🔴 SELIC VAI PARAR NOS 14,75%? VEJA TÍTULOS DA RENDA FIXA ‘TURBINADA’ PARA COMPRAR AGORA – CONFIRA

Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

ANÁLISE MACRO

Luis Stuhlberger: ‘Brasil saiu muito beneficiado’ após tarifas de Trump; dos ativos globais, bitcoin e ouro saem ganhando, e uma moeda se destaca

Em evento da Icatu Seguros, o gestor do fundo Verde analisou o impacto das tarifas recíprocas anunciadas ontem nos mercados globais e apontou ganhadores e perdedores

Luis Stuhlberger, gestor do fundo Verde, e Luciano Soares, CEO da Icatu Seguros, em evento de lançamento de fundo de previdência da Verde Asset em parceria com a Icatu
Luis Stuhlberger, gestor do fundo Verde, e Luciano Soares, CEO da Icatu Seguros, em evento de lançamento de fundo de previdência da Verde Asset em parceria com a Icatu. - Imagem: Divulgação

A imposição das tarifas recíprocas por Donald Trump aos parceiros comerciais dos Estados Unidos bateu pesado nos preços dos ativos globais, mas menos nos ativos domésticos. E para Luis Stuhlberger, estrelado gestor do fundo Verde, isso ocorre porque “o Brasil saiu muito beneficiado com essa história” relativamente a outros países.

Em palestra em evento de lançamento de um novo fundo de previdência da Verde em parceria com a Icatu Seguros, Stuhlberger explicou que, como o Brasil tem uma balança comercial equilibrada com os EUA, nossa tarifa, pelas regras impostas por Trump, seria zero, então pegamos o valor mínimo, estabelecido em 10%.

O gestor chamou a atenção para o fato de que o Brasil deve passar a exportar mais para a China, cujas vendas para os EUA serão pesadamente tributadas em 34%, e acredita que a América Latina como um todo será beneficiada com o novo cenário, principalmente o México.

Para ele, o Brasil deve ganhar principalmente pelo aumento nas exportações, mas se o governo souber atrair o capital estrangeiro, poderia se beneficiar também do investimento gringo.

“Se você acha que os preços do ovo e do filé mignon estão ruins, espera para ver como vai ficar no resto do ano”, disse, referindo-se ao aumento nas exportações esperado à frente.

Entre os ativos globais, os únicos beneficiados tendem a ser o ouro e o bitcoin, diz Stuhlberger. “E o ouro está dando um baile no bitcoin.”

Leia Também

A jornalistas, o gestor, que hoje tem 1% da carteira do Verde em bitcoin, frisou que esses ativos são para hedge (proteção) e disse que “infelizmente” não tem ouro, que sempre considerou muito caro.

Já do lado das moedas, o grande beneficiado, na visão do gestor, será o euro, “e quase ninguém tem euro”. Isso porque, diante do temor de recessão nos EUA em razão da tarifação, o dólar deve se enfraquecer, dando espaço para o euro despontar como moeda forte alternativa.

O mercado financeiro europeu também pode ganhar com uma migração de recursos das bolsas americanas para o resto do mundo.

Durante a palestra, Stuhlberger contou que ontem à noite mesmo a Verde montou uma posição comprada em euro e vendida (short) em renminbi, a moeda chinesa.

As tarifas de Trump: a fórmula da Casa Branca para taxar parceiros comerciais

O gestor do lendário fundo Verde abriu sua apresentação com dados sobre a economia americana e uma explicação sobre a fórmula aplicada pela Casa Branca para chegar às tarifas recíprocas impostas a cada país.

As tarifas que os EUA irão cobrar consideram não apenas a alíquota efetiva de taxação que seus parceiros comerciais impõem aos produtos americanos, mas também conceitos de manipulação da moeda e barreiras tarifárias, o que segundo Stuhlberger, é muito difícil de estimar.

De modo geral, a Casa Branca dividiu o déficit comercial que tem com cada país pelo valor que importa do mesmo país para chegar ao percentual que corresponde à tarifa “verdadeira” imposta pelo parceiro aos Estados Unidos. A tarifa recíproca aplicada corresponde a metade desse percentual.

Por exemplo, a tarifa que a China efetivamente cobra de produtos americanos está na faixa dos 7% a 8%. Mas dividindo-se o déficit comercial de quase US$ 300 bilhões dos EUA com a China pelo valor que os EUA importam da China (US$ 438,9 bilhões), chega-se a uma tarifa de 67%. Metade disso, 34%, foi a tarifa aplicada por Trump ao Gigante Asiático.

De fato, as tarifas de Trump divulgadas ontem foram mais altas que o esperado, o que imediatamente derrubou as bolsas ao redor do mundo. Além da taxa pesada sobre as importações da China, outras tarifas elevadas foram aplicadas a países como Suíça (31%), Vietnã (46%), Índia (26%), Japão (24%) e Coreia do Sul (25%).

Para Luis Stuhlberger, mesmo havendo a possibilidade de uma negociação posterior, que reduza as tarifas impostas, num primeiro momento a Ásia foi a região que mais sofreu, notadamente a China, que também sofre com a tarifação dos seus vizinhos. Ele inclusive acha que as bolsas e moedas asiáticas caíram menos do que deveriam nesta quinta-feira (3).

Já México e Canadá são beneficiados, pois não foram atingidos pelas tarifas recíprocas, mantendo-se apenas as tarifas já anunciadas. O gestor do fundo Verde disse, inclusive, que os EUA pegaram leve com o México nas tarifas, pois de fato houve uma queda forte da imigração ilegal desde que Trump assumiu a presidência americana.

Conforme documento divulgado ontem pela Casa Branca, no que diz respeito a esses países, produtos em conformidade com o Acordo EUA-México-Canadá [USMCA] continuarão a ter uma tarifa de 0%, produtos não em conformidade com o USMCA terão uma tarifa de 25%, e energia e potássio não em conformidade com o USMCA terão uma tarifa de 10%.

Como fica a economia americana neste cenário

Como resultado da imposição das tarifas recíprocas, as tarifas efetivas que os Estados Unidos impõem a seus parceiros comerciais subiram de uma faixa de 7,5% a 10% para 25% a 29%, mostrou Stuhlberger na sua apresentação.

Ele ressalvou, no entanto, que ontem o Goldman Sachs calculou que a tarifa efetiva final seria da ordem de 19%, o que ainda assim alça o protecionismo americano ao seu maior patamar da história.

Com isso, as próximas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) devem cair do atual 1,4% para perto de zero. Enquanto isso, a população americana já espera um desemprego maior, e a inflação de bens duráveis nos EUA já começou a subir.

Só que a inflação mais alta que deve se seguir ao anúncio de ontem não deverá resultar em juros mais elevados nos Estados Unidos, ao contrário do que se esperaria num cenário de índices de preços pressionados, mas sim em juros mais baixos, dada a expectativa de recessão que vem se criando.

Para Stuhlberger, o mercado deve chegar a projetar quatro cortes de juros pelo Federal Reserve neste ano. “Não que o Fed vá dar, mas o mercado deve precificar isso”, disse.

Na visão do gestor, o cenário para a economia americana é de estagflação, o que requer cautela. Ainda tem a questão da enorme dívida pública americana e o déficit fiscal elevado, o que vem sendo conduzido de maneira “irresponsável” e com “um quê de populismo” pelo governo Trump, na opinião de Stuhlberger.

A hostilidade de Trump e suas políticas também faz crescer no mundo um sentimento de antiamericanismo e da popularidade dos líderes que se opõem ao presidente americano, o que pode vir a prejudicar as empresas dos EUA e o turismo do país.

Stuhlberger classifica como “extremamente perigosa” a visão de Trump de que na economia não existe relação ganha-ganha, apenas ganha-perde (e quem deve ganhar são os Estados Unidos). “Se você não tem win-win, o PIB não cresce”, diz o gestor.

Também acredita que não é bom para os negócios o clima geopolítico complicado atual e o crescimento do antiamericanismo no mundo.

Além disso, existe o risco de cauda de a China simplesmente decidir parar de vender certos produtos para os EUA, que, com isso, ficariam paralisados. E ainda que futuras negociações possam reduzir as tarifas impostas, ainda vai piorar antes de melhorar, acredita o gestor.

Stuhlberger diz que este elevado grau de incerteza é o que mantém o fundo “leve” atualmente. No Brasil, o Verde tem hoje 60% do seu patrimônio aplicado em juro real (otimista em relação à trajetória dos juros acima da inflação), 35% tomado em prefixados longos (como proteção), 15% em crédito e exposição líquida zerada em bolsa local.

Lá fora, a exposição líquida em bolsa do fundo é negativa, havendo ainda uma posição de 1,5% em petróleo, 1% em ETF de bitcoin e 0,9% em crédito privado.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O PREÇO DE UMA GAFE

Quanto custa um pacote de arroz? No Japão, o cargo de ministro da Agricultura

21 de maio de 2025 - 12:22

Ministro da Agricultura do Japão renunciou depois de causar furor por desconhecer o preço do arroz — mas o porquê de ele não saber piorou ainda mais a situação

DESOVA DE PAPÉIS

BNDES corta participação na JBS (JBSS3) antes de votação crucial sobre dupla listagem nos EUA — e mais vendas podem estar a caminho

21 de maio de 2025 - 12:08

A BNDESPar reduziu a participação no frigorífico para 18,18% do total de papéis JBSS3 e agência alerta que a venda de ações pode continuar

TRAJETÓRIAS OPOSTAS

Gol (GOLL4) dispara mais de 20% e lidera altas do Ibovespa, enquanto Azul (AZUL4) figura entre maiores quedas; entenda o que está acontecendo

21 de maio de 2025 - 11:47

Na véspera, Azul teve sua nota de crédito rebaixada pela agência de risco S&P, enquanto Gol avançou para fim do processo de recuperação judicial nos EUA

PAGAMENTO MAIS FORTE

Renda fixa impulsiona resultado bilionário da XP (XPBR31) no primeiro trimestre de 2025 — banco vê dividendos no horizonte e aumenta preço-alvo

21 de maio de 2025 - 11:34

O faturamento de renda variável, por outro lado, recuou e perdeu espaço em relação à renda fixa no período

SECAS E ENCHENTES

Impacto do clima nos negócios de bancos e instituições financeiras mais que dobra, aponta pesquisa do BC

21 de maio de 2025 - 10:55

Levantamento mostra que os principais canais de transmissão dos riscos climáticos são impactos em ativos, produção e renda, o que afeta crédito e inadimplência

ÚLTIMA CHAMADA

Cidadania espanhola: como funciona e quem pode se beneficiar da Lei da Memória Democrática em 2025? 

21 de maio de 2025 - 10:31

Advogada detalha quem pode se beneficiar com a nova lei e como funciona o processo, com prazo final em outubro de 2025

MUDANÇAS NO ALTO ESCALÃO

Nubank (ROXO34) anuncia saída de Youssef Lahrech da presidência e David Vélez deve ficar cada vez mais em cima da operação

21 de maio de 2025 - 10:15

Lahrech deixa as posições após cerca de cinco anos na diretoria da fintech. Com a saída, quem assumirá essas funções daqui para frente será o fundador e CEO do Nu

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Só pra contrariar: Ibovespa parte dos 140 mil pontos pela primeira vez na história em dia de petróleo e minério de ferro em alta

21 de maio de 2025 - 8:29

Agenda vazia deixa o Ibovespa a reboque do noticiário, mas existe espaço para a bolsa subir ainda mais?

