🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

SEM SURPRESAS

Agora sob a batuta de Galípolo, Copom cumpre o prometido, eleva Selic para 13,25% e mantém previsão de alta de 1,0 pp. na próxima reunião

Conforme esperado pelo mercado e antecipado pelo BC, taxa básica de juros subiu 1,0 ponto percentual em decisão unânime do colegiado, mas trajetória da Selic depois de março foi deixada em aberto

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
29 de janeiro de 2025
19:09 - atualizado às 19:41
gabriel galipolo banco central bc presidente
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central - Imagem: Agência Brasil/Lula Marques | Montagem: Maria Eduarda Nogueira

A primeira reunião de 2025 do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) — também a primeira de Gabriel Galípolo como presidente da autarquia — não teve surpresas. Como já havia sinalizado na sua última decisão de juros, o colegiado elevou a taxa Selic em mais 1,00 ponto percentual, para 13,25% ao ano, em decisão unânime.

Era também o desfecho que o mercado esperava. Na sua última reunião de 2024, o Copom voltou a adotar o forward guidance, um indicativo dos seus próximos passos, contratando altas de 100 pontos-base para os dois próximos encontros.

De fato, o colegiado reafirmou, no seu comunicado desta quarta-feira (29), que seguiria sua própria projeção e aumentaria a Selic em mais 1,00 ponto percentual na próxima reunião, a ser realizada em março.

Dali para frente, no entanto, o Comitê preferiu não se comprometer, dizendo apenas que "a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos."

Para Leonardo Costa, economista do ASA, o tom do comunicado foi de neutro para dove (mais leniente com a inflação), mas uma leitura possível é de que houve piora grande das expectativas, principalmente num horizonte mais longo, e da inflação corrente para o Copom deixar tão em aberto as decisões depois de março.

Natalie Vital, economista da SulAmérica Investimentos, faz leitura semelhante, de que o comunicado foi dovish.

Leia Também

"O BC já incluiu atividade como risco baixista, colocou tarifas como risco baixista, veio com uma projeção de inflação na parte mais baixa das expectativas de mercado, retirou o plural da sinalização sem dar a entender que alta é o movimento mais provável em maio. A sensação que fica é que a autoridade monetária já está pensando nas defasagens de política monetária", diz, acrescentando que o comunicado de hoje não deve ajudar a conter a desancoragem das expectativas em curso.

No entanto, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, considerou a estratégia de deixar o futuro da Selic em aberto acertada para o BC adotar um tom mais hawkish (duro com a inflação) sem precisar cravar os próximos passos.

Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, tem visão parecida. "Considerando a incerteza no cenário e como os fatores de risco vão se comportar ao longo dos próximos três meses, a decisão de não indicar mudança no ritmo de alta ou nem mesmo a magnitude do ciclo é acertada nesse momento", avalia.

'Cenário externo segue exigindo cautela'

A decisão de hoje seguiu-se à manutenção das taxas de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, também amplamente esperada pelo mercado.

O Copom abriu seu comunicado justamente comentando o ambiente externo que, na opinião dos seus diretores, "permanece desafiador em função, principalmente, da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, o que suscita mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed."

O colegiado do BC disse ainda que "os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho" e avalia que "o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes."

Vale lembrar que, embora o Fed venha sinalizando compromisso com o controle inflacionário, o recém-empossado presidente Donald Trump já começou a criticar o banco central americano, pressionando por mais cortes de juros, ainda que suas políticas fiscal, migratória e comercial tendam a ser inflacionárias.

Copom segue de olho no fiscal

Sobre o cenário doméstico, o Copom diz que segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros.

De fato, é a falta de âncora fiscal o principal fator doméstico a pressionar o câmbio, a inflação e, por consequência, os juros para cima.

Desde que o governo anunciou um pacote de cortes de gastos considerado insuficiente pelo mercado, o resto da confiança dos agentes econômicos no compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas se esvaiu.

"A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes", diz o comunicado do Copom.

Assim, o colegiado atribuiu a necessidade de uma política monetária mais contracionista à desancoragem das expectativas de inflação e à elevação das projeções de inflação, bem como à resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.

Inflação continua pressionada

Com poucas novidades no cenário doméstico e sem perspectivas de novas medidas de ajuste fiscal à vista, a inflação brasileira segue pressionada.

Assim, o aperto monetário continua se mostrando necessário para levar o IPCA, índice de preços oficial, para a meta, que permanece em 3,00% em 2025, com intervalo de tolerância entre 1,50% e 4,50%.

