‘Será oportunidade histórica para um choque liberal’, diz Langoni
Ex-professor de Paulo Guedes, o economista Carlos Langoni deverá ajudá-lo a desenvolver e a implementar uma agenda para abertura comercial do País

O economista Carlos Langoni, de 74 anos, presidente do Banco Central no governo Figueiredo e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi o primeiro brasileiro a obter o doutorado em economia na Universidade de Chicago, templo do pensamento liberal, em 1970.
Ele diz, com bom humor, que hoje está mais para Chicago grandfather do que para Chicago boy - expressão criada para designar os jovens economistas de Chicago que participaram da reforma econômica do Chile, no governo Pinochet, e que depois foi adotada pelo mundo afora em referência aos economistas graduados na escola americana.
Ex-professor de Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, que também obteve o Ph.D. em Chicago (assim como outros membros da equipe), Langoni deverá ajudá-lo a desenvolver e a implementar uma agenda para abertura comercial do País.
Nesta entrevista, ele afirma que os Chicago oldies, como Guedes costuma chamar a turma, por causa da idade da maioria, deverão enfrentar resistências para adotar medidas de modernização da economia, mas têm uma oportunidade histórica para promover um “choque liberal” no Brasil.
Como o sr. vê a chegada da nova equipe econômica ao poder, com tantos ex-alunos da Universidade de Chicago, como o próprio Paulo Guedes?
Acredito que há uma oportunidade histórica, com essa turma no governo, de implementar um choque liberal. Não é nem uma escolha ideológica, mas pragmática. Acho que a condição nunca foi tão favorável. A crise é tão profunda, com a falência do Estado tanto do ponto de vista financeiro quanto gerencial, tendo a corrupção sistêmica como efeito colateral, que um choque liberal é a única alternativa para o Brasil sair da armadilha de relativa estagnação econômica e reencontrar o crescimento sustentado.
Em termos de política econômica, o que devemos esperar dessa turma? Agora, as ideias monetaristas vão dar o tom?
As pessoas de fora costumam associar Chicago ao Milton Friedman, ao monetarismo. Não é verdade. Eu tive aulas com o Friedman, mas segui a vertente de desenvolvimento econômico de Chicago. Era o oposto do que se estudava normalmente no Brasil, por influência do Celso Furtado (1920-2004), da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), que é uma visão intervencionista, estatizante, de substituição de importações.
Leia Também
Quais os principais representantes dessa vertente voltada ao desenvolvimento econômico?
O Arnold Haberger é um nome importante. Ele era o chefe do departamento de Economia e tinha um curso de projetos e desenvolvimento que era um espetáculo. Além dele, a área de desenvolvimento de Chicago tinha o Robert Mundell, que ganhou o Premio Nobel em 1999, por seus estudos sobre a criação de zonas monetárias comuns, que levaram à criação do euro, e o Harry Johnson, dedicado ao comércio internacional. Havia também o T.W. Schultz, que recebeu o Nobel em 1979 e foi orientador da minha tese, e depois o Gary Becker. Ambos marcaram muito a minha carreira, porque criaram o conceito de educação como capital humano, que foi uma coisa revolucionária. Então, quando você fala dos economistas de Chicago não tem esse negócio de monetarismo, não. Essa coisa de dizer que os liberais não tem preocupação social é falsa, uma falácia.
Na prática, o que essa visão liberal deverá representar para a economia brasileira?
O que vejo como Estado liberal não é apenas uma reforma da Previdência. É uma coisa muito mais profunda. É uma reforma do Estado no sentido amplo. O Estado tem de ser provedor de bens públicos essenciais, como saúde, educação e segurança, e só. O resto tem de ficar com o setor privado. Isso está mais que testado no mundo. Não vamos nem falar dos Estados Unidos, que é brincadeira. Vamos falar da China. A grande revolução chinesa a partir da morte de Mao Tsé-tung foi a realização de um processo gradual, mas contínuo, de liberalização econômica. Hoje, o setor privado já representa mais de 60% do PIB chinês.
No caso do Brasil, qual o impacto que essa visão de Chicago deverá ter na economia?
No caso brasileiro, nós chegamos ao limite. Como eu disse, a crise é uma crise do Estado, do setor público, uma crise ética, e é isso que precisa mudar. A visão de Chicago é exatamente essa. Sempre houve preocupação grande com a eficiência e a ética, com o aspecto distributivo. Você tem o pilar do ajuste fiscal, com as reformas, a da Previdência e a tributária. Tem a onda de concessões e privatizações, para abrir espaço para a modernização da infraestrutura. E tem a vertente do que eu chamo de a “reforma esquecida”, que é a abertura da economia. A abertura tem de ser gradual, sim, tem de ser previsível, sim, mas tem de ter prazo para começar e terminar. A abertura tem efeitos distributivos positivos e ajuda a manter inflação baixa.
O sr. acredita que a nova equipe econômica vai enfrentar resistências do Congresso?
Acredito que vai existir resistência, sim. Não vai ser uma tarefa fácil, apesar de o diagnóstico ser inequívoco. Na minha opinião, a sociedade brasileira é muito mais atenta a esses fatos do que a gente imagina. O problema vai ser o debate político, as articulações políticas para viabilizar as reformas. Esse será o grande desafio, a interface do Executivo com o Congresso. Tem de ter muita paciência, poder de convencimento.
O senhor também enfrentou resistências na época em que esteve no governo?
A resistência era muito grande. Eu era uma voz solitária, me sentia um ET. Eu era de fato um Chicago boy. Hoje sou um Chicago grandfather. Já tenho quatro netos. Naquela ocasião, eu era o único. Depois, foi chegando mais gente de Chicago.
Qual a reação às suas ideias?
Havia um debate intenso de ideias. O próprio (Mário Henrique) Simonsen (ex-ministro da Fazenda e do Planejamento) tinha uma visão mais liberal que a do (João Paulo Reis) Velloso (antecessor de Simonsen no Planejamento). Muitas vezes, as ideias do Simonsen não coincidiam com as do Delfim (Neto, também ex-ministro da Fazenda e do Planejamento). Se você analisar bem, o modelo econômico tinha um forte viés estatista, apesar de ser liderado por economistas que não tinham ligação com a Cepal. Tanto o Delfim quanto o Simonsen tinham viés liberal, mas nada comparável com a visão de Chicago, de reduzir ao mínimo o papel do Estado, algo testado com grande sucesso no Chile.
O Chile foi o maior laboratório das ideias de Chicago?
Às vezes, as pessoas no Brasil pensam que Chicago é só o Chile. O pensamento liberal de Chicago, que vem do (Friedrich) Hayek, do Milton Friedman, teve grande influência na Inglaterra da (Margaret) Thatcher. No Reino Unido, havia presença muito forte do Estado, uma influência sindical tremenda, uma economia relativamente fechada. Agora, temos oportunidade de pôr em prática essas ideias que já funcionaram.
As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo."
Novo vale-gás 2025: Governo toma decisão sobre preços de referência do Gás do Povo; veja o valor em seu Estado
Com o “Gás do Povo”, o governo muda o formato do benefício: em vez de depósito, famílias de baixa renda receberão um vale exclusivo para comprar o botijão de 13 kg
MEC Enem: app gratuito traz simulados, corrige redações, monta plano de estudos e ajuda na preparação para exame
Ferramenta do Ministério da Educação reúne inteligência artificial, trilhas de estudo e plano de revisão personalizado a menos de um mês do exame
Mega-Sena 2928 acumula e prêmio em jogo se aproxima de R$ 50 milhões; ‘fermento’ do final 5 infla bolada na Quina
Além da Mega-Sena 2928, outras três loterias sorteadas ontem à noite acumularam, com destaque para o salto no prêmio da Quina
Lotofácil volta a brilhar sozinha e faz um novo milionário em SP
Com sorteios diários, a Lotofácil volta à cena na noite desta sexta-feira (17) com prêmio estimado em R$ 1,8 milhão na faixa principal do concurso 3515
Este é o menor país da história a se classificar para uma Copa do Mundo, tem metade da seleção nascida no exterior e convocação feita pelo LinkedIn
Com metade do elenco nascido fora e um jogador convocado pelo LinkedIn, o arquipélago africano faz história ao conquistar vaga inédita na Copa do Mundo de 2026
“Faz um Pix”: o Mercado Pago quer transformar esse pedido em rotina com o novo assistente de inteligência artificial
A fintech aposta na inteligência artificial para simplificar o dia a dia dos clientes — e o Brasil será o primeiro laboratório dessa revolução
Entenda a Operação Alquimia, deflagrada pela Receita para rastrear a origem do metanol em bebidas alcoólicas
Desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, a nova ofensiva da Receita Federal mira a rota clandestina do metanol
Na onda da renda fixa, fundos de pensão chegam a R$ 1,3 trilhão em ativos, mas Abrapp alerta: “isso é a foto, não o filme”
Do total de R$ 1,3 trilhão em ativos dos fundos de pensão, cerca de R$ 890 bilhões estão em títulos públicos. Para Abrapp, isso não é bom sinal para o Brasil: “é preciso diversificar”, diz diretor-presidente
Trabalho em ‘home office’ é ‘coisa de rico’, aponta IBGE
Dados preliminares do Censo 2022 revelam desigualdade também no home office: brasileiros que ganham acima de R$ 7,5 mil por mês são os que mais exercem suas atividades sem sair de casa
Quina 6853 faz o único milionário da noite nas loterias da Caixa
Depois de acumular por três sorteios seguidos, a Quina pagou o maior prêmio da noite de quarta-feira (15) entre as loterias da Caixa
Lotofácil 3513 deixa mais dois apostadores perto do primeiro milhão
Com sorteios diários, a Lotofácil volta à cena na noite desta quinta-feira (16) com prêmio estimado em R$ 1,8 milhão na faixa principal do concurso 3514
Carteira Nacional Docente já está disponível; veja como emitir e descubra quais benefícios terão os professores
Documento tem validade de 10 anos e garante acesso a benefícios do programa Mais Professores, com descontos, meia-entrada e mais
Do metanol à água mineral: o que se sabe sobre o caso do homem internado em SP após suspeita de contaminação
Depois dos casos de intoxicação por metanol em bebidas destiladas, um novo episódio em Garça (SP) levanta preocupação sobre água mineral
CEO da Petrobras (PETR4) manda recado enquanto petróleo amplia a queda no exterior. Vem aí um novo reajuste nos combustíveis?
Enquanto a pressão sobre o petróleo continua no exterior, a presidente da petroleira deu sinais do que pode estar por vir
Seus filhos não foram para a escola hoje — e a ‘culpa’ é (do dia) dos professores
Se seus filhos não foram à escola ou à faculdade hoje, o motivo é o Dia dos Professores, uma data que homenageia a educação no Brasil — mas nem todos os profissionais têm direito à folga
Mega-Sena 2927 acumula e prêmio sobe ainda mais; +Milionária volta à cena hoje com R$ 10 milhões em jogo
A Mega-Sena é o carro-chefe das loterias da Caixa. Ela segue encalhada, embora já tenha saído uma vez em outubro. Com exceção da Lotofácil, todas as outras loterias também acumularam ontem.
Entre a simplicidade e a teimosia, Lotofácil 3512 deixa dois apostadores mais próximos do primeiro milhão
Com sorteios diários, a Lotofácil volta à cena na noite desta quarta-feira (15) com prêmio estimado em R$ 1,8 milhão na faixa principal do concurso 3513
Ouro bate recorde — e garimpo ilegal também; apreensões da PF em terras yanomami já somam 10% do orçamento da Funai
PF apreende volume inédito de ouro, em meio à escalada de preços no mercado global
Seu Dinheiro é finalista do Prêmio +Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças 2025; veja como votar
Site concorre às categorias de melhores site, podcast e canal de YouTube, além de ter quatro jornalistas no páreo do top 50 mais admirados
Carro voador de R$ 1,5 milhão estreia em Dubai; chinesa Aridge mira super-ricos do Golfo Pérsico
O carro voador de R$ 1,5 milhão da chinesa Aridge, divisão da XPeng, fez seu primeiro voo tripulado em Dubai