SEU MENTOR DE INVESTIMENTOS

A vida aos 85 e como ter uma carteira de dividendos com “renda eterna”

21 de maio de 2025 - 8:10

Como construir uma carteira de ações focada em dividendos para garantir segurança financeira e viver sem sobressaltos

IR 2025

Reta final do IR 2025: 19 milhões de pessoas ainda não prestaram contas ao Leão; o que acontece se eu não declarar o imposto de renda?

21 de maio de 2025 - 7:13

Prazo para entregar a declaração de imposto de renda 2025 termina dentro de 10 dias, em 30 de maio. Acha que não vai dar tempo? Veja o que pode acontecer com quem não entrega a declaração

VIROU PASSEIO

Ibovespa está batendo recordes por causa de ‘migalhas’? O que está por trás do desempenho do índice e o que esperar agora

21 de maio de 2025 - 6:30

O otimismo com emergentes e a desaceleração nos EUA puxam o Ibovespa para cima — mas até quando essa maré vai durar?

LOTERIAS

Mega-Sena desencanta com estilo e faz 6 novos milionários de uma vez só; Lotofácil acumula com repetição improvável

21 de maio de 2025 - 5:53

Mega-Sena estava acumulada havia quase um mês e saiu pela primeira vez em maio; Caixa já está recebendo apostas para a Quina de São João

NA CONTRAMÃO DA GOL

Depois da Fitch, S&P também corta rating da Azul (AZUL4) por risco elevado de calote

20 de maio de 2025 - 20:16

Decisão foi comunicada pela companhia aérea na noite desta terça-feira, mesmo dia em que a Gol avançou rumo ao fim do processo de recuperação judicial

MAIS UMA RECOMENDAÇÃO

Brasil está barato e eleições de 2026 podem ser gatilho para ações, diz Morgan Stanley; veja papéis recomendados

20 de maio de 2025 - 20:10

O banco destaca que há uma mudança na relação risco-retorno, com maior probabilidade para o cenário otimista do que para o pessimista

NOVA APOSTA

Méliuz avalia listagem nos EUA para ampliar acesso a investidores estrangeiros; entenda os próximos passos da empresa

20 de maio de 2025 - 19:49

Objetivo é aumentar a visibilidade das ações e abrir espaço para eventuais operações financeiras nos EUA, segundo a empresa

DÉJÀ-VU

Ibovespa (IBOV) encerra o pregão com novo recorde, rompendo a barreira dos 140 mil pontos; dólar sobe a R$ 5,67

20 de maio de 2025 - 19:08

O principal índice de ações da B3 tem mais um dia de pontuação inédita, com EUA em baixa no mercado internacional e boas notícias locais

ADEUS, UBER

Robotáxis da Tesla já têm data de estreia; Elon Musk promete milhões de carros autônomos nas ruas até 2026

20 de maio de 2025 - 18:54

CEO da Tesla confirma entrega de mil robotáxis até o fim de junho e quer competir com os principais apps de transporte por meio de um modelo próprio

PROGRAMAS SOCIAIS

Conta de luz deve ficar mais cara, mas não para todos — projeto do governo prevê isenção para baixa renda e aumento para classe média, diz jornal 

20 de maio de 2025 - 18:46

Reforma do setor elétrico tem como objetivo ampliar os beneficiados pela tarifa social, mas custo excedente recairá sobre demais clientes residenciais e pequenos comerciantes

A CONTA NÃO FECHA

Correção de toda tabela do IR custaria mais de R$ 100 bilhões por ano, diz secretário

20 de maio de 2025 - 18:19

Não há dinheiro para bancar medida, afirma secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto

DEU BOM!

Wilson Sons (PORT3): venda de controle para a MSC por R$ 4,35 bilhões recebe sinal verde de agência reguladora

20 de maio de 2025 - 17:35

Conclusão da operação está prevista para 4 de junho, segundo informou a controladora indireta da companhia

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar