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Powell diz o que pensa na guerra pelo corte de juros após ser chamado de burro por Trump

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), fala num púlpito com a bandeira americana ao fundo diário de bordo

Jerome Powell

Enquanto os mercados se debruçam nos desdobramentos do cessar-fogo entre Israel e Irã, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, iniciava o primeiro de dois dias de depoimentos no Congresso dos EUA mandando um recado: a política monetária norte-americana está bem posicionada para esperar e ver a trajetória da economia antes de ajustar os juros

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O argumento de Powell é de que a economia dos EUA está em uma posição sólida neste momento e o mercado de trabalho está próximo do pleno emprego, enquanto a inflação desacelerou, mas continua acima da meta. Atualmente, a taxa por lá está na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano.

“As mudanças de política continuam a evoluir e seus efeitos sobre a economia permanecem incertos”, disse. 

Powell acrescentou que ele e seus colegas do comitê de política monetária (Fomc) estão “bem posicionados para esperar para saber mais sobre o provável curso da economia antes de considerar quaisquer ajustes em nossa postura política”.

As declarações fazem parte do primeiro dia de depoimentos semestrais de Powell ao Congresso norte-americano. Nesta terça-feira (24), ele fala ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA. 

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Questionado sobre por que não cortou juros de maneira mais agressiva, Powell reconheceu que os dados existentes até poderiam reforçar o argumento por juros em níveis mais neutros, mas a razão para isso não ter acontecido é que as previsões apontam para uma aceleração material da inflação à frente.

"Estamos sendo prudentes e cuidadosos", afirmou ele, acrescentando que não iria apontar um encontro específico para iniciar o ciclo de afrouxamento monetário nos EUA. "Estamos esperando ver um efeito mais significativo das tarifas na inflação a partir de junho".

As tarifas e a guerra no caminho do corte de juros do Fed

Powell fez questão de reforçar que o cenário econômico é de incertezas elevadas.  

Segundo ele, houve um declínio na confiança dos consumidores e das empresas nos últimos meses, um reflexo das preocupações com as novas políticas comerciais

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“Resta saber como esses desenvolvimentos poderão afetar os gastos e investimentos futuros”, afirmou. 

Powell espera que as tarifas impulsionem os preços no curto prazo, mas disse que, a partir do próximo ano, devem retornar para a meta de 2% de maneira consistente com as expectativas de longo prazo. 

O dado mais recente de inflação nos EUA, medido pelo índice de preços para gastos pessoais (PCE, na sigla em inglês) mostrou uma desaceleração para 2,1% em abril. Os números de maio serão divulgados na próxima sexta-feira (27).

“Os efeitos das tarifas dependerão, entre outras coisas, do seu nível final”, afirmou.

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Questionado pelos deputados sobre os efeitos da guerra entre Israel e Irã sobre a condução da política monetária norte-americano, Powell afastou qualquer especulação no momento. 

“Ainda é cedo para saber as implicações da guerra e não vou especular sobre isso ainda”, disse. Você pode conferir os detalhes da avaliação de Powell sobre o conflito aqui.  

Vale lembrar que os preços do petróleo deram um salto desde que Israel iniciou os ataques contra o Irã, em 13 de junho, saindo dos US$ 60 para os US$ 75 o barril. Nesta terça-feira, os futuros operam em queda de 5% na esteira do anúncio do cessar-fogo anunciado na véspera pelo presidente norte-americano, Donald Trump. 

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Trump no caminho de Powell

Se a política comercial e a guerra no Oriente Médio estão no caminho do corte de juros do Fed, no caminho de Powell está Donald Trump — que mesmo ocupado com o conflito entre Israel e Irã, mantém os olhos no que o presidente do Fed tem a dizer sobre os juros. 

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Desde que assumiu a Casa Branca, em janeiro deste ano, o presidente norte-americano vem pressionando a autoridade monetária a cortar a taxa referencial

"Senhor sempre atrasado demais", "não sabe o que está fazendo" e "pessoa burra" são algumas das ofensas de Trump a Powell, que tem se mantido fiel ao mandato duplo do Fed e aos indicadores econômicos nas decisões de política monetária. 

E é claro que os depoimentos de Powell no Congresso não passariam batido pelo republicano. Referindo-se ao presidente do Fed, Trump pediu aos líderes do Congresso que lidassem com "essa pessoa muito burra e teimosa" em uma publicação no Truth Social na manhã de hoje. 

Questionado sobre as ofensas de Trump, Powell disse que as decisões do Fed mexem diretamente com a vida das pessoas, por isso, tomar decisões com base em dados e seguindo o mandato é o melhor que o banco central tem a fazer.

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