Este inclusive é o entendimento do próprio Copom, segundo seu comunicado. Em relação ao cenário doméstico, os diretores do BC dizem que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho "têm apresentado dinamismo" e que inflação cheia e as medidas subjacentes se mantiveram acima da meta e novamente apresentaram elevação nas divulgações recentes.

De fato, no ano passado o BC falhou em cumprir a parte do seu mandato referente à meta de inflação, e Galípolo já começou em seu novo cargo precisando enviar a famigerada carta aos ministros da Fazenda e do Planejamento sobre os motivos de o IPCA ter escapado para cima.

O IPCA dos últimos 12 meses está em 4,83%, e embora o IPCA-15 — considerado a prévia do índice oficial — tenha desacelerado de 4,71% para 4,50% nos 12 meses terminados na primeira quinzena de janeiro, o núcleo pressionado deixou o mercado bastante pessimista.

O Copom lembrou ainda que o último Boletim Focus aponta que os economistas de mercado esperam um IPCA de 5,50% em 2025 e 4,20% em 2026. Entretanto, a projeção de inflação do Copom para o terceiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, é de 4,0% no cenário de referência.

O entendimento do colegiado é, segundo o comunicado, de que "persiste uma assimetria altista" no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação.

Entre os riscos de alta para os índices de preços estão:

  • Uma desancoragem das expectativas por tempo prolongado;
  • Uma maior resiliência da inflação de serviços do que a projetada em função do hiato do produto mais positivo;
  • Uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, como o câmbio persistentemente mais depreciado.

Já entre os riscos de baixa, o Copom destaca os possíveis alívios sobre a inflação de uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais forte que o esperado e de choques sobre o comércio internacional e as condições financeiras globais.

Aonde a Selic vai parar?

O consenso do mercado é de que a Selic termine 2025 em 15,00%, mas muito se fala sobre este patamar ser insuficiente para levar a inflação de volta para a banda de tolerância da meta.

Mas o mercado desconfia de que o BC não irá conseguir aumentar os juros acima de 15,00% devido ao risco de pressão política ou mesmo de dominância fiscal, já que as taxas mais altas pesam ainda mais sobre o custo de uma dívida pública em trajetória de alta.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

VAI PAUSAR OU AUMENTAR?

Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste

28 de abril de 2025 - 14:02

Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

conteúdo EQI

FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda

26 de abril de 2025 - 12:00

A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda

FGC EM RISCO?

Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco

25 de abril de 2025 - 14:30

Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate

DE OLHO NA VIRADA

Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado

25 de abril de 2025 - 10:27

Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

PENDURADOS NO SAC

Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas

24 de abril de 2025 - 18:04

O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso

23 de abril de 2025 - 20:01

Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

SELIC VS DÓLAR

Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global

22 de abril de 2025 - 15:50

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial

MUNDO EM SUSPENSE

Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras

22 de abril de 2025 - 12:57

Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell

22 de abril de 2025 - 8:11

Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano

DIA 92

Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros

21 de abril de 2025 - 17:12

O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)

CRIPTO HOJE

Bitcoin (BTC) em alta: criptomoeda vai na contramão dos ativos de risco e atinge o maior valor em semanas

21 de abril de 2025 - 17:03

Ambiente de juros mais baixos costuma favorecer os ativos digitais, mas não é só isso que mexe com o setor nesta segunda-feira (21)

CONTAS DE PASSAGEM

O preço de um crime: fraudes no Pix disparam e prejuízo ultrapassa R$ 4,9 bilhões em um ano

21 de abril de 2025 - 16:08

Segundo o Banco Central, dados referem-se a solicitações de devoluções feitas por usuários e instituições após fraudes confirmadas, mas que não foram concluídas

METAL MAIS QUE PRECIOSO

É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano

21 de abril de 2025 - 15:01

Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos

FECHAMENTO DOS MERCADOS

A bolsa de Nova York sangra: Dow Jones cai quase 1 mil pontos e S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 2%; saiba o que derrubou Wall Street

21 de abril de 2025 - 11:16

No mercado de câmbio, o dólar perde força com relação a outras moedas, atingindo o menor nível desde março de 2022

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: é dada a largada dos balanços do 1T25; CMN, IPCA-15, Livro Bege e FMI também agitam o mercado

21 de abril de 2025 - 8:15

Semana pós-feriadão traz agenda carregada, com direito a balanço da Vale (VALE3), prévia da inflação brasileira e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar