Bem “basiquinho”: entenda o que há por trás do universo do bitcoin e das criptomoedas
Saiba o que são criptoativos e como funcionam os processos que fazem toda essa grande roda girar, com o uso de blockchain e de mineração. Entenda também o que são carteiras digitais

Se há um sonho que desejo realizar desde que me entendo por gente, ele é com certeza saltar de bungee jump. Sempre me encantei vendo a cara das pessoas ao pular do mais famoso point localizado na cidade de Queenstown, na Nova Zelândia, a 134 metros de altura.
Não vou dizer que o risco não me atrai. Não é à toa que comecei a me interessar pelo universo dos criptomoedas e por desvendar para onde vai esse mercado bastante jovem, com pouco histórico e altamente volátil.
Vira e mexe, há uma pane e a cotação do bitcoin sofre uma forte queda sem que haja uma grande explicação. Por outro lado, trata-se de um ativo de baixa correlação com outros investimentos tradicionais e alternativos.
Neste ano, por exemplo, seja na crise da Argentina ou nos piores momentos da disputa comercial entre Estados Unidos e China, os criptoativos – e o bitcoin, em especial – se mantiveram ali firmes e relativamente fortes para quem esteve disposto a correr riscos.
Ao olharmos a valorização do bitcoin desde o começo do ano, por exemplo, a criptomoeda obteve uma valorização surpreendente de 147% até a última sexta-feira (01). Apenas para efeito de comparação, durante o mesmo período o Ibovespa avançou 23% e o S&P500, principal índice de ações norte-americano, 22%.
Mas nem tudo é perfeito e você não deve se enganar. Quem entra nesse universo precisa entender como ele funciona, assim como os riscos que está correndo para não ser surpreendido pela adrenalina do investimento e acabar perdendo dinheiro.
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Afinal, o que são criptomoedas?
As criptomoedas surgiram e evoluíram de forma natural assim como o dinheiro que utilizamos em nosso dia a dia. Um dos grandes diferenciais delas está no fato de que não são controladas por um órgão, como um banco central, por exemplo, e dispensam o uso de um intermediador na hora de fazer uma transação.
Elas vieram para revolucionar a forma como nos relacionamos com o dinheiro eletrônico e para resolver um problema específico. O bitcoin, a mais famosa delas, por exemplo, serve como meio de pagamento e troca de valores entre pessoas.
Isso porque antes da invenção dessa criptomoeda em 2008 pelo programador conhecido apenas como Satoshi Nakamoto, as transações online precisavam sempre de um terceiro, que funcionaria como um intermediário de confiança.
Em outras palavras, se eu quisesse enviar um dinheiro a outra pessoa, eu teria que utilizar um intermediário, como um banco, por exemplo. Sem ele, os mesmos recursos poderiam ser enviados quantas vezes a pessoa preferisse, já que não haveria um "controle" responsável por fazer registros.
Um grande banco de dados
A maior sacada de Nakamoto foi resolver esse "problemão" que ficou conhecido como “gasto duplo”, sem a necessidade de existir um terceiro. No caso das criptomoedas, por exemplo, todas as transações são registradas em uma espécie de livro contábil conhecido como blockchain.
Na prática, ele funciona como um grande banco de dados público que contém o histórico de todas as operações realizadas.
E é justamente a existência do blockchain que permite que as transações feitas com uma moeda possam ser validadas, o que significa mais praticidade e segurança, já que toda nova operação é verificada e registrada dentro dessa “corrente de blocos”.
Valor variável
Assim como os demais ativos financeiros, o valor das criptomoedas como o bitcoin é variável e determinado livremente pelos indivíduos no mercado. Logo, se há maior demanda pelo ativo, o preço da criptomoeda tende a subir, caso contrário, a cotação tende a diminuir.
Outro ponto importante está ligado à oferta de criptoativos. Se há escassez no mercado, a tendência é que o valor aumente. Por outro lado, se houver excesso, a tendência é que o valor caia.
Talvez a maior diferença quando o assunto é criptomoedas seja o fato de que não há uma cotação única. Uma boa maneira de verificar se o preço praticado pela corretora está muito acima da cotação da média do mercado é se se basear na cotação exibida pelo site bitValor, que é bastante utilizado pelos analistas que cobrem o mercado.
O que faz a roda girar
E para colocar tudo isso para rodar há um grande processo de computação por trás conhecido como mineração. É a partir dela que novas moedas são criadas e que as transações são verificadas e autorizadas.
O processo é puramente matemático e possui semelhança com a descoberta dos números primos, como explica o especialista em criptomoedas Fernando Ulrich, em seu livro “Bitcoin, a moeda na era digital”.
Segundo ele, a descoberta dos primeiros números divisíveis por ele mesmo ou por um era fácil. Mas, à medida em que os números primos menores foram sendo encontrados, ficou cada vez mais difícil ir atrás dos valores maiores.
