O ‘fracasso’ do bilionário Jorge Paulo Lemann: sonho grande da Kraft Heinz ‘não permanece’
Segundo mais rico do Brasil, bilionário e sócio da 3G capital falou sobre seus maiores erros na trajetória empresarial, o que há de mais importante num negócio e disse que não é mais um “dinossauro apavorado”

O bilionário Jorge Paulo Lemann, segundo homem mais rico do Brasil, admitiu, neste sábado (06), que teve, no ano passado, um "fracasso na Kraft Heinz", companhia de alimentos da qual é sócio junto com o megainvestidor Warren Buffett.
"Francamente não funcionou bem o que achávamos que ia ser um grande negócio", disse Lemann durante palestra no evento Expert XP, da corretora XP Investimentos, em São Paulo. "Estamos consertando", acrescentou o sócio da empresa de investimentos 3G Capital e dono da AB Inbev.
A apresentação consistiu num bate-papo com Guilherme Benchimol, sócio-fundador da XP Investimentos, com mediação da jornalista Cristiane Correa, autora do livro "Sonho Grande" sobre a trajetória de Lemann e seus sócios Marcel Telles e Beto Sicupira.
Perguntado pela jornalista sobre quais foram as "burradas" com as quais mais aprendeu, Lemann citou talvez não o que considere exatamente "burradas", mas situações em que tomou muito risco e acabou passando um certo calor.
Uma das citadas foi justamente a história da Kraft Heinz. "Realmente tínhamos o sonho grande de construir na área de comida o que fizemos no mercado de cerveja", explicou Lemann. "O sonho grande não permanece, não é mais possível construir algo tão grande como a parte cervejeira na parte de comida, mas há cinco ou seis anos não sabíamos disso. Tentamos e não deu certo. Vamos consertar e tocar para frente, sempre tentando melhorar e construir mais", disse.
No início do ano, a Kraft Heinz divulgou resultados sofríveis para o quarto trimestre de 2018, incluindo baixas contábeis referentes às suas marcas e uma encrenca com a SEC, a CVM americana. Os problemas da companhia estiveram entre os motivos de Lemann ter perdido a liderança no ranking de bilionários brasileiros.
Leia Também
Entre seus outros momentos difíceis durante a trajetória empresarial, Lemann também citou a falência aos 26 anos de idade, a dívida contraída na compra da Anheuser-Busch pela InBev às vésperas do pânico nos mercados ocasionado pela crise de 2008, e a compra da SAB Miller em 2015.
"Estamos devendo US$ 100 bilhões, suando para pagar, mas vamos lá. Vamos sair dessa. A ABInbev vai ser uma empresa muito grande daqui a 30, 40 anos", completou, otimista.
"Não sou mais um dinossauro apavorado, mas um dinossauro se mexendo"
Durante a palestra, Lemann lembrou que recentemente se autointitulou um "dinossauro apavorado". "Eu estava um pouco encastelado, achando que estava tudo bem, e houve alguns incidentes que me mostraram como o mundo está mudando rapidamente", explicou.
"Agora não sou mais um dinossauro apavorado, mas um dinossauro se mexendo", brincou, referindo-se à sua recente movimentação para se atualizar quanto a novas tecnologias.
O "dinossauro" lembrou que investe em três "unicórnios" brasileiros: a empresa de meios de pagamento Stone, a dona de marketplaces para plataformas móveis Movile e a startup de cartões de crédito Brex.
"Só falta entrar como sócio nosso agora, né?", perguntou Benchimol. Em tom de brincadeira (mas talvez com fundo de verdade?), o bilionário respondeu: "Estamos prontos."
Perguntado sobre se a 3G Capital vai investir em negócios de tecnologia, o bilionário respondeu que tem um fundo que já captou US$ 10 bilhões, cuja ideia original era investir em empresas de alimentos, mas que isso "não andou, nem vai andar".
O empresário admite que a área tecnológica é uma possível destino para esses recursos. "Mas nada ainda para acontecer imediatamente", disse.
Sonho grande e cultura
No início da palestra, Lemann e Benchimol falaram sobre as semelhanças nas culturas empresariais das suas respectivas empresas. Para o bilionário, a cultura, a governança e as pessoas são fatores fundamentais na hora de avaliar uma companhia. "Às vezes é mais importante que o negócio", afirmou.
Lemann falou sobre a importância de haver alinhamento de interesses entre sócios e funcionários, a cultura da criação de sociedades e de crescimento dos mais jovens, bem como de ter um sonho grande para o negócio.
Durante a sua fala, Guilherme Benchimol rememorou a história da XP e de como começou seu modelo de sociedade ("partnership"). Num ato falho, o sócio da corretora disse que ofereceu sociedade à então estagiária Ana Clara Sucolotti, que mais tarde se tornaria também sua esposa, dizendo que a meta era se tornar "a maior corretora do mundo". Em seguida, se corrigiu.
"Do Brasil, desculpa. Estou falho aqui agora", disse, rindo.
Mas Lemann interferiu pouco depois: "Eu gostei do 'ser a maior corretora do mundo'. Não gostei da correção depois não. Tem que ser isso mesmo, poxa. Tem que ser o maior do mundo."
Confira a palestra completa no vídeo a seguir:
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Após vazamento, XP admite acesso indevido a base de dados, mas nega ataque hacker: o que sabemos até agora
A falha só foi comunicada aos clientes um mês depois do ocorrido. À reportagem do Seu Dinheiro, a XP nega que seus sistemas ou recursos tenham sido comprometidos
O que aconteceu com a fortuna dos maiores bilionários chineses com Trump ‘tocando o terror’ nas tarifas contra o gigante asiático?
Com a guerra comercial que está acontecendo entre China e EUA, os bilionários norte-americanos já perderam quase meio trilhão de dólares somados. Nesse cenário, como estão os ricaços chineses?
Inteligência artificial e Elon Musk podem manchar a imagem das empresas? Pesquisa revela os maiores riscos à reputação em 2025
A pesquisa Reputation Risk Index mostrou que os atuais riscos à reputação das empresas devem aumentar no decorrer deste ano
Os cinco bilionários que mais perderam dinheiro neste ano em meio ao novo governo Trump – e o que mais aumentou sua fortuna
O ano não tem sido fácil nem para os ricaços; a oscilação do mercado tem sido fortemente influenciada pelas decisões do novo governo Trump, em especial o tarifaço global proposto por ele
Ações da Hertz dobram de valor em dois dias após bilionário Bill Ackman revelar que assumiu 20% de participação na locadora de carros
A gestora Pershing Square começou a montar posição na Hertz no fim de 2024, mas teve o aval da SEC para adiar o comunicado ao mercado enquanto quintuplicava a aposta
O destino mais desejado da Europa é a cidade mais cara do mundo em 2025; quanto custa a viagem?
Seleção do European Best Destinations consultou mais de 1,2 milhão de viajantes em 158 países para elencar os 20 melhores destinos europeus para o ano
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Brasil fica fora de lista com as cidades mais ricas de 2025; Nova York lidera, confira
Nova York lidera ranking de metrópoles com mais habitantes milionários publicado pela Henley & Partners e pela New World Wealth; nenhuma cidade da América Latina ou da África aparece no top 50
Smartphones e chips na berlinda de Trump: o que esperar dos mercados para hoje
Com indefinição sobre tarifas para smartphones, chips e eletrônicos, bolsas esboçam reação positiva nesta segunda-feira; veja outros destaques
Barsi sem aversão a risco, CDBs do Banco Master e a ressaca do “sonho grande de Lemann”: o que bombou no Seu Dinheiro esta semana
De Barsi a Lemann, confira as reportagens que mais bombaram no SD esta semana
Banco do Brasil (BBSA3) pode subir quase 50% e pagar bons dividendos — mesmo que a economia degringole e o agro sofra
A XP reiterou a compra das ações do Banco do Brasil, que se beneficia dos juros elevados no país
Dia de ressaca na bolsa: Depois do rali com o recuo de Trump, Wall Street e Ibovespa se preparam para a inflação nos EUA
Passo atrás de Trump na guerra comercial animou os mercados na quarta-feira, mas investidores já começam a colocar os pés no chão
Ambev (ABEV3) vai do sonho grande de Lemann à “grande ressaca”: por que o mercado largou as ações da cervejaria — e o que esperar
Com queda de 30% nas ações nos últimos dez anos, cervejaria domina mercado totalmente maduro e não vê perspectiva de crescimento clara, diante de um momento de mudança nos hábitos de consumo
Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed
Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China
Renda fixa para abril chega a pagar acima de 9% + IPCA, sem IR; recomendações já incluem prefixados, de olho em juros mais comportados
O Seu Dinheiro compilou as carteiras do BB, Itaú BBA, BTG e XP, que recomendaram os melhores papéis para investir no mês
Prazo de validade: Ibovespa tenta acompanhar correção das bolsas internacionais, mas ainda há um Trump no meio do caminho
Bolsas recuperam-se parcialmente das perdas dos últimos dias, mas ameaça de Trump à China coloca em risco a continuidade desse movimento
Sem medo do efeito Trump: Warren Buffett é o único entre os 10 maiores bilionários do mundo a ganhar dinheiro em 2025
O bilionário engordou seu patrimônio em US$ 12,7 bilhões neste ano, na contramão do desempenho das fortunas dos homens mais ricos do planeta
Sem aversão ao risco? Luiz Barsi aumenta aposta em ação de companhia em recuperação judicial — e papéis sobem forte na B3
Desde o início do ano, essa empresa praticamente dobrou de valor na bolsa, com uma valorização acumulada de 97% no período. Veja qual é o papel
Bilionário Bill Ackman diz que Trump está perdendo a confiança dos empresários após tarifas: “Não foi para isso que votamos”
O investidor americano acredita que os Estados Unidos estão caminhando para um “inverno nuclear econômico” como resultado da implementação da política tarifária do republicano, que ele vê como um erro