saída das chamadas Sociedades de Propósito Específico (SPE). Nesse último caso, o presidente da estatal, Wilson Ferreira, já sinalizou que pretende se desfazer de 47 projetos já nos próximos meses.
Agora, o que importa mesmo para a diretoria da empresa é o fatídico projeto de privatização, que andou a passos de cágado durante o governo de Michel Temer e segue sem definição na gestão atual. Wilson Ferreira é otimista e afirma que a capitalização da empresa deve sair já em 2019, mas a movimentação política em Brasília mostra que o cenário está mais para a falta de novidades.
Se o assunto é novidade, você também deve lembrar que o presidente Jair Bolsonaro autorizou no mês passado que a União reembolse a Eletrobras em até R$ 3,5 bilhões para cobrir dívidas de distribuidoras da estatal. A grana pode não entrar no balanço do 1º trimestre, mas tem grande potencial de impactar positivamente nos resultados anuais da estatal.
Mas vamos aos números. A primeira coisa para você lembrar é que Eletrobras entrou em 2019 embalada por um lucro líquido de R$ 13,3 bilhões em 2018, revertendo um prejuízo de quase R$ 2 bilhões no ano anterior.
O resultado foi impulsionado tanto pela revisão de contratos como pela liberação de valores provisionados. Nesta matéria da Natalia Gomez você confere todos os detalhes do balanço anual da companhia.
Já para o 1º trimestre desse ano, as expectativas dos analistas de mercado estão lá em cima. O lucro líquido deve fechar o período em R$ 623 milhões, nada mal se compararmos com o resultado de R$ 31,8 milhões registrados no mesmo período do ano passado.
A geração de caixa medida pelo Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também deve registrar um salto, passando de R$ 1,2 bilhão no 1º trimestre de 2018 para R$ 2,2 bilhões no mesmo período de 2019. Já sobre as receitas líquidas, os analistas projetam soma de R$ 7,19 bilhões, abaixo dos R$ 8,59 bilhões do ano anterior.
Enquanto a privatização não vem (2)
Outra que está na fila da privatização e solta balanço nesta semana é a Cemig. A companhia de energia mineira começou o ano com uma grande expectativa em torno dos projetos do novo governador do Estado, Romeu Zema.
O estilo liberal de ser do dirigente colocou gás na ideia de vender a empresa, sobretudo depois dele sinalizar em seu primeiro mês de gestão que o projeto já estaria no forno.
Ocorre que, desde o começo do ano, a Cemig tem sofrido reveses diante de notícias ruins. A operação da Polícia Federal realizada em abril, e que mirou desvios de R$ 850 milhões da estatal via Renova Energia, é um exemplo disso e trouxe uma nuvem negra para a saúde financeira da empresa.
Falando de números, o balanço da estatal deve trazer resultados mistos. Por um lado, espera-se uma leve alta na geração de caixa, que pode alcançar os R$ 1,08 bilhão no trimestre, e aumento das receitas líquidas (de R$ 4,9 bilhões no 1º trimestre de 2018 para R$ 5,4 bilhões no mesmo período desse ano). Por outro, o lucro líquido ajustado da empresa deve cair a R$ 464,449 milhões.
Como andam as carnes?
Duas gigantes do setor de processamento de carnes estão na nossa lista de resultados desta semana, e não poderia encerrar esta matéria sem falar delas.
Começando pela JBS. Quem pensava que o famoso "Joesley Day" colocaria um fim com os negócios da empresa acabou mordendo a língua. Apesar dos tropeços e escorregões, a empresa continua a entregar resultados sólidos.
Vale lembrar que, não fosse o impacto do Refis do Funrural, a JBS teria entregue um crescimento de 201% lucro líquido ajustado do ano passado. Mesmo que o resultado final não tenha agradado a todos no mercado, os detalhes do balanço mostram que a situação financeira da empresa segue firme e forte.
Para o 1º trimestre do ano, a expectativa é de uma redução no lucro líquido, que deve fechar o período em R$ 464,560 milhões, segundo os analistas. A receita líquida, por sua vez, deve subir a R$ 46,2 bilhões, enquanto a geração de caixa deve romper os R$ 3 bilhões.
A Marfrig é outra que conseguiu colocar a casa em ordem e reverteu no ano passado um prejuízo que levou em 2017.
Com mais grana no bolso, a expectativa é de que a empresa também consiga reverter o prejuízo registrado no 1º trimestre de 2018. Analistas de mercado esperam lucro de R$ 10 milhões. Receitas e Ebitda também devem apresentar um salto na comparação anual.
Para colocar na agenda
Para completar as suas anotações, separei para você outras estimativas de mercado sobre os resultados que saem nesta semana.