Com o bitcoin, o processo foi parecido. A diferença é que, em vez de buscar os números primos, a procura é sempre pelas sequências de dados ou blocos. Para entender melhor, Ulrich esclarece:
“A busca [...] é por encontrar a sequência de dados (chamada de “bloco”) que produz certo padrão quando o algoritmo “hash” do Bitcoin é aplicado aos dados. Quando uma combinação ocorre, o minerador obtém um prêmio de bitcoins (e também uma taxa de serviço, em bitcoins, no caso de o mesmo bloco ter sido usado para verificar uma transação. O tamanho do prêmio é reduzido ao passo que bitcoins são minerados”.
Como o processo exige bastante aparato, hoje o trabalho de validação é feito por placas de processamento poderosas e que são essenciais para manter todas as operações em atividade com segurança.
Mineirando...
E é claro que para realizar tal atividade há os mineradores que estão por trás de todo o processo. Só que esse trabalho não é feito de forma gratuita.
Como eles são os usuários responsáveis por validar as transações e garantir que não haja nenhuma fraude na rede da criptomoeda, eles recebem uma remuneração, mais especificamente sob a forma de bitcoins.
Na prática, apenas um minerador pode encontrar a solução por vez e receber a recompensa. O ponto é que, ao criar o bitcoin, Satoshi Nakamoto estipulou que a recompensa pela mineração da moeda diminuiria lentamente ao longo dos anos para controlar o suprimento do ativo, um fenômeno que ficou conhecido como halving.
Segundo ele, a cada quatro anos, o processo de recompensa dado aos mineradores de bitcoin se reduziria pela metade. Por causa disso, a expectativa é que até 2032, mais de 99% dos bitcoins já tenham sido minerados.
Halving e o preço da moeda
Seguindo a lógica do processo de halving, como a última vez em que ocorreu o fenômeno ocorreu foi em 2016, ele vai se repetir apenas no ano que vem.
E, apesar de não existir um histórico mais consistente para uma análise profunda, especialistas dizem que é possível que haja uma relação entre os anos anteriores a processos de halving e a alta no preço do bitcoin.
A ideia é que como a moeda pode ficar mais escassa e consequentemente mais valiosa, os investidores buscam se posicionar nela para surfar a onda futura de valorização.
Assim como ocorreu no começo deste ano, a moeda chegou a alcançar o patamar dos US$ 13 mil, impulsionada por alguns fatores como o halving, a guerra comercial entre Estados Unidos e China e a notícia de que o Facebook criaria uma criptomoeda própria, a Libra.
Ter uma carteira é fundamental
Apesar dos altos e baixos no valor das criptomoedas, uma coisa é certa: quem investe nelas precisa pensar em segurança. Da mesma forma que você não vai sair por aí com dinheiro à mostra, os investidores de criptoativos precisam ter uma carteira para guardar as suas moedas digitais.
Conhecidas como wallets, elas armazenam as chaves públicas e privadas - que são longas sequências de números e letras - que dão acesso ao seu saldo.
A chave pública é aquela que você passa para as pessoas para que elas depositem dinheiro na sua conta. Funciona como o seu endereço no blockchain. Já a chave privada é semelhante ao segredo de um cofre e que você não pode passá-la a ninguém.
Na prática, ao transferir criptomoedas para a sua carteira, a operação fica registrada no blockchain. A wallet funciona apenas como uma interface responsável por permitir que você acesse e tenha o controle das suas moedas.
A razão de ter uma carteira é simples: as corretoras de criptomoedas estão bem mais vulneráveis a ataques de hackers do que os usuários, como já vimos em vários casos.
Mas é preciso atenção. Não é que com as carteiras, o investidor esteja 100% imune de ataques. A ideia é que elas aumentem a segurança na hora de custodiar os seus ativos e evitem dores de cabeça.
O lado A e o lado B do investimento
Além de conhecer melhor o universo das criptomoedas, antes de sair por aí investindo em criptomoedas, o investidor deve sempre olhar os riscos envolvidos no processo.
Assim como falei anteriormente em uma matéria sobre o primeiro fundo de criptoativos, é preciso ter estômago para aguentar o sobe e desce desse mercado.
Outro ponto é verificar qual é a opção mais adequada ao seu perfil de investidor. Se, por exemplo, o seu foco for um investimento mais prático e com maior diversidade, um fundo de criptoativos pode ser uma opção atrativa pelo fato de que há um gestor experiente por trás e vários ativos diferentes na carteira.
Caso prefira rentabilidade e menos custos, o investimento direto em criptomoedas pode ser mais uma opção melhor para o investidor.
De qualquer forma, antes de escolher, lembre-se sempre de que você pode se beneficiar e muito com as valorizações da moeda, assim como pode ter perdas irreversíveis se estiver apostando forte na alta e for surpreendido por movimentos atípicos desse mercado tão novo e imprevisível